Doze anos atrás...

—Papai, olha eu fiz isso para você!— Disse uma garotinha sorridente, com as orelhas bastantes grandes para a sua altura, olhando para um homem sentado em uma mesa, em uma sala pouco iluminada, ele parecia está estudando algo. Ela segurava um desenho de giz, ela, ele e uma mulher que aparentava ser sua mãe— pega papai!

—Filha eu não tenho tempo!— Disse ele, quarto e grosso, suas semelhanças com a garotinha eram bem evidentes.

—Mas...

—Eu já disse, eu estou ocupado!— Gritou ele, com os olhos vidrados em seu estudo.

—Tá- Disse ela com lagrimas nos olhos saindo pela porta, a garota saiu correndo, passou por vários corredores, morava em um castelo bem grande até que esbarrou em alguém.

—Ahn?!- Disse um homem confuso, olhando para baixo— Ah! É você Mizuki!- Disse ele com um grande sorriso no rosto.

Ela respondeu com uma olhada para o lado, não queria que ele percebesse as lagrimas nos seus olhos.

—Mizuki você tá chorando?!— Perguntou ele se abaixando.

Ela respondeu mexendo a cabeça rapidamente.

—Você sabe a minha opinião sobre pessoas que choram?!— Disse o rapaz olhando ela, ele era muito bonito, muito famoso pela sua generosidade, muitas garotas eram apaixonadas por ele naquele reino, o homem usava uma bandana na cabeça, tinha os cabelos desleixados e bastante loiros, não possuía orelhas pontudas como as da garota, vestia uma armadura, seus olhos eram verdes, quando sorria seus pontudos dentes apareciam, mas seu sorriso era “apaixonante” como diziam as suas admiradoras.

—Elas tem que parar de chorar e seguir em frente— falou a menina baixinho, olhando para o lado.

—Isso mesmo! Venha! Vou fazer parar de chorar.

—Mas comandante estamos indo para uma reunião!— Disse preocupado um dos dois cavaleiros ao seu lado.

—Ei! você lembra o que aconteceu com o outro cara, que achou que uma reunião idiota fosse mais importante que minha querida sobrinha?!— Disse o homem olhando para o cavalheiro com um olhar desafiador.

—Claro comandante Hiroshi!— Disse o homem assustado— nos conseguimos continuar sem a sua presença.

—Que bom! Boa sorte!— Disse ele sorrindo para o cavalheiro— Vem Mizuki!

—Ok tio Hiro!— Disse ela limpando as lagrimas.

Eles caminharam pelo grande castelo, passando por enormes salas e corredores, até que chegaram a um jardim, onde se sentaram.

—Ok Mizuki vamos ao que interessa!— Disse ele tirando uma embalagem de dentro de uma bolsa- Feliz aniversario!- Disse ele com um enorme sorriso no rosto.

—Você lembrou!— Comemorou ela sorrindo.

—Claro que sim você é minha sobrinha preferida!— Falou ele ainda com um sorriso no rosto.

—Eu sou sua unica sobrinha!— Respondeu ela.

—Por isso que é a minha preferida— Disse ele bagunçando o liso cabelo da garota, dando varias gargalhadas— Agora abra!

Ela não esperou nenhum segundo, rasgou completamente a embalagem, e depois abriu a caixa, então sus olhos brilharam quando viram, ela abriu um enorme sorriso no rosto, nem parecia que tinha chorado.

—Não acredito! Duas espadas! Como você sabe?!— Disse ela olhando para as duas espadas na embalagem, elas eram pequenas, proporcionais a sua altura e idade.

—Você ficava horas e horas falando como os espadachins eram incríveis!— Disse ele olhando pra cima— “Tio sabia que os três mosqueteiros eram espadachins”— Falava ele tentando imitar a voz da menina— “na época medieval, as espadas curtas deram lugar aos grandes e pesados montantes, que tinham que ser manejados”...depois disso eu só lembro de blá blá blá— Disse ele sorrindo querendo provoca-la.

