Lilian estava no jardim deitada com a cabeça nas pernas de Sirius, junto com eles estavam Lene e Remo. Os quatro conversam animadamente quando foram interrompidos por uma sombra. Lilian não o vira se aproximando, mas sabia quem era.
—Desculpem atrapalhar.
James falou friamente. Ela viu que ele estava tentando não olha-la.
—Aconteceu alguma coisa?/O que você quer Potter?
Remo e Sirius perguntaram juntos. James não respondeu, apenas jogou dois pergaminhos em Sirius e saiu.
—Cartas da mamãe.
Sirius exclamou.
—Não sabia que você ainda tinha contado com a sua mãe.
Lilian falou surpresa;
—Não é da minha mãe de verdade. A mãe do James, minha mãe adotiva.
Explicou Sirius entendendo a confusão da amiga.
—Ah sim. Agora vai sentindo. Eu já estava me perguntando o porquê a senhora Black te enviaria uma carta através do James.
Lilian comentou.

Sirius leu as cartas em voz alta. (Ela está no capítulo anterior caso vocês tenham esquecido)
—Ela parece ser bem bacana.
Lilian admitiu.
—E ela é. A melhor. Você precisa conhecê-la. Porque não passa o natal lá em casa?
Sirius disse com um grande sorriso. Ele amava a mãe de James como se fosse a sua, e ao que parecia, ela era.
—Não sei. Não quero pensar em natal tão cedo.
Respondeu a ruiva com sinceridade.

...

Oi meu cabeludão.
Espero que já tenha cortado o cabelo.
Como você está?
James me disse que vocês brigaram? Já se resolveram? Espero que sim. Se não, se resolvam!
Sirius, meu filho, eu sei que James é orgulhoso, então você vai precisar dar o primeiro passo, eu não sei o que ele fez, mas eu sei que ele não está nada bem. Estou preocupada com ele, muito preocupada Sirius.
Um beijo para você, filho! Saudades. E me mande cartas, aposto que sua mão não vai cair se me escrever às vezes.
TE AMO!

—Ela tem razão. Também estou preocupado com o Jay. E ele não vai abri mão do orgulho dele.
Remo argumentou.
—Não me venha com essa, Aluado. O Pontas...
—Gente vocês podem me deixar a sós com o Sirius. Por favor.
Lilian pediu.
—Você vai falar a mesma coisa que falou comigo não é?
Marlene perguntou para a ruiva antes de sair. Lilian não respondeu só confirmou com a cabeça.
Já sozinhos, a ruiva encarou o Sirius.
—Concordo com Remo, essa briguinha de vocês já foi longe demais, ele tá muito mal Sirius. E no diga que não vê isso porque a gente eu sei que você também percebeu.
—Você está o defendendo? Justo ele? Depois do que ele te fez?
—Sim, estou. Depois das coisas que aconteceram nessas férias... Eu precisava da minha irmã. Foi horrível, mas eu creio que se a Petúnia estivesse lá por mim eu... Não seria tão ruim. Porque quando estamos na merda precisamos das pessoas que amamos. E ele te ama Sirius. Digam o que quiserem de James Potter, mas ele ama você, o Remo, o Pedro, a Lene, e vocês o ignorarem está acabando com ele.
Sirius a encarou.
—Lene tem razão. Você está gostando dele.
—Não se trata disso. Eu... Eu o entendo, mas isso não significa que eu goste dele. E seja lá porquê vocês brigaram você tem que perdoá-lo. Porque ele fez o que fez comigo e eu já o perdoei, e vocês dois são irmãos...
...

—Ela vai pedir para ele perdoar o James.
Marlene afirmou para Remo no caminho para o castelo.
—Como você sabe?
—Ela me pediu a mesma coisa. Acho que ela está começando a perceber que sempre gostou dele.
—Frank e eu também achamos que ele está começando a perceber que gosta dela de verdade.
—Não sei Remo. Acho que o problema do James é que ela parece não ter se importado com o beijo deles.
—Sabe o que eu acho? Que a Lily tem razão, essa história de ficar todo mundo bravo com o Jay só está piorando a situação.
—Pois sabe o que estou começando a achar? Que esses dois só sabem complicar as coisas.
Remo sorriu. Era exatamente isso que eles faziam: complicavam as coisas.
...

James deitou-se na sua cama, o dia estava sendo bem longo, o jantar estava sendo servido naquele momento, por breves segundos de pura ousadia ele pensou em ir, mas quando se lembrou do modo com Lilian o tinha tratado mais cedo, desistiu. Poderia parecer loucura, mas ele estava com saudade do tempo em que Lilian o tratava a base de feitiços. Qualquer tratamento era melhor que a indiferença.
O envelope com a carta da sua mãe estava ainda fechada sobre o criado-mudo, ele puxou o envelope e o abriu:
Filho, o que está acontecendo com você? Que depressão é esse que está tomando conta de ti? O que esta acontecendo aí? Não manda mais cartas, e quando manda, ou são vagas ou são como essa última em que você diz sentir um vazio, mas não quer explicar as coisas direito.
Eu pedi para você explicar direito, mas você não respondeu, mas vou te responder, espero não ser tão vaga na resposta como você foi com a pergunta.
Sim, meu bem, eu já me senti assim, não me pergunte quando, às vezes nós chegamos numa idade que não adianta nem mesmo forçar a memoria, eu poderia ter uma penseira, mas não iria me lembrar de usá-la então nem adianta.
Eu gostaria de dizer que essa sensação passa, mas eu estaria mentindo, nós sempre sentimos falta de algo, e sempre vamos sentir, porque a vida, meu bem, é feita de escolhas e a cada escolha deixamos uma coisa para trás, muitas pessoas acabam se deixando para trás. Eu espero que esse não seja seu caso. Porque não há nada pior do que se deixar para trás, minto, pior mesmo é deixar a alma para trás.
O único momento na minha vida em que estive plenamente completa foi quando você nasceu. Eu te olhei e você sorriu (Não esse sorriso que você tem hoje, mas um esboço), juro que nunca me senti tão feliz e inteira quanto naquele momento, mas agora nesse momento da minha vida eu sinto falta de você, todos os dias.
Eu sinto falta de quando podia fazer o que queria quando queria e na hora que queria, mas não posso me dar maia esse luxo. Nesse momento eu sinto falta de quando você era apenas uma criança e eu podia te proteger do mundo (ou tentar pelo menos), no entanto, você já está crescido e o mundo maltrata, machuca e eu sei que é assim que você está... Machucado.
Amo você, assim como seu pai. E se entrássemos em uma competição para saber quem te ama mais, daria empate, você, James, é meu milagre. Nunca se sinta só, sempre estaremos aqui mesmo quando não mais estivermos.
De sua mãe linda

Cansado de se martirizar James resolveu descer para jantar com seus amigos (não tão amigos no momento). Guardou a carta da mãe dele, colocou o melhor sorriso no rosto e desceu.
...
—Boa noite pessoal.
Cumprimentou todos com um sorriso.
—O que você quer aqui James?
Dorcas perguntou com frieza.
Horas antes aquilo frearia sua coragem, mas naquele instante ele queria provar para Lilian que se ela não se importava com o que tinha acontecido na noite anterior ele também não se importaria. Então ele sorriu para Dorcas e sentou-se na cadeira vazia ao lado de Pedro.
Remo o olhou desconfiado assim como Sirius, mas ele fingiu não vê e encheu seu prato.
—Lilian você não quer subir?
Sirius perguntou. James sentiu um aperto no coração quando Lilian o acompanhou.
—Eu também estou cheia, vamos Lene?
Então Lene e Dorcas saíram. Remo o olhou com pena, mas James sorriu e colocou mais uma porção de pato no prato.
—Os incomodados que se retirem.
Comentou.
—Em minha opinião deveria retirar-se quem incomodasse.
Alice argumentou levantando-se. James se zangou. Alice era o membro mais sensato das meninas, e agora também o atacava.
—Qual é Alice! Eu estou em missão de paz, mas se realmente não me querem no meio de vocês. Vou seguir seu conselho e vou me retirar.
Ele falou levantando-se e indo comer em um local mais afastado. Não demorou muito várias das fãs dele já tinham ido lhe fazer companhia. James até gostou da atenção, mas não pôde evitar a comparação com a conversa que tivera com Lilian na noite anterior, e aquela, com certeza, vencia facilmente de todas essas conversas vazias.
Como sempre sua mãe acertara, ele estava machucado, pior, estava apaixonado. Apaixonado sim, ele percebera mais cedo. Ele estava apaixonado por Lilian Evans.
...

Lilian Evans deitou-se em sua cama furiosa. Tinha acabado de discutir com Sirius e suas amigas pela forma como tinham tratado James, mas ela não estava brava com eles, e sim consigo, Potter havia tratado-lhe da pior forma possivel, ela teve que ouvir piadinhas por semanas, mêses, e agora ela estava defendendo ele.
E ela não sabia porque. A ruiva fechava os olhos e tentava se concentrar no ódio que sentiu a cada piadinha que ouviu, no entanto, não importava o quanto ela se recordava da raiva a última lembrança que lhe via na cabeça era do olhar dele na torre de astronomia, aquele olhar... Ela simplesmente não consiguia ficar com raiva dele, não por muito tempo.
Além disso, ainda havia a noite anterior. A conversa dos dois, o beijo... Ela nunca havia se sentido como se sentiu quando o beijou. O riso dele, o beijo dele, os olhos dele... Ela não consguia odiá-lo, não importava o quanto tentava, devia ser, como ele dissera na noite passada, parte do charme dele.
Ela sorriu quando lembrou-se disso, ele parecia tão leve, tão descontraído naquela conversa, pouco parecia com o ser que andava perâmbulo com o corpo dele.
Não era curiosidade que Lilian sentia sobre o porquê James não ia as aulas, ou o porquê ele estava na enfermaria, agora ela percebia, ela preocupação. A mãe também estava preocupada o que se provara que não era paronoia dela e que James estava sim portando-se de maneira estranha.
Até ele já tinha percebido, quando os dois conversaram na Torre de Astronomia há algumas noites ele mostrava isso. Lilian lembrou-se de quando ele ficou repetindo “a Duncan tem 14 anos... quando se tem 17 anos e você dorme com alguém de 14 é nojento”.
James estava perdido, ela já tinha percebido e mãe dele também percebera. Lilian não sabia se tinha alguma coisa a ver com isso, mas se preocupava com ele, de verdade. Em algum momento entre a conversa na Torre de Astronomia e o beijo da noite anterios James Potter havia se instalado no coração de Lilian Evans. Ou talvez tenha sido muito antes, talvez estivesse lá no fundo, só esperando uma remexida para aparecer.
Lilian Evans encostou a cabeça no seu travesseiro. Maldita Marlene McKinnon, Maldito Sirus Black, Maldito Merlim... Ela estava apaixonada por James Potter.