Balada a Dois escrita por Chibieska


Capítulo 6
Chuva


Notas iniciais do capítulo

Voltei pessoas. Nada do meu gatinho ainda, mas a vida segue. Eu fico muito feliz pelos comentários e apoio e tudo mais.

Sobre as sugestões. fico muito feliz com todas elas. Alguns são um pouquinhos mais trabalhosos, mas prometo que vou desenvolver todos.

O de hoje está bem fluufy, espero que gostem.

Boa leitura!



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CHUVA

Last Order correu pela praça, patinhando água. A garoa fina encharcava o cabelo castanho e fazia com que a camisa branca que usava por cima do vestido já estivesse transparente. Ela corria e ria, e girava na chuva com os braços abertos, como se tentasse pegar as gotículas que caiam aceleradas.

Accelerator estava atrás dela, guarda-chuva em uma mão, bengala na outra. Os pés encharcados por ter pisoteado várias poças d’águas, a cara fechada. Sua vontade era fazê-la engolir aquele maldito guarda-chuva.

Last Order adorava dias chuvosos. Adorava o sol, o vento, o dia e a noite e adorava dias chuvosos. Aquele tempo cinzento e frio sempre deixava as pessoas melancólicas, até mesmo Accelerator, mas ela não. Chuva servia como uma forma de lavar as impurezas do mundo, ela dizia, e ele não fazia ideia de onde ela tinha ouvido tal coisa.

E por isso, toda vez que chovia, Last Order corria para fora do apartamento e ia até a praça, brincava na chuva, girava, rolava na grama molhada como um cachorro feliz e então voltava para casa, enlameada e contente, com o espírito renovado. E ficava resfriada.

E Accelerator era repreendido por Yomikawa por não ter cuidado corretamente da menina. Ele se perguntava como havia se tornado o tutor dela sendo que ele ainda tinha sua própria tutora.

E isso também explicava sua presença na praça naquele dia chuvoso, carregando um grande guarda-chuva com o emblema da Anti-Skills em uma das faces. E não importava o quanto gritasse ou repreendesse a fedelha, ela iria correr e rolar, até se sentir satisfeita.

– Accelerator devia brincar na chuva também, diz Misaka enquanto Misaka tira a franja molhada do rosto – a menina observava o adolescente.

– Me dê um bom motivo para que eu queira me molhar? – Bufou.

– Para renovar suas energias, Misaka explica sabiamente enquanto Misaka se deixar molhar pela chuva. A chuva lava seu corpo e leva a energia ruim embora, deixando você novinho em folha, diz Misaka continuando a explicação.

– Eu posso me lavar no chuveiro se quiser.

– Mas não é a mesma coisa, diz Misaka batendo o pé no chão e fazendo a água da poça voar para todo o lado. A chuva é mandada pelo céu e por isso é sagrado. – Explicou.

Accelerator curvou a sobrancelha diante daquela resposta. Eles estavam na Cidade-Academia, onde tudo era científico e explicado, aquele argumento com um que mágico e religioso em nada condizia com o ambiente, muito menos com a própria condição de Last Order.

– Não seja estúpida, pirralha. – Rebateu. – Chuva nada mais é do que um fenômeno natural e...

– Misaka sabe como a chuva se forma, interrompe Misaka enquanto Misaka encara as grandes nuvens de chuva. – Os olhos encaravam as formações que atravessavam o céu sendo movidas por uma brisa lenta. – Mas Misaka gosta de pensar que algumas coisas são sagradas, diz Misaka enquanto Misaka assume um tom mais sério.

Aquele olhar sério não combinava em nada com o rosto infantil sempre alegre e sorridente. Chegava até dar calafrios, era quase como se estivesse olhando para outra pessoa. Era quase como se ela soubesse de algo que ele desconhecia.

– De qualquer forma – Revirou os olhos tentando afastar a sensação perturbadora que o invadia. – Você vai ficar resfriada.

– Misaka não vai ficar doente, diz Misaka enquanto Misaka mostra que é saudável.

– Você diz isso toda vez e sempre fica doente, fedelha. – Esticou o braço, cobrindo a menina com o guarda-chuva.

A chuva fina e fria se depositava no cabelo ralo e claro e escorria lentamente pelo rosto e encharcava a gola da camisa. Instintivamente passou a mão pelo pescoço, apenas para chegar se o eletrodo que carregava ainda estava inteiro. Era a prova d’água, mas não custava conferir.

– Não é divertido com o guarda-chuva, reclama Misaka enquanto Misaka dá um passo para trás e sai de baixo da cobertura. – Havia aquela expressão risonha e infantil que sempre fazia quando descumpria uma ordem.

Accelerator apertou a mão entorno do cabo do guarda-chuva e rangeu os dentes.

– Volte aqui.

– Misaka ainda não terminou de brincar na chuva, diz Misaka enquanto Misaka se afasta mais um passo.

– Last Order!

Mas seu grito ecoou pelo parque vazio sem ser atendido. A menina já tinha disparado em uma corrida e olhava para trás com um ar divertido, apenas para ver se ele a acompanhava.

Não demorou para que a dupla se metesse em um jogo de gato e rato, rodando em torno da fonte. A menina corria e ria escandalosamente, enquanto o adolescente ia atrás dela, mancando e girando o guarda-chuva na mão. Até que Accelerator se cansou daquela brincadeira e cortou a volta, fechando a passagem.

