A Última Filha do Amor escrita por ElvishFox


Capítulo 3
Um Rosto na Janela


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁ! Sério, me desculpem o atraso de 12834786 dias com esse capítulo ;-; Fiquei com bloqueio e só consegui terminar hoje.
Já falei como eu amei escrever esse? :v Sério, muito bom,
Bom, quero agradecer, de novo, à todos vocês que leem essa fic :3 Seus lindos.
É ISSO! APROVEITEM!



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Era uma segunda-feira nublada. Selene e Marcie caminhavam pela calçada rumo a escola. Os pés chapinhando as poças que haviam se formado na noite anterior por causa da forte chuva da madrugada.

A ruiva ia mais a frente tagarelando empolgada.

–Então, quando eu tava na fila do refrigerante, ele chegou por trás, me abraçou e disse que eu era a tampa da pasta de dente dele.

Selene teve que conter um riso.

–Porque é super romântico quando alguém te chama de tampa de pasta de dente.

A outra virou bruscamente.

–Você só fala isso porque não tem ninguém. Aliás, você deveria já ter um namorado. Você se lembra do Jack da padaria? Ele é gatinho.

–Sim, muito gatinho- ironizou- Marcie, pelo amor de Deus, parece que ele tem as montanhas místicas no nariz!

–Ah, qual é! Ele é um Brad Pitt mais magro...

–Ta. É, sei!

–Você está discutindo comigo sobre meninos? Não confia nos olhos da sua amiga?- Disse Marcie, com a mão na cabeça em um gesto dramático- O que será de você?

E as duas sairam andando, colocando as conversas do fim de semana em dia.

Chegaram na escola alguns minutos antes de dar o sinal, o que fez com que conseguissem pegar seus lugares lado a lado nas carteiras.

O resto da classe foi chegando aos poucos, até finalmente o professor entrou, batendo a porta.

–Bom dia turma. Hoje nós continuaremos aquela redação da aula passada. Por favor, peguem seus cadernos.

Ouviu-se o arrastar de mochilas e os baques que os cadernos faziam quando atingiam a mesa.

Selene arrancou um pedaço da última folha rabiscada do caderno e escreveu um recado para Marcie.

Você já terminou a redação?”

Dobrou a folha ao meio e deixou em cima da classe da amiga.

Ouviu o barulho de caneta arranhando o papel e logo depois o mesmo foi entregue à ela.

“Não. E você? Tem que ser à caneta mesmo? É pra entregar quando? Será que ele aceita se eu entregar um dia depois? Olha, aluno novo gatinho na mesa da frente.”

“Não comecei ainda. Sim. É para semana que vem. Acho que não. É só o Joff com o cabelo curto.”

E assim seguiu até a metade da aula, quando as garotas perceberam que teriam que fazer a redação.

Selene sempre tivera difículdade em transformar suas ideias em palavras. Não era tão fácil quanto parecia. Colocar as ideias em uma folhas de desenho ou em uma tela era muito mais fácil.

Por isso ela participava daqueles grupos de escrita, onde várias pessoas se reuniam para se ajudar com os projetos.

A variedade de idades no grupo de estudos era grande mas, como era sobre redação, ninguém se importava muito.

Marcie vivia dizendo que era para ela largar o grupo, que ela não precisava ir mais e que ela a ajudaria se precisasse. Selene duvidava muito da última afirmação da amiga.

Não que ela fosse preguiçosa ou não gostasse de estudar, muito pelo contrário. Marcie tinha dentro de si, bem lá no fundo, uma nerd assumida quando se tratava de história. Porém ela colocava outras coisas na frente, coisas que ela achava mais importante. Compras por exemplo. Pode se dizer que Marcie é viciada em compras, por isso que normalmente ela sai com a amiga, para que ela evite que a outra compre metade do shopping e ainda peça ajuda pra carregar.

Outra coisa que Marcie se interessava ainda mais do que compras era garotos. Selene não acreditava como era possível a outra saber tudo sobre a maioria dos garotos bonitos que haviam na cidade.

Mas mesmo com outras coisas ocupando a cabeça de Marcie, a outra ainda gostava de estudar. Bem... ela não adimitia, mas Selene sabia que era verdade.

O sinal tocou e a próxima professora entrou. E depois dela mais uma, mais uma e mais uma, até que, finalmente, deu o sinal para irem embora.

As meninas se levantaram e jogaram os cadernos para dentro das bolsas, saindo da sala atrás do resto da turma.

–Ah, merda! Eu esqueci meu livro na sala.- Xingou Selene.

–Quer que eu vá buscar pra você? Não, espera...aquele é Kurt? Com a Jenyffer? Isso é um absurdo, totalmente inaceitável.

–Não precisa buscar pra mim – Sussurrou, enquanto a outra ainda falava, e foi para a sala.

