A mestiça escrita por Beatriz Dias


Capítulo 2
Capítulo 2




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Já acordei ansiosa pro primeiro dia, pesquisei sobre a escola em seu site e eles tem até academia e centro de tatuagens, eu precisava contar pra Gabi então,mandei uma mensagem pra ela pelo meu telefone dizendo que eu ia passar na casa dela em 15 minutos e comecei a arrumar a minha mochila com as coisas de uma lista que veio junto com as regras escolares que ganhei quando fui fazer a matrícula o que eram poucas coisas, só que eu não achava, me deram uma pasta com o numero do meu armário e a combinação, uma planta da escola com todas as salas e lugares para visitar, coloquei uma muda de roupa na mochila, um caderno azul e canetas, agora só restava eu me arrumar, estava indo para o banheiro quando meu celular vibra na minha mão.
–Alô? Gabi? o que foi? - digo entrando no banheiro
–Bia, você não dorme não? credo, sei que a história de vocês dormirem em caixão é mentira mas sério, a história das fadas dormirem por mais tempo é verdade.
–Gabi você vai se atrasar pra escola, e eu sei que você quer ir pra lá tanto quanto eu, então vai se arrumar, já to indo ai pra gente pegar o ônibus, tchau - desligo o celular e coloco no bolso, escovo os dentes, arrumo meus cabelos cor de carvão que iam até a cintura que combinavam muito com meus olhos mel e minha pele branca, coloco um short preto e uma regata vermelha escrita "as vampiras arrasam" coloco um par de tênis preto e vou a cozinha, onde encontro minha mãe fazendo um feitiço para criar café fresquinho, ela estava com seus cabelos cor de carvão como o meu presos em um rabo de cavalo, sua pele dourada brilhava com a luz do sol entrando pela janela do quintal dos fundos, e meu pai estava sentado limpando as presas enquanto se movia conforme o ventilador girava para pegar um pouco de vento, quando o ar atingia seus cabelos castanhos ele parecia ser a pessoa mais bondosa do mundo e por uns segundos eu esqueço quem ele um dia foi.
–Bom dia - sentei na mesa e peguei um bolinho de geleia e suguei o conteúdo com minhas presas e joguei o bolinho sem cor no lixo, faço isso com mais três bolinhos enquanto meus pais conversam e leem o jornal.
–Você vai se atrasar se não andar logo, e acredito que ainda vá passar na casa da Gabi antes de ir - Diz minha mãe sem levantar os olhos do jornal.
–Sim mãe, já vou indo então - saio e vou pra casa da minha vizinha fada, bato na porta.


–Oi senhora Flower a Gabi está? - e eu olho para aquele ser com asas que não se parece nem um pouco com minha amiga Gabrielle Flower, eu olho para essa pessoa que tem cabelos e olhos castanhos,é um pouco mais baixa que eu se não contar as asas quase transparentes que parecem de vidro, seu rosto tem expressões de uma pessoa que não dorme a dias e não duvido, já minha amiga tem cabelos ruivos até um pouco abaixo do ombro e olhos mel como os meus, a pele dela é lisinha e macia e ela me ensinou seu truque que eu já esqueci mais que a senhora Flower devia aprender.
–Sim, ela está no quarto, pode subir - cheguei ao quarto dela, a porta estava aberta, ela já estava trocada com uma calça jeans e uma regata branca com uma rosa desenhada, estava com as asas escondidas e vestia seus tênis brancos all-stars quando entrei, fiquei quieta e encostei no batente da porta e a vi enfiar sua troca de roupas com presa enquanto procurava um caderno, ela estava com dois na mão tentando decidir qual levar quando me viu:
–AAAI! que susto garota -disse ela com a mão no peito - agora me ajude aqui, qual caderno eu levo? - ela estava com dois cadernos exatamente iguais tirando o fato de que um era azul e o outro era vermelho.
–Olha, eu gosto mais do azul mas você deve escolher o vermelho.
–Por quê?.
–Por dois motivos, você gosta mais de vermelho e porque o meu também é azul - dou uma piscada pra ela e a arrasto para fora de casa e pegamos um ônibus.

