Lágrimas Peroladas escrita por SBFernanda


Capítulo 6
Capítulo Cinco: Aproximação




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Capítulo Cinco: Aproximação

 

As grandes mãos de Naruto passaram pelo lado da cama, mas não encontraram nada. Ele abriu os olhos assustado e, em seguida, os fechou, passando as mãos pelo rosto e rindo de si mesmo. Tinha sonhado com Hinata ali e o sonho tinha sido tão real que ele simplesmente acreditara que ela estava ali com ele. Suspirou um pouco frustrado. Era ruim tê-la de volta, mas não exatamente tê-la para si.

O loiro estava mesmo como um adolescente bobo e apaixonado, pior ainda que da primeira vez que conhecera Hinata, pois daquela vez eles se apaixonaram juntos. Dessa vez ele carregava aquele amor por muito tempo, ansioso por ela sentir o mesmo e agora tinha que ir devagar.

Enquanto tomava seu banho para ir para a empresa, ele pensava em como abordá-la. Afinal de contas, não podia esperar que ela o chamasse, não é? Os tempos tinham mudado, mas ele sabia que Hinata nunca chamaria ninguém para nada, mesmo que, aparentemente, não fosse um encontro.

Não comeu nada, não tinha fome, apenas pegou um suco e deixou na mesa ao lado da porta. Era uma casa grande e vazia demais apenas para Naruto. Não havia retratos e nem quadros coloridos, os poucos existentes eram antigos e preto e branco. Sakura costumava dizer que faltava um toque feminino ali. Naruto concordava com ela. Faltava um toque que ele esperava trazer logo.

Dirigiu até a empresa, falando com Ino assim que chegou lá que não queria ser incomodado. Naruto sabia que a loira tinha certo medo dele e tentou se lembrar do motivo. A verdade é que muitas vezes o pior lado dele aparecia e isso acontecera muitas vezes enquanto não tinha Hinata, conforme os anos se prolongavam sem ela estar ali. Sua amada não gostaria disso, era sinal de que a “mancha” em si, como ela dizia, estava tentando e conseguindo aumentar. Ele esperava que ela conseguisse reverter aquilo, como antes tinha começado a conseguir.

— Ino, por favor, consiga-me o número da Biblioteca Pública — ele pediu a ela pelo telefone de dentro de sua sala. Não demorou muito até que a loira lhe transferisse a ligação de lá. Quando Naruto ouviu a voz do outro lado da linha soube que era ela. — Você não me passou seu número pessoal então não tive escolha, tive de ligar para seu trabalho — ele disse, divertido, encostando-se à cadeira e levando os pés para cima da mesa.

— Naruto? — A voz suave de Hinata parecia surpresa. Quando ele riu confirmando ela riu também. — Desculpe, eu acabei esquecendo mesmo de passar meu número, mas que bom que conseguiu me achar, digo… — Ela nem mesmo completou a frase, apenas suspirou. — Em que posso te ajudar?

— Ah, não. Sem esse profissionalismo. Achei que íamos ser dois amigos a descobrir os mistérios que cercam a nossa cultura. — Ele sorriu ao ouvir ela rir e dizer um “tudo bem, está certo”. — Então, quando vamos começar? Não pode me contar uma história intrigante e esperar que eu não fique… intrigado.

— Quando está livre? Eu sei que você é muito ocupado… — Ela se interrompeu, como se tivesse acabado de cometer uma gafe. Ele imaginou por que. Naruto não tinha dito nada sobre si, ou que fazia, mas ela tinha pesquisado para saber.

— Bem, estou livre a partir das três, mas e você? — Ele não questionou o fato anterior e ouviu ela soltar a respiração. Sorriu por isso. Adorava imaginar como ela deveria estar vermelha, ou, até mesmo, mordendo o dedão de nervoso, como fazia antes.

— Posso sair quando eu quiser — ela deu uma risadinha baixa. — Então o que acha às quatro… hm… Aqui?

— Melhor. Às quatro no café aí ao lado, onde poderemos tomar algo enquanto me conta mais e, se precisarmos, voltamos à biblioteca. O que acha? — Ele quase a via sorrindo enquanto a ouvia concordar. — Ótimo. Então até mais tarde, Hinata. — Esperou ela se despedir e desligou.

Quase no mesmo instante, Ino entrou. Não disse nada, apenas o olhou curiosa e deixou alguns papéis ali. Antes que ela saísse, Naruto a chamou.

— Ino, se tiver algum compromisso hoje pra mim depois das três, desmarque, por favor. Passe para Sasuke, caso ele possa. Obrigado.

O loiro não viu, mas a loira ficou o encarando por alguns segundos, muito curiosa e confusa antes de sair. Ele apenas lia e assinava as coisas automaticamente, torcendo para que as horas passassem tão rapidamente quanto a sua vontade.

Faltavam poucos minutos para as quatro. Naruto já estava sentado em uma das mesas perto da janela fazia pouco mais de quinze minutos, ansioso como estava, chegara bem mais cedo. Tomava uma bebida qualquer, apenas para não lhe perturbarem, mas logo dispensou qualquer coisa com álcool e pediu um cappuccino.

Ele a viu antes mesmo que ela entrasse e sorriu ao perceber que ela já o tinha visto. Se levantou quando Hinata estava para se sentar, mas, ao contrário do que teria feito décadas atrás, não puxou a cadeira, isso poderia ser visto de uma forma meio estranha, afinal de contas, ela nascera já no meio da modernidade, ou com a cabeça de tal.

