Human World Observation escrita por Lady Pompom


Capítulo 17
Capítulo 16: As peças estão caindo


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma história de ficção que não possui qualquer relação com pessoas, fatos ou lugares da vida real. é uma obra de puro entretenimento, sem fins lucrativos.

Boa leitura!



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Eileen Sanders estava sentada no sofá da sala de sua casa, sua mente vagava por um universo distante. Ela encarava o chão, sem piscar os olhos, refletindo sobre algo.

Chovia intensamente do lado de fora, e as memórias do que havia acontecido no dia anterior, a fúria do alien, o outro alienígena que havia aparecido, e principalmente...

Sua viagem mental foi interrompida pelo som da campainha, despertando-a do sonho momentâneo.

Correu até a porta, desajeitada, ainda um pouco atordoada pelas próprias lembranças. Teve uma surpresa ao abri-la.

_Comandante Gilbert? –ela encarou o homem, atônita-

_Srtaª Sanders... Tem um momento? –ele cumprimentou cordialmente-

. . .

_Então você ainda não está curado, mas veio aqui mesmo assim? –a mulher preocupou-se-

_Sim... Não posso me ausentar do trabalho por tanto tempo, além disso, é urgente o que precisamos saber... –franziu o cenho- Onde está aquela criatura? Preciso trocar algumas palavras com ele...

_Ah- ela suspirou desanimada- Ele sumiu... De novo...

_... Não faz ideia de onde ele esteja?

_Não...

_...

Gilbert Lorran pareceu perplexo, ponderando sobre algo que Eileen não conseguiu identificar.

_Senhor...? –ela chamou a atenção do homem-

_Não se incomode, estou de saída, se ele voltar, me avise. –ele levantou-se do sofá-

_Espere... –ela disse hesitante- Queria perguntar algo...

_... Pois não?

_O que aconteceu com os outros que estavam no avião?

_Foram transferidos para cá, passam bem, mas... Alguns não... –ele abaixou o olhar-

_... Entendo... –disse com os lábios secos- Eu gostaria de saber quem cometeu esse atentado... E o Secretário Garchovsky está como principal suspeito...

_Sim... Ele foi preso e ficará retido até o julgamento... As evidências o apontam como principal autor do crime... –Gilbert se virou para a mulher, dizendo num tom sério-

_...

_Isso é o mais intrigante... Todas as provas apontavam Garchovsky, embora eu não acredite que ele iria tão longe a ponto de envolver tantas pessoas para matar aquela criatura, e também acredito que quem causou este incidente foi o mesmo ou foram os mesmos que planejaram o outro atentado com aquela criança-bomba...

_Será que o Secretário seria capaz disso...?

_Ainda estamos investigando... –interrompeu o fluxo da conversa da mulher- E parece que aquele alienígena se ofereceu para ajudar do Secretário do Ministério de Relações Exteriores...

_Como? –ela ficou boquiaberta-

_Sim... Eu ouvi do próprio Secretário quando conversamos, que alguns dias atrás aquele alien apareceu para visitá-lo...

_Por que o Siv faria isso...?

_ Me impressionei quando ouvi isso também, mas o Secretário em pessoa me contou a história... Não sei por quais motivos ele faria isso... Tenho certeza de que Garchovsky nunca foi bondoso e sempre o odiou, mas o alienígena simplesmente apareceu lá quando descobriu que ele estava preso... E se dispôs a encontrar o “verdadeiro autor” do crime, porque ele jura de que o culpado não é Garchovsky...

Preso...? Será que ele fez isso por causa...?

_Ahcsar...

A mulher sussurrou de forma quase inaudível e ficou num estado intenso de transe, reavivando memórias.

_Ele é ilógico... –o Comandante bufou-

_Talvez Ahcsar só...

_O que disse?

O comandante imediatamente lançou um olhar confuso para ela, que tapou a boca instintivamente como se tivesse dito algo que não deveria.

_H-hã?

_Senhorita Sanders, qual nome disse agora? –um tom de irritação surgiu na voz do homem-

_Me desculpe eu... Quis dizer, Siv ele...

Disse tentando pifiamente esconder sua agitação, mas era tarde demais. Gilbert era um homem muito esperto para ser enganado por alguém como ela, que mal sabia mentir ou esconder as emoções.

Como eu sou burra! Não era pra eu ficar dizendo o nome dele assim à toa! Ninguém sabe sobre isso... Não era pra eu ter falado assim tão alto!

_Senhorita Sanders... –o comandante respirou fundo antes de continuar- Eu sou um profissional, sei discernir quando alguém mente ou não, fiz muitos homens chorarem como garotinhas e contarem a verdade após algumas sessões de tortura... E a Senhorita está tentando me enganar? –arqueou o cenho num tom intimidador-

_N-não... Eu realmente não sei... –tentou gesticular- Não sei os motivos dele, claro que não...

