A Última Filha do Amor escrita por ElvishFox


Capítulo 2
I Love It


Notas iniciais do capítulo

HEEEY AGAIN! It´s me Mario.
Eu ia postar essa capítulo amanhã ou quarta, maaas eu quis postar hoje porque sim ;D
Espero que gostem porque eu demorei pra ajeitar esse capítulo.
Bjins.
(OBRIGADO A TODOS QUE ESTÃO LENDO, VOCÊS SÃO DIVAMENTE DIVOS)



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Selene caminhava lentamente entre os prédios da cidade de Coldweather. As árvores com suas folhas laranjas e marrons por causa do Outono estalavam sobre seus pés e seu longo cabelo negro voava livremente para trás.

Os fones de ouvido pendurados no pescoço balançavam de um lado para o outro enquanto ela enfiava a mão por dentro da mochila para pegar as chaves de casa.

O Outono estava sendo um dos mais frios que ela já presenciara, então, quase não se via ninguém na rua durante o fim de tarde. As pessoas dos bairros ricos andavam em seus carrões ou ficavam em casa na frente de suas lareiras enquanto os moradores de rua tinham que se encher com montes de roupas para conseguirem se aquecer.

A única coisa que impedia Selene de fazer o mesmo eram os estudos. E, claro, o trabalho.

Ela e sua mãe sempre tiveram uma vida normalmente farta ,porém, quando sua mãe foi despedida elas tiveram que cortar alguns gastos, e um deles foi o apartamento de quatro quartos no centro da cidade.

Agora, as duas moravam em uma casa de dois quartos em um bairro de classe média um pouco mais longe do centro.

Depois da mudança, querendo alguma renda extra pra poder ser um pouco mais independente, Selene começou a trabalhar em uma cafeteria à algumas quadras de sua casa.

Quando a menina achou as chaves, abriu a porta e tirou os sapatos cheios de grama e terra.

–Mãe! Cheguei!

Uma mulher alta, de longos cabelos pretos iguais aos dela e olhos tão escuros que pareciam negros, colocou a cabeça para fora da porta aberta da cozinha.

–Oi querida! Como foi o trabalho? Meu Deus, você está cheirando à fritura,vai tomar banho logo!

A garota deu uma risadinha.

–Sim, mãe.

Mérope, Mery como a filha à chamava, era uma mulher linda e independente. Havia criado Selene sozinha e sempre com a cabeça erguida depois do sumiço do pai, quando ela ainda estava na grávidez.

– O jantar fica pronto daqui a pouco! –Gritou Mery da ponta da escada e balançando a colher de pau enquanto Selene subia as escadas.

A menina virou no corredor e entrou no seu quarto.

Desde que se mudaram o tamanho dos cômodos diminuiu bastante. A cama de casal havia sido trocada por uma cama de solteiro e o grande closet na parede foi substituido por um armário, mas isso não impediu que a garota se sentisse bem com o quarto.

Os livros e revistas haviam sido organizados em uma pequena estante no lado oposto do quarto enquanto a cama e os criados-mudos ficavam em frente à porta. O guarda roupas, na mesma parede da porta e um pouco mais ao lado da cama, era antigo, dado por um ex-namorado de sua mãe à ela (Sério mãe? Quem dá um guarda-roupas?!) e assim chegando até Selene.

Selene chegou no quarto, largou a mochila em cima da cama e foi direto para o chuveiro.

Os dias estavam sendo cansativos para a menina. As provas e trabalhos estavam lotando sua agenda e raramente ela e as amigas saiam juntas.

Depois de ter tomado banho e ter colocado o pijama, a garota foi para a frente de seu notebook. Um trabalho de cinco folhas estava lá, intocado, pronto para ser terminado.

Depois do que pareceram ser horas, ela finalmente colocou o computador de lado e afundou nos travesseiros.

–Ahh! Trabalho estúpido, por que você não se faz sozinho?

Do andar de baixo sua mãe gritou:

–Selly, o jantar já ficou pronto à horas, você não vem?

–Já vou mãe!

Se levantou da cama e seguiu para a porta.

–Fique ai, pelo jeito nós vamos ter uma longa noite juntos sr. Trabalho.

Depois da janta, Selene foi direto para o quarto. Pretendia terminar o trabalho quando seu celular tocou.

–Alô? Marcie! Hum...ir para o Jackie´s? Ah, eu não sei tenho trabalho pra terminar e...-Silêncio- É claro que eu vou!

Desligou o telefone, jogando-o em cima da cama

–Desculpe senhor Trabalho, você vai ter que esperar.

