Félix e Niko - Counting Stars escrita por Look at the stars


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

I’m waking up
I feel it in my bones
Enough to make my system blow

Welcome to the new age
To the new age
Welcome to the new age
To the new age

Oh, oh, oh, oh, oh
I´m radioactive...

Radioactive - Imagine Dragons



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Niko acordou, sua cabeça doía, a ressaca de todo o álcool ingerido estava fazendo o seu estrago do dia seguinte. A luz que adentrava pela janela do quarto incomodava sua vista, mesmo acordado ele permaneceu um bom tempo de olhos fechados, deitado na cama esperando a dor passar para poder se levantar.

Com certa dificuldade ele tentou lembrar sobre tudo o que aconteceu na festa, poucas eram as coisas que vinham a sua mente... Anna, seus pais, sua mãe brigando com ele, a praia, a bebedeira e... ele, o belo moreno que tinha passado a noite com ele... e que noite pensava Niko com um leve sorriso. Apesar de ter a sensação de que sua cabeça iria explodir, há muito tempo Niko não acordava tão relaxado como agora.

Ignorando a dor na cabeça e a luz que ofuscava sua visão, Niko abriu os olhos para olhar para o lado em que Félix havia adormecido na cama... E não havia ninguém, apenas uma cama extremamente bagunçada. Não que Niko esperasse encontrá-lo ainda ali, já estava acostumado a não encontrar ninguém quando acordava, porém algo de diferente aconteceu dentro dele quando viu a cama vazia. Algo que nem ele mesmo compreendia. Porém não pensou muito sobre isso, tratou de afastar aqueles pensamentos de sua mente.

Com certa dificuldade o loiro levantou e foi até o banheiro, enquanto a água morna escorria por seu corpo, ele pensava em uma maneira menos dolorosa de falar com seus pais sobre a irmã. Era obvio que não podia deixá-los sem noticias dela, tinha que contar tudo o que estava acontecendo para eles e também tinha que ligar para ela, para saber se ocorreu tudo bem. Tinha que ter a certeza de que tudo entre ela e Lucas estava indo perfeitamente bem.

Niko tinha que se preparar para falar com seus pais sobre Lucas, sobre ele e Anna terem ido embora da cidade, sobre ter ajudado ela nessa historia toda. Claro que não seria nada fácil dizer para seus pais que ela decidiu fugir com um simples vendedor do que se casar com o noivo que eles haviam escolhido.

Niko, você sempre se metendo em encrencas, dessa vez o pai não te perdoa. - Ele murmurava enquanto se enxugava e saia do banheiro.

Porém pensaria nisso depois, primeiro tinha que resolver sua situação com o homem que ainda poderia está em seu apartamento. Niko desejava que Félix tenha ido embora, se ele já não estivesse mais em seu apartamento seria menos um problema a ser resolvido.

O loiro se sentia mais aliviado quando acordava sozinho, geralmente seus parceiros da noite anterior faziam isso, iam embora muito antes dele acordar e isso lhe tirava o trabalho de mandá-los embora. Mas sempre tinha os que realmente lhe tiravam a paciência, eram aqueles que lhe faziam propostas para ele ser seu amante ou pior alguns se diziam está apaixonados. Niko apenas ria da facilidade de uma pessoa dizer que estava apaixonada.

Enquanto se arrumava na frente do espelho ele ouviu um barulho vindo da cozinha, provavelmente Félix ainda estava em sua casa.

Niko... O que você tinha na cabeça quando aceitou passar o fim de semana com esse desconhecido, parece que apenas só um pouco de álcool já impede o seu cérebro de pensar direito.

Niko dizia isso para si mesmo enquanto se olhava no espelho e arrumava o cabelo.

Ele andou até a cozinha em passos calmos e encontrou o moreno alto, ele estava apoiado no balcão com um copo de água na mão, estava tão concentrado em seus pensamentos que nem viu o loiro chegando.

– Preparou o café da manhã? - Perguntou sorridente e supreso ao ver a mesa posta. Félix que estava distraído levou um susto e quase se engasgou com a água que estava bebendo.

