Futuro, Volume II - Futuro Perdido escrita por MikaTag


Capítulo 8
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse, os capítulos a partir do passado serão narrados por Tris.
Boa leitura.



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Percebo que não tenho mais sono essa manhã, mas incrivelmente continuo bem cansada. Como eu não posso me atrasar para o horário do café da manhã eu decido abrir os olhos. Sento na cama e cruzo minhas pernas, me encosto na cabeceira dela. Olho para os lados e vejo que ninguém além de Rony está dormindo – que está roncando um pouco –todos devem estar no refeitório agora. Sinto que está tão calor aqui no cômodo e arranco os lençóis e cobertas de cima de mim. Estou achando que esse calor vai começar a me incomodar, mas pelo menos, sei que é melhor do que o incômodo que o frio traz. Passo as costas das minhas mãos pelo meu rosto para tirar todo o suor que acumulou enquanto eu dormia e não sentia. Coloco as minhas pernas para fora da cama e olho para o relógio que fica em cima do relógio da entrada do dormitório. Percebo que está bem tarde já e que se não adiantar posso perder o café então decido acordar Rony.

– Ei – digo – Rony, acorda …

Ele para de roncar mas não abre os olhos. Se mexe um pouco na cama e abre os olhos conçando-os.

– Bom dia, soneca – digo

– Bom. Diiiia – diz ele pausadamente bocejando – Que horas são? Sinto que você me acordou umas cinco horas …

– Pois bem … são nove e quarenta e se não chegarmos lá em vinte minutos – digo olhando severamente para ele, que parece estar mais dormindo do que acordado – vamos perder o café. E o almoço só uma hora da tarde …

– Vinte minutos – diz ele gritando e levantando de cima da cama rapidamente que mal vi seus movimentos – vamos logo! Se não … não vou comer bem hoje …

Dou uma leve risada com essa observação dele. E quando menos posso perceber ele já está ao meu lado me puxando pelo punho e me levando para fora do dormitório.

– Calma! Estamos de pijamas ainda – digo rindo. Mas na verdade não estou me importando.

Corremos até chegarmos no refeitório está bem cheio, mas não igual à sede da Franqueza depois da explosão da Erudição em Chicago. O silêncio toma conta do lugar – que estava bem barulhento – e todas pessoas viram para olhar para nós, vestidos de pijamas e estávamos de mãos dadas. Snape olha-nos com um olhar severo. Deu uma vontade para explicar para todos que ele me puxou, que não fizemos nada de demasiada importância. Tobias me encara com um olhar bruto, fico constrangida com o que ele poderia pensar e no mesmo instante solto a mão de Rony. Seguimos para a mesa do buffet.

Enchemos o nosso prato – Rony mais que todos – e seguimos para a mesa onde está o resto dos nossos amigos. Sento-me ao lado de Tobias de um lado da mesa e Rony ao lado de Harry que está na nossa frente, virado para nós.

– Bom dia – digo

– Bom dia – responde todos

Começo a comer o que tem no meu prato, peguei de tudo um pouco, pão, torrada, geleia, manteiga, carne e também fiz um hambúrguer que aprendi lá na Audácia – um momento que me deu uma nostalgia. Todos já estão quase no final do café mas não ligo, não tem porque eu tenho que comer mais rápido. Christina toma seu último gole de suco e diz quebrando o barulho de talheres e pratos:

– Voltando ao assunto – e ela olha para mim e para Rony e depois dá uma risadinha – o que vocês fazem no tempo livre? Passeiam … tomam conta da cerca …?

– Nós não temos idade o suficiente para tomarmos conta da cerca, nem trabalhar em nada desse tipo. – diz Gina

– Não? – pergunto – Mas vocês já tem dezessete anos, não?

– Temos – respondeu Harry – Mas …

– Só Chicago que podemos trabalhar logo que acabamos o nosso teste e temos a escalação – diz Eric não olhando diretamente para ninguém, só para o fundo de sua caneca. Tinha me esquecido que ele estava ali. Achei um milagre ele não estar falando muito, como de costume.

– É … exatamente – diz Harry, que acho que não gostou nem um pouco de ser interrompido – Só podemos nos candidatar ao emprego com dezoito anos. Enquanto isso nós continuamos a treinar, como você viu Snape falando.