Os olhos castanhos o encararam pidão, mas Accelerator simplesmente enfiou o guarda-chuva nas mãos pequenas e lançou um olhar de que iria apertar seu pescoço até ela realmente ver algo sagrado, se protestasse. Virou as costas e marchou de volta ao apartamento, com a menina em seu encalço.

– Que história é essa de sagrado? – Perguntou quebrando o silêncio que havia descido entre eles.

– Misaka sabe que existem coisas que nem a ciência pode explicar, diz Misaka enquanto Misaka se lembra da invasão do Hound Dogs. – Accelerator parou e se voltou, encarando-a. Era verdade que muitas coisas estranhas tinham acontecido naquela noite e se não fosse pela menina vestida de freira talvez Last Order nunca tivesse se recuperado. Mas a menina estivera inconsciente durante todo o tempo, não tinha como saber o que havia acontecido. – O médico com cara de sapo contou algumas coisas, diz Misaka enquanto espia a reação de Accelerator por baixo da linha do guarda-chuva.

Accelerator curvou as sobrancelhas molhadas, mas não disse nada. Não fazia ideia do que a menina sabia e preferia não entrar no assunto, porque isso poderia incentivá-la a descobrir mais.

– E Misaka teve um sonho, diz Misaka enquanto se lembra do sonho e fica triste.

Accelerator a encarou novamente, empurrando a ponta do guarda-chuva para enxergar o rosto da garota. Havia uma mistura do olhar sério e um olhar melancólico.

– Misaka sonhou com um anjo, diz Misaka enquanto tenta lembrar exatamente. Ele é muito bonito e todo branco, mas eu sei que não posso me aproximar dele, porque ele irá morrer e me deixar sozinha. – As mãos estremeceram segurando o guarda-chuva.

– Anjos não existem. – Rebateu de mau humor.

– Mas o anjo de Misaka parecia com você, diz Misaka enquanto puxa o guarda-chuva e esconde seu acanhamento. – Apesar das palavras, a frase soara triste em meio à chuva.

Accelerator se baixou, se apoiando na bengala, até ficar na altura da menina, então lentamente empurrou o guarda-chuva de lado, liberando a visão.

– Isso é só um sonho entendeu. Anjos não existem, eu não sou um anjo e eu não vou morrer. – Disse as palavras bem devagar, como se tentasse mais se convencer do que a menina diante de si. Não sabia se anjos existiam, não sabia o que era depois dos acontecimentos estranhos de sua luta com Kihara e não podia garantir que não morreria, não com todos os problemas que tinha, não com suas atividades com a GROUP.

Quando a menina finalmente o encarou deu um meio sorriso, que era o mais próximo que conseguia de um sorriso confiante.

– Agora, chega dessas besteiras. – Puxou o guarda-chuva de volta posição original, cobrindo-a completamente da chuva. – Vamos voltar. – E se levantou, caminhando ao lado da pequena.

=8=

Atchim!!!

O espirro ecoou pelo apartamento. Last Order levantou o olhar da televisão e encarou Accelerator, sentado no sofá e embrulhado em um grosso cobertor. O rosto estava corado, havia enormes olheiras e o nariz estava entupido.

– Misaka disse que não ficaria doente, constata Misaka enquanto mostra que está saudável.

O albino nada respondeu, apenas lançou um olhar em desagrado para a menina sentada aos seus pés.

– Você poderia ter invertido o vetor da chuva e não ter se molhado. – Yoshikawa palpitou, vindo da cozinha, trazendo uma xícara de chá bem quente para o rapaz. – Não me diga que o poderoso Accelerator não pensou nisso? – Provocou.

– Calada! – Mas aceitou a xícara oferecida.

Enquanto bebericava a bebida forte e quente, viu os olhos de Misaka desviarem para a janela. O vidro estava sendo lavado por uma garoa fina, com a de dias atrás.

– Está chovendo, diz Misaka enquanto Misaka levanta de um salto. – A menina já estava pronta para correr em direção à porta, mas Accelerator a segurou pela barra do vestido, fazendo-o voltar para seu lado no sofá.

– Quietinha ai!

– Mas eu quero brincar na chuva, preciso me purificar, diz Misaka enquanto Misaka se debate no sofá tentando se liberar e correr para fora.

– Você não... Atchin!!! – O espirro fez com que a mão escapasse da ponta do vestido e a menina aproveitou a chance para escapulir e correr para a porta.

Accelerator só pôde ver a folha de madeira se fechar e o riso alegre de Last Order que sumia no corredor.

– É melhor você ir atrás dela. – Yoshikawa se acomodou na poltrona do lado, saboreando sua própria xícara de chá. Os olhos se moveram para ela, por baixo da vasta cabeleira branca. Ela só poderia estar brincando, certo?

Mas Yoshikawa nem se abalou com o olhar atravessado que recebia, levantou as sobrancelhas e indicou a porta com a cabeça. – Aiho vai ficar furiosa se ela se perder ou ficar doente.


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Notas finais do capítulo

N/T: Só para manter vocês atualizadas vou manter uma tabelinha nas notas finais sobre o andamento dos capítulos sugeridos. E por falar nisso, podem continuar me mandando temas se quiserem.

Pedido de Bianca / Tema: Algo com Accelerator e Misaka Mikoto / Status: Em desenvolvimento
Pedido de Snow/ Tema: Noite da Invasão da Cidade-Acadêmica/ Status: Esperando detalhes
Pedido RManiac/ Tema: Algo cômico com culinária / Status: Em desenvolvimento
Pedido RManiac/ Tema: Viagem / Status: Em desenvolvimento

Comentem, opinem, critiquem.

Beijokinhas e até!