Chegou perto da sua carteira e olhou para o chão, o livro estava lá. Pegou-o e foi em direção à porta, porém um barulho a fez parar.

Virou-se e viu a janela aberta.

–Mas o que...? Você não estava aberta antes, estava?

Foi caminhando para a mesma, com intenção de fecha-la.

–Isso parece tanto uma cena de filme de terror. Só falta aparecer o Jason na janela.

E pulou. Bateu nas mesas atrás de si, empurrando-as para os lados. O coração estava acelerado e as cosas doendo, mas ela teve certeza do que havia visto.

Ajuntou sua bolsa e correu para a porta, com medo. Chegou na frente de Marcie e a puxou até um armário vázio.

–Estamos no armário do zelador? Por que, garota? Eu estava tentando entender o que rolava entre aqueles dois no corredor.

As duas se agacharam. As vassouras espremiam-as contra as paredes feias e cheias de mofo do armário. O cheiro de detergente fazia as garotas lacrimejarem e a pouca luz que entrava pelos buraquinhos na porta projetava riscos no rosto preocupado de Selene.

–Eu vi um rosto... na janela da sala!

Marcie ficou um tempo sem entender.

–Ta, e...? Achei que era mais importante.- Bufou a amiga.

–Eu sei e... espera, o que? Como assim? Não é importante o suficiente!?

–O que eu quero dizer é que existem milhões de alunos nessa escola e, com certeza, algum fez uma piadinha com você.-Deu uma risadinha curta, cruzando os braços.

Selene se levantou bruscamente, batendo a cabeça no teto. A outra riu ainda mais, enquanto ela se agachava novamente.

–Eu tenho certeza que não era ninguém da escola porque... porque era o mesmo garoto que eu havia visto no Jackie´s –Sussurrou

–Quem? Você deu em cima de alguém e não me contou nada? Tipo, nada, nada mesmo, nadinha?

–Eu não flertei com ele. Eu só vi.

O espaço estava tão apertado que até o ar estava ficando escasso. Os passos no corredor estavam muito mais baixos e lentos do que à alguns minutos antes.

–Pode me contar tudo depois. Vou na sua casa hoje à noite. E não tem como você dizer não.- Jogou os longos cabelos ruivos por cima do ombro e abriu a porta, se jogando para fora e sentindo uma lufada de ar fresco

A outra saiu atrás, fazendo um esparramo com as vassouras que cairam para fora. Se levantou, tropeçando e enfiou-as lá dentro novamente.

Depois foi para o lado da amiga.

–Tudo bem, pode ir. Minha mãe vai ter que trabalhar hoje, mesmo. –E voltando sua atenção para a amiga, disse - Onde é que você vai agora? Você ta usando aquele batom caríssimo que seu ex te deu?!.-Falou, caminhando com a amiga até a entrada.

–Vou almoçar com o carinha de sexta. –Sorriu, empolgada.

–O da pasta de dentes?

–Sim, no fim de semana a gente de encontrou no McDonalds e ele pediu se eu queria encontrar ele lá novamente hoje–Saiu para o estacionamento dando pulinhos.

Normalmente quando a amiga fazia isso Selene ficava realmente preocupada. Ou ela havia usado alguma droga (Havia acontecido uma vez. Só uma) ou estava realmente animada.

–Nossa, só melhora. Primeiro ele te chama de pasta de dentes e depois o primeiro encontro de vocês é em um restaurante lotado de gente que vende hambúrgueres com brinquedo. Sobe cada vez mais no ranking.

Marcie deu um soco no braço da amiga

–Ele é legal. –Disse, empinando o nariz- E ele me chamou de tampa de pasta de dentes, não de pasta. Dã!

Selene riu.

–Tudo bem. Só não se entupa de xarope de cola. Faz mal pros dentes.

–Como se você se importasse –Riu, dando tchau para a outra e se afastando, saltitando.

...

Já era noite quando Marcie bateu na porta dela.

Selene foi abrir, atirando seu saco de batata frita na mesinha de centro.

A tarde da garota havia sido baseada em comer, fazer os deveres e checar o celular, esperando alguma mensagem da amiga.

–Entra aí. Tem batatinha na mesa.

–Ótimo –Disse, bufando. Passou pela porta e jogou a bolsa no sofá mais próximo.- Foi o pior encontro da minha vida.

–Nossa, o Sr. McDonalds não é todo fofo e meigo? Como foi o “pior encontro da sua vida”?

–Exatamente por isso! Ele é fofo DEMAIS! Ficou perguntando se eu queria guardanapo ou se meu refrigerante tava muito frio.-Se atirou no sofá- É irritante! Seja homem, garoto!

A outra riu, e teria rido mais se a amiga não estivesse tão irritada.

–Relaxa –Disse, sentando ao lado dela e pegando o saco de batatas- Pelo menos ele pagou o hambúrguer.