O Jackie´s era uma boate famosa na cidade. Todos os alunos da escola de Selene à frequentavam, o que fazia com que ela ficasse cheia nas sextas-feiras à noite. Ela e Marcie à frequentavam fazia um tempo desde que a amiga havia terminado com o namorado.

Selene abriu o guarda-roupas com um puxão enquanto abria gaveta de sapatos. Foi fuçando cada vez mais fundo até achar uma calça jeans de cintura alta e uma regata larguinha com lantejoulas que colocou com pressa. No banheiro prendeu o cabelo com um elástico enquando tentava, sem sucesso, colocar as sapatilhas sem usar as mãos.

–Pronto.

Pegou a bolsa no canto do quarto e colocou tudo o que precisava: Identidade, celular e dinheiro.

Descendo as escadas pulando dois degraus de cada vez, parou na sala pra dar tchau à sua mãe e seguiu direto para a porta onde Marcie estava esperando.

–Não quero que volte depois da meia-noite, viu?!

Pulou os degraus da pequena varanda e se postou ao lado da menina.

–E então, vamos?

Caminharam rápido, já que o Jackie´s era na parte movimentada do bairro.

–Por que eu não tenho um carro? Olha, eu tenho carteira e idade pra dirigir.

–Acho que você esqueceu que não tem dinheiro pra comprar um carro já que foi demitida.

–Ah... é, você tem razão... Será que eu posso comprar um carro com dois dólares e vinte e cinco centavos?

–Você não compra nem um refrigerante com esse dinheiro.

De repente, Marcie parou. A perplexidade estampada no rosto branco.

–Ah não, ah não, ah não!! É ele, corre!

Marcie saiu em disparada puxando Selene. A da frente dando voltas e passando por becos, saindo em ruas escuras e vazias. Milhões de caçambas de lixo atulhadas apareciam quando as garotas iam virando de beco em beco.

–Por que nós estamos correndo! –Gritou Selene sem fôlego enquanto a outra ainda à guiava.

–É o Tomas, ele tava lá! Ai meu Deus, eu devia ter imaginado que ele estaria indo pro Jackie´s!

“Ah, explicado!” Pensou Selene enquanto elas pulavam por cima de sacos pretos.

Tomas era o ex-namorado de Marcie. Eles haviam terminado à alguns meses porém ela ainda o evitava. Se ele estava no pátio, ela entrava no ginásio. Se ele estava no ginásio, ela ia para fora.

–Acho que saimos da vista dele. –Falou a garota, arfando.

–É saímos, não só da vista dele mas da vista de qualquer um que possa nos ajudar agora- E apontou para uma gangue de garotos vestidos com jaquetas de couro e correntes de prata vindo na direção delas.

–Merda. A gente corre? –Perguntou a garota à Selene aos sussurros.

–Acho que não, não quero ser entalhada viva por um desses bastões de baseball.

O mais alto da gangue, provavelmente o líder, foi para a frente das garotas.

–Ora, ora, ora! O que temos aqui? Duas menininhas, sozinhas, sem ninguém.

“É, nós sabemos o que significa “Sozinhas” Pensou Marcie.

–Então, vocês querem sair com a gente? Porque se não quiserem –Falou, pegando o rosto de Marcie com a mão e aproximando do dele- A gente pode fazer vocês quererem.

O resto da gangue riu.

–E então? O que vocês escolhem?

As garotas estavam mais brancas do que papel. As mãos tremendo com o medo e o vento gelado da noite. Por mais estranho que pudesse parecer a Selene, Marcie reagiu:

–Olha, sem querer ofender nem nada mas eu prefiro isso!

Deu um chute na canela do garoto com tanta força que ele se curvou para frente.

Enquanto ele discutia com o resto, Marcie e Selene sairam correndo em disparada, o mais rápido que podiam aguentar

Puderam ouvir o garoto gritar lá do fundo:

–O que estão esperando seus idiotas! Peguem as vadiazinhas!

O barulho de passos na calçada de concreto aumentou. As duas aceleraram o máximo e seguiram correndo aos tropeções por ruas que elas nunca esperariam passar algum dia.

Correram e correram até que não aguentaram mais e se jogaram no chão na frente de uma casa qualquer.

–O que...foi...aquilo! Ficou doida?! –Disse Selene sem fôlego.

–Você queria que eles levassem a gente pra um desses becos, nos estuprassem, depois nos enforcassem e jogassem nossos restos mortais em uma dessas caçambas de lixo? Acho que não, então me agradeça!