– Você gosta de chegar assim de mansinho e assustar as pessoas criatura?

– Você que se assusta com facilidade... Khoury. - O loiro iria falar o nome dele, mas uma súbita perda de memória lhe atingiu fazendo-o apenas se lembrar de seu sobrenome, que era uma das coisas do qual ficou guardadas em sua cabeça.

– Pensei que a gente tivesse feito um acordo. – ele disse ao ver que Niko ainda continuava o chamando de Khoury.

– Hã? - Desconversou Niko, pois não queria contar que havia esquecido o nome dele.

– Não nada, esquece... – Félix o olhou mais atentamente. - Nossa... Você está péssimo.

– Mentir um pouco não vai matar você, sabia? – disse se sentando em um lado da mesa.

– Você não costuma beber não é mesmo? - Félix se sentou na cadeira de frente a de Niko. - Já vi pessoas beberem muito mais do que você bebeu ontem à noite e ainda sim elas acordam melhor do que você está Nicolas.

– Pra falar a verdade o álcool e eu não nos damos muito bem. - Confessou.

– Então porque bebe tanto?

– Por que... – O loiro ficou pensando por alguns segundos em uma resposta... – Eu não sei.

Os dois começaram a rir, enquanto Félix continuava sorrindo Niko o olhava e notou que ele estava usando uma de suas roupas. Percebendo que o loiro tinha notado, Félix explicou um pouco envergonhado.

– Espero que não se importe, a minha roupa estava toda molhada e cheirando a whisky então eu peguei a sua emprestada. A gente tem quase o mesmo número, claro que... Você é mais gordinho então...

– Eu não sou gordinho... - Niko enfatizou a palavra gordinho e Félix sorriu. - Você que é magro demais.

– Olhando por esse lado ninguém é gordo então, porque sempre vai ter alguém mais magro que a pessoa.

– Ahh palhaço... Mas você ficou bem com essa roupa, aquele terninho te deixa tão sério. Você ficou com um ar mais divertido...

Niko por fim pode observar melhor a mesa arrumada.

– De onde você tirou esse banquete? Você tem uma varinha mágica?

– A única varinha mágica que eu tenho aqui comigo é o dinheiro. Se você ficasse preso aqui nesse apartamento você ia morrer de fome, porque nos armários só tinha poeira.

– Como eu falei, eu não venho muito aqui. Uma ou duas vezes na semana, no máximo três.

– Como uma boa senhora da faxina que eu sou... - Niko sorriu. -... Eu arrumei essa bela mesa pra gente.

Mesmo sabendo que o simples ato de rir faria sua cabeça doer, Niko não podia controlar a gargalhada que sempre tinha vontade de dar toda vez que Felix falava. Porém apesar de Niko manter um sorriso no rosto Félix percebeu que ele não parecia está muito bem, e o problema parecia ser muito mais do que só uma ressaca.

– Você ta bem? – Perguntou um pouco preocupado.

– A minha cabeça ainda ta doendo... - Começou mas foi logo interrompido por Félix.

– Não, não é isso! É que você parece meio preocupado com alguma coisa.

– Sim eu to... É só que... – Ele ficou um tempo em silencio, como se estivesse procurando palavras certas para dizer á Felix. – Você...

Niko não entendia o porquê da dificuldade de falar que ele não podia ficar, sempre foi tão fácil fazer isso e agora ali com ele parecia ser algo quase impossível. Por que com ele era diferente? Porque que mandá-lo embora parecia ser tão errado?

Vendo que ele tinha certa dificuldade em falar o que queria, Felix brincou.

– O que foi? Eu não comi a sua língua.

– Hã? – o loiro perguntou sem entender o que ele falou.

– É que eu sou um gato entende... – vendo que ele continuava sem entender Félix desistiu. – Quer saber esquece... A piada não foi tão boa assim... Pensando bem, foi péssima.

– Eu queria te falar uma coisa, mas eu não to sabendo como falar... E isso é estranho. - Disse pensativo, não entendendo o que acontecia consigo mesmo.

