Balada a Dois escrita por Chibieska


Capítulo 7
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Notas iniciais do capítulo

Cá estou!!! Demorei um mês mas voltei. Só tenho que pedir desculpas a vocês. Tive sérios problemas pessoais e não consegui atualizar a fic.

Eu ia colocá-la em hiatus, mas achei que seria muita maldade com meus leitores. Então voltei com um capítulo que estava escrito há muito, mas eu não pretendia postar tão breve porque ele é meio que par de outro capítulo que nunca terminei. Mas a vida é assim...

Sobre os capítulos pedidos: como aconteceram várias coisas esses tempos não consegui escrever nada. Alguns estão rascunhados, outros nem isso, mas prometo que escreverei todos.

Obrigada pela paciência e boa leitura!



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Havia um rastro de sangue, como as migalhas de pão dos contos de fada. Estava escuro, frio e solitário. A construção do novo prédio que de dia estava sempre cheia de trabalhadores que iam de um lado para o outro, levantando paredes, a noite era mergulhada em um silêncio opressor e um vazio fantasmagórico.

Só não estava mergulhado em completo silêncio porque era possível ouvir os passos lentos no cascalho e a respiração acelerada. Os passos pertenciam a um rapaz, a respiração instável a uma menina.

O garoto dos cabelos descoloridos caminhou lentamente, seguindo a trilha de sangue até chegar a um galpão ao lado da construção. O local era usado para guardar os equipamentos usados na obra. O lugar estava completamente escuro, a única luminosidade era aquela vinda da luz do luar, mas os olhos maliciosos se acostumaram rápido a baixa luminosidade.

Podia ouvir a respiração acelerada vinda de algum canto do galpão, mas não sabia precisar ao certo o sentido. Caminhou tranquilamente entre os sacos de cimento empilhados, tentando localizar a respiração. Foi quando pelo canto dos olhos viu de relance uma luz esverdeada e um flash explodir no ambiente escuro.

Enquanto o disparo da arma aproximava rapidamente pôde ouvir os pés ligeiros batendo em retirada, saindo pela porta lateral do galpão. Não moveu um músculo, apenas inverteu o vetor do disparo, fazendo com que o tiro ricocheteasse e atingisse uma das telhas de zinco que cobria o ambiente.

Os passos se afastaram rápidos, seguidos da respiração descompassada. Estava cansado daquele jogo. Acelerou o passo, seguindo o rastro de sangue e chegou à parte traseira do galpão. Esperou que a menina fosse estar longe, mas encontrou-a a poucos metros.

Durante toda a madrugada, a dupla tinha se restringido aquele tipo de ação, a menina, que trajava um uniforme da Tokiwadai, um par de goggles estilizados no alto da cabeça e uma grande arma nas mãos, a moderna Toy Soldier, atirava e fugia, enquanto o rapaz a perseguia.

Em um dos disparos, o adolescente reverteu o vetor da bala, que voou direto para o seu ombro. A bala atravessou o ombro direito, lacerando a pele e vertendo sangue. Mas apesar da gravidade do ferimento, a menina não demonstrou qualquer emoção.

Apenas levantou a arma nas mãos, distribuindo o peso para o outro lado e correu. Mas mesmo que suas feições não a denunciassem, a respiração oscilante anunciava que suas habilidades tinham sido seriamente prejudicadas pela agressão.

E provavelmente ficariam naquele jogo bobo, se ela não tivesse tropeçado e escorregado. Seria uma queda simples se não fosse em cima de uma pilha de vergalhões e uma das hastes de metal não tivesse atravessado a coxa. Havia ainda mais sangue do que o que jorrava do braço, manchando a saia colegial.

As mãos abandonaram a Toy Soldier no chão e tentavam puxar a perna presa, mas não importava quanta força fizesse a perna não soltava. Sentia o aço comer os músculos, mas não conseguia se soltar.

Accelerator parou a poucos metros da menina, vendo seu patético esforço para se libertar. Ali, na luz do luar, finalmente podia ver seu rosto adequadamente. Aquele era o rosto de Misaka Mikoto? Era bonita, mas ele não tinha exatamente um padrão de beleza.

Aqueles eram os traços da segunda esper mais poderosa da cidade. A única que poderia chegar perto do seu nível de poder, e mesmo assim eram necessárias mais de uma centena delas para comparar. Era baseado em seus poderes que os seus seriam ampliados. O projeto que o tornaria o primeiro esper level 6 da Cidade-Academia era projeto ambicioso, mas realmente não se importava, qualquer coisa para elevar seus poderes e ficar um passo mais distante dos estúpidos vermes que rastejavam diariamente preocupados com a inutilidade de suas vidas sem sentido.

