Thalia vai ser uma garota morta! Pensa enquanto corria pela escola, já não bastou estar meia hora atrasada, ainda me perdi indo para o prédio C sendo que a aula de artes é o B, essa escola precisa urgentemente de um mapa ou um sistema de sinalização melhor.

–Com licença. –Digo recuperando o fôlego e entrando na sala, a professora sorriu para mim, ela parecia bem jovem para dar aulas, se passaria por uma colegial muito fácil, os cabelos ruivos como chamas presos em um coque com um pincel limpo, os olhos verdes alegres, o rosto sardento que ficou até bonito nela, o sorriso jovial.

–Deve ser a senhorita Chase, pode entrar, essa escola é enorme, não se perdeu muitas vezes, não é? –Perguntou com simpatia, limpando as mãos sujas de tinta nas calças ainda mais sujas e me cumprimentou.

–Muita grande mesmo. –Sorri colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. –Posso entrar senhora...

–Céus, não me chame de senhora, sou a Rachel, sente-se que a aula já começou.

Fui para o fundo da sala, encarando o quadro branco no cavalete, Thalia ao meu lado bufava irritada.

–Odeio essa professora. –Diz e eu a fuzilo com os olhos.

–Porque raios não me acordou? –Pergunto irritada, odeio me atrasar para aulas, principalmente no primeiro dia de aula.

–Não dormi no nosso quarto. –Thalia deu de ombro, fuzilando Rachel, tirei o cabelo que cobria sua nuca, onde estava um chupão.

–A noite foi boa. –Comento sorrindo.

–Essa mulher é uma vadia. –Ela fala entre dentes, ainda fuzilando Rachel, não a achei tão vadia, suas calças jeans embora justas são manchadas de tinta, a blusa vermelha de gola V era velha e de aparência confortável, seus tênis são tão comuns quanto os meus.

–Ela parece bem normal para mim, um tanto simpática e alegre demais também. –Digo para ela, observando Rachel nos mostrar um cesto de frutas, para pintarmos natureza morta, enquanto ela andava por ai e às vezes pintava seu próprio quadro.

–Então olhe isso. –Ela apontou para Rachel que estava ao lado de Nico, com um dos braços nos ombros do garoto, o mostrando como segurar o pincel, quando ele finalmente conseguiu, ela soltou um gritinho de entusiasmo e deu um beijo na bochecha dele, que corou.

–Vou arrancar os fios vermelhos dessa vaca. –Thalia levantava do seu banquinho, quando a segurei.

–Relaxa, ela deve ser assim com todos. –O olhar assassino de Thalia foi substituído pelo costumeiro ar zombeiro.

–É, todos. –Thalia vira meu rosto, até o outro lado da sala, onde Percy e Rachel conversavam, Jason pintava toscamente seu quadro, como se fosse normal eles estarem tão perto, admito que me incomode um pouco, qual é, nós nos beijamos ontem.

–Eles estão conversando, e daí? –Enfio o pincel no potinho de tinta e tento fazer uma maçã.

–Vocês ficaram ontem Annie! –Exclama Thalia e todos olham para ela, incluindo os dois olhos verdes de Percy e Rachel.

–Eu sempre fico com o ursinho Ted quando assisto filmes de terror. –Que desculpa de merda foi essa? –Você falando assim até parece que ele é uma pessoa.

–Viva Ted, o ursinho. –Thalia riu e sala voltou ao normal.

–Você realmente me odeia, não é Lia? –Pergunto afundando meu rosto nas mãos, sinto algo molhado na minha testa. –Que merda. –Digo olhando o pincel na minha mão. O sinal bate e no mesmo segundo a sala esta vazia.

–Tchau Annie. –Thalia falou já na porta arrastando Nico para fora.

–Olá Annie. –Percy sorria desdenhoso na minha frente.

–Hey. –Falo pegando um pano puído e esfregando minha testa, fazendo uma mancha vermelha.

–Parece que você se cortou. –Ele disse rindo, quanto mais eu esfregava pior ficava, alguns fios do meu cabelo grudavam na pasta vermelha e com cheiro forte de tinta. –Para, eu limpo pra você. –Percy segurou minhas mãos, me guiando até um banheiro feminino.

–Achei que garotos não podiam entrar aqui. –Digo pulando na pia e sentando no mármore negro e frio.

–E não podem. –Percy concorda, molhando o pano amarelado e passando devagar na mancha de tinta.

–Sempre desconfiei que você era do lado rosa da força. –Falei rindo, ele riu também e chegou mais perto de mim, no meio das minhas pernas “Perigo, perigo, perto demais!” meu cérebro berrava.

–Posso te mostrar quem é do lado rosa, aqui mesmo se quiser. –Sussurrou rouco ao meu ouvido, beijando meu pescoço, tão levemente quanto assas de um beija-flor.

–Isso é covardia, Jackson. –Mordi o lábio inferior quando suas mãos grandes e fortes apertaram minhas coxas expostas na saia.

