Break My Heart escrita por Selenis


Capítulo 5
A nova Empregada




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Como um bom mordomo, Sebastian tinha a obrigação de dedicar-se inteiramente ao seu mestre e a casa em que este residia. Geralmente uma tarefa difícil de ser realizada por uma pessoa normal, Sebastian consegue fazê-la sem dificuldades.
Ele preparou o chá de ervas que Ciel pedira, pondo dois pingos de limão para disfarçar o gosto amargo. - erro que ele nunca mais cometeria.
Uma pequena tigela com biscoitos era posta ao lado da xícara, na extremidade da bandeja. Levou-a até o escritório, batendo antes na porta. Ouviu a autorização de Ciel e entrou, empurrando a porta com a lateral do corpo.
O garoto fazia suas anotações e não deu atenção ao mordomo que servia seu chá. Enquanto o líquido escorria do bule para xícara, Sebastian percebeu que os óculos redondos de Meyrin descansavam sobre a mesa, ao lado de um peso para papéis.
Ele resolveu perguntar:
– Jovem mestre, já que a candidata chegará hoje, acho que mereço uma explicação por Meyrin ter sido demitida. - disse sem tirar os olhos dos óculos quase imaginando o rosto dela refletido nas lentes.
Ciel respirou profundamente.
– Foi ela quem pediu demissão.
Sebastian não pôde evitar o espanto. Naquele momento várias perguntas surgiram no obscuro de sua mente.
– E sabe o motivo?
– Ela não disse. Apenas afirmou que era assunto de vida ou morte. Ou algo parecido. Não lembro nem da metade da conversa, e não me pertube mais com essas perguntas.
– Sim. Desculpe, jovem mestre. - levou a mão ao peito, inclinando a coluna em sinal de respeito.
– Quero algo doce, Sebastian. Ah! - disse antes que o mordomo saísse - Prepare tudo para receber aquela garota...

Quando o relógio bateu às três horas em ponto, a campainha tocou; ecoando por toda a mansão até chegar aos ouvidos de Sebastian. Ele presupos de que fosse a candidata esperando do lado de fora.
Rapidamente vestiu seu fraque e foi atendê-la, com um belo sorriso acolhedor nos lábios. Pondo força na maçaneta para baixo, a porta então se abre dando um leve rangido. Uma silhueta escura feminina é revelada, as sombras cobrindo-a da cintura para cima, ocultando suas feições.
Ciel apareceu junto aos outros criados para darem-lhe as boas-vindas. Murmúrios de Bard e Finnian irritavam o conde, que se esforçava ao máximo para não ouvi-los. Respingos de chuva caiam do lado de fora, ensopando a roupa da moça. Ciel então pediu que entrasse e ela, dando um passo cauteloso para frente, revelou-se.
A mulher beldade de pele clara e cabelos negros presos em um coque, vestia-se como uma burguesa e assumia a postura de uma; dando a impressão de que recebera uma educação de qualidade para a sua escala social.
Bard e Finnian a acharam linda; sua pequenina boca escarlate tinha o formato de um coração e o rosto fora esculpido por Eros, o deus do amor. Os belos olhos eram pintados com o verde de um pasto extenso florido ao entardecer; brilhantes e eletrizantes. Os cílios alongados, provocando sombrinhas nas bochechas alvas.
Até mesmo Ciel a achou bonita. Com as palavras escapando-lhe, disse:
– Sou Ciel, o dono da casa e estes são Bard, o cozinheiro - estendeu a mão em direção ao rapaz loiro, apresentando-o. - Esse é...
– Finnian! O jardineiro. - Finnian interrompeu o conde, acenando com o braço.
Ela sorriu para os dois.
Ciel pousou a mão na testa vermelha. Colocou-a na frente de Sebastian e o apresentou:
– E este é Sebastian...
– O mordomo. - fora novamente interrompido; mas dessa vez, foi pela doce voz da garota. - Sou Cassandra Miller. - direcionou as esferas verdes ao belo homem trajado de um fraque preto - Muito prazer.
Sebastian avaliou-a, admirando o vestido que delineava muito bem as dobras de seu corpo. Ela segurava o guarda-chuva pingando gotas de água no assoalho, o que incomodou o mordomo.
Cassandra, ao notar o que ocorria, ergueu o guarda-chuva do chão e o chacoalhou, fazendo os pingos saltarem no ar.
– Vamos fazer um pequeno teste - disse Ciel - para ver se você é propina de ser uma empregada da Mansão Phantomhive.
Todos ficaram quietos, esperando.
– Primeiro, quero que me faça algo doce.
– Do que o senhor gostaria? - perguntou ela, muito calma.
Ciel pensou por alguns instantes, coçando o queixo pequeno. Depois de uma breve reflexão, ele disse:
– Me surpreenda. - e ajeitou a gola de sua camisa - Sebastian irá mostrar-lhe a cozinha.