– Os resultados são contabilizados e guardados para podermos usá-los para nos empregar. – esclarece Rony, que tinha acabado de engolir uma porção enorme de comida.

– Exato – responde uma menina um pouco mais alta que eu, de cabelos lisos ondulados e ruivos, vejo-a com roupas azuis que reconheço ser da Erudição. Então essa deve ser a Hermione Granger a namorada de Rony. – Eu mesmo estou planejando trabalhar como ajudante do governo. – e ela senta do lado de Rony enquanto fala – Não trabalhando com a Umbrigde, por que acho que não tenho cacife para trabalhar com ela …

– Gente, essa é Hermione – apresenta Rony – Minha namorada. Erudição como vocês poderam perceber.

– Olá! – diz ela bem abertamente – Então vocês são os imigrantes de Chicago. O assunto só é vocês lá na Erudição.

Ela fala isso de um jeito como se isso fosse uma coisa incrivelmente ótima. Mas não consigo ver o ótimo nisso tudo. Só mais um monte de fofocas espalhando por aí sobre nós. Surpreendo-me como ninguém daqui sabe ainda dos acidentes que ocorreram lá, tanto na cidade como fora dela.

– Então … – diz ela – Vocês … bem … é … conhecem Toby Cavanaugh?

Hermione faz essa pergunta com um ar de medo ao pronunciar essa palavra, como se fosse uma maldição ou algo do tipo. Percebi que a notícia corre mais rápido do que eu imaginava. Sem levar em conta que só passamos um dia aqui ainda, imagina só quando tempo for passando …

– Sim conhecemos. Ele que me transportou da cidade para o aeroporto. – digo

– Ah … você não ficou com medo? Nem nada disso? – perguntou Hermione, levantando do banco e quase subindo na mesa de curiosidade e excitação.

– Não. Nós não tínhamos motivos para ter medo dele. Não sabíamos nada do que ele tinha feito até chegarmos aqui e nos contarem.

– Ah … compreendo … mas mudando de assunto … como vocês estão? Estão gostando da cidade? – perguntou ela mas dessa vez mirando Tobias

– Eh … – enrolou Tobias para ganhar mais tempo para imaginar a resposta perfeita – Sim. Estamos gostando. Pelo menos eu estou – e ele olha para todos nós para ver se concordamos com ele.

– Ah – exclamou Christina – estamos gostando bastante, a cidade é bem estruturada e limpa. Diferente da nossa. Parece que a guerra passou exatamente por ali.

– Entendo – disse Herminone – Mas realmente a guerra passou por ali. Nós aprendemos isso na Erudição. Não aprendemos isso na escola para não causa temor às pessoas. Foi uma época muito tensa e muito feia …

Mas paro de escutar o que Hermione fala por um segundo. Sinto que ela fala demais, ela sabe de muita coisa, não é a toa que ela está na Erudição. Quando volto a mim percebo que estão todos olhando para mim e percebo que estou encarando Rony, sinto minha bochecha corar.

– Tris? – pergunta Tobias

– Ah sim …?

– É que estávamos falando das nossas antigas facções, nos quatro éramos da Amizade e mudamos de facção – disse Hermione – E você?

– Ah … eu era da Abnegação. – digo, com medo do que eles podem achar em relação a isso. Se a Abnegação é meio desrespeitada aqui também.

– Compreendo – respondeu ela – e qual o seu sobrenome?

– Prior. Beatrice Prior. – respondo

Vejo as sobrancelhas dela levantarem de surpresa e ânimo, não entendo o porquê disso, mas logo quando ela fala percebo porque:

– Você então é parente de Caleb Prior? – diz ela entusiasmada

– Sim – digo sorrindo um pouco – Sou irmã dele na verdade.

– Que legal. Caleb é um menino muito inteligente, nós dormimos no mesmo dormitório. O conheci nos laboratórios da Sede. Enquanto estávamos fazendo pesquisa.

– Hermione, será que dá para parar de falar por um tempo? – diz Rony

– Desculpa – diz ela e percebo que ela estava em pé no banco esse tempo todo, porque logo após a fala de Rony ela senta.

– Mas então – digo – você queria trabalhar para a Umbridge?

– Queria sim. É um cargo de suma importância. Todas pessoas que trabalham para ela e/ou com ela, são muito inteligentes e bastante esforçados para tal. – ela parece se desanimar – não é a toa que ela só escolha os melhores. Os que trabalham para ela são chamados de Comensais.