A escola era verde e branca, com a pintura descascando de velha, via adolecentes andando por todos os lados sem se importar em esconder suas origens dos outros, fadas voavam e conversavam em diversos grupos, lobos e vampiros limpavam suas presas, sereias cantarolavam baixo o bastante pra não seduzir nenhum garoto por perto e bruxas faziam seus feitiços e limpavam suas varinhas. Era a escola que eu sempre sonhei. Entro com a Gabi e olhamos em volta explorando tudo, quando vejo o centro de tatuagem saio correndo arrastando a Gabi comigo, quando entro no lugar percebo que ele é bem menor do que eu imaginava, as paredes cobertas de diversos tipos de tatuagem e em um canto um lugar para o tatuador sentar e outro para o cliente, no canto contrário está uma pequena bancada com uma caixa registradora e algumas pastas que devem ter mais desenhos, também à dois sofás pretos e algumas revistas. Escuto um barulho que é bem mais alto pra mim do que para as outras origens já que a minha audição é mais apurada.
–Acho que o sinal tocou - diz a Gabi - vem, nós temos cinco até a aula começar - e some no meio da multidão me deixando sozinha á procura do meu armário, quando finalmente acho, falta um minuto para a aula e eu nem sei onde a sala fica. Guardo minha mochila porque as regras que ganhei foram claras em que nas aulas de treinamento não precisamos de caderno pois vamos apenas praticar, quando fecho a porta do armário, dou de cara com um menino um pouco mais alto que eu, loiro de olhos azuis claro e um alargador, e pelo cheiro do melhor perfume do mundo com um cheiro que quase não se sente de cachorro, com jeans preto e uma blusa azul, ele era o lobo mais lindo que eu já vi. Parece que eu suspiro muito alto porque ele olha pra mim, sorri com seus dentes branquinhos e retos no sorriso mais perfeito e encantador que alguém pode dar e fala:
–Oi, eu sou o Isaac, você é nova não é? -respiro fundo, tomo coragem e respondo:
–Sim sou nova sim, Meu nome é Beatriz - Suspiro fundo, consegui, e para minha tristeza e parece que pra dele também, o sinal bate e ele pergunta:
–Você sabe ir pra sua sala? Porque, no meu primeiro dia, eu me perdi - E ri da sua própria piada e eu o acompanho e rio também.
–Na verdade eu não sei bem - Minto - Eu vou pra sala número 18.
–Sério? Eu vou pra lá também. Dá aqui seus horários deixa eu ver - Dou meus horários e ele ri -parece que você vai ter que aturar o dia inteiro, seus horários são iguais aos meus - eu comemoro por dentro. - Então, vamos por aqui - Ele disse apontando para um lance de escadas que dava para o andar de baixo - Eu gostava muito dessa aula ano passado,e les fazem varios testes para apurar seu olfato, sua visão, sua audição, seu paladar e as vezes, eles colocam vendas em você- diz ele colocando as mãos nos meus olhos por trás - E fazem você adivinhar no que está tocando, é engraçado - Ele olha pra mim e sorri, do jeito mais encantador do mundo, que me dá a sensação de um fogo crescendo na minha barriga, uma sensação que nunca tinha sentido antes.
–Bom, eu vou adorar - Digo entrando na sala 18 acompanhada pelo Isaac, ele me leva até uma mesa na frente da dele, a mesa era no meio da fileira da parede da esquerda, na minha frente estava outra loba, essa não tinha nenhum pouquinho de cheiro de cachorro, ela tinha cabelos castanhos até a cintura, a janela refletia em sua pele morena e dava a impressão de ser ouro, e tinha olhos castanhos comuns, ela vestia uma calça jeans preta colada, uma blusa branca com os ombros nus e um 83 estampado, e em seus pés estava um vans preto, ela vira pra mim o que faz seus cabelos perfeitamente lisos balançarem e diz:
–Olha Isaac, uma vampira entre nós - Diz ela em um gesto dramático, nós três damos risada, ela sorri pra mim e continua - Eu sou a Megan, você é?
–Eu sou a Beatriz .
–Prazer, pelo jeito você é nova.
–Sim, ela é - Diz Isaac entrando na conversa - E nós vamos ter que continuar a conversa depois porque o professor entrou - Diz ele apontando para um homem que parece um típico professor de educação-física, com shorts e uma blusa vermelha combinando, um apito pendurado no pescoço e um tênis desgastado
–Bom turma, eu sou o professor de sentidos ,Fred, sou um tritão, e antes de começar eu quero conhecer todos vocês porque sou novo aqui e tudo mais, bom vamos começar pela parede da direita - Não presto atenção em nenhum pessoa falando sobre sí, estava pensando em como ia ser a reação de todos ao descobrirem que meu pai é o Drácula e que sou provavemente a única mestiça da sala, só volto a prestar atenção quando chega a vez da Megan,ela fala:
–Eu sou a Megan, tenho 15 anos e sou uma loba, meus pais são Cameron e Clarisse, os dois são lobos - Ela se senta, é a minha vez, me levanto, suspiro fundo e falo:
–Eu sou a Beatriz, tenho 15 anos, bom, eu sou uma - Respiro fundo, crio coragem e falo - sou uma mestiça - E então,o esperado, pessoas se encaram e cochicham umas com as outras ou me olham como se eu fosse um dêmonio, continuo - Meu pai é o Drácula e - mais uma vez todos me encaram, meu Deus, como isso irrita - Minha mãe é a Verônica, Meu pai é um vampiro e minha mãe é uma bruxa - Respiro e sento, agradecendo por ter chegado ao fim, não presto atenção em mais nada, porque minha raiva está borbulhando, só me relaxo quando o Isaac toca meu ombro e fala:
–Você tá bem? Olha, eu não ligo pelo fato de você ser mestiça ou pelo seu pai ser o Drácula, até porque eu sei que seu pai mudou quando conheceu sua mãe - Ele sorri de um modo misterioso que mostra que ele está escondendo alguma coisa.
–Bom, classe, vamos pra quadra testar suas habilidades - Disse o professor apontando para a porta e saindo, só então eu percebi que eu não tinha desviado os olhos de Isaac e ele também não tinha tirado os olhos de mim, ele sorri e eu vou andando com ele até a quadra, vamos conversando sobre as coisas que gostamos e somos muito parecidos, gostamos de livros e queremos fazer uma tatuagem e também temos vontade de praticar paintball.
Entramos na quadra que mais parece um centro de treinamento, ela é enorme, de um lado tem tudo de luta, armas, facas, luvas de box, etc.Do outro lado tem várias cadeiras, faixas para cobrir os olhos, à coisas que só servem para fazer barulho e coisas do tipo, o professor caminha em direção as cadeiras e nos manda fazer uma fila, sou a terceira, Isaac o segundo e Megan a primeira, um garoto entra na frente dela ,ela o empurra e berra com ele, que ri, cumprimenta Isaac, olha pra mim, pisca e vai para o final da fila.
–Vamos senhorita, não temos o dia todo, sente-se na cadeira e vamos testá-la - disse o Fred apontando para uma cadeira, Megan se senta e poê a venda, e respira, o professor começa pegando uma garrafa de sangue de algum animal e dá pra ela beber, ela e bebe e fala de que animal pertence, depois ele espirra um frasco com cheiros variados e depois de ela adivinhar que cheiro é, manda Isaac sentar, quando ele termina sou eu. Me sento e coloco a venda, quando ele me entrega a garrafa a devolvo na hora.
–Porco-Espinho - Falo sentindo ânsia
–Nossa, como você adivinhou tão rápido sem nem provar? - pergunta o professor.
–Odeio porco-espinho, senti o cheiro desde o momento que você deu o primeiro passo com o frasco na minha direção.
–Isso era pra ser um teste de paladar não um teste de olfato - Diz o professor irritado.
–Desculpe, me dê outra garrafa que eu tomo, menos porco-espinho.
–Tudo bem - Fred pega outra garrafa, sinto o cheiro agradável de sangue de cervo antes mesmo do primeiro passo, mas fico quieta, pego a garrafa e ele fala:
–Aposto que esse sangue você sabe de quem pertence não é? - fico irritada, cansei disso.
–Sim, esse sangue senti antes mesmo do primeiro passo.
–Então você não se encomodaria em dizer não é? - Estou deixando ele irritado, beleza.
–O maravilhoso sangue de cervo - Digo e tomo um gole - Meu preferido - Entrego a garrafa à ele que sai irritado e passa para a próxima parte.
–Como vi seu olfato antes da hora e a próxima parte seria essa, vamos passar para a visão, vou vendar você, vou escolher um aluno e vou levá-lo para o outro lado da sala, e você me diz quem é - Droga, devia ter prestado atenção quando todo mundo falava seu nome, sou vendada, depois de um tempo tiram minha venda, os alunos estão atrás de mim, sou proibida de vê-los, procuro por duas pessoas, quando as acho, não podia estar enxergando melhor, vi claramente o Fred e o Isaac do outro lado da quadra, quando falo seus nomes, todos batem palma, o professor vem, manda todos embora dizendo que a aula acabou, Isaac vem falar comigo:
–Nossa, você é boa, a gente pode se encontrar qualquer dia pra você me ensinar? - Olho pra ele procurando algum sinal de brincadeira, mas ele está sério.
–Tudo bem,depois nós combinamos melhor - Sorrio e o sinal bate - segunda aula, ai vamos nós.


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