REvolution: O Futuro escrita por Ceren


Capítulo 4
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Okay, desculpem a demora mas sabe como é férias, e talz, enfim aqui está mais um capítulo da saga.



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“Ainda falta muito?”

Jeremy piscou, atordoado com a pergunta, olhou para cima e tentou entender o que Nora queria com isso. A morena jogou seus cabelos negros para trás, sua face franzida de irritação ou dor ele não sabe dizer, apesar de quase curadas suas costelas ainda lhe causam desconforto.

“Não, mais algumas horas e estaremos lá. Não se preocupe eles ainda estão mais preocupados em proteger suas fronteiras perto do norte. Alguns canibais ainda se mantêm ali.”

Ela assentiu voltando a se sentar.

Nora sempre foi um orgulho para Miles, não por ser capaz de matar com a mesma facilidade e falta de culpa dele mas por algo que ele nunca teve. Compaixão. Jeremy observou muitos casos onde crianças não viraram órfãos pela sua capacidade de convencer Miles a segurar seu exército.

Ainda que na maioria das vezes eles tivessem que voltar e massacrá-los.

Nesse momento, no entanto, ela parece mais uma criança perdida em busca de alguém que possa salvá-la. Ele ignora a vontade de ajudá-la, eles não podem se dar o luxo de lidar com tudo o que aconteceu, suas vidas viraram de cabeça para baixo e talvez eles sejam tudo o que resta mas isso não é motivo para deixar o que eles têm desaparecer. A república Monroe sempre sobrevive. Sobreviveu a guerra de Baltimore, a gripe, o inverno gélido e até mesmo o ataque dos canibais do norte, não há motivos para duvidar que acontecerá o mesmo agora.

Danny se ergue do outro lado da fogueira limpando suas calças, o garoto ainda não consegue correr mas, pelo menos, o ferimento na sua perna não diminuiu muito seu passo.

“Nós temos que ir, talvez Charlie ou Miles já estejam lá.” ele diz com determinação, ainda que mal consiga se manter em pé.

Pela primeira vez Jeremy pode ver traços do general no garoto. São pequenos e quase invisíveis para quem não convive com Miles por tanto tempo como ele. O leve fechar dos olhos, o apertar dos beiços e o erguer dos ombros. Jeremy pode contar no dedo as vezes que Miles fez tais movimentos, geralmente se preparando para uma discussão feia com Bass.

O que sempre o levou a consumir o dobro de álcool e alguns hematomas.

Ainda bem que ele não é Bass.

“Ainda não, está de noite, o que você espera fazer sem conseguir ver um palmo a sua frente?”

O menino virou o rosto, fechando os punhos mas se sentou novamente. Jeremy suspirou se servindo da sopa fria. Nora não comentou mas ele pode sentir sua irritação. Ela sempre foi metódica com os sobrinhos do General.

A noite passa mais ou menos no mesmo clima. Jeremy convence os dois a dormirem e exaustos eles não discutem muito. Depois de alguns minutos e certo de que os dois dormiram ele retira uma carteira rachada do bolso, dali com cuidado expõe uma foto. Está comida nas bordas e cheia de furos, mas, ainda assim, a imagem é clara, dois jovens recostados sobre um carro, cabelos rentes e olhos brilhando, abraçados e sorrindo.

“Eu espero que estejam lá.” ele sussurra, tocando a foto como se fossem os seres reais. “Se não estiverem não vou se culpado pelo que acontecer.”

*

No outro dia de manhã cedinho eles continuaram viagem. Jeremy se divertiu ao ver Danny impressionado com a grade de ferro, o garoto chegou a parar e ficar sussurrando tentando entender como eles derreteram e moldaram o metal.

“Miles nunca te trouxe aqui?” Nora perguntou.

“Não, papai nunca deixou. Algo sobre a presidente querer o brinquedo dele e eu ser muito novo para isso.”

Um barulho alto fez os dois virarem e serem agraciados com a visão do capitão tossindo freneticamente. Nora franziu o cenho e se aproximou dele, batendo com força na sua costa, até que finalmente ele parasse.

“Entendo.” ela respondeu. “Bom, então seja bem-vindo a Geórgia.”

Danny assentiu, confuso com a dispensa clara e continuou andando. Nora esperou alguns segundos.

“Oh meu deus, eu sempre soube que tinha alguma coisa errada quando Miles chegava com aquela cara de horror mas… eu nunca pensei nisso.” ele disse rindo.

Ela bateu na cabeça dele. “Pelo menos seja discreto, o pirralho não precisa saber disso.”

“Mas você consegue imaginar isso? O Miles com a Presidente? O Bass provavelmente destruiria o mundo, seria tipo uma novela.”

