REvolution: O Futuro escrita por Ceren


Capítulo 3
Filler 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um filler com um pouco de angst :3



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As meninas são recebidas pela Sra. Conwell, que os olha com reprovação dizendo estarem muito magros e logo com um pouco de sedução ela os convence a almoçar junto da sua família.

Ela foi uma das primeiras que eles salvaram junto de Jeremy e a única que se manteve ao lado deles nos últimos 20 anos. Foi a única com coragem o suficiente para dizer que estavam errados e mostrar para Bass que estava enlouquecendo e perdendo Miles na corrida por poder, também foi quem sempre os tratou como filhos, os repreendendo e amando na mesma medida ignorando o rank e o poder que ambos adquiriram. Ela sempre os tratou da mesma forma, como humanos, iguais a ela.

Miles se senta relaxado pondo os pés na mesa e é repreendido pelo marido da Sra. Conwell. O general retira os pés mas sorri com afeição para o velhinho careca de moletom no sofá bicando o chá. Ele bufa irritado e murmura como a nova geração não tem respeito.

Bass sorriu diante do mal humor do velho. Ele o lembra do seu avô que sempre murmurava pelos cantos diante da mudança dos tempos, ainda bem que ele não viveu até hoje. As quatro meninas estão do outro lado da mesa olhando a casa em volta com admiração.

“Não há casas assim na califórnia?” Bass pergunta curioso.

Elas se assustam com a sua voz mas sorriem. Um bom começo. “Desse jeito não.” uma responde.

Bass olha em volta intrigado. A sala está abarrotada de objetos eletrônicos, alguns ligados e outros deligados, e com alguns desmontados. Ele entende então, ela provavelmente nunca viu tanta tecnologia em um só lugar.

“Ah, sim. A senhora Conwell tem o hobby de juntar peças eletrônicas para fazer pequenos robôs. Como Tony. Tony!” ele gritou.

Um robozinho quadrado de mais ou menos trinta centímetros apareceu correndo nas suas pequenas rodinhas, ele parou diante de Bass e derramou o café que segurava nas suas garras. Bass grunhiu profanidades e bateu levemente no robô que começara a rodar desesperado a sua volta. Miles riu e lambeu sua calça, paralisando qualquer pensamento racional do presidente.

“Aqui não, moleques.” Sr. Conwell disse irritado.

Com uma última lambida que fez Bass tremer Miles ergueu a cabeça, seus olhos brilhando travessamente e voltou a sentar ereto. Uma das meninas, loira de olhos castanhos, riu da cena mas abaixou a cabeça com os olhos arregalados.

Bass depositou a mão sobre a da menina com um sorriso doce. “Você está salva, pode rir do meu companheiro estúpido.”

“Ei! Estúpido aqui é você!” Miles retrucou indignado.

Sra. Conwell que apareceu com uma bandeja contendo uma galinha assada de cheiro acridoce, encarou o moreno. “Sem palavrões na mesa, mocinho, você sabe bem disso.”

Miles coçou a nuca e abaixou o rosto corado mas colocou as moedas na mão estendida da senhora. “Mas ele que começou…” ele ainda murmurou.

“Como é que você acaba com uma briga?”

“Se um não quer dois não brigam.” Bass cantou desviando das mãos de Miles.

“Meninos.” Sra. Conwell disse rispidamente com as mãos na cintura.

Os dois pararam de brincar e abaixaram a cabeça como dois filhotes que sabem estar errados.

“Agora que pararam de agir como crianças, vamos comer.” ela disse depositando a galinha da mesa, e indo em direção ao sofá.

Miles lambeu os beiços, observou a senhora e percebeu sua inatenção. È a sua chance. Bass bateu na sua mão que quase alcançou a perna da galinha, fazendo-o balbuciar e morder o braço do presidente que grunhiu e empurrou a cabeça do general.

“Sarah, por favor, ajude Winston a se sentar.” Sra. Conwell disse ao tentar erguê-lo mas sem sucesso.

A menina morena assentiu e o ajudou cuidadosamente. Os dois ainda brigando e grunhindo na mesa nem perceberam a atenção repentina sobre eles, Sra. Conwell suspirou cansada e bateu na cabeça dos dois.

“Pela bagunça na mesa as meninas receberão o almoço primeiro. Agora parem com isso.”

Miles bufou irritado mas não discutiu, ainda beliscando Bass debaixo da mesa, aproveitando o desconforto evidente do presidente. O almoço foi em silêncio com algumas conversas aqui e ali. Bass aprendeu os nomes das meninas. Sarah, é a morena que ele salvou de Affleck. Milena, a loira de olhos castanhos e sorriso hesitante. Mary, de cabelos ruivos e olhos azuis-escuros que brilham com desconfiança e finalmente Adina, de cabelos pretos e cega.