As garotas se levantam com dificuldade, as mãos trêmulas e ainda arfando, espanando as roupas cheias de poeira e suor.

–Credo Selly, você tá horrivel!

–Claro, porque eu vou ficar ótima depois de quase ser entalhada por um taco de baseball e correr uma maratona.

–Não esperava menos que uma resposta grosseira.- Disse, empinando o nariz- Mas vamos, o Jackie´s é logo ali!

–Nós não podemos ir pra casa? Não to mais afim de ir.

–Ah não,garota! Eu não vim até aqui pra não aproveitar. Você não vai voltar atrás. Vem!

E saiu um pouco puxando, um pouco arrastando a outra menina por entre os montes de pessoas aglomerados nas ruas e calçadas próximos a boate.

(Sugiro que escute I don´t care, i love it enquanto lê esse trecho)

Lá dentro o ar era úmido, as luzes coloridas eram cegantes e o piso grudento, provavelmente pelas milhões de latas de coca-cola derrubadas nele.

As duas garotas foram se enfiando por entre os rostos desconhecidos até chegarem no meio da pista de dança onde um casal se beijava como se fosse se engolir.

–Ugh... Okay, não vi nem sinal do Thomas, provavelmente ele desistiu de vir ou foi pego pelos badboys. Aliás, você viu o carinha com a jaqueta de couro?! Era o maior gato!

–Lamento acabar com o seu monólogo mas eu estava tentando não vomitar nos meus próprios sapatos quando você encarava os delinquentes!

As duas tinham que gritar para conseguir se escutarem.

–Ah, é mesmo. Esqueci que você tem estômago fraco! –Completou Marcie com um sorrizinho- Por falar em estômago, acho que vou pegar uma coca Light, você quer?!

–Não, valeu!;

As pessoas foram se acumulando na pista de dança. Selene não via outra opção se não dançar junto. Todos os garotos e garotas começaram a se juntar e dançar no ritmo da música. As batidas ritmadas faziam o coração de selene acelerar e uma sensação de liberdade tomou conta dela. Todas as preocupações foram embora, o trabalho, a escola, as encrencas da amiga. Selene só dançava, a blusa de lantejoulas sacudindo enquanto ela pulava e se mexia, os braços batendo nos das outras pessoas, todas sentindo a mesma coisa.

Lufadas de fumaça escondiam o rosto dos outros, porém a garota viu, lá no fundo do salão, um garoto de cabelos negros e lindo olhos azuis, encarando-a.

Ele tinha uma beleza diferente, uma coisa que atrairia qualquer um. Encaram-se por alguns segundos até que alguém esbarrou na garota e ela caiu de joelhos no chão.

Quando se levantou, Marcie havia voltado com o refrigerante, porém o garoto havia sumido. A garota procurou com os olhos em todo o salão mas não achou nada.

–O que tá procurando?-Perguntou Marcie dando um gole no refrigerante.

–Ãhn, não quero refrigerante, obrigada!

–Garota, você ta bem? Eu não perguntei se você queria refrigerante, eu perguntei o que você esta procurando!

–Ah, ninguém –E achando uma desculpa para ir embora, disse - Olha lá, é o Thomas! Vem!

–Tomas?! Onde?!

Marcie mal havia terminado de falar quando selene a puxou em direção ao amontoado de gente. Sairam em disparada para a porta, desta vez com Selene puxando a amiga. Esbarraram em pessoas com latas de refrigerante, garotas dançando e casais se pegando até conseguirem chegar.

O ar fresco da noite arrepiava os braços de Selene enquanto ela corria pelas ruas com Marcie.

Estavam à algumas quadras da casa da garota quando Marcie resolveu parar, fazendo a outra parar também.

–Selly, você está bem? Porque, sério garota, você não parece bem.

–Eu estou ótima, perfeita, nunca estive melhor.- Respondeu a garota, tomando fôlego.

Marcie olhou-a desconfiada

–Hum... okay. Vou pra casa, e é melhor você ir pra sua também, não quero minha amiga rondando por ai desse jeito.

E se afastou, deixando Selene sozinha na quadra de casa.

Foi andando lentamente, escutando os sapatos baterem na calçada.

Quando chegou na frente de casa abriu a porta e subiu as escadas. Provavelmente sua mãe estaria dormindo. Passou reto pelo quarto dela, tentando lembrar do rosto do garoto, que desaparecia cada vez mais da sua mente.

Foi se deitar apenas com a lembrança daqueles olhos azuis mar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Kissus



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