_Está omitindo informações do governo? Tem noção das consequências disso? –ele pressionou com voz forte a mulher –

Eu não posso simplesmente contar aquilo, posso? Não... Não é algo que todos devam ficar sabendo...

_Eu já disse que não sei de nada! –disse nervosa-

O comandante torceu o cenho aborrecido. O que exatamente havia acontecido ali para ela ocultar informações sobre a criatura? Ameaças? Medo? O que exatamente ela estava escondendo? Ela não queria mais se envolver ou... Talvez já estivesse envolvida num grau muito alto...?

Não sei o que dizer... Eu deveria contar sobre o que ouvi ontem, mas... Não consigo...

Na verdade nem sei por que ele me contou...

O coração dela acelerou de adrenalina, e ela tentava raciocinar propriamente enquanto era pressionada por a presença daquele homem do governo à sua frente.

Ele poderia muito bem estar mentindo para mim, não é? Eu não sei dizer quando ele mente, ele é bom nisso... Eu realmente não sei se devo acreditar ou não, mas... Ele não parecia estar tentando me enganar com aquilo que disse ontem...

_Não sei muito mais do que vocês... Não posso ler pensamentos para saber o que ele quer... Por favor... –ela disse nervosa- Não me pergunte...

_... Senhorita Sanders, espero que realmente não saiba de nada... –o homem disse visivelmente irritado- Porque se estiver mentindo, tenha certeza de que nossos investigadores descobrirão...

Ele disse aquilo com um tom intimidador, deixando a mulher com um gosto amargo na boca. E saiu da casa dela batendo a porta, impaciente. Apesar dele geralmente ser gentil, ficou muito decepcionado com a atitude dela de acobertar um extraterrestre perigoso. Não era uma brincadeira, o governo estava se esforçando para proteger o país, a terra, e ela estava omitindo informações por razões pessoais. Puro egoísmo.

Porém, o que o Comandante das forças especiais não sabia era que a incerteza da mulher sobre contar ou não vinha de um momento que ela havia vivenciado, não muito tempo atrás...

A memória de Eileen conseguia ainda reviver com riqueza em detalhes o que havia acontecido...

. . .

Voltando um pouco no tempo,

Na manhã anterior...

. . .

_Siv...?

Foi a única palavra que conseguiu pronunciar, pois na porta de entrada do quarto, estava Siv Borghild, de pé, com uma expressão séria no rosto. Ela o olhou de cima a baixo, confusa pelo estado no qual ele se encontrava agora.

_O que... Houve?

_...

Ele não respondeu. Além da expressão não amigável que portava, havia alguns detalhes chamativos na aparência dele: Primeiro, era visível que ele estava sujo, de terra, areia de praia e ela se abismou ainda mais pelas pequenas folhas de grama grudadas no que parecia ser a roupa que ele usava quando saiu, porque agora pareciam trapos, apesar de que ele não tinha nem um só arranhão no rosto ou no corpo, só manchas de terra e grãos de areia grudados nele.

Ele deu um passo à frente e ela recuou um passo, olhou-o de cima abaixo novamente, intrigada.

_Eu quem deveria perguntar... –ele olhou para a mão dela, que sangrava-

_Ah! –ela escondeu os cortes, num gesto de defesa-

_...

Ainda estava receosa, por causa do temperamento dele antes de sair voando pela sacada de sua casa, apesar dele aparentar estar mais tranquilo.

Onde diabos ele foi afinal? Grama areia e terra? Por onde ele andou?

_Tem certeza... De que está tudo bem?

Ela perguntou, temendo a resposta que ele poderia dar, mas diferente do que ela pensava, ele simplesmente a fitou e respondeu calmamente:

_Sim...

Desta vez, ela aproximou-se a passos lentos, com um tipo de curiosidade misturada à preocupação.

_ O que aconteceu com você?

_Eu caí. –respondeu simplório-

Caiu? Como assim caiu? Uma queda não faz esse estrago todo!

Ele começou a tirar o que ainda restava da sua camisa social.

_Ei, ei, por que está se despindo aqui? Não pod–ela iria se aproximar mais para iniciar uma discussão, mas foi interrompida-

_O quê? Quer tomar o espaço que você própria concedeu a mim?-ele franziu o cenho- Até você?!

Ela parou e demorou alguns segundos para desengasgar as palavras.

_Eu não sei se percebeu, mas tentou me matar, quebrou a janela da casa, sumiu e não está explicando nada! Ah é! Eu esqueci, nem precisava ter lhe contado você provavelmente já sabe disso tudo porque leu minha mente, não é Ahcsar?-disse a última parte num tom de provocação-

_O que você quer de mim, humana? –grunhiu-

_Eu não sei, me diga você! –retrucou aborrecida- Com todo seu intelecto será que não consegue nem dizer isso? –ela torceu o cenho de irritação- Eu não estou dizendo que quero desculpas, na verdade não preciso de nada vindo de você, só quero entender o que exatamente está acontecendo aqui porque daqui a algumas horas o governo vai bater na minha porta e é bom eu ter uma boa explicação, pois não é você quem vai passar horas numa sala de interrogatório com um monte de pessoas tentando extrair informações que você não tem!