Como se fosse ensaiado nossos lábios se encontraram, ele apertava minha cintura, puxando meu corpo o mais próximo possível, baguncei seus macios cabelos negros,enrolando minhas pernas em sua cintura; Quando ficamos sem ar, os beijos de Percy seguiram uma linha quente, da minha mandíbula até o ombro, demorando mais no pescoço, arranhei suas costas cobertas pela blusa branca da escola, sentindo sua ereção em formação contra minha intimidade.

–Sem pornografia, por favor. –Piper falou entrando no banheiro ao lado de Clarisse e uma garota que descobri se chamar Hazel.

–Já não basta Thalia e Nico no refeitório, agora vocês no banheiro. –Clarisse cruzou os braços bufando.

–Sorry garotas. –Ri me soltando de Percy e tirando os últimos vestígios de tinta da minha testa. –Já vou indo. –Saio do banheiro com as garotas rindo e Percy confuso.

–SAI DAQUI PERCY! –Clarisse gritou chutando-o para fora do banheiro.

–Annie espera. –Percy correu para me encontrar. –Vai para o refeitório?

–Vou, já perdemos a segunda aula e estou morta de fome. –Respondo colocando a mão teatralmente na barriga, como se ela estivesse doendo.

–Vamos. –Ele riu, colocando o braço sobre meus ombros. –Uma das coisas que mais gostei em você foi esse seu jeito.

–Que jeito? –Pergunto, os jardins estão praticamente vazios e ninguém nota minha presença com Percy.

–Quase transamos no banheiro e não ficou aquele clima ruim, sabe como é?

–Sei, relaxa, somos amigos não é? –Pergunto arqueando a sobrancelha.

–Só amigos? –Ele sorriso malicioso, dou uma cotovelada em suas costelas. –Ai, Annie.

–Amigos com benefícios. –Afirmo quase chegando ao refeitório.

–Por enquanto. –Sussurra para que só eu escute.

–Casais vinte venham aqui, descobriram noticias novas do cara desaparecido. –Thalia falou lendo em seu celular, sentada no colo de Nico que conversava com Jason e o Frank.

–Não somos um casal. –Percy e eu resmungamos ao mesmo tempo e acabamos rindo.

–Claro que não, eu sou virgem e o Nico nunca fumou um beck na vida. –Thalia da de ombros, reviro os olhos tamanha sua criancice.

–Que noticia do garoto desaparecido? –Pergunto mudando de assunto.

–Ele foi arrastado pela floresta por um lobo. –Clarisse falou sentando ao meu lado, de onde essa criatura surgiu?

–O assassino explodiu a cara do garoto, dando de comer para os animais. –Piper falou fazendo uma careta e sentando abraçada com o Jason, empurrando Frank para perto de Hazel que corou com o “desculpa” desajeitado dele.

–Porque você acha que o assassino é homem? –Pergunta Clarisse cruzando os braços.

–Assassinos em serie são sempre homens. –Nico respondeu.

–Para uma morte tão sangrenta deve ter sido um homem, mulheres são mais cuidadosas, fazem parecer suicídio ou acidente. –Falo dando de ombros, vários olhos me encaram arregalados. –Qual é, sou a única que assiste Investigation Discovery. –Eles continuam a me olhar, só que confusos em vez de assustados. –Ah é, vocês são britânicos e vivem em um internato sem TV a cabo. –Bato na minha própria testa.

–Isso é um programa de assassino? –Thalia pergunta curiosa.

–Um canal. –A corrijo. –Mostra muitas coisas sobre assassinos, psicopatas, sobre dementes em geral.

–Que irado. –Thalia fala sorrindo.

–Vamos fingir que a minha namorada não é uma mania psicótica, ok? –Nico diz encarando Thalia que roubou um selinho dele.

–Então nem pense em me trair, Di Angelo, ouvi o que a Chase disse, mulheres matam melhor. –Juro que vi Nico engolir em seco antes de Thalia lhe roubar um beijo tão quente que todos ficamos sem graça, até eu, que nunca fico sem graça.

–Mas como o assassino do garoto pode ser em serie, se só matou um? –Hazel pergunta fazendo cachinhos no seu cabelo com os dedos.

–Esqueçam isso, vamos pensar no final de semana na casa do lado. –Thalia corta o assunto. –Annie, meu pai...

–O governador. –Jason a corta. –Que também é meu pai.

–Um aspirador de pó com pernas. –Thalia continua o ignorando. –Chamou nosso motorista para nos levar à casa do lago no final de semana, quer ir? –Perguntou Animada.

–Claro adoraria. –Falo sorrindo e as meninas batem palmas animadas.

–Thalinha, querida, não vou poder ir, me empresta seu carro, tenho alguns planos. –Clarisse sorri, verdadeiramente feliz.

–Alguns planos, significa transar com o Cris até morrer de exaustão. –Percy fala não perdendo a chance de alfinetar Clarisse.

–Isso ae, vou foder muito enquanto, você bate punheta para Sasha Grey. –A mesa intera ri, incluindo eu.

–Não vai ser para a Sasha. –Percy para mim que soco seu braço.

–Sabia que estava rolando alto! –Exclamou Nico do mesmo jeito que Thalia faz quando esta certa.

–Descobriu agora Ninquinho? Ou alguém te contou? –Perguntei cinicamente, Nico ficou vermelho e riu.

