Dead Z escrita por Gustavo Costa


Capítulo 3
Explicações


Notas iniciais do capítulo

Bom dia/boa tarde/boa noite, galerê. Capítulo saindo mais cedo do que o normal porque eu esqueci de programar e não sei se estarei aqui às 16h.
Seguinte... parece que muitos de vocês querem mesmo o dicionário de kaorti, então eu começarei a trabalhar nele. Por ora, as traduções necessárias estarão nas notas finais. Enfim, fiquem com o capítulo. Boa leitura a todos! o



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– 5 de Novembro de 2006, Ilha de Kaort, Oceano Pacífico, 13:57 -

Os quatro, juntos, há pouco menos de uma hora, haviam almoçado. Derek era um excelente cozinheiro — e sempre seria. Uma vez que ele soubesse seus gostos pessoais quanto à comida, você estaria sempre satisfeito. Infelizmente, ele ainda não sabia ao certo dos gostos de Milena. De qualquer forma, isso não o impediu de fazer um almoço maravilhoso para todos. Ele seria o símbolo da satisfação para o grupo se não houvesse um segundo sentido em meio a isso.

Naquele instante, estavam todos sentados nos lugares costumeiros. A poltrona da esquerda, como sempre, vazia. Em seu primeiro dia na mansão, Milena questionou Z sobre ela, mas não obteve uma resposta muito esclarecedora. “Está vaga”, foi o que ele disse. “Assim como sua resposta”, foi o que ela pensou. Contudo, isso só ficou em seu pensamento. Não gostaria de incomodar Z, principalmente com algo banal como aquilo era. Sabia, talvez melhor do que os dois amigos dele, que sua cabeça estava cheia de coisas, e que nunca seria bom enchê-la ainda mais.

— Ah, é verdade — Z surpreendeu os outros três ao começar a falar sem nenhum motivo aparente. — Nós viajaremos hoje. Bem, menos o Zack.

— Quê? Viajaremos? Tipo... pelo mundo? — Milena parecia estar feliz, uma vez que nunca tinha viajado.

— Exatamente. Eu peço para que vocês não me interrompam. Eu gostaria de explicar-lhes o verdadeiro motivo para estarmos aqui.

O verdadeiro motivo, é claro, era a Grande Guerra. Uma guerra entre os quatorze deuses olímpicos, criada pela última Sanmaluri. Mas quem é essa pessoa, afinal? Sanmaluri é um ser superior a todos os deuses — talvez superior até mesmo aos Titãs, mas isso não era nada confirmado — e conhecido, originalmente, somente por eles. De qualquer forma, a Grande Guerra ocorria a cada quatro anos, assim como a maioria dos grandes eventos que conhecemos.

As regras eram simples: cada deus tinha direito a um corpo, que ele tomaria para si durante o período da guerra. Se o corpo acabasse morrendo, seja por não aguentar o poder ou por mãos de terceiros, a verdadeira forma da divindade seria levada ao submundo, onde ficaria até que só houvesse um participante vivo. O prêmio para o vencedor: o trono de rei dos deuses e, além disso, uma conjuração capaz de acabar com a Terra; o Viopa Nyrus¹.

Uma vez que assumisse um corpo, o deus deveria reunir seguidores, humanos ou não, e construir sua própria casa, onde quisesse. Quanto mais escondido, melhor, mas não faria diferença se fosse num lugar onde todos pudessem ver. Ninguém entraria lá, e portanto ninguém jamais desconfiaria que a casa era pertencente a um deus, até porque eram poucas as pessoas que, àquela altura da humanidade, acreditavam na existência de deuses gregos.

— Então... Você vai viajar para que o seu deus assuma seu corpo? — Derek indagou. — Isso me parece ruim, não teremos mais o Z por perto.

— Você realmente não consegue ficar sem me interromper, não é? De qualquer forma, o meu deus é Hades. Ele não pode assumir o controle do meu corpo, uma vez que está banido ao submundo. Nós viajaremos para começar uma batalha contra outro deus.

— Espera. Você realmente planeja derrotar todos os deuses sozinho? Você pode ser forte e ter todas essas habilidades, mas não tenho certeza que pode lidar com algo do tipo, Z.

— Você está errada, Milena. Eu não planejo derrotar todos os deuses sozinho. Eu planejo derrotá-los com a ajuda de vocês. Mas talvez realmente não sejamos capazes. E, se esse for o caso, morreremos tentando. Vocês juraram que seriam amigos leais a mim, e quando fizeram isso, juraram que seriam leais a Hades. Mas não se preocupem, nós não morreremos.

— Como pode ter tanta certeza? — Milena dizia, carregada de preocupação. Eram seres divinos, afinal.

— Em primeiro lugar, porque eu sou o herdeiro da raça dos Fonictorem. E, em segundo lugar, porque Hades nos deu sua bênção. Bem, ele deu para mim, e eu compartilhei com vocês.

Nenhum dos três chegou a, de fato, prestar atenção na parte em que Z falou da bênção. Eles estavam ocupados demais tentando entender como diabos um Fonictorem ainda estava vivo. Eram seres humanos que podiam ser comparados a deuses em certos aspectos, e por este motivo foram extintos há tempos por um plano feito pela própria deusa das estratégias, Atena, e executado pelo próprio Zeus. Como, então, dois deuses de tamanha elite poderiam ter falhado e deixado alguém vivo? Foi exatamente o que Milena questionou.