A última foi apenas a prova final da realidade da fama de Affleck.

Affleck segundo rumores, o que Bass aprendeu a sempre desconfiar mas que parecem reais no momento, gosta de quebrar suas mulheres, torturando-as ou retirando algo importante delas. Sua emoção é fazê-las implorar e finalmente transformá-las em escravas.

Bass virou o rosto tentando esconder a simpatia que se reflete em seu olhos e que sabe não será de grande ajuda. Mas ele se volta para Miles que fechou os punhos, entortando os talheres nas suas mãos. Ele o toca com carinho e olhos castanhos nebulosos encontram os seus, Miles logo agarra sua mão e aperta com força, mas sem machucar. Miles tem completo controle sobre seu corpo e mente, habilidade que Bass sempre desejou possuir.

“Nós temos que fazer algo.” Bass murmurou.

Miles não respondeu. Mastigou a comida vagarosamente tentando ganhar tempo para pensar em uma resposta. “Nós não podemos salvar todo mundo, Bass.”

Ele quis gritar, fazer Miles entender como milhares de vezes antes. Mas a voz do seu velho amigo é estranha, uma mistura de resignação e cansaço, como se o que ele disse fosse algo que tentou se convencer sem sucesso. Algo automático e instintivo como dizer seu nome.

“Podemos tentar.”

Miles balançou a cabeça, escondendo o rosto nas mãos. “Não, não podemos. È a Califórnia, Bass, eles nós fornecem comida, quanto tempo acha que duraremos sem novos grãos? A Geórgia não vai poder nos bancar sozinha. Nós morreremos de fome.”

Apesar de seu pragmatismo ser uma das razões do triunfo de Miles, neste instante Bass pode apenas odiá-lo por estar tão certo.

Ele ainda se lembra dos primeiros dias depois do apagão. As pessoas se matando, roubando e estuprando como animais, não pior que eles. Tudo isso por fome e medo. Fome leva homens a fazer o que nunca pensaram que poderiam.

Ele ergueu os olhos e percebeu as meninas juntas no sofá, uma dormindo em cima da outra, inocentes como nunca seriam acordadas. Miles levanta com um movimento econômico e sai da sala, deixando Bass sozinho. Ele não tenta segui-lo, você nunca encontra Miles a não ser que ele queira e Bass duvida que é isso que o moreno deseja.

Sra. Conwell apoiada na porta o entrega um pano com cheiro doce e ao abri-lo pôde ver os doces de leite, ele sorriu distraído para ela e se despediu do Sr. Conwell. Na rua, algumas pessoas correm em busca de proteção da chuva torrencial, mas ele não liga.

O caminho de volta à base é solitário e tedioso duas coisas que há muito ele se desacostumara. O recruta na porta olha-o com terror quando ele chega encharcado e logo chama Jeremy.

Eles formaram um grupo coesivo que se importa com a individualidade. De algum modo a ideia de igualdade de Jeremy funcionou. Todos sabem seu lugar e caso estejam insatisfeitos podem mudar, não há castas superiores ou inferiores com a exceção do exército, todos se ajudam e qualquer caso de disputa é logo resolvido. Não há diferença entre ele e um dos nativos a não ser a honra de governá-los junto de Miles. Eles até tentaram aplicar outro modo de governo mas a decisão unânime foi de que continuassem a liderar.

Eles conseguiram criar um mundo melhor do que aquele em que nasceram.

A sensação é leve, quase como uma pluma. Bass ergueu os olhos e é preso nas poças azuis brilhando de preocupação. O capitão o abraça ternamente e dá ordens para o recruta assustado.

Em segundos Bass se encontra na sua cama coberto por edredons e tremendo incontrolavelmente, Jeremy ao seu lado cantando baixinho na tentativa de acalmá-lo o bastante para que durma. Mas ele não pode. Miles ainda não apareceu e situações, uma mais horrenda do que a outra, corre por sua mente como um filme de terror. O capitão atento como sempre nem tenta obrigá-lo a tomar um sedativo se mantendo ali como companhia até a chegada do terceiro.

As horas passam e logo a noite chega como uma coberta negra. Miles chega poucos minutos depois do anoitecer. Sua aparência é deplorável, seu rosto está inchado e ele manca da perna direita, a água escorrendo das suas roupas apenas aumenta a imagem digna de pena. Ele não disse nada enquanto trocou de roupa e deitou ao seu lado.

Bass esperou. Ele sempre foi paciente assim como Jeremy. Os dois sabem que esperar o momento de Miles é o melhor que podem fazer.

Entretanto esse momento não é hoje pois o general dormiu rapidamente e com a certeza de que está a salvo logo seus companheiros fazem o mesmo.


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