– Pode falar, to escutando. – Félix já tinha uma leve noção do que ele queria lhe dizer.

– Khoury você é um cara legal... Mas... você... - Fez uma pausa antes de dizer por fim o que queria. - Você não pode ficar aqui.

Mais tarde Niko pensaria no porque dizer aquilo tinha lhe angustiado tanto, mais do que deveria. Nunca tinha ficado assim quando fazia isso com os outros rapazes com quem passava a noite. Havia algo em Félix que fazia Niko se sentir péssimo por está fazendo aquilo, mas como há muito tempo Niko fazia ele agora usava somente a razão e não o coração.

Em um primeiro momento Niko pensava que talvez tenha sido porque Felix foi o primeiro cara com quem ele ficou em uma noite onde não estava tão bêbado a ponto de esquecer seu rosto, sua voz, seus beijos. Comparado aos outros já era um verdadeiro milagre ter se lembrado de parte do nome dele.

Dessa vez a bebida não foi forte o bastante para apagar completamente as lembranças da noite de amor que tiveram, os corpos suados juntos como se fosse um só, a boca dele passeando pelo seu corpo ainda era uma visão bem nítida em sua memória.

– Eu to cheio de problemas para resolver, tenho que falar com meus pais, ligar para Anna... Eu não to no melhor momento pra ser uma boa companhia pra alguém.

– Tudo bem. – Ele disse calmamente.

– Sério? Só isso, normalmente isso costuma ser mais complicado. - Dizia Niko estranhando a aceitação tão fácil da parte dele.

Então Félix explicou.

– Eu to vendo que você não ta muito bem, ta cheio de problemas na família. É melhor eu ir mesmo.

Félix se levantou para ir embora, mas quando passou perto do loiro ele segurou em seu braço sorrindo.

– Calma Khoury! Também não precisa fugir assim desse jeito, você pode ficar mais um pouquinho.

Niko lhe lançou seu melhor sorriso, e Félix não conseguia acreditar em como ele conseguia fazer aquilo, ser incrivelmente lindo e ter um sorriso tão adorável mesmo tendo acabado de acordar com uma ressaca daquelas.

Era como se aquele sorriso tivesse a capacidade de fazê-lo esquecer de todos os problemas existentes em sua vida.

Então Niko pediu.

– Fica.

Félix não respondeu nada, apenas sorriu de volta para aquele lindo loirinho de olhos verdes e se sentou novamente á mesa.

– Então, você vai voltar pra casa dos seus pais e pra sua namorada Eva?

– Eva? – Félix começou a rir. - O nome dela é Edith, e não... Eu vou ficar em algum hotel por aqui mesmo esses três dias, vou aproveitar um pouco essa folga antes de voltar pra casa... – Félix suspirou desanimadamente. -... Eu acho que vou ter uma longa conversa com o Dr. Cesar quando voltar.

– Seu pai? - Niko estava puxando assunto referente à vida de Félix, porque não queria que o assunto fosse a sua.

– É... Ele cismou em querer me casar com a Edith.

– Pais e suas manias de querer casar os filhos, eu sei bem como é.

Niko sorriu ao se lembra das tantas vezes que seu pai lhe apresentou as filhas de seus amigos.

– Ele quer que eu case de qualquer jeito... Mas eu não quero, na verdade nunca pensei em me casar. Muito menos com ela.

– O seu pai não sabe que você é...

– Não, e eu tenho certeza que ele nunca me aceitaria, talvez até me deserdasse se soubesse que eu sou gay.

– Pelo visto eu não sou o único que tem problemas familiares aqui.

Niko se recostou na cadeira passando a mão no rosto.

– E o seu pai?

– Meu pai?

– Ele sabe?

– Sim, ele aceita, mas de certa forma não aceita também. Faz alguns anos que ele soube.

– E como foi? – Félix perguntou curioso.