— Eles não falharam — Z estava sério e frio. — Na verdade, eles tiveram sucesso. Não importa se são deuses, Milena. Eles não poderiam matar aquilo que, na mente deles, nunca existiu. Eles não são onipotentes. Não importa o quanto você tente, nunca saberá de tudo. Sempre há algo para se esconder, principalmente tratando-se de humanos.

— Eu acho que você nunca nos daria uma chance de recusar, não é, Z? — Derek estava certo, ele não permitiria.

— É claro que não. E, mesmo que eu desse essa chance, vocês jamais recusariam. Vocês sabem que eu já aceitei lutar por Hades, e vocês também, quando aceitaram lutar ao meu lado. Não há volta agora. Ou nós lutamos até o fim, tendo a chance da sobrevivência, ou nos entregamos e morremos. E, se eu for morrer, eu prefiro que seja lutando até não ter mais forças para tal.

No fim, os outros não teriam escolha. Eles compartilhavam da mesma opinião de Z; se for para morrer, que seja lutando. Que seja após perder toda a energia do corpo e não mais poder se mover. Que seja de forma digna, com orgulho. E é isso que eles pretendiam fazer. Bem, eles não pretendiam morrer, é claro. Mas sabiam que estariam correndo o risco a todo instante a partir daquele momento.

— Então a guerra já começou e nós só vamos fazer nossos primeiros movimentos agora, no fim do ano? É um pouco tarde, não acha? — Mais uma vez, Derek estava certo. Ele podia ser o cara da força bruta, mas não era burro. Tinha um excelente cérebro.

— Errado novamente. A última Grande Guerra foi em 2003, o que significa que a que nós participaremos só começará na virada do ano, quando 2007 chegar. Esta será a terceira e mais importante Grande Guerra, uma vez que o competidor mais perigoso, Hades, tem uma chance de vencer.

— Espera. Se a guerra só começa em 2007, então por que diabos iremos atrás de um deus hoje? Ainda faltam praticamente dois meses — Algo bem observado pela Milena, certamente.

— Aqueles dois que você matou há três dias, Milena. Eles não eram simples pessoas que invadiram a nossa floresta. Eram servos de Hermes, um dos deuses, e vieram até aqui para declarar que, se não formos até ele, então ele virá até nós. É permitido que, até dois meses antes da guerra começar, se você quiser, pode ir atrás de outro deus. Nas outras duas também foi assim. Hermes veio logo atrás de Hades, visto que era o oponente mais fraco, afinal, não era nem um deus. Por fim, o Zack tem que ficar exatamente para o caso de Hermes mandar mais algum homem seu atrás de nós, ou mesmo para verificar o paradeiro dos outros dois — Z levantou-se de sua poltrona. — Bem, venha comigo, Milena. Está na hora de você conhecer o nosso exército.

A princípio, ela estranhou. Estava ali apenas há três dias, isso é certo, mas não tinha ouvido falar de nenhum exército, muito menos visto algum sinal de um. Isso, em verdade, só a deixou mais curiosa, e sem pensar duas vezes seguiu ao lado de Z. Alguns metros atrás do sofá e das poltronas havia uma escada para o segundo andar. Ao lado direito dessa escada havia uma porta e, do lado de dentro dessa parte, havia um alçapão. Era uma sala simples e escura por ali, só com aquela portinhola. Ao abrir, mais uma escada. Esta, porém, ia para baixo, é claro.

E os dois desceram. Era uma descida um tanto grande, na verdade. Para subir aquilo depois seria realmente trabalhoso, na verdade. O destino final deles devia ficar centenas de metros abaixo do solo. Porém, essa não era a maior surpresa. O que realmente deixou Milena surpresa foi o local para onde eles foram. Era igual a uma floresta, só que no subsolo. E, diferente da outra floresta, esta não tinha neblina nenhuma. Era possível ver claramente, principalmente para a garota. Vários animais selvagens vagavam por ali. Leões, leopardos, águias. E todos viviam em harmonia, porque não era preciso caçar para sobreviver. Eles eram alimentados pelos seus donos, foram adaptados especialmente para isso.

— Este é o nosso exército, Milena. Acredite se quiser, animais selvagens são bem mais úteis do que seres humanos. Eles não sentem dó nem piedade do adversário. O que eu disser para eles fazerem, eles farão. Eu pedirei para você ficar o resto do dia com eles, sim? Socialize. Faça com que eles se acostumem com você, porque também terão que obedecer às suas ordens. Quando chegar a hora da viagem, eu te aviso. Facma kane².

E, então, ele começou a subir as escadas. Milena até tentou tirar alguma satisfação de Z, e ela poderia muito bem subir atrás dele se quisesse, mas talvez os animais não gostassem dessa atitude. E se o rapaz estava sério quando disse que aquele era o exército deles, ela não deveria causar uma primeira impressão ruim. Ficaria ali, conforme o ordenado, até que ele a chamasse para irem viajar atrás de Hermes. Talvez fosse um dia interessante, explorando aquela floresta no subsolo da floresta, mas talvez fosse um tédio. Bem, ao final do dia ela saberia a resposta para isso. E esperava, sinceramente, que fosse uma resposta positiva.


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Notas finais do capítulo

¹ Viopa Nyrus é buraco negro, em kaorti.
² Facma kane significa "passar bem", "fique bem", em kaorti.

Bem, é isso aí. Um capítulo mais tranquilo para vocês, com algumas explicações gerais. A partir do próximo, as tretas começam a rolar. E aí, amigos, a história só tem a dar saltos de melhoras.
Enfim, até a próxima. Facma kane.



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