–Eu já sabia. –Thalia falou convencida.

–Lia, vai ou não me emprestar seu carro? –Santa Clarisse que mudou de assunto.

–Claro, deixa a chave atrás do pneu e não suje meu bebe. –Thalia jogou uma chave para Clarisse que pegou no ar sorrindo.

–Vai mesmo sair no meio da semana? –Frank perguntou confuso.

–Vou, preciso do meu namorado. –Clarisse girava as chaves nos dedos.

–Ainda bem que você sabe. –Piper fala sorrindo amigavelmente.

–Seu humor esta horrível. –Jason completa, os dois recebem um olhar furioso de Clarisse.

–Porque todos estão aqui? Ainda é a segunda aula, todos mataram? –Pergunto reparando que estamos a segunda aula inteira conversando.

–Sim. –Nico responde. –Quando algum de nós falta os outros faltam também.

–E não reprovam por faltas?

–Somos ricos Annie, quem reprova multimilionários que podem foder a sua vida? –Percy deu um sorriso arrogante e um calafrio passou por mim, com um pouco de culpa.

Eu falava exatamente desse jeito nos Estados Unidos, pensava que por ser rica podia ter o mundo, até conhecer o Luke, ele era um cara legal, veio de família humilde e me deu uma baita lição de moral, quando eu quis ficar com ele e recebi um fora. Foi a coisa mais estranha da minha vida, os garotos morriam para falar comigo, e ele um simples garoto do jornal me deu um fora, ainda me lembro do que ele disse “Você é linda, mas também é prepotente e arrogante, desculpe, não gosto de pessoas assim.” Literalmente um tapa de luva, mas a partir daquele dia, eu quis mudar, não só por ele, por mim também, não sou apenas um rostinho bonito, pena que não demos certo, ele teve que se mudar e eu meio que voltei a ser uma garota descontrolada.

–Annie acorda. –Percy estalava os dedos na minha frente.

–OI? O que perdi? –Pergunto voltando a realidade.

–Nada. –Thalia da de ombros.

–Quando vamos jogar de novo? –Pergunto apoiando meu rosto nas mãos.

–Não sei se eu quero. –Percy falou pensativo.

–O que vamos fazer? Estudar? –Perguntou Piper cruzando os braços.

–Ontem Annabeth falou uma coisa interessante, nos conhecemos bem demais, está chato. –Ele bufou coçando os olhos verdes.

–Vai querer parar por isso? –Hazel perguntou um tanto quanto irritada.

–Não. –Percy estava com um sorriso presunçoso e um ar misterioso muito sexy.

–Então o que? –Perguntou Nico.

–Vamos jogar com toda Westlake. –Percy se curvou para frente, como se contasse o maior segredo do mundo.

–Não vão caber na igreja, vão? –Pergunta Jason, revirei os olhos, tamanha lerdeza, acho que é contagiosa, do Percy passou para ele.

–Eles são as vitimas e nos os assassinos, qual é a estratégia do jogo?

–Se proteger. –Falou Nico.

–Defender sua honra. –Tentou Piper.

–Achar o assassino. –Thalia sorria como maníaca.

–Culpar um amigo. –Digo com um sorriso de canto, os olhos de Percy que antes rodavam pela mesa, agora se grudaram em mim.

–Acertou, ninguém sabe quem matou o garoto, porque não fazemos uma acusação? –Propôs Percy divertido.

–O que? –Perguntou Hazel de olhos arregalados. –Isso é crime.

–É só uma brincadeira. –Percy fala sem se importar com a vermelhidão da morena dos olhos dourados.

–Como? –Pergunta Thalia curiosa.

–Vamos fazer eles acreditarem que o assassino esta aqui na escola e que esse é apenas o começo.

Todos concordaram menos Hazel, que ainda achou errado e foi embora sendo seguida por Frank.

–Mas como? –Pergunta Clarisse.

–Vocês são tão sem criatividade. –Percy bufou e todos ficaram pensando.

–Acho que sei como fazer isso. –Falo encaixando as peças na minha cabeça, como se fosse um quebra cabeças de mentiras que eu mesma criei.

–Como? –Thalia perguntou praticamente pulando no colo de Nico de tanto curiosidade.

–E se esse não fosse um assassinato ao acaso, mas sim um assassino em série.

–Não entendi? –Percy perguntou com sua costumeira lerdeza.

–Se alguém mandasse um e-mail, com não uma ou duas, mas sobre várias mortes que aconteceram antes, e que a primeira vitima morresse igual ao menino do vilarejo.

–E estaria acontecendo de novo. –Nico falou abismado.

–Porque a policia investigando Westlake...

–Mas não esta. –Piper falou confusa.

–Contando para os estudantes, como se manter seguros, com palestras chatas. –Finalmente eles entenderam! –É nosso dever avisá-los.

–Vamos nos encontrar no jardim, quando acabarem as aulas. –Percy falou animado. –Temos um assassino pra criar.

–Incrível, você foi incrível Annie. –Thalia falou abismada, Percy me roubou um beijo.

–Foi brilhante. –Falou e vários assobios foram escutados na nossa mesa.