—Ei!— Disse ela dando um soco no ombro dele, mas retribuindo o sorriso.

—Ei o que é esse papel em sua mão?— Perguntou ele.

—Hm... nada...— Respondeu ela revirando a cabeça.

—Mizuki...— Disse ele em um tom de decepção.

—Ok!— falou ela entregando o desenho.

O homem olhou com uma cara triste para o desenho, agora compreendia o que tinha acontecido, mas então ele tentou animar a garota:

—Ei! Você sabe que ele não faz porque quer!— Disse ele botando a mão no ombro da garota.

—Depois que a mamãe morreu ele não para com essas pesquisas...nunca mais ele foi o mesmo...— Disse ela olhando para o lado, com uma cara de choro.

—Ei não se preocupe com isso, eu sei que você vive com muita pressão, ser herdeira ao trono não é fácil para uma criança, e ainda sem a atenção do seu pai, mas olhe eu prometo que nunca vou te abandonar!— Respondeu ele sorrindo.

—Nunca?— perguntou ela.

—Nunca!— Respondeu ele confiança.

—Mas quando você morrer?— Perguntou ela.

—Eu não vou morrer! Eu brigo com a morte se for necessario! Por você!

—Promete!?— perguntou ela.

—Claro! Eu sou um homem de palavra!— Disse ele se levantando.

Essa foi a primeira e única promessa que Hiroshi não conseguiu cumprir, mas pelo menos ele tentou...

—Tio porque as pessoas do reino não possuem amigos?!— Perguntou ela triste— Eu queria ter amigos para comemorar hoje!

—Olha... poucas pessoas se arriscam a ser amigos de pessoas da família real, elas tem medo, principalmente da filha de um rei— Disse ele a ela, mas então ele voltou a sorrir, e bagunçou o cabelo dela— Mas não se preocupe, eu sei que você vai fazer ótimos amigos! Eu sei disso, você é uma boa garota Mizuki, vai arrumar ótimos e confiantes amigos, eu tenho certeza!

—Serio?!— Perguntou ela.

—Alguma fez eu já brinquei com você?!— perguntou ele.

—Já...— Respondeu ela.

—Pois é, mas agora eu não estou brincando!— Disse ele sorrindo e bagunçando mais ainda o cabelo da garota.

—Ok!— Disse ela retribuindo o sorriso.

—Ei vamos treinar! Você tem que se tornar uma espadachim! É seu sonho certo?!— Perguntou ele.

—Sim!— Respondeu ela se levantando.

—Mas eu não vou pegar leve!— Disse ele tirando uma espada da cintura.

...

Alguns anos se passaram e varios boatos se espalharam, ouvia se falar de uma garotinha de apenas 13 anos que havia se juntado ao exercito, ela era uma pequena e agiu espadachim, que enganava seus inimigos com sua aparencia.

Mizuki caminhava preocupada ao lado de seu tio, ela usava o cabelo amarrado, de uma maneira bem desleixada, sua ficionomia estava começando a mudar, mas seu rosto ainda era liso e branco, caracterista basica dos elfos, sua cabeça finalmente estava proporcional ao tamanho de suas orelhas. Vestia um armadura basica com alguns detalhes vermelhos, aquela armadura era única, pois ela era a única criança do exercito.

Após passarem por vários corredores e portas, finalmente chegaram na ultima sala do castelo, antes de entrarem, Mizuki falou:

—Você realmente acha uma boa ideia falar com ele, meu pai anda muito estressado ultimamente, com as pesquisas dele...

—Não podemos fazer nada! O dragão esta matando milhares de vidas lá fora, o rei tem que tomar alguma providencia!— Disse Hiroshi preocupado.

—Tio por que você só chama meu pai de rei?! Ele é seu irmão afinal!

—Olha Mizuki esse não é o momento certo para reuniões familiares!— Disse ele segurando nos dois ombros da garota— Agora temos coisas mais importantes para resolver!

—Ok...

A algumas horas um dragão branco de olhos vermelhos havia aparecido na praça, antecedido por uma nevoa e um trovão.