A mulher respirou fundo, cansada depois de explodir torrencialmente as palavras que queria ter dito há muito tempo.

_E como assim caiu? Uma queda não deixa esse estrago todo em alguém...

Ela inspirou fundo, ainda se acalmando enquanto um leve tom de preocupação embebia a voz dela.

_Eu caí. –respondeu simplório novamente- Já acabou de descontar seu estresse em mim? Agradeceria se fosse mais gentil, não estou com um bom humor agora. –tirou a grama grudada nele-

_Ah...

Eu só queria saber o que está acontecendo... Aquele outro alien sumiu, o que o Siv fez afinal? E nem quero imaginar como vou tentar explicar algo para o governo se esse maldito extraterrestre continua escondendo seus intentos!

Ele encarou a mulher por alguns segundos com uma expressão séria, como se estivesse ofendido pelas palavras dela.

_Estou dizendo a verdade, eu caí... Do céu...-completou-

_Como assim do céu?

_Do céu, eu estava voando e caí do céu, fui arrastado pela areia, caí no mar, depois eu acabei num campo cheio de grama, é só.

_Espera! Como você caiu na praia e depois estava num campo com grama? Isso não faz sentido! –ela ficou confusa-

_Sua crença ou não em minhas palavras não mudará a verdade. –deu de ombros-

_...

Essa história está muito mal contada... Será que ele... Confrontou aquele outro alien? Será que aquele Crou-sei lá o quê tentou levá-lo à força?

Siv Borghild lançou imediatamente um olhar de confusão e raiva para a mulher. Teria ela adivinhado que Crow-Hreimdar o havia visitado novamente? Mesmo que fosse uma suposição, como ela teria chegado a tal conclusão?

_O quê? –ela se assustou com o olhar dele- Não acredito, estava lendo de novo?

Ele leu não foi? Ele acabou de ler meus pensamentos, não?

_Hum?- ele encarou desinteressado- Ler o quê?

_Meus pensamentos, lógico! Não se atreva a sondar minha mente! –esbravejou sem muita confiança-

_Estou curioso em saber de onde vem essa coragem para falar com alguém que quase lhe matou há não mais que algumas horas atrás...

Ele deu um sorriso torto e ela recuou, com um tremor interno.

Ele está mesmo cogitando a possibilidade de me matar? Como antes...?

Ele suspirou, cansado para tentar explicar novamente que era contra a violência, embora da última vez tivesse agido irracionalmente.

_Não vou te matar, tenho a política de não matá-los enquanto minha observação estiver em vigor na terra... –ele a encarou com certo incômodo- Posso ser considerado um criminoso de alta periculosidade, mas ainda tenho honra com minha palavra.

Ela calou-se, mas sua mente continuava chacoalhada pelos acontecimentos sucessivos e perturbadores que estavam acontecendo. Sabia que mesmo se perguntasse, não extrairia nenhuma resposta daquela criatura ardilosa à sua frente. Ele era o tipo de pessoa que escondia os próprios segredos enquanto desvelava os mistérios dos outros, isso era irritante e exaustivo.

Porém, o que aconteceu não foi a reação que ela esperava. Ele sentou-se na cama silenciosamente e a encarou nos olhos, dizendo:

_Sobre o quê você quer perguntar?

Gesticulou para que ela sentasse na cama também e ela apontava para si mesma, incrédula.

_Hã?

_... Eu sei que você escutou parte daquela conversa que tive com Crow-Hreimdar, e também sei que tipo de perguntas tem em sua mente, não importa se eu responder ou não, você já ouviu muito, só estou disposto a esclarecer algumas suspeitas errôneas sobre mim. Então, vai ou não perguntar?

_Tenho muitas dúvidas... Mas... Não creio que você vá responder... –ela foi sincera-

_Não estou lhe dizendo que vou te contar? Por que tem medo de perguntar? Se sente afrontada pelo tipo de escuridão que pode descobrir? –ele deu um sorriso cínico-

_Bem...

Sentiu-se reprimida pelo olhar frio do homem à sua frente. O fitou por um breve minuto antes de fazer qualquer indagação, se perguntando se ele ainda estava com raiva e queria fazer algum tipo de brincadeira de mau gosto ou se aquilo era uma forma desajeitada dele dizer que estaria aberto a responder perguntas agora.

_Você tem mesmo um nome? –começou sem jeito-

_É claro. Eu já lhe disse antes, não sei de onde vocês humanos tiraram essa ideia de que nós não temos nome. Até os animais de vocês têm nomes, por que eu não teria um?–olhava para a mulher, com incredulidade- Mais alguma pergunta? –suspirou cansado-

_Eu...