– Comensais é? – diz Eric – Poderia até tentar uma vaga lá.

– Mas acho isso bem difícil – diz Hermione – Além do mais, ninguém sabe quem é um Comensal. A carta é entregue com bastante sigilo e segurança pela própria Inquisidora. Não há como saber. E ninguém diz quem é também. É segredo. Mas um Comensal sabe quem é outro Comensal.

– É? Mas por quê seria bem difícil? – ele expressa indignação – Fui o segundo da colocação da minha facção. – e ele lança um olhar para Tobias

– Não é exatamente pela sua pontuação – diz Rony – É que a Umbridge só prefere as pessoas da Erudição e da Franqueza.

– Mas por quê? Isso é um absurdo – diz Eric.

– Porque ela acha que os melhores estão lá. Principalmente na Erudição. Quase todos os cargos ocupados no governo são de membros da Erudição e da Franqueza. E todos os Comensais são da Erudição. E além do mais, soube que a concorrência aumentou nesses últimos tempos, rola uma notícia pelos corredores da Erudição que ainda não chegou aos meus ouvidos. Todos querem virar um Comensal.

– Eu vou virar um Comensal. – diz Eric sussurrando que acho que quase ninguém escutou.

– Então você estuda para ser uma Comensal? – pergunto à Hermione

– Sim. Cem por cento. Muitas pessoas batalham para ser um Comensal. Todos que tem pelo menos uma ponta para a Erudição fazem questão de serem transferidos para lá. Tem muito poder. Vejo um homem entregando um jornal para cada mesa. Gina pega o nosso.

– Falando em poder vocês viram qual foi a última bomba? – diz Gina

– Não, qual poderia ter sido? – pergunta Rony

Gina tira de um compartimento na mesa ao lado dela um conjunto de papéis, vejo que é um jornal. Mas acho que não deve ser o Facção News.

– Qual o nome do jornal daqui? – pergunto

– É o Profeta Diário. Vem todos os dias de manhã e são entregues aqui no refeitório.

Olho para o relógio e vejo que já são mais que onze horas, mas ninguém está fazendo muita questão de sair do refeitório agora que o jornal foi entregue. As pessoas aqui parecem gostar mesmo das notícias.

– Onde está Gina. Não acho. – diz Hermione

– Primeira página. Acho que esse é o escândalo do ano. Só pode ser.

Hermione abre na primeira página e pela sua expressão vejo que pode ser sim o maior escândalo do ano.

– O que foi? – pergunto

Ela vira o jornal para mim e eu leio a manchete:

DITADORA E ALTA INQUISDORA UMBRIDGE LIBERA AS MALDIÇÕES IMPRERDOÁVEIS

A notícia é bastante tentadora para alguns, ou para muitos, mas a Alta Inquisidora Umbridge liberou as maldições imperdoáveis para todos os seus empregados, os famosos Comensais.

Liberei as maldições para os meus Comensais porque eles são pessoas de extrema confiança minha. Nunca me trairiam e nem usariam essas maldições para fazer mal a uma mosca.”

Mas quando a Inquisidora foi questionada por qual era o motivo dessa liberação ela ressaltou que foi para reforçar a segurança da cidade.

Quero lembrar a vocês que vivemos em uma ditadura. Queremos o melhor para nossa cidade e temos que arranjar jeitos para torná-la mais segura e melhor para o convívio.” palavras de Dolores.

Muitas pessoas ficaram bastante preocupadas com essa notícia. Já que nunca se sabe quando alguém pode atacar por má-fé.

Não sabemos quem são os Comensais, podem ser qualquer um, nosso vizinho ou nosso colega de trabalho, nem ao menos nós sabemos se só são pessoas da Erudição, como falam esses boatos. A população inteira está com medo.” palavras de uma cidadã que não queria ter seu nome revelado.

Então como podemos ver essa notícia abalou toda a cidade de Atlanta. Precisamos de só mais algumas semanas, ou até dias, para sabermos se essas reformas foram realmente benéficas para todos nós.

– Não é possível – diz Christina – Mas … não falaram que a Avada Kedavra era a maldição da morte? Ela não mata a pessoa instantaneamente?

– É … ela é realmente assim. – esclarece Hermione – Por isso é a mais imperdoável. Não tem julgamento nem nada. É direto para a injeção letal.

Somente esse nome “injeção letal” me faz tremer.

– E aí Hermione? – diz Eric

– O que? – responde ela

– Você ainda quer ser uma Comensal? – pergunta ele

– E você ainda quer ser um Comensal? – retruca ela

Eric faz uma cara feia e se levanta da mesa. Olho para o relógio e vejo que está na hora de fechar o refeitório para eles prepararem tudo para o almoço.

* * *

No final do dia, depois de todos nós termos almoçado e de Hermione ir de volta para a sua Sede nós ficamos na área comum do complexo da Audácia. Onde há várias pessoas conversando comendo e principalmente bebendo.

– Ei, vou ali tomar um gole com o pessoal – diz ele

– Toma cuidado. Não vá beber demais – digo para ele

– Eu sempre me cuido – ele beija minha testa e foi atrás de uns jovens que estavam com uma garrafa nas nãos e muitas ainda para abrir.

Todos nós nos sentamos numa pedra que fica mais para o canto desta área, não tão isolada, mas também, não tão movimentada.

– Ei … como era lá? – diz Harry sentando ao meu lado – Quero dizer … em Chicago.

– Ah … as coisas eram muito duras. Bastante severas. Não gostava muito do regime de lá, tinham muitas revoltas, ouvi dizer que foi o único experimento com as facções que não tinha dado certo. Pois todos estavam indo muito bem. Los Angeles, Nova York … aqui …

– Entendo … mas o que você quer dizer com “as coisas eram muito duras?”

Penso um pouco antes de falar, será que realmente quero falar que meu pai era de um cargo importante no governo? Será que tenho necessidade de falar tudo que aconteceu? Acho que sim, não tenho porque ter segredos, aqui.

– Meu pai ele trabalhava num cargo muito alto do governo. Acham que só as pessoas que moram na Abnegação deveriam ocupar esses cargos por serem muito prestativas e coisas desse tipo …

– Compreendo – diz Harry

Inspiro bem fundo e expiro.

– Mas só que ai … – tento ganhar tempo para me explicar melhor – Teve um problema. Um grande problema na verdade.

– Que tipo de problema? – diz ele

– Do tipo de extermínio. Queria matar todas as pessoas que eram consideradas divergentes. – digo, quase desabafando – Jeanine Matthews, ela é a culpada por tudo. Ela achou que todas as pessoas que eram divergentes poderiam ter uma mente insana ao ponto de trucidar pessoas e declarar guerra novamente.

– Mas … isso é terrível – exclama Harry. Nesse exato momento percebo que todos estão olhando para mim, contando a história. Sinto que posso chorar.

– Mataram o meu pai … a minha mãe … só sobrou a mim. – digo já caindo em lágrimas

– E o que aconteceu com essa tal de Jeanine Matthews? – pergunta Rony, chegando mais perto

– Morreu … numa explosão que ela mesmo criou.

E conto para todos eles os acontecimentos que antecederam a explosão la em Chicago. Sinto que me sinto melhor desabafando isso. Porque em nenhum momento tive essa oportunidade. Tenho vários amigos e é isso que importa. Nada mais. E todos eles contam comigo. Estão ao meu lado.

– Acho que Dolores pode ser chamada de Jeanine II – diz Harry tristemente.

– Que horror – exclamo

– Ela fez quase isso aqui nessa cidade. Estava a ponto de exterminar todas as pessoas da Abnegação. Era o objetivo dela. Achava que eram corruptos e tudo mais. Mataram os meus pais. Um dos Comensais. Ele se entregou e disse que era um deles. Torturou meus pais até a morte com a Maldição do Cruciatus.

– Meus pêsames Harry. – digo abraçando-o. Sinto que ele chora.

– Não precisa se lamentar. Já passou. Deixa o passado ruim para trás.

Olho para ele e dou um sorriso. Ele retribui com o mesmo.

Depois de algumas horas de uma boa conversa na área comum da Audácia nós subimos até os nossos dormitórios – Tobias precisou ser apoiado por duas pessoas, Harry e Eric, para conseguir subir a escada.

– Meu deus como ele é pesado – diz Harry quando chegamos finalmente aos nossos dormitórios.

Colocaram Tobias na cama e fomos nos vestir com nossos pijamas para podermos dormir e ter uma noite de sono tranquila.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado. continuem acompanhando.



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