Depois da apresentação, Sebastian conduziu Cassandra pelos corredores silenciosamente. Ela olhava e admirava cada detalhe das paredes, os quadros dos antigos donos da casa e parou quando sua atenção foi voltada para um. A pintura de um homem alto, elegante e refinado, vestido socialmente.
Sebastian parou quando ela lhe perguntou:
– Quem era esse homem? - apontou para o retrato - Parece um pouco com você.
– Ora, é uma honra ser comparado ao pai do jovem mestre. - disse com um sorriso.
– Então, este é Vincent Phantomhive.
– Hum? Você o conhece?
– Oh, minha tia me falou muito sobre essa família. Disse que o jovem dono desta casa tornou-se órfão muito cedo graças a um incêndio. - olhou para ele - E sobre você, Sr. Sebastian Michaelis.
Sebastian ficou sério. Uma pontada de desconfiança brotou em si, relacionada àquela mulher. Algo nela não lhe cheirava bem.
Cassandra deu três passos até ele, diminuindo a distância entre os dois. Quando seus seios estavam colados ao peito dele, ela pôde sentir a sua respiração quente bater em suas ventas.
– Sei que se dedica inteiramente ao seu mestre, que dá valor ao trabalho e é estranhamente obediente, como um cão.
Aquela palavra atingiu Sebastian em cheio. Ser comparado a um cão, soava-lhe como uma das piores ofensas possíveis, já que detestava cachorros.
– A cozinha é logo ali. - disse quebrando aquela conexão desagradável.
– Ah, sim! O doce do jovem mestre...
Os olhos de Sebastian travaram uma linha reta em direção a Cassandra. Ela já agia como se fosse de casa.

Eles chegaram a cozinha, e espantaram-se com tamanha desordem acumulada ali. A superfície das paredes estavam pretas, chamuscadas. Toda a louça suja e quebrada, panos pendurados em algumas extremidades e panelas e cadeiras reviradas.
Um onda de raiva atingiu Sebastian em cheio e fechou os olhos, franzindo a cara e juntando as sobrancelhas.
– Incompetentes... - disse entre dentes.
Antes que ele pudesse fazer algo a respeito, Cassandra puxou o avental que estava pendurado na cadeira e o amarrou em volta da cintura. Tirou o chapéu, exibindo ainda mais a sua beleza. Apanhou algumas panelas caídas no chão e lavando-as na pia, as pôs no fogão, vasculhando algo nas estantes para por dentro delas.
Encontrou barras de chocolate, e outras coisas.
– Precisa de ajuda? - perguntou Sebastian.
– Não. Posso cuidar disso sozinha, por favor vá ver se o jovem mestre precisa de alguma coisa.
No mesmo instante em que ela disse essas palavras, Sebastian, com a sua audição aguçada, ouviu Ciel lá dentro de seu quarto chamar seu nome, para que o ajudasse a se vestir.
Muito desconfiado e apressado, foi atender ao pedido de seu mestre, deixando Cassandra sozinha.

***
Ciel ergueu os braços, enquanto Sebastian passava a camisa branca por eles. Abotoou-a e amarrou a gravata no pescoço do garoto, dando um laço.
– O que acha? - perguntou Ciel, olhando Sebastian de cima enquanto este calçava-lhe as botas.
– Ela parece ser aquilo o que o senhor procura. Nem se incomodou ao ser recebida com aquela bagunça.
– Ah é... A bagunça.
Sebastian entendeu tudo, apenas no tom diferenciado da voz de Ciel.
– O senhor sabia daquela desordem, e a mandou lá de propósito. - deu um sorriso de sarcasmo - Como esperado do conde Phantomhive.
Pouco tempo depois, já vestido socialmente para a festa que frequentaria daqui algumas horas, Sebastian cobriu-se com o casaco negro e calçou as luvas pretas, escondendo o símbolo faustiano de sua mão esquerda. Observava atentamente os flocos de neve cairem no jardim e disse a Ciel:
– Melhor levar um cachecol, jovem mestre. Está muito frio lá fora.

Não achando um cachecol, servo e mestre desceram a escada, um atrás do outro.
Tanaka estava na porta, tomando seu chá. Esperava os dois, com a carruagem. A cabeça do cavalo estava enfiada em um saco de ração e o cocheiro passava a mão pelas suas costas.
Os dois trocavam palavras e pararam quando avistaram o dono da casa. Ciel ajeitou a cartola sobre sua cabeça e apertou o laço de seu tapa-olho.
– Conde! Não vá antes de tomar seu chocolate quente! - gritou Cassandra, correndo em direção aos dois, trazendo consigo uma bandeja com uma caneca em cima.
Ciel olhou bem para a bebida. Era chocolate derretido com pedaços de marshmallow boiando; glacê cobrindo a superfície, perfeitamente desenhado os traços de uma rosa aberta. Raspas de canela eram postas sobre o marshmallow. O vapor subiu, e seu delicioso cheiro invadiu as narinas de Ciel que por sua vez, levou a caneca aos lábios; degustando daquela bebida.
Depois de uma longo gole, que deixou um bigode branco na boca dele, Ciel ficou mirando o líquido pela metade e levantou a cabeça para Cassandra, um brilho incompreensível no azul de seus olhos.
– Ah, e ainda arrumei a cozinha.
– Contratada. - afirmou Ciel, tomando o que restava do chocolate. - Quando eu chegar, quero que prepare mais três desses.
– Sim, - disse ela com um sorriso estampado nos lábios - Meu mestre.
Sebastian cerrou os olhos para ela, desconfiado. Antes de saírem, Cassandra chamou o conde novamente. E quando ele se virou para olhá-la, foi envolto de um quente cachecol. Ela o envolvia em seu pescoço gentilmente, tendo um certo ar materno.
– Está muito frio. Pode pegar um resfriado. Ah, e muito obrigada por ter me aceito. Eu prometo a você de que serei muito útil e competente; assim como o seu mordomo.
Cassandra dirigiu um olhar sedutor a Sebastian, que rebateu com outro frio


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