“Diário,

Eu não sei nem por onde começar.

Talvez eu comece falando dos preparativos do casamento... Eu e Austin a um tempo atrás vimos qual seria o dia do casamento, e então começou a correria.

Ver a lista de convidados, fechar uma igreja com a nossa data, escolher o modelo do convite, a cor da decoração, quais flores iriam decorar a igreja, fazer a lista de madrinhas, e o mais importante: Escolher o vestido ideal.

E claro que tivemos que planejar nosso futuro após o casamento. Comprar casa, carro, ver onde iria ser a lua de mel, se iriamos ter dinheiro para comprar os moveis da casa, e claro, dinheiro pra manter a casa.

Muita correria, muito café, muita dor de cabeça... E até muita briga entre eu e Austin. Trish e Dez deram espaço para a gente pensar melhor. Acho que eles perceberam que estávamos de cabeça quente nesse tempo.

Mais valeu a pena passar por essa correria.

No dia do casamento eu estava muito nervosa... De cinco em cinco minutos eu perguntava a Trish (melhor madrinha do mundo) se os preparativos estavam ok. O próximo desafio era entrar no vestido, já que por causa da correria com o casamento não tinha tempo pra almoçar e comprava qualquer lanche do Mc Donald´s. Eu sei que entrar no vestido não iria ser fácil.

Quando (finalmente) entrei no vestido, toda a emoção veio de uma vez. Eu estava me casando!! Com o melhor marido que existe nesse mundo!! Vou formar minha própria família. Tive dó da Trish que teve que me aturar nesse dia, eu chorei, eu ri, eu fiquei nervosa e ansiosa...

E o tão e esperado momento chegou. Era minha vez de entrar na igreja... E lá estava ele, me esperando.

Sorri e continue andando, eu queria correr até os braços de Austin e chorar e dizer que o amava muito. Mais continuei andando em direção a ele.

Eu fiz a escolha certa. Era ele com quem eu queria estar o resto da minha vida.

Ally”

– A meu Deus olha isso Austin!! – Ouvi a voz de Trish e a porta sendo fechada.

Limpei a pequena lagrima que estava no meu rosto e olhei para trás. Lá estava um ruivo de roupas engraçadas e uma latina muito alegre vindo na minha direção com um tablet na mão.

– Sabia que aqui é minha casa?? Já ouviu em bater na porta antes de entrar?? – Perguntei nervoso. Eles sempre faziam isso, já esta irritando.

– Já ouviu em trancar a porta?? – Dez sentou na minha frente e me encarou esperando por minha resposta

– Esse é o problema. A porta estava trancada!! – Olhei nervoso para eles.

Abaixei o tom de voz quando percebi que Megan estava dormindo lá em cima. E foi difícil faze-la dormir, muito difícil. Tive que dar uma volta com ela pela rua, fiz mamadeira, e até liguei para Kira para me falar o que eu devia fazer. Enfim ela dormiu, e não quero que ela acorde.

– Devia procurar outro lugar pra deixar a chave reserva. – Trish jogou a chave no ar e eu a peguei. Ela finalmente sentou do meu lado e ligou o tablet. – Olha só!! Sabe a sua coluna no jornal?? Querem saber mais sobre Austin e Ally. Olha isso, querem fazer uma entrevista com o tal Austin para saber mais da historia. Não é incrível??

– Seria incrível se caso eu não parasse de escrever a coluna. – Deixei as palavras saírem rápidas e fui para a cozinha me preparando para o que Trish iria me dizer.

– O que você disse?? – Dessa vez foi Dez que veio atrás de mim, Trish estava ainda sentada no sofá com o tablet na mão não acreditando no que eu tinha acabado de dizer.

– É isso mesmo. Vou parar de escrever. Fim. – Abri a geladeira já querendo que aquela conversa acabasse logo. Não queria falar sobre isso, com ninguém. É uma decisão minha e não quero ficar explicando porque tomei ela.

– Por que?? Por que vai parar de escrever?? – Trish entrou na cozinha. Suspirei fundo e fechei a geladeira com força já cansado dessa conversa.

– Eu... – Eu já sabia que quando se trata de Trish, ou você fala por bem, ou fala por mal. Resolvi contar tudo e ver se eles me deixam em paz. – A ultima matéria que eu postei era quando eu pedi Ally em casamento. E a minha historia com ela a partir dai vai ser muito pessoal, não quero mais colocar minha vida pessoal em um jornal, isso é entre eu e Ally.

– Mais você estava colocando sua vida pessoal no jornal até agora. Por que vai parar?? – Droga. Odeio quando Dez diz algo inteligente.

– Porque a partir de agora vai ficar muito pessoal. É sobre nosso casamento, sobre nossa filha Dez. – Trish abriu a boca pra falar algo mais se calou. – E alias, já estou perdendo a esperança. Se Ally ainda estivesse viva já teria aparecido.

Dez colocou a mão em meu ombro como se sentisse a minha dor. Mais ele não sabia nem metade do que eu estou sentindo. Ally era sua amiga, e ela era minha esposa. Claro que o que eu sentia era diferente da que ele sentia.

– Eu sinto muito Austin. – Trish largou o tablet na mesa e ficou olhando pra mim.

Senti uma coisa escorrendo no meu rosto e enxuguei. ‘Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorre pelos olhos’. É, essa saudade já veio duas vezes hoje.