Mizuki finalmente conseguiu reunir coragem suficiente, então abriu a porta com força, quando viu o que o rei fazia naquele momento, ficou perplexa. O rei olhava para a janela, vendo a trgedia contecer, mas ao invés de estar preocupado com seu povo, ele olhava para a janela, observando a tragedia acontecer, dando gargalhadas.

—Ah Mizuki! Você deve estar adorando isso! Estou vingando a morte da sua mãe!— Disse ele rindo.

—Que merda você...—Ela pegou suas duas espadas, e tentou ataca-lo, mas assim que fez isso, foi agarrada pelo pescoço por alguém— O que...?

Um homem de cabelos vermelhos, e olhos estremamente diferenes, a agarrava pelo pescoço.

—Buki não mate ela, Mizuki é necessária!— Disse ele com um sorriso nos lábios.

Buki jogou a garota com uma força não humana, em direção a parede, ela bateu a cabeça e desmaiou.

—Que merda você está fazendo com ela?!— Hiroshi disse segurando sua espada, e tentando ataca-lo.

A espada de Hiroshi foi segurada, bem na lamina, por uma garota, bem semelhante ao homem de cabelos vermelhos, olhos negros com a pupila vermelha e cabelos vermelhos.

—O que?!— Disse ele espantado.

—Por favor imobilize ele! Preciso conversar com meu irmão...— Disse ele cético.

A garota transformou seu braço em um tipo de pistola, e deu tiros em Hiroshi, mas em nenhum órgão vital, impedindo ele de se movimentar.

—Ichiro o que você está fazendo— Disse Hiroshi com uma cara de dor.

—Calma eu vou te explicar tudo— disse ele a alguns metros do rosto de Hiroshi, olhando bem em seus olhos— Depois que minha mulher morreu em uma guerra inútil de povos, eu percebi que a humanidade, todos os povos que fazem parte dela, são culpados pela morte, estamos sujos, imundados de ódio, então eu resolvi ser o heroi, só eu posso salvar a humanidade de terrivel caos.

—Herói?!— Gritou Hiroshi

—Sim...mas qual a solução para todo esse caos?! O mundo está em constante guerra...os povos sempre brigando entre si, a solução seria cortar o mal pela raiz! Vou destruir todos o povos, vilas e reinos, e vou começar por aqui, e então depois disso, vou criar a especie perfeita, uma superior, que não cria guerras inúteis, uma única raça, que vai obedecer um ser superior...eu!

—Você não pode...— Disse Hiroshi lutando para acreditar na ideia.

—Claro que eu posso, afinal quem estar sofrendo não sou eu, então...eu não me importo com esses animais morrendo.

—Isso não é uma atitude de rei, não é atitude nem de um animal...— Gritou Hiroshi.

—Sabe você é doido para estar no meu lugar, controlando tudo como um rei, mas você nunca vai ser um rei, para existir um rei...precisa existir um reino, além disso você nem é um descendente oficial do reino, filho de um dos vários casos do meu pai, mas você e diferente, filho de um elfo com um humano nojento...

—Não fale isso da minha mãe!— Disse ele gritando.

—Já chega cansei de tortura-lo— Disse ele cético— vamos embora daqui...deixe ele ai para apodrecer...Ah! quase me esqueci, esses aqui são os demônios que eu invoquei, precisa de muito sangue para invocar um demônio, tive que matar o papai, ele não foi assassinado por um ladrão, fui eu...sabe quanto mais importante for uma vida, menos mortes serão necessárias...Adeus maninho...

Ele fechou a porta, levou Mizuki e os demônios com ele, deixando Hiroshi sozinho naquela sala, para morrer como um animal. Mas Ichiro não conhecia uma força que poderia motivar ele a continuar com a vida, mesmo que fosse difícil, a força de vontade, e o amor que ele tinha pela Mizuki, fizeram Hiroshi começar uma nova vida, em uma outra cidade, sempre mantendo as esperanças...