– Foi da pior forma possível, teve briga, teve choro, aquele dia foi um desastre total. – Niko mantinha um leve sorriso enquanto falava, Félix pensava que se ele ria era porque as coisas estariam bem entre ele e seu pai atualmente.

– Eu fui embora de casa ou fui expulso, na verdade não me lembro bem, talvez as duas coisas.

– E como está a relação entre vocês dois agora?

– Mais ou menos! Ele me aceitou de volta em casa, só que ele ainda não aprova totalmente a minha opção. Em qualquer evento que acontece na família ele tenta me jogar pra cima de algumas garotas. E a nossa relação tava bem tranquila... Mas depois de ontem eu acho que ta péssima.

– Você podia ter arranjado uma maneira mais discreta de ter tirado a sua irmã de lá não acha? - Observou Félix enquanto colocava açúcar em seu café.

– Eu sei – Niko apoiou os braços na mesa e ficou com o rosto entre as mãos. – eu fiz besteira, eu tento resolver as coisas só que tudo o que eu faço é complicar elas mais ainda... O que está feito está feito e não tem como volta atrás.

– Quem deve está feliz com isso tudo é a sua irmã.

– É exatamente por isso que eu não me arrependo do que fiz, eu só me arrependo da forma que eu fiz.

– Dentre tantas opções você decidiu tirar a roupa. – Félix e Niko riam ao se lembrar da noite anterior. – Pelas contas do rosário criatura, eu juro que eu pensei que aquela senhora que estava bem na sua frente ia desmaiar quando você começou a desabotoar a calça.

Niko escondeu seu rosto mais ainda com as mãos.

– Era a irmã do papai. Faz tempo que ela ta viúva tadinha... e desde que o marido morreu, eu acho que a coitada nunca tinha visto um homem tirando a roupa na frente dela.

– Você é louco... – Félix não sabia se ria ou bebia um gole do café.

– Olha aí, mais um adjetivo que você me dá, só que esse eu já ouvi varias vezes.

– Sabe Nicolas... – O loiro ria e balança a cabeça quando Felix o chamava assim. – eu queria ser assim como você.

– Assim como eu? Por quê? A minha vida ta tão bagunçada quanto esse apartamento aqui.

– Eu sei, só que você é autentico, faz o que quer na hora que quer, defende o que você acha certo... Você teve coragem de enfrentar seus pais para falar o que você realmente quer ser na vida. E eu queria ter essa coragem, só que tudo que eu faço é fugir e seu pudesse eu fugiria para sempre, mas nem pra isso eu tenho coragem.

– Todo mundo tem essa coragem de fugir de tudo e de todos, mas às vezes tudo o que falta é um motivo muito forte pra fazer isso.

– Eu queria saber qual seria o meu motivo.

– As vezes o motivo é a gente, a nossa felicidade... Vai chegar um dia em que você vai dizer “ É isso que eu quero pra mim, é isso que vai me fazer feliz”, e quando chegar esse dia você vai ter coragem para tudo.

Os dois ficaram ali por um bom tempo mesmo depois de terem acabado de tomar o café da manhã, conversaram sobre a vida um do outro. Na verdade mais sobre a vida de Félix, porque todas as perguntas que Félix fazia sobre Niko ele não respondia claramente, sempre dava voltas e voltas e a resposta acabava se transformando em uma pergunta.

Já era 9:30 quando o celular de Niko tocou, ele foi atender na sala deixando Felix sozinho na cozinha.

– Anna como você ta?

– Eu to ótima Niko, nunca estive tão feliz em toda a minha vida.

– Que bom maninha assim eu fico mais aliviado que deu tudo certo. Onde vocês estão?

– A gente ta casa de uma tia do Lucas.

– Mas que brega, você vai morar com seu bofe e ainda vem à tia dele de brinde.

– Não é isso não seu engraçadinho, ele alugou a casa da tia dele. Ela não ta aqui com a gente seu bobo.

– Menos mal, então ta tudo certo ai com vocês?

– Está tudo maravilhoso, finalmente eu to com quem eu realmente amo.

– Eu fico feliz por você... Você ligