Serial Killer - O Despertar. escrita por Caio V
Notas iniciais do capítulo
Capítulo difícil de escrever e.e'
Espero que gostem ^^ E, é claro, feliz natal!
Mateus
– Está na hora – disse o garoto. Seus olhos eram brancos e os cabelos dourados; Mateus o encarou impaciente. O jovem demônio estremeceu. – Está na hora, senhor?
– Estará na hora, quando eu disser que está na hora – disse Mateus. Este tinha cabelos negros e longos; descendo por suas costas até a altura de seu umbigo. Os olhos, diferente dos de seu filho, eram vermelhos como o sangue que o deus costumava derramar todo dia, até ser banido para as profundezas do Inferno por seu próprio irmão. – Até então, ninguém tocará um dedo em Agatha.
– Sim, pai – disse o garoto. Ele abaixou a cabeça e retirou-se da sala.
Agatha. A simples menção daquela deusa era um insulto a Mateus; ele se lembrava de tudo como se fosse no dia anterior, por mais que tenha acontecido há dois séculos.
***
1821
– É proibido, seu pai me mataria – insistiu o deus. Agatha era insistente, e seus cabelos cor-de-fogo eram muito charmosos; era difícil para Mateus resistir, mas ele respeitaria o irmão. Respeitaria, pois acreditava que ele também o faria. – Entenda, Agatha; eu amo minha esposa.
– Não venha falar de amor comigo, Mateus – disse a deusa. Seus olhos ainda encaravam o deus com desejo. – Você não tem o direito de me abandonar. Não após tantas eras.
– Quantas vezes você me abandonou nessas muitas eras? – Mateus a encarou. Ele tentava ficar irritado, mas Agatha o neutralizava completamente. – Quantas vezes tive que implorar para que não me abandonasse? Para que ficasse ao meu lado, independente de quantos homens, mortais ou não, entrassem em nosso caminho. Eu a amei, até que me obrigou a deixá-la.
– Você precisa entender, tudo o que fiz...
– Já chega, Agatha – disse o deus. A sedução de Agatha já não tinha mais tanto efeito. – Anna e eu seremos felizes, até o momento em que o Destino nos separar. Juntos, eu e minha esposa seremos felizes, independente de seus desejos.
– Como pode um casamento funcionar sem a benção da deusa do amor? – argumentou Agatha. Seus olhos brilharam em um dourado vivo, ela colocou a mão no pescoço de Mateus e o encostou à parede mais próxima. – Eu o amaldiçoo, Mateus. Seu casamento terminará em desgraça, assim como todos os que vierem a seguir. Você nunca será feliz, e passará o resto da eternidade em agonia.
Mateus não levou as palavras de Agatha a sério; todos falamos coisas que não queremos quando estamos com raiva. No entanto, logo ele notaria que aquela maldição não era uma farsa. E ela começou logo na manhã seguinte.
A porta do quarto de Mateus e Anna foi aberta com um golpe estrondoso. Atrás dela, uma dezena de anjos formava um corredor, por onde Thaymon passava. O pai de Agatha caminhava firmemente, com seus cabelos castanhos bem aparados e seus olhos azuis fitando o irmão. Ele parou na porta do quarto, enquanto Anna olhava para a cena confusa; Mateus nem tanto, pois sabia exatamente o que havia acontecido.
– Como tem coragem de dormir em minha casa? – murmurou Thaymon. Os olhos azuis brilhando de raiva e poder. – Depois que fez o que fez com minha filha?
– Irmão...
– Cale-se – ordenou o deus. Ele ergueu os olhos e balançou a cabeça, colocando a mão sobre os ombros do irmão. – De todos que me rodeiam, você era o que eu mais confiava. Parece que isso não significou nada para você, irmão.
Thaymon praticamente cuspiu a última palavra.
– Eu a amava, tente entender – argumentou Mateus. Era em vão; seu irmão nunca lhe daria ouvidos, e ele estava ciente disso. – Thaymon...
– Matem-no – disse Thaymon. Sua voz estava tão calma, que assustava Mateus; ele dera aquela ordem como se fosse a um inimigo.
Naquele momento, o deus dos mortos decidiu que só sobreviveria se fizesse tudo que fosse necessário. E ele iria sobreviver.
– Se é assim que quer, irmão. Assim será. – Os olhos de Mateus ficaram vermelhos e o chão entrou em chamas ao redor dele.
Um dos anjos atacou com sua espada longa e de lâmina celestial. No entanto, Mateus desviou do ataque e colocou a mão no braço do anjo, que entrou em combustão instantaneamente. A espada sagrada ficou jogada no chão, até que o deus dos mortos a pegou.
– Vão precisar de mais do que isso se quiserem derramar meu sangue – murmurou o deus.
Mais um dos anjos atacou com sua espada, mas Mateus rebateu o golpe com a espada e a levantou, fazendo com que o anjo abaixasse a guarda; ele cravou a espada na barriga da criatura com asas e o sangue celestial respingou no deus, uma prova da morte de seu inimigo.
Mais dois anjos atacaram. Mateus desviou do primeiro ataque, saltou por cima do atacante e cravou a espada nas costas dele; quando tirou, a segunda espada já vinha em sua direção, quando ele se abaixou e deu uma banda no anjo que o atacava. Mas, antes que a criatura celestial atingisse o solo, a espada de Mateus já estava cravada em seu pescoço.
Mateus tirou a espada de dentro do anjo e, desta vez, foi ele quem deu o primeiro ataque. Correu na direção de um dos anjos, com a espada apontando para sua garganta. Quando o anjo estava pronto para se defender, Mateus girou para o lado e atingiu a criatura que estava parada ao lado dele. A espada passara tão rapidamente que o anjo fora partido em dois sem que Mateus notasse. Com um impulso e uma velocidade inacreditável, o deus atingiu mais um anjo na barriga. Só restavam três anjos e, o oponente mais difícil: Thaymon.
Dois dos três anjos atacaram em conjunto, mas Mateus não tivera nenhum trabalho para derrotá-los; eram muito lentos. A lâmina celestial do deus atingiu o da direita no pescoço e o da esquerda na virilha. Nove anjos mortos.
– Kayo Fernandes – disse Mateus, olhando para o anjo restante. – A grande vadia do meu irmão. É sempre um prazer revê-lo.
Kayo sorriu. Mateus não gostava muito daquele anjo prepotente, mas até ele admitia: Fernandes era o mais forte dos anjos, e o único que conseguiria lutar contra um deus. Mesmo assim, Mateus não seria derrotado por um anjo qualquer.
– Mateus, você dispensa títulos – disse Kayo. Ele sorria cinicamente, enquanto girava a espada na mão. – Não se preocupe, não precisará de títulos no purgatório.
Sem mais delongas, o anjo atacou. A espada de Kayo chocou-se com a de Mateus, no ar; eles se encararam por meio segundo e logo voltaram ao combate. Mateus tentou atingi-lo no braço, mas o anjo defendeu-se; Kayo atacou a barriga de Mateus, mas o deus desviou do ataque no último momento, e a lâmina do anjo rasgou um pedaço de sua camisa negra. O contra-ataque foi rápido. Mateus deu impulso para frente e sobrevoou a cabeça de Kayo, parando atrás dele com a espada pronta para atingi-lo nas costas, quando o anjo abriu suas asas e uma delas chocou-se contra a lâmina de Mateus, atirando-a no chão. Kayo saltou e rodopiou no ar, chutando a face do deus.
O anjo pegou a espada que Mateus deixara no chão e caminhou até Mateus; colocou a espada sobre o peito dele e sorriu. Então, disse:
– Eu, Kayo Fernandes, como anjo protetor de Thaymon, sentencio-lhe...
Kayo fora bruscamente interrompido. Ele sentiu uma pontada na nuca, então viu o sangue descendo e manchando sua blusa, também pingando em Mateus, que sorria assistindo a imagem. Kayo virou-se lentamente, então caíra de joelhos; aos pés de Anna.
A esposa de Mateus encarava o anjo de cima, com um sorriso amedrontador no rosto. Tinha cabelos castanhos e cumpridos, com cachos bonitos e ondulados; seus olhos eram prateados, e brilhavam intensamente, como se fossem realmente feito de prata. Sua pele era levemente bronzeada, dando-lhe um tom de mel. Ela era alta e, aparentemente delicada, mas a forma como segurava a adaga manchada com o sangue de Kayo, enquanto sorria para o anjo que, aos poucos, morria sem poder se mexer, agonizando de dor até o último suspiro. Anna não era uma mulher qualquer, ela era uma verdadeira guerreira. E era por isso que Mateus a amava.
Anna caminhou em direção ao marido, estendeu a mão e ele levantou-se. Os dois trocaram um rápido beijo, então Anna olhou-o e disse:
– Se o Inferno tiver de ser nosso lar, assim será. – Ela sorriu para Mateus, que a olhava com a mesma admiração de sempre. – Ainda assim o amarei.
– Eternamente – concordou o deus.
– Encantador – murmurou Thaymon. Seus olhos azuis brilhavam furiosamente. – Farei o possível para que seus planos não falhem.
Anna estava pronta para lutar contra o cunhado, mas Mateus a impediu. Ele colocou a mão sobre a adaga da esposa, abaixando-a.
– Você não pode lutar com ele sozinho – disse a deusa. – Por favor, deixe-me ajudar.
– Não matarei meu irmão – disse Mateus. Olhou nos olhos da esposa. – Eu te amo. E, quando duvidar disso, lembre-se de que tudo que faço é por você.
O deus voltou-se para Thaymon e caminhou em direção a ele.
– Então é assim? – Thaymon gargalhou. – O deus dos mortos caminha sozinho? Ele não aceita ajuda de mulheres e soldados?
– Não tenho problema algum com mulheres e soldados, contanto que exista uma batalha para que eles participem – disse Mateus. Ele colocou a ponta da espada no chão. – Não é o caso.
– Está desistindo, irmão? – murmurou Thaymon. – Achei que tivesse lhe ensinado algo, mas parece que ainda é uma criança tola e fraca.
– Não estou desistindo, Thaymon – disse Mateus. Ele apertou o cabo da espada. – Estou propondo-lhe um trato. Não precisamos dessa luta, irei para o Inferno. Ficarei em meus domínios. Quieto. Você não precisará me matar. Não precisará sujar suas mãos com o sangue de seu irmão.
– Que garantia tenho de sua palavra? – perguntou o deus. Mateus soltou a espada. Junto com ela, todo o seu poder. Sua imortalidade, sua força, sua velocidade, abrira mão de tudo. Thaymon sorriu. – Certo, aceito sua proposta. Você se refugiará no Inferno pelo resto de sua vida, com sua esposa, e eu não o matarei.
– Obrigado, irmão.
Mateus deu as costas e olhou para Anna, que assentiu com a cabeça, apesar de estar surpresa com a atitude do marido. Ela abraçou Mateus e, quando menos esperavam, Thaymon gritou. Os dois olharam para o deus, que estava a alguns centímetros de distância, com a espada empunha; ele iria matar o casal, mas algo o impediu. Ou melhor, alguém.
– Como deusa do amor, eu devo protegê-lo – disse Agatha. Ela estava parada atrás do pai, com uma espada cravada em suas costas. – Sinto muito, pai. Mas, como o senhor me ensinou: não devemos quebrar promessas.
Thaymon caiu, de joelhos. Mateus abaixou com ele, segurando em seus ombros.
– Não encoste em mim – murmurou o deus. Mesmo em seu leito de morte, ele olhava para Mateus com raiva. – Não toque em mim, não toque em nada que criei. Isso é culpa sua.
– Eu não deixarei que meu irmão caia em frente ao inimigo – disse Mateus. – Mesmo que esse inimigo seja eu.
Mateus levantou Thaymon, obrigando-o a permanecer de pé. Ele tentara se soltar, mas estava fraco demais para fazê-lo. Mateus levou o irmão até o fim do Reino dos Deuses. Ele colocou-o sobre o local.
– Um deus nunca morre, ele apenas se transforma em algo melhor e mais bonito – disse Mateus. Ele beijou a testa do irmão. – Eu o amo, meu irmão.
Mateus soltou-o. Thaymon caiu. Diretamente para a Terra, onde seu corpo repousaria até o fim dos tempos.
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#ByeByeThaymon u.u'
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