— O que vai querer? — perguntou antes que um dos atendentes chegasse e ela pareceu olhar rapidamente para o cardápio antes de sorrir.

— Apenas um chocolate quente. — Neste instante um jovem chegou fazendo a mesma pergunta que Naruto, que repetiu o pedido de Hinata. — Então, tem certeza que vai querer fazer parte da minha loucura?

— Oh, Hinata… Eu adoro loucuras — ele brincou, encostando-se na cadeira e apoiando as mãos na nuca. — E eu preciso saber mais antes de decidir se é uma coisa crível ou não.

— Tudo bem. Eu trouxe algumas coisas para ver, algumas coisas que já tenho… — Ele logo afastou tudo o que estava no centro da mesa para o canto, para que ela pudesse colocar suas coisas ali. A jovem sorriu pela prontidão dele e logo começou a mostrar um mapa, um muito antigo. Aquela era Konoha há muitos anos, com a floresta intacta e as raposas bem presentes. Mostrou algumas notícias e diários de pessoas que tinham visto as Kitsunes, ou assim diziam. De fato, Naruto sabia que tinham visto. Não fazia muito tempo que eles tinham começado a se esconder da população. — E então tem isso… Meu tio disse que há algumas décadas aqui tinha dois tipos de raposas, umas mais malignas e outras não. Era equilibrado, mas perigoso, por isso a população sempre foi muito pequena. Isso até haver um desastre em que todas sumiram. Segundo ele, foi só depois disso que descobrimos que uma delas tinha ficado ainda na floresta, protegendo a cidade.

— Acha que foi para isso que essa Kitsune ficou?

— Acredito que não… Meu tio diz que às vezes é possível sentir sua ira chegando até nós. Talvez essa Kitsune tenha algo ruim… Mas nunca fez mal a ninguém daqui, o que me leva a crer que…

— Que…? — Naruto a incentivou. Ele precisava saber o que ela pensava dele.

— Que há algum sofrimento. Algo desperta essa ira. Desde que meu tio me contou que houve uma tragédia, que nossa família esteve presente nela, eu sinto que tudo tem a ver. É por isso que tenho acesso a essa informação toda, porque minha família presenciou tudo. Faz sentido?

— Mais do que imagina… — ele sussurrou. Ela pareceu curiosa, mas, por um instante, ele nada mais disse. — Tenho que perguntar, por que todo esse interesse? Apenas porque sua família esteve envolvida?

— Ah, não… — Ela riu e abaixou o olhar para a xícara de chocolate quente, que desde o momento que o jovem atendente deixou ali ela não tinha dado atenção. Naruto percebeu que ela corava violentamente. Ficou ainda mais curioso para saber, mas esperou pacientemente Hinata tomar a bebida e sorriu novamente. — Até dias atrás isso não importava nada pra mim, até eu ler a história que te falei. Isso me fez… Eu não sei, sinto que preciso saber. Sinto que preciso ver também, mesmo sendo perigoso.

— Ligada? — Ele estava ainda mais curioso. Ela deu de ombros, ainda vermelha.

­                — Não sei por que, mas acho que isso vai preencher algumas lacunas da minha família. — Quando ele se mostrou desentendido ela então mostrou um desenho, um quadro na verdade, onde várias partes estavam queimadas. — Essa é a árvore genealógica da minha família. A encontrei e várias partes dela estão assim, como se eles tivessem sido expulsos da família. Inclusive meus pais. Mas eu sei que eles não foram, então preciso saber o que houve.

Naruto observou mais atentamente aqueles lugares, conhecia cada um deles, cada um esteve envolvido com Hinata antes de sua morte, inclusive onde ela deveria estar fora queimado, apagado, e novamente seu rosto aparecia no final da árvore.

— Como podemos começar? Por onde? — Ele sabia que era perigoso, mas sabia que isso a traria para mais perto de si e não poderia perder essa oportunidade.

— Tenho muitos livros separados e temos de analisá-los. Mas depois de sabermos o bastante podemos ir atrás da Kitsune na floresta. — Ela parecia determinada e Naruto sorriu. Ela queria conhecê-lo…

— Feito — ele disse, terminando de tomar o seu cappucino. — Mas ficaria muito feio se eu lhe chamasse para jantar? — Ele notou o rosto dela corando e a expressão assustada. — Digo, tudo bem se não quiser… Mas uma moça corajosa e inteligente merece um pouco mais que um café ao lado do trabalho, não acha?

Hinata apenas abaixou a cabeça, mas mesmo assim Naruto notava o medo e receio de fazer aquilo e, ao mesmo tempo, havia algo mais… Era a vontade de aceitar. Mesmo que para Hinata não fosse como para ele, ela tinha lhe entregado seu coração havia muito tempo. De alguma forma, voltara para ele. Não havia para onde fugir.

— Seria um prazer — sua voz baixa preencheu o coração de Naruto com aquela confirmação e ele sorriu, um sorriso grande e completamente feliz.

— Eu lhe pego amanhã às sete, tudo bem? Hoje, vamos lá procurar um pouco sobre essas raposas velhas — dizendo aquilo, ele deixou o dinheiro sobre a mesa e a acompanhou à biblioteca. Não sabia se era o certo a se fazer, mas, pela primeira vez em muito tempo, ele não estava pensando, estava apenas se mantendo perto de Hinata.


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