– Aquela dos cabelos negros a luz trará... - foi o que escapou dos lábios de Edwin. Mas logo sua expressão momentânea de surpresa se fechou. Alexandra notou que ele usava muito aquela expressão, as sobrancelhas franzidas e os olhos perigosamente estreitos.

Ele se virou para os guardas.

– Onde a encontraram? - perguntou.

– Na Grande Floresta, meu senhor. - respondeu um dos guardas.

Rei Edwin olhou para Alexandra, bem nos olhos dela, como gelo encontrando fogo.

– Qual é o seu nome, garota? - ele se levantou do trono e se aproximou alguns passos. Alexandra quase riu. Ele fez a pergunta como se fosse muito mais velho que ela.

– Alexandra. - respondeu, e então acrescentou - Meu senhor.

– E o que você faz aqui, Alexandra? - perguntou ele, em um tom de leve desprezo, como se ela não fosse o que ele esperava.

– Eu não sei. - respondeu sinceramente, esperando não ser morta. Não estava gostando nada daquilo; sentiu seus olhos marejarem novamente.

– Como não sabe? – o rei rugiu. Alexandra se encolheu levemente - Por algum acaso é do reino de Allium? Ou talvez de Nin? Ou, quem sabe, você tenha simplesmente se materializado em meus domínios? - Edwin já estava com o pescoço e a face avermelhados de raiva.

Ele não falou mais nada, apenas fez um sinal com as mãos e os guardas a puseram de pé e começaram a leva-la para fora da sala do trono.

Ótimo, vou ser uma prisioneira nesse "reino" maluco. Pensou a garota, mas resolveu não oferecer resistência. Afinal, os guardas estavam armados e eram três, ela era só uma e estava desarmada.

Alexandra sentiu seu rosto úmido com as lágrimas que escorreram logo depois de ser jogada em uma cela. Agora sim ela era uma prisioneira.

A garota se sentou em um canto, abraçando os joelhos enquanto sentia a parede de pedras frias a suas costas. Chorou. Sentia-se confusa, com medo de que aquilo não fosse um sonho. Como poderia ela ir para outra dimensão? Isso era para acontecer só com os irmãos Pevensie...

Alexandra secou o rosto com sua jaqueta, ela precisava pensar em como sair dali. Mas, mesmo que ela conseguisse escapar sem ser morta, como ela iria sobreviver sozinha? Em quem poderia confiar? Como voltaria para casa sem ajuda?

– My hope is on fire, My dreams are for sale... – ela começou a tentar cantar, com a voz ainda rouca por causa do choro.

Mas então ela riu. Riu alto, se surpreendendo com ela mesma. Estava nervosa, então gargalhou e entoou novamente a canção do mesmo jeito: Alto.

I dance on a wire

I don't want to fail her

I walk agaist the stream

Far from what i believe in

I run towards the end

Trying not to give in

She's lost in the darkness

Fading away

I'm still aroun here

Screaming her name

She's hauting my dreamworld

Trying to survive

My heart is frozen

I'm losing my mind

Help me, i'm buried alive!

E então, Alexandra se jogou no chão e chorou. Até o fim da noite.