Encarando-a ali, vendo seu esforço para remover a perna presa, chegava a ser assustador o fato dos olhos se manterem impassíveis. Deveria sentir uma dor horrível, mas não havia nada no rosto ou nos olhos que evidenciassem tal coisa. Ela não sentia dor, medo ou qualquer outra coisa, um simples e estúpido fantoche, que cumpria seu propósito sem pestanejar.

Qualquer pessoa normal teria pena do destino da garota. Condoer-se-ia pela sua deprimente situação. Mas ele não sentia nada, mesmo que internamente se espantasse e até mesmo invejasse sua passividade diante a dor calcinante. Não sentiria pena se ela fosse uma garota e sentia ainda menos diante daqueles olhos sem brilho.

Aquela menina não era nada mais que uma mera boneca. Não importava se tinha sangue correndo nas veias, se era feita de carne e tecidos. Não importava se ela sentia frio, se teria fome. Aqueles olhos sempre seria sem vida, ela nunca teria uma escolha própria, nunca teria um destino diferente além de servi-lo. No final, não passava de uma boneca onde articulações substituíam costuras e órgãos substituíam os enchimentos de estopa.

Se aproximou, diminuindo a distância a centímetros e colocou a mão aberta sobre o rosto redondo.

– Você é tão patética! – Sorriu rasgado. A menina não estremeceu, nem disse nada. –E isso foi tão fácil, eles poderiam ter feito suas habilidades muito melhores.

Viu as mãos da menina abandonarem a coxa e migrarem para as costas, buscando algo preso no cos da saia. Mas a boneca não teve tempo de buscar o objeto.

– Diga adeus a sua ridícula e inferior existência! – Os dedos se fecharam, apertando o rosto. O sangue, que corria rápido nas veias, teve o fluxo invertido e lentamente o corpo começou a fraquejar. Os olhos começaram a sangrar, seguidos dos ouvidos e narinas. As mãos balançavam ao lado do corpo com em convulsão e a garganta arranhava notas apavorantes, como se estivesse se afogando em um lago invisível.

Sentiu a vida dela se esvair lentamente enquanto a mão permanecia sobre seu rosto. Aquela não seria a primeira morte da sua lista, mas era diferente ter alguém tão próximo de si, tentando se agarrar pateticamente ao resquício de vida que existia. Era quase como se tornar um Deus, e ele não se importaria em matar quantos fossem necessários para estar em um nível diferente e ser visto de tal forma.

Em poucos segundos, a menina despencou morta aos seus pés. O rosto coberto de sangue, o ombro rasgado, a perna presa na haste de ferro e uma pequena arma reserva que mal teve tempo de ser utilizada, abandonada ao lado do corpo.

– Tsc. – Olhou para o corpo que jazia diante de si. Fora tão fácil, tão desinteressante, tão entediante. A garota não chorara, argumentara ou pedira clemência, como todos faziam diante de sua grandiosidade. Não havia a emoção da caçada, apenas a decepção de uma brincadeira elaborada que acabara rápido demais.

Fora tão inexpressiva e invisível que fora anunciar o início do projeto com uma voz maquinal, Accelerator não ouvira nenhum outro som vindo dos lábios femininos.

Pensando agora, não tinha reparado em todos os traços. Não se ativera da cor dos olhos, o desenho dos lábios ou a diferença de altura entre eles. A boneca estraçalhada aos seus pés já não servia mais de parâmetro.

Enfiou as mãos nos bolsos e a passos lentos abandonou a área da construção, retornando ao seu apartamento. Sabia que deveria prestar contas do experimento, mas isso poderia esperar até a manhã seguinte, depois de uma grande lata de café.

Quanto aos detalhes da jovem Misaka, realmente não havia lhe dado atenção de todo, pois mal conseguia visualizar o rosto da boneca em sua mente. Mas não era nada para se preocupar, ele ainda veria 19999 vezes aquele maldito rosto.


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Notas finais do capítulo

N/T: Quem acompanha os mangás de TAMNI e TAKNR sabe que a primeira sister que o Accel matou não foi desse jeito, mas eu quis dar minha própria versão para o fato.

Capítulo livremente inspirado em A Forgotten Promise da Bianca Pimentel. Se não tivesse lido sua fic nunca teria pensado nesse capítulo. Leiam, as fics dela são muito boas!

Comentem!

Beijokinhas e até!