_Sei muito bem que perguntas há em sua mente, Eileen, por que a hesitação? Mesmo se não perguntar, eu saberei.

... Se ele já sabia o que eu iria perguntar desde o início, por que não respondeu de imediato?

_Queria saber se tinha coragem de me olhar nos olhos para me perguntar.

Ele respondeu aos pensamentos da mulher com um olhar e sorriso desafiador.

Ele adora brincar comigo não é? Esse... Usando olhares ameaçadores pra me fazer ter medo...

_Então... Tem mais algo a perguntar Srtª Sanders?

_Tenho... Mas deixe-me começar do início... –ela sentou-se na cama, ao lado dele, indicando que não seria uma conversa breve- Quem é você afinal? Aquele alien disse algo sobre levá-lo de volta ao lugar de onde saiu, mas pelo que entendi ele estava falando sobre te prender e lembro que você mencionou algo sobre uma nave-prisão... Eu não compreendo...

A partir dali, a conversa tomou um rumo mais sério, bem como os traços da expressão dele se agravaram.

_Eu sou Ahcsar Angsaw IV. E Crow-Hreimdar é o mensageiro oficial da nave-prisão Brisingamen, ele diz ter uma ordem de decisão sobre minha liberdade, e como pôde ver ele optou por me pôr atrás das grades, embora eu não tivesse liberdade mesmo antes de vir aqui...

_E se você não tinha liberdade, o que você era... Antes de vir aqui?

Perguntou receosa, com medo da resposta. Ele não respondeu, apenas lançou um olhar de descrédito pela falta de inteligência da mulher.

Por que ele está me olhando assim? Que desprezo é esse? Eu não fiz nada! Será que perguntei algo errado?

_Não. Tendo em vista que sua curiosidade é maior que seu raciocínio, sua falta de sensibilidade não me incomoda.

Ele respondeu sem pestanejar e ela foi atingida pelas palavras afiadas.

Ele acabou de me taxar de insensível? Olha só quem fala, ele que é um grosso o tempo todo, fazendo o que quer com o governo... E usando minha residência como seu covil...

Mas... O que ele era afinal? Será que ele era um carcereiro ou algo assim? Será que ele era um carrasco da prisão? Não, o Siv não tem cara de carrasco nem quando se esforça para ser mau, se comparado àquele alien de antes... Na verdade ele foi bem assustador, mas não parece bem um carrasco... Se tratando da raça dele, pra ser um carrasco deve ter que ser pelo menos umas dez vezes mais frio que ele...

_Nada disso que está pensando. –respondeu seco-

_Mas o que poderia ser então? Se te mandaram aqui numa missão, logicamente você deve ser um empregado do seu governo... –ela lançou a hipótese-

_Hum... Sim, é verdade, mas este é apenas um trabalho temporário...

_Temporário?... Um estagiário? –a mulher começava a demonstrar sinais de impaciência- Tem estagiários no seu planeta?

_Não, não há “estagiários”... –ele suspirou, desacreditando nas chances de acerto da mulher-

_Se vai contar, diga logo! –ela fazia gestos apressados- Não estou entendendo, se não trabalha para o governo e for só um cidadão comum, por que lhe enviariam aqui?

Ele não trabalha dentro da prisão, mas estava numa nave-prisão? Então ele é só um cidadão comum e estava pegando carona ou sei lá nessa nave? Não... É sem lógica...

Então...

_Por que você estava numa nave-prisão? -ela perguntou tentando desvendar o enigma -

Ele continuou calado e deu um leve sorriso, sem emoção como se indicasse que a resposta já havia sido encontrada.

E-Eh? Uma prisão...? Espera... Siv, quero dizer, Ahcsar era um...

Prisioneiro?

Ela abismou-se com o próprio pensamento. Não havia sentido. Impossível uma raça alienígena inteligente libertar um prisioneiro e usá-lo para realizar alguma missão importante. Fora de questão.

_E-espera... Isso é não pode estar correto, certo? –ela tentava assimilar a situação- Não tem como você ser... –ela não teve coragem suficiente para completar aquela frase-

_Há algum problema com isso? –ele a observou com um olhar sério-

_M-mas como? Isso não é possível... É? Mandariam um prisioneiro para fazer uma missão importante de observação? Você é mesmo um?

_Sim... –ele fitou o chão- Eu sou um prisioneiro e eles me enviaram numa missão, pode parecer um pouco enevoado à primeira vista, mas ambas as partes têm seus motivos...

_Por que te mandaram? Não é arriscado? Você não poderia fugir numa missão assim?

_Você não entenderia Eileen. –ela a encarou- Não é simples assim... Há um controle sobre todos pertencentes à nave-prisão, mesmo se eu tentasse fugir, logo saberiam onde eu estou e me prenderiam novamente, além disso, também foi escolha minha vir aqui, dei minha palavra e não pretendo voltar atrás nas minhas decisões.

_Por que você veio?

A curiosidade dela se aguçava, mas ele fez uma expressão vazia e desviou o olhar.

_É complicado... No entanto, posso dizer que fiz um “pacto” com o líder, mas... Parece que ele não está interessado em cumprir a parte dele...

Aquela conversa a fez se sentir mal. Ainda não podia crer que aquele homem à sua frente, a quem chamava por Siv Borghild e que esteve o tempo todo observando os humanos não era se quer alguém reconhecido dentro de sua raça, era um mero prisioneiro que fora mandado como uma cobaia para testar os humanos. Não sabia dizer quem era pior, a pessoa que armou os atentados ou os alienígenas que mandaram Ahcsar para a terra.

Acho que sei por que ele se irritou tanto quando eu vi a cicatriz... Talvez elas tenham sido o fruto de alguma experiência dolorosa...? Ou... Tortura?

_Tortura é uma palavra forte.

_Ah! –ela foi pega em seus próprios pensamentos-

_De acordo com as leis, é experimento científico pelo bem da espécie... É permitido usar prisioneiros como cobaias, não cidadãos...

_Experimentos...? –disse com asco-

_Na verdade, não fazem experimentos apenas em prisioneiros... Qualquer pessoa que não se encaixe nos padrões da raça é anormal, ser anormal significa que irão lhe por num laboratório, estudar e tentar achar uma cura para o problema...

_Como assim? Anormal?

_Bem... Como devo começar... –ele ponderou por alguns segundos- Eu nem sempre fui um prisioneiro, claro. É preciso ter uma boa razão para que alguém seja posto numa cadeia, mesmo em meu planeta.

_...?

_Porém, há muita rigidez e regulamentos que precisam ser seguidos, ao contrário do mundo humano, ser “diferente” é algo inaceitável no local onde vivo, eu sei que no mundo humano alguns grupos diferenciados também sofrem problemas com aceitação, mas isso acontece num nível completamente exagerado em meu planeta...

_Geralmente quando algum “anormal” nasce, busca-se estudar que tipo de anomalia ele apresenta e o porquê. Comigo não foi diferente, quando me dei conta estava num laboratório com inúmeros cientistas me fazendo de brinquedo experimental. –disse sem nenhum tipo de remorso- Mas... –ele deu um leve sorriso-

Por que ele está me contando isso? Eu estava curiosa para saber, mas... Como posso dizer... Isso é inacreditável...

_Naquela época, meu irmão era um cientista também... As habilidades dele para o ramo eram avançadas e ele era alguém confiável dentre os outros cientistas do laboratório...

Isso é estranho... Eu lembrava que ele já havia falado do irmão, mas sempre que se tocava no assunto família ou quando se falava nesse irmão ele não parecia muito feliz... E agora ele fala sobre isso com um sorriso no rosto... Eu não entendo...

Ele tinha no rosto o mesmo sorriso que ela conseguia lembrar-se de quando ele havia adoecido pouco tempo atrás. Não era algo falso, como aquele que ele vestia como uma máscara para ocultar suas intenções, este era genuíno. Um sorriso sereno vestido de nostalgia e embebido em uma felicidade frágil.

_Meu irmão disse que iria me ajudar, embora eu não achasse que ser diferente fosse ruim. Ele disse isso para mim também, que não havia necessidade de se incomodar porque eu não era tão diferente, e que ele acharia uma forma de me ajudar.

_...

_Eu fiquei boa parte da minha infância trancado num laboratório...

O sorriso dele foi se desfazendo sem deixar rastros de que houvesse existido.

_Foi lá que conseguiu essa cicatriz?

_Sim. –respondeu firme- Eu ainda era uma criança naquela época, então não sabia controlar muito bem as habilidades de regeneração do meu corpo, nem meus outros poderes... - explicava franco- Os cientistas estavam criando um novo tipo de arma a laser que fosse eficaz, ou seja, que pudesse até mesmo ferir alguém de nossa própria espécie...

_Testaram isso... Em você? –a garganta da mulher ardeu ao perguntar-

_É claro que estavam testando a arma, mas também estava me testando, queriam ver a resistência do meu corpo e o quanto eu podia controlar meus receptores de dor, o problema é que eu ainda não tinha controle sobre isso... – o semblante dele demonstrava seriedade- E diferente dos outros da minha raça eu sou “instável”... Isso significa dizer que minhas emoções influem no controle sobre meus poderes, o que não ocorre com os outros... –completou num tom amargo- Quando eles começaram a fazer os cortes, eu fiquei muito, muito alterado e, num piscar de olhos, meus poderes se descontrolaram e explodiram a máquina que eles estavam usando. Como aconteceu quando eu fiz o vidro da janela quebrar, mas num grau muito pior...

Ela engoliu seco ao lembrar-se da cena, mas continuou questionando-o:

_E eles não ficaram irritados com você?

_Bem, eles ficaram decepcionados por não conseguirem testar a máquina, e isso foi parar como mais uma “anomalia” na minha ficha... Infelizmente a cicatriz não sumiu porque eu não conseguia fazê-la se regenerar propriamente ainda...

_Afinal... Você viveu em um laboratório ou em uma prisão? –a mulher estava confusa-

_Em um laboratório grande parte da minha infância, mas... –o olhar dele distanciou-se do mundo- Após certo incidente, eu acabei sendo preso, apesar de ainda ser uma criança... Isso porque, diferente de alguns lugares do mundo humano, não importa a idade ou local de onde veio, quem comete crimes deve assumir as responsabilidades porque todos tem a mesma capacidade de raciocínio e reflexão sobre seus atos.

_Incidente...? –arriscou perguntar-

_Sim. Depois disso, eu fui exilado para uma nave-prisão, que vaga pelo espaço, longe do planeta e fiquei o resto dos meus dias lá, até vir aqui...

Eileen ficou surpresa, hipnotizada encarando Ahcsar enquanto ele contava a história. Não por usar palavras claras, mas pelo fato de quem em toda sua vida nunca imaginou que poderia estar de frente para um alienígena e que ele pudesse falar tão abertamente sobre si.

No começo era diferente, ele esconderia quaisquer que fossem suas intenções com um sorriso falsário, não que ela entendesse o que ele queria ao contar isso para ela, mas era surpreendente que ele falasse aquilo tão seriamente.

_Mas... Por que você foi preso afinal? Você... Matou alguém...? –ela recuou os ombros ao mencionar a hipótese-

_Não... –ele riu da reação da mulher- Se há um motivo para minha prisão... Como eu posso explicar... Seria porque era necessário pôr a culpa em alguém e aconteceu que eu fui o escolhido da vez...

Eileen sorriu também. Ela nunca imaginou que poderia ter uma conversa normal com alguém como ele, ela o encheu de perguntas por mais algum tempo, e de alguma forma, ela sentiu que aquele foi um momento especial.

Ela estava enfeitiçada pela cena que via. Aquele homem falando franco sobre o passado, sorrindo naturalmente enquanto contava tudo. Não parecia ser o alien que aterrissou na terra há mais de seis meses atrás, não aquele que assustava as pessoas e mantinha suas emoções dentro de um baú num plano oculto. Este era mais real...

Isso é... Impressionante... Ele é apenas um prisioneiro e conseguiu ter o governo do país a seus pés... Não quero nem conhecer os outros da raça dele, ainda mais...

Pensando melhor, talvez fosse por isso que ele ficava irritado quando o governo tentava mantê-lo sob vigilância...?Ele deve ter sido vigiado o tempo todo e só o fato de conduzirem experimentos... Eu tenho calafrios, me sinto mal... Não quero nem pensar sobre o que podem ter feito a ele...

Será que é verdade que faziam experimentos, quero dizer, não consigo mesmo imaginar alguém como ele sendo controlado ou manipulado... Nem usado como cobaia, mas... Para ele ficar tão nervoso daquele jeito por causa de um alien que veio buscá-lo...

Imagino que tipo de vida ele teve antes de vir aqui... Sendo um prisioneiro... Isso deve... Ter sido muito triste... Ainda bem que ao menos ele tinha seu irmão para poder se apegar e demonstrar algum tipo de afeto... Ele parece realmente admirar e gostar do irmão mais velho... Imagino que tipo de alien era pra o Siv exaltar tanto assim... Não parece ser uma má pessoa...

... Ahcsar Angsaw IV... Ele tinha um nome de verdade no fim das contas... Soa tão estranho... Não poderia esperar menos de o nome de uma forma de vida alienígena...

Falando nele, onde será que se meteu aquele outro alien, ou melhor, o que ele fez com o outro? Chegando num momento assim, logo quando o Comandante Gilbert ainda estava na Rússia... Foi o pior momento possível...

Imaginava se não havia tudo sido um sonho dela, por estar magoada pela desconsideração do homem em tentar matá-la quando ela o havia salvado uma vez... Será que aquele homem que lia seus pensamentos tinha que estar até mesmo em seus sonhos agora? Não... Fictício demais...

Uma questão cruzou a mente da mulher enquanto ela refletia sobre aquele momento único...

Qual dos dois... É o verdadeiro Ahcsar? Aquele a quem chamamos de Siv e que está sempre tramando algo ou esse que conversou comigo agora?

Foi esta questão que impediu a mulher de contar sobre sua pequena conversa com o alien ao Comandante das forças especiais. Ela ainda não sabia se deveria contar o que ouviu quando Ahcsar havia falado sobre si tão abertamente, sem precisar se esconder atrás de máscaras, por outro lado, ele poderia apenas estar fingindo e manipulando-a para confundi-la... A segunda possibilidade não lhe parecia correta, mas não deixava de ser uma possibilidade. E ela tinha de admitir que seria cruel se fosse verdade.

. . .

Nas ruas da cidade,

. . .

Andando a passos leves, despercebidos em meio à multidão, o mensageiro alienígena trajado em sua forma humana, Crow-Hreimdar, observava as pessoas ao redor e as reações, feições, tudo que lhe fosse possível, minuciosamente.

_Este é o mundo humano de que você tanto falava, Ahcsar...?-murmurou para si- São estes os humanos pelos quais se afeiçoou?

Os olhos frívolos e escuros do homem perscrutavam as ruas, e cada cidadão presente, analisando, reunindo informações sobre aquele novo ambiente e redigindo um relatório em sua própria mente o qual relataria para seus superiores pessoalmente assim que estivesse de volta à nave-prisão.

. . .

Na Rússia,

Dentro da prisão,

. . .

O secretário do Ministério de Relações exteriores, Allen Garchovsky estava numa cela separada de outros prisioneiros. Por ser o principal suspeito e todas as provas irem contra sua inocência, estava sendo retido numa prisão especial, como criminoso de alta periculosidade a nível internacional.

Estava sentado na cama da cela, de braços cruzados e cenho franzido. Os cabelos bagunçados e o terno aberto desleixado denunciavam o estado desgastado do homem que sempre fizera questão de manter sua aparência e postura sempre impecáveis.

Muitos pensamentos sobrevinham à sua mente, sobre o crime, sobre os verdadeiros culpados, sobretudo, as cenas daquele dia no qual o alienígena que ele tanto odiava o visitou repentinamente, enquanto ele estava naquela mesma cela, apenas alguns dias atrás...

Sua memória o levou novamente até aquele dia. Perplexo e reflexivo, Allen Garchovsky tentava analisar para entender o que se passava na mente da criatura...

. . .

Dias atrás,

Na cela de prisão do Secretário Grachovsky

. . .

Ele estava de pé, andava de um lado a outro da cela, roendo as unhas num frenesi conflituoso. O silêncio em contraste com o roçar de seus sapatos sociais no chão de pedras cinzentas encaixadas formando uma superfície reta, o deixava ainda mais desvairado.

Ouviu um som novo, o de passos leves, se aproximando cuidadosamente. Parou de andar, com a testa franzida numa expressão confusa. Não lhe eram permitidas visitas, então provavelmente quem vinha era um guarda. Mas o que um guarda queria com ele? A não ser que fosse algo importante, perderia completamente o último fio de sua paciência em ruínas.

Assim que vislumbrou a figura que andava ali, desprovida de qualquer preocupação. Um homem alto, com olhos de desdém e um semblante sério. Parou de andar, ficou de frente para as grades da cela e fitou o prisioneiro nobre.

_Você...!!

O secretário Garchovsky não pôde conter sua fúria, voou para cima das grades, agarrando as barras e batendo a testa em uma delas, com olhos cheios de ira e a voz alterada, fitando nos olhos a criatura que se mantinha inalterada do outro lado.

_...

_Não são permitidas visitas, com exceção de meu advogado... Como entrou aqui? Burlou a segurança? Veio apenas para me provocar?

_Talvez sim... –respondeu sem interesse- Te incomoda?

_Saia imediatamente daqui! E não me mostre essa sua face desprezível pelo resto de sua estadia na terra... –soltou as palavras forjadas por o fervor de sua raiva- E acredite, se depender de mim, seus dias aqui estão contados, seu ser imundo.

_Ora, ora... Bastou te deixarem apenas alguns dias aqui para que suas emoções ficassem à flor da pele...? –deu um sorriso debochado- Se fosse comigo levaria muito mais tempo... Mas... –ele respirou fundo antes de continuar o diálogo amistoso- Não foi para te incomodar desnecessariamente que vim aqui hoje...

_Do que está falando?! Acha mesmo que acredito em você? –rangeu os dentes-

_Até que é bem irritado para alguém que lida com relações humanas... Apesar disto, compreendo que sua situação nada favorável talvez tenha criado tais comportamentos agressivos como mecanismo de defesa... Afinal, se não descontasse suas frustrações nas palavras com a única pessoa que veio te visitar depois de tantos dias preso, poderia enlouquecer, não é mesmo, Secretário Garchovsky?

Essa criatura...!! Esse ser repulsivo veio aqui realmente para zombar de mim?!

_Como eu lhe disse, não vim aqui para brincar, gostaria de ter uma conversa séria, contudo, não posso me expressar propriamente se continuar me insultando mentalmente como faz agora, não consigo me concentrar quando tem tanto ódio acumulado em sua mente direcionado a mim... –respondeu aos pensamentos do outro, que ficou surpreso-

Então... Essa criatura pode realmente ler mentes...? Que nocivo...

_Sim, isso mesmo, eu posso ler seus pensamentos... Agora que já me insultou bastante, se acalmou? Consegue me olhar no rosto sem ter pelo menos um pensamento difamatório? –ele perguntava sério, com certo incômodo na voz-

_...

O secretário não respondeu, apenas encarou o alien, calado e pensativo.

_Eu irei direto ao ponto, não quero tomar muito tempo –disse apressando a fala- Sei que não foi você quem fez aquele atentado, para sua felicidade. Porém, como não tenho como comprovar isto de acordo com os padrões e leis humanas, nem sei o verdadeiro culpado por trás do incidente, não posso alegar sua inocência... Não dariam crédito às palavras de alguém ameaçador e terrível como eu, não é verdade? –disse a última parte num tom de ironia-

_Por que está me contando isso? E como tem tanta certeza de que não fui eu quem planejou tudo? As provas todas se conectam contra mim...

_Se esqueceu que posso ler pensamentos? Eu sei muito bem o motivo de ter entrado num jato diferente do que eu estava naquele dia... –ele deu um riso seco- Você me odeia e isso não é novidade. E se houvesse planejado um crime tão perigoso, acredita mesmo que conseguiria esconder isso em sua mente de uma forma boa o suficiente para que eu não notasse?

O alienígena o encarou como se pudesse enxergar a alma dele através dos olhos. O secretário recuou um pouco, pressionado pela aura forçosa que o outro exercia.

_Fora isso, -Siv continuou retirando toda a pressão que fazia antes na voz- Está claro de que alguém está fazendo as evidências convergirem contra você, e de uma forma muito óbvia, devo dizer... O culpado quer se isentar da culpa e busca um bode expiatório, que é você... E eu estou começando a me irritar com os métodos que este sujeito usa...

_Pelo seu discurso até agora, estou intrigado com algo, Siv Borghild... –disse o secretário calmo e apreensivo- Está por acaso insinuando que irá me ajudar a ser inocentado?

_Sim. Pelos crimes que não cometeu. –respondeu simplório-

_E posso saber que motivos um extraterrestre que veio aqui, supostamente, para observação estaria se movendo para ajudar, a mim, um humano que tanto menospreza? –estreitou os olhos desconfiados- Não me diga que não suporta injustiças porque eu irei de você rir se me der uma desculpa tão fraca.

O alien o fitou por alguns segundos, com um olhar vazio, e depois respondeu indiferente.

_Isso é simples. Eu não suporto a forma como esse sujeito está fazendo as coisas... Atentando contra minha vida com tentativas tão desonrosas e nojentas, eu simplesmente não suporto isso... E principalmente, claro, eu devo descobrir quem é o culpado, afinal, é a minha vida que ele está tentando tirar, te inocentar será apenas uma das consequências em desmascará-lo...

_... Isso pode ser verdade, mas... Ainda tem algo me inquietando, Senhor Borghild... Isto é... O que fará quando encontrá-lo?

O alien abriu um sorriso de satisfação coberto de maldade que fez o outro suar frio.

_ Isto, secretário, é algo não posso revelar...

Após dizer aquelas palavras, o alien saiu andando normalmente, como se nunca tivesse conversado com aquele homem. O secretário irritou-se novamente, e chamou por outro:

_Espere! Aonde pensa que vai?

_Aonde vou...? Quem sabe?

Ele deu um pequeno aceno para Garchovsky que borbulhou furioso, socando as barras da cela.

_Que criatura impertinente! Vem aqui, ri de mim, fala o que tem vontade e vai embora sem mais explicações!

. . .

E voltado ao presente, o secretário fazia exatamente a mesma expressão de irritação ao lembrar-se da cena.

Aquele alienígena deve mesmo estar atrás do culpado... Mas ainda não entendo porque ele veio aqui pessoalmente me dizer isso... O que ele queria me contando? Minha simpatia? Improvável. Minha ajuda? Impossível.

Não importa o quanto eu tente... Nunca conseguirei entender o que se passa naquela mente deturpada dele... Isso me irrita!

Fazendo o papel de bonzinho dizendo que vai me ajudar... Será que ele acredita que eu iria deixar de odiá-lo só por isso? Ou talvez veio aqui me contar para que eu me sentisse em dívida para que ele pudesse se utilizar deste argumento e me chantagear futuramente...?Que droga! Não consigo entendê-lo...

_Aquele alien maldito...! –o secretário cerrou os punhos, furioso-

. . .

Longe da prisão russa,

Nas ruas noturnas de alguma cidade

. . .

Crow-Hreimdar andava a passos calmos, observando o fluxo de pessoas à sua volta. Nas calçadas, nas ruas nos estabelecimentos, todos com seus rostos sorridentes ou tristes. Sem qualquer emoção ele as assistia até que parou de caminhar, no meio da calçada.

_Era isto que tanto observava, Ahcsar? –murmurou para si, num tom levemente decepcionado- Eu irei encontrá-lo em breve, e a depender de sua resposta... Eu posso ter que roubar suas memórias...

E com a última frase que saiu como um sussurro quase inaudível, ele voltou a caminhar por entre as multidões, desencantado com a humanidade.

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