REvolution: O Futuro escrita por Ceren
Notas iniciais do capítulo
Agora sim, vamos para o plot propriamente dito. Como sempre, blá, blá, blá, nada disso me pertence. Até porque se fosse meu não dividiria com ninguém.
O cheiro é horrível, uma mistura de carne em decomposição e ferro. É como andar por um campo de guerra eterno, de um lado ao outro apenas corpos transparecem com a exceção de alguns corvos. A visão é aterradora.
Morte é algo que Miles conhece bem, viveu e respirou a maior parte da sua vida. E ela é justa, o mais puro ao mais condenado é tratado do mesmo jeito para ela, a dor se transforma em nada mais do que memória e finalmente a luz. Você se esvai desse mundo quebrado.
Seus olhos mortos o encaram culpando-o pelo massacre. Há crianças, mulheres e homens todos juntos em grandes pilhas, iguais nesse momento. Ele passou por elas ignorando a dor excruciante nas suas pernas.
Não pode parar.
Ben dizia que para alcançar o inimaginável você só precisa caminhar, por um pé em frente do outro até alcançar seu destino. E é isso o que ele faz.
Seu destino e futuro está lá. Naqueles cabelos loiros encaracolados e olhos azuis, uniforme verde e gemidos no meio da noite. Está nas mãos endurecidas acariciando os pelos da sua nuca. Na confiança mútua e plena entre eles, nos beijos doces e nas noites mal dormidas.
Como pode ter dado tudo errado em questão de alguns dias? Eles tinham tudo. Eletricidade e o apoio do povo mas de algum modo isso foi vencido por um bando de estupradores e soldados da fortuna. Eles chegaram sem notícia e logo a cidade foi tomada. Seus melhores soldados foram mortos, algumas meras crianças brincando de proteger, outros veteranos frios e implacáveis todos pegos de surpresa e mortos. Foi um massacre, e no meio de tudo isso eles se foram.
Bass louco o bastante para entrar no meio da luta se despediu. Um aperto no pescoço e o encontro das suas testas. E então Jeremy, que agarrou seu braço e amarrou um pano, protegendo seu pulso. Caso precise de uma atadura ele disse com um sorriso trêmulo.
Eles estão lá, em algum lugar. Ele tem que acreditar nisso, a alternativa é pior do que qualquer coisa.
O dia corre sem mudanças e antes que perceba o sol se esvai deixando para trás a luz pálida da lua. Não é muito claro mas o permite ver o bastante para continuar procurando. O frio, no entanto, começa a corroer sua pele e a época no Afeganistão lhe diz que tem pouco tempo para encontrar abrigo antes que suas extremidades entrem em gangrena.
Ele entra em um dos hotéis, exausto e prestando pouca atenção.
“Pare.” a voz é autoritária e Miles sabe que a pessoa não está brincando, portanto levanta as mãos vagarosamente. Ele só terá uma chance.
A pessoa se aproxima e Miles fecha os olhos, contando os segundos. Agora. Rapidamente ele roda o corpo e pega a arma empunhada pela pessoa se afastando alguns passos e apontando para sua cabeça. Olhos azuis brilhando com determinação e cabelos loiros correndo pelas suas costas. Miles a agarra, apertando com força Charlie, tentando protegê-la do terror lá fora. Ela riu baixinho abraçando-o com o mesmo fervor.
“Achei que estivesse morta. O que aconteceu?”
Charlie confusa balançou a cabeça. “Não sei. Eu estava patrulhando com o Jason quando de repente essas pessoas com armaduras chegaram. Nossas armas não funcionam, Miles. Eu tentei de tudo mas nada os matou, só quando cheguei perto e acertei um no pescoço.”
“Acertou com o que?”
“A espada. Neville ordenou que a gente não gastasse balas.”
“Bem pensado.” Miles virou o rosto coçando seus olhos inchados e tentando por ordem na confusão de pensamentos rodando na sua cabeça. “Não foi sua culpa, Charlie. Eles provavelmente tinham coletes a prova de bala. Onde conseguiram tantos eu não sei, mas foi planejado, muito bem planejado na verdade. Escolheram justamente o tempo em que a maioria do nosso exército está no Texas lutando contra aqueles patriotas.”
“Eu não entendo. Porque matar os civis?”
Miles a encarou como se fosse retardada. “Vamos, Charlie. Por que eles tentaram isso da primeira vez?”
Ela abaixou os olhos e ele pode ver quando ela fez a ligação. O horror brilhou claro nos seus olhos. “Para nos incriminar. Eles espalharão a história que Bass finalmente pirou e matou todo mundo como as outras milícias pensam. Miles, eles vão nos destruir. Nós devíamos ter visto isso a um quilômetro de distância.”
“Como?” Miles gritou irritado. “Você não vê? Eles planejaram tudo. Nenhum dos nossos espiões deu qualquer informação, provavelmente estão mortos a esse ponto. O plano foi perfeito. Acabou.”
Charlie o encarou incrédula. “Então é isso? Nós não vamos lutar, vamos nos render para a Geórgia ou o Texas? Depois de tudo que você e Bass sacrificaram. Meu pai, minha mãe, Danny. Eles vão matá-los, Miles, apensa por terem o seu sangue. E acha que pararão por aí?”
“Eu sei. Mas nós não temos força o bastante aqui. Teremos que ir para o Texas.”
Charlie assentiu e olhou em volta. Miles sabe bem o que ela está procurando mas a ideia de que a voz sussurrando no seu ouvido ou a mão no seu ombro não passam de alucinações é aterradora. Ela o olhou com pena mas não comentou.
“Eles estão vivos, Miles e provavelmente tiveram a mesma ideia.”
Ele assentiu. “Nós temos que dormir, amanhã vamos para o Texas.”
“Eu pego a primeira vigília.”
Em qualquer outro dia ele a olharia com desprezo e apontaria para cama. Ela provavelmente diria alguma coisa sobre não ter sexo o suficiente mas obedeceria. Hoje, no entanto, as brincadeiras estão além do seu poder. Sua mente está focada em apenas uma coisa. Defender aquilo que conquistaram com tanta morte e dor.
Depois disso ele pode conseguir sua vingança e quem quer que seja o responsável por isso é melhor correr.
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E aí o que acharam do primeiro capítulo?