– Acho melhor vocês irem pra casa. – Eu disse em um sussurro e eles assentiram. Perceberam que eu precisava de um tempo sozinho.

Assim que escutei a porta sendo trancada, nem me importei que eles levaram a chave reserva da minha casa com eles, mas eu desabei. Simplesmente me veio tudo em mente, o casamento, o vestido, a cerimonia... Tudo.

“Onde estava a gravata?? E minha camiseta social??

Não acredito que Dez esqueceu isso do outro lado da casa. E adivinha quem vai ter que buscar?? O noivo aqui, enquanto o padrinho dele vai arrumar as flores na igreja.

Caminhei apressado para o quarto pra buscar minhas coisas e escuto algumas coisas vindo de onde a Ally estava se trocando. Parei e encostei o ouvido para ouvir melhor o que varias garotas diziam ao mesmo tempo.

“Você vai caber nesse vestido”

“Como você engordou!!”

“Ta quase entrando...”

“Encolhe essa barriga Ally, o vestido tem que estrar”

“Se não é do jeito fácil, é do jeito Trish...”

Comecei a rir e fui logo buscar logo a gravata e a camisa. Aproveitei que já estava no quarto e me troquei. Quando voltei para ajustar os últimos detalhes com o Dez, parei novamente no porta das meninas e tentei ouvir o que estavam conversando agora.

“Você esta linda Ally” Pelo jeito o vestido entrou.

“O meu Deus. Eu não acredito que isso esteja mesmo acontecendo... É o meu casamento!! Vou me casar com Austin!!” Reconheci a voz da Ally,e ela estava chorando.

Sai dali e fui logo para a igreja.

Ally estava em outro carro, só para o ‘noivo’ não ver seu vestido... Qual o problema do noivo ver o vestido da noiva antes do casamento, do mesmo jeito você vai se casar não é?? O vestido não importa, e sim a pessoa que esta nele.

Os padrinhos já entraram... Agora era minha vez. Senti minhas mãos tremerem e comecei a suar frio. Minha mãe arrumou meu cabelo e entrou comigo.

Todas as pessoas viraram a cabeça e olharam para mim, senti um frio na barriga. Sorri torto e andei em direção ao altar. As vezes eu dava um oi para os convidados só pra tentar ficar menos nervoso. E não dava certo.

Minha mãe beijou minha testa e fui para o outro lado. Dez já estava lá, do lado de Trish. Eu sabia que iria dar namoro entre os dois.

Fiquei olhando para a porta esperando pela Ally. Lá se foram 2, 3... Talvez 5 minutos e nada dela. Eu olhava para o relógio, para os convidados, arrumava a gravata e nada dela. Comecei a sentir uma ansiedade... E se ela tivesse desistido?? E se ela tivesse percebido que não me amava mais?? Que não queria se casar comigo??

– Noivas sempre atrasam... – Dez falou no meu ouvido, acho que ele percebeu que eu estava nervoso. Talvez todos ali perceberam que eu estava nervoso.

Quando eu ia responder ele a porta se abriu e todos ficaram de pé. A garotinha vinha jogando flores no chão sorrindo. Mais eu estava prestando atenção na porta, onde Ally estava. Ela estava linda. Seu vestido era simples, como eu disse o vestido não era importante, e sim quem estava nele.

Ajeitei minha gravata tentando recuperar o ar que eu perdi quando vi Ally. Ela estava sorrindo de braço dado com o senhor Dawson. O seu pai deu um beijo em sua testa e ela veio até mim. Eu queria poder beija-la e lhe fazer mil e um elogios, mais isso era só no final.

– Você esta maravilhosa. – Falei pegando sua mão. Ela sorriu sem graça e o pastor começou a falar.

Pra ser sincero eu não escultei uma palavra que foi dita durante a cerimonia. Só pensava na Ally e na família que iriamos ser, nosso futuro. Quando me dei conta, as alianças já estavam chegando.

Nelson e uma amiga dele entraram trazendo a aliança, no meio do caminho ele quase deixou cair, e falou um “Ah, meleca” mais a aliança chegou inteira.

Hora dos votos.

Puxei um papel que tinha guardado na calça e comecei a ler uma historia. Nossa historia. Eu resumi bem nossos momentos, e nossas vidas, acrescentei o que faríamos e como seriamos deli em diante. Por fim coloquei o Até que a morte nos separe. Coloquei sua aliança em seu dedo e dei um beijo em sua mão.

O voto da Ally foi tradicional, com o Saúde e na doença... Ela queria um casamento tradicional e optou em fazer os votos tradicionais também. Por fim ela colocou o a aliança em mim e beijou minha mão.

– Alguém tem algo contra esse casamento?? – O pastor anunciou e todos olharam para os lados procurando alguém. – Fale agora ou cale-se para sempre. – Todos ficaram em silencio e pude ouvir aquela famosa frase... – Austin, pode beijar a noiva.

Sem pensar duas vezes tomei os lábios de Ally. Nosso primeiro beijo (de muitos) como casados.

– Nossa historia só esta começando pequena. – Sorri e a beijei outra vez.”

Tentei me fazer parar de chorar, parar de deixar as lagrimas de escorrerem. Mais tudo foi em vão.

– Até que a morte nos separe... – Sussurrei.