–É, pelo menos isso. Agora me conta.

Selene levantou os olhos para olhar a amiga.

–Contar o que?

–Ai Selly, não se faz de tonta! Conta o que aconteceu na sala!

Ela respirou fundo. Tinha ficado com medo do rosto parcialmente conhecido que havia aparecido do outro lado da janela e sumido do nada.

–Foi.. foi estranho.

Ela cruzou as pernas sobre o sofá.

“Eu tinha ido até a sala pra pegar meu livro. Quando olhei pra janela, antes, não tinha ninguém.

Então eu me abaixei e ajuntei o livro. Percebi que ajanela tava aberta e fui fechar. Quando cheguei mais perto, o rosto do garoto que eu havia visto no Jackie´s sexta estava lá.”

–Foi só isso. Sem mais nem menos. E eu tenho certeza que ele não estudava lá, Marcie.

A amiga, que havia ouvido todos os choros e reclamações da garota desde sempre, ficou quieta.

“Provavelmente estaria pensando em uma resposta pra me deixar mais tranquila” Pensou ela, enquanto sorria imaginando o esforço para a amiga inventar alguma coisa

Marcie se mexeu desconfortável.

–Selly, se você realmente viu ele...

–O que está pensando?

–Pode ser que ele esteja te seguindo.

“Nada de resposta tranquilizadora mas...realmente, faz sentido” Parou pra pensar.

A preocupação só crescia dentro do peito da garota.

“Mas espera” Pensou ela “Quem iria querer me sequestrar? Eu não vi assassinato nem um. Não sou estrela de TV. E não comprei nada suspeito no Mercado Livre. Então...”

–Por que? –Falou alto.

A outra se virou bruscamente, desembrulhando um pirulito.

–Por que o que?

–Aff Marcelina! Por que alguém iria querer me sequestrar?!

–Sei lá garota! Não pergunta pra mim, não sou eu que quero seu corpinho em uma banheira de chocolate com morangos.

Selene se jogou no sofá, tampando a cara com uma almofada.

–Ha! Estou rindo muito.-Gritou, com a voz abafada.

–Tudo bem, tudo bem –Disse, rindo- Já que agora estou por dentro dos babados, podemos ver um filme?

–Agora?

–É, agora. Tem problema?

–Não, não tem. Que filme quer ver? Tem Harry Potter, Star Wars, Senhor dos Anéis, A Fantástica Fábrica de Chocolates e...

–Nossa, que nerd você, viu? –Silêncio- Eu quero Harry Potter.

Selene riu

As duas sentaram no sofá, mais conversando do que prestando atenção.

Já era meia noite quando Marcie foi embora.

Selene desligou o a TV e foi fechar as portas e janelas, lembrando do que havia acontecido mais cedo.

Saiu da sala e subiu as escadas correndo, com medo do escuro.

Entrou no quarto, colocou o pijama e foi direto para a cama. Não demorou para dormir.

...

Acordou com frio. As cobertas estavam no chão e a janela estava aberta, com a cortina branca esvoaçando. Um barulho como o tique-taque de um relógio soava no andar de baixo.

“Será que minha mãe já chegou?” Pensou ela, ainda sonolenta.

Resolveu sair da cama, lentamente. Abriu a porta do quarto e olhou para o quarto da frente, que estava com a porta aberta.

“Vazio”

Resolveu descer as escadas para ver se a mãe estava na cozinha. A cada passo ficava com mais medo, como se fosse um filme de terror e ela era a loira idiota que perguntava se o assassino estava em casa.

Degrau por degrau, pé na frente de pé, chegou no andar de baixo e colocou a cabeça para dentro da cozinha.

“Ninguém”

Não sabia se suspirava de alívio ou tremia de medo por não ter ninguém em casa. O barulho já não existia mais.

Subiu a escada novamente, dessa vez correndo. Tropeçou no útimo degrau da escada e caiu, ficando de quatro com os joelhos e mãos esfolados por conta do carpete velho.

–Ai!- Sussurrou.

Levantou-se devagar e continuou andando, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.

Parou por um minuto e fechou os olhos. Ficou encostada na porta, ofegando e tremendo, tentando se convencer de que não havia nada.

A brisa que passava pela janela aberta estava mais forte. Selene colocoou as mãos sobre os braços, tentando protege-los do frio.

Ainda não conseguiria se mexer. Esperava que quando abrisse os olhos tudo não passasse de um sonho.

“Um sonho. Claro. O que mais poderia ser.” Pensou a garota, enfiando as unhas no braço para tentar acordar.

Parou por um tempo e depois abriu os olhos, com a esperança de acordar a cama. Mas não, tudo era real. Real demais.

Levou um tempo até que os olhos se acostumassem com a escuridão.

E levou esse mesmo tempo para ela perceber que havia alguém no quarto com ela.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim.
Até a próxima semana o



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