Ela o ignorou e voltou a andar o riso dele a seguindo.

*

Ao se aproximarem da capital algo começou a chamar sua atenção, mudanças apesar de tênues, o bastante para o deixar paranoico. Pernas mecânicas, carros elétricos, sinais em neon. Jeremy sabe que para conseguir o que necessitavam Bass e Miles precisaram abrir mão de algumas coisas, mas, ainda assim, a energia necessária para ativar o que eles tem aqui é muito maior do que a que a república forneceu.

Jeremy ignora a inquietação de Nora diante da sua tensão e se dirige ao palácio onde a Presidente Kelly mora, no caminho ele deixa Danny com algum dinheiro e uma pistola. “Se qualquer pessoa além da gente te chamar você corre e se te seguirem mate. Você entendeu?”

Danny apesar de confuso assentiu, escondendo a pistola e olhando em volta com novos olhos. Òtimo, um pouco de paranoia não o deixará morrer tão rapidamente. Seguido por Nora ele passou pelos guardas sem problemas, seguido pelos seus olhares mas sem interferência, aparentemente o respeito – medo, na verdade – ainda perdura.

O lugar é coberto por lindas pinturas e confortáveis poltronas, mesas de canto com plantas e algumas estantes com livros e estátuas, tudo na maior limpeza e de cores complementares. No todo é um belo lugar mas o ar é pesado, como se tudo ali fosse apenas uma fachada.

Ele duvida que seja outra coisa, na realidade.

O povo da Geórgia por ser mais rico voltou a uma mania irritante do capitalismo em que viviam, onde tudo é estudado e posto um preço, apenas o mais caro serve. Sejam eles roupa, corte de cabelo ou casa.

Jeremy sentou na poltrona mais próxima colocando propositalmente sua bota suja na mesa mais perto. Nora bateu na sua coxa mas ele a ignorou. Eles esperaram alguns segundo e Kelly chegou, olhando com irritação, suas roupas imundas mas sem dizer nada.

O que significa que ela ainda não sabe da destruição da capital.

Jeremy não pôde esconder o sorriso satisfeito. “Kelly.” ele disse sem se erguer.

“Capitão, nunca lhe dei liberdade para me tratar por meu nome.” ela respondeu, mexendo as mãos e expulsando seus guardas. “Agora o que fazem as mãos do General Matheson na minha Federação?”

Jeremy quer perguntar se Miles ou Bass estão ali, escondidos em um dos quartos da mansão, se ela sabe onde eles estão. Se estão seguros.

Ele quer agarrá-los com força e nunca mais deixar com que saiam da sua vista, ouvir o suspiro resignado de Miles e o sorriso satisfeito de Bass. Apenas ver que estão bem.

Entretanto Miles o treinou melhor, e ele sabe o que escolherá acima da vida da sua família.

Só espera que esteja escolhendo certo.

“Primeiro, onde você conseguiu mais eletricidade?”

Ela dobrou as mãos na mesa. “Em nenhum lugar, vocês são os únicos que conseguiram retorná-la, por pouco que seja.”

“Entendi.” ele retrucou, se mexendo levemente na cadeira e fazendo Nora arregalar os olhos. “Então todos aqueles sinais em neon e carros elétricos estão funcionando só com a energia fornecida por nós.”

Kelly assentiu, relaxando imperceptivelmente na cadeira.

Jeremy bufou e rapidamente sacou a faca escondida na sua bota, usando a Presidente como escudo diante dos dois guardas que haviam se aproximado confiantes que não chamaram a atenção.

“Você realmente não devia ter feito isso.” ele sussurrou, sorrindo satisfeito ao senti-la tremer. “Vai me contar quem tá te fornecendo energia e te fez nós atacar ou vou ter que tirar a informação de você?”

Os dois homens a encararam em busca de ordens, mas aparentemente não conseguem ler suas micro expressões pois não reagiram, ficando abobadamente parados. Jeremy fitou rapidamente Nora encontrando-a a alguns centímetros dos dois. Ele retirou um leve filete de sangue de Kelly, provocando um grunhido assustado da morena e o reerguer das armas.

“Agora.”

Os dois guardas caíram como sacos de batata, a garganta de ambos cortada e despejando sangue no tapete. Ele virou a Presidente, colocando ambas as mãos nos seus ombros e apertando com força.

“Agora, minha senhora, você vai nos contar tudo o que sabe.” ele disse, erguendo o olhar e abrindo ainda mais o sorriso ao vê-la seguir seu movimento e congelar diante da Nora inspecionando os corpos. “Ou… seu destino será pior do que o daqueles dois.”


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Obrigada pela atenção.



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