"Mas mesmo se eu fizer isso você vai..."

"Sim, por isso é chamado de cheque matte."

"Isso simplesmente não é justo!" - Rin está sentada à minha frente, com suas mãos apoiando o rosto e olha para mim com a cara emburrada enquanto deita seu rei.

"Eu estou pegando leve com você!" - sorrio pra ela e ela franze ainda mais a testa. Estamos sentados na mesa em nossa sala e jogávamos xadrez. Acabei descobrindo um traço de competitividade em sua personalidade que eu não conhecia e achei um pouco engraçado.

Desde o incidente do café há três dias, Rin estava procurando qualquer desculpa para se distrair. Aquela noite eu acordei com ela enroscada em mim, seu rosto escondido em meu pescoço, com os braços em volta de minha cintura e pernas entrelaçadas com as minhas. Apesar de ela ter ficado extremamente constrangida ao se ver tão próxima de mim vestindo tão poucas roupas, ainda mais quando olhou para o meu pescoço e viu a marca suave de suas presas quase totalmente fechada, ainda assim ela deslizou suavemente para dentro do meu quarto e da minha cama no meio dos dois últimos dias. A cada dia ela se esgueirava abrindo a porta o mais silenciosamente que podia se aproximava da minha cama pelas minhas costas, entrava em baixo de minhas cobertas e abraçava minha cintura por trás, enterrando seu rosto em minhas costas. Por mais que eu gostasse de tê-la tão perto de mim, não podia deixar de ficar preocupado com ela.

Ela suspira e olha pra mim séria.

"Eu preciso fazer alguma coisa."

"O que tem em mente?" - pergunto erguendo uma sobrancelha.

"Eu estive evitando pensar durante esses últimos três dias, mas eu simplesmente não posso continuar assim. Afinal de contas, a culpa disso tudo é apenas minha" - ela disse com o rosto sério olhando em meus olhos.

"Não seja boba, é claro que isso não é sua culpa!"- era ridículo ela querer se culpar por algo que obviamente não tinha controle.

"Eu não estou dizendo que a Honda é um amor de pessoa, muito menos meu chefe. Nós dois sabemos que os dois se merecem. Mas eu também tenho minha parcela de culpa. Nunca fiz nada para eles quererem ser gentis comigo" - tento interrompê-la, mas ela não permite - "Não tente me defender, Yuui. Você me mima demais" - ela diz isso com os olhos gentis. "Sei que tenho sido insuportavelmente carente nessa última semana e que tenho dado trabalho para você. Por Deus, eu tenho perturbado até seu sono! Você tem todo o direito de ficar irritando comigo, mas não fica porque é bom demais!" - tento interrompê-la novamente, mas ela não deixa. Ela realmente precisa fazer aquele discurso. - "Eu nunca antes dei motivos para ninguém gostar de mim. Achava que era apenas ficar quieta e um dia eles iriam me amar, mas não funciona assim. Até conhecer você, eu também não me importei com ninguém. É claro que você se interessou por mim, mas se eu tivesse reagido como geralmente faço você teria enjoado de mim em uma semana. Como desde o começo eu quis gostar de você, eu me permiti descobrir ter uma personalidade que eu não sabia que tinha. Ouvir o que a Honda me disse, só me faz ter certeza de que tudo aconteceu porque eu não permitia que ninguém me visse. Não realmente. Eles não viam nada e então respondiam com nada." - ela para pra respirar e olha para mim. Eu retribuo seu olhar e me levanto, pego sua mão e a guio até o sofá. Me sentei e a puxo para se sentar em meu colo.

"Yuui." - Ela diz meu nome com irritação, quase como uma censura. Eu olho em seus olhos.

“Estou ouvindo você, Rin. E estou te vendo, sempre. Eu vi você se soltar dia após dia. Te vi ficando mais confiante e vi você criando sua própria opinião. Eu amo a Rin brincalhona e risonha. Eu amo a Rin emburrada. Eu amo a Rin competitiva. Eu amo a Rin que parece uma tsundere quando sente vergonha. Eu amo a Rin carinhosa e carente. E com certeza amo quando acordo com o som da porta se abrindo no meio do dia, seguido pelo som de você deitando ao meu lado e me abraçando. Descobri que durmo bem melhor sentindo o calor do seu corpo. E vou esperar o momento em que você esteja pronta para que eu não precise fingir que estou dormindo, já que você virá da mesma forma." - toco seu rosto corado. Deslizo meus dedos por suas feições e toco seus lábios. - "Eu não sou tão bom e nobre quanto você pensa. Pensei ter deixado claro que sempre te olho com outros olhos. Sempre quero te beijar e tocar seu corpo todo. Quero morder seu pescoço e sentir o gosto embriagante do seu sangue. Quero memorizar cada pedaço da sua pele com meus olhos, com meus dedos, com meus lábios e minha língua. Quero sentir você me tocar com suas mãos delicadas. Ser beijado com sua timidez, sentir suas presas em mim, seus lábios nos meus e seus cabelos em volta de meu rosto quando você se inclina para me beijar enquanto está em cima de mim. Quero ver a luxúria em seus olhos de novo e saber que ela sempre vai ser destinada só para mim." - olho em seus olhos e vejo timidez, mas também posso ver aquele desejo no fundo. Pego sua mão e beijo seu pulso. - "Eu quero você e nunca vou estar satisfeito. Você está preparada para isso? "

Ela olha em meus olhos por um breve momento depois me beija. Ela se vira pra mim em meu colo e se ajoelha com uma perna de cada lado. Ela enterra seus dedos nos meus cabelos e me dá um beijo faminto. Retribuo seu beijo, a abraço e toco seu corpo. Seus cabelos, suas costas, suas pernas. Nos separamos levemente e ficamos apenas com a testa encostada uma na outra. Então ela me beija novamente com a mesma vontade. Quando nos separamos dessa vez, ela apenas se aninha no meu colo, envolve minha cintura com os braços e deita a cabeça em meu peito.

"Me da só mais um minuto, depois eu juro que vou decidi o que fazer" - Rin sussurra baixinho.

"Leve o tempo que quiser. Quando estiver pronta, nos vamos conversar juntos vamos decidir o que fazer. Agora me deixe te mimar mais um pouco" - eu a ouço sorrir novamente enquanto acaricio seus cabelos longos. Eu sei que ela já deu um grande passo, então por hora, não há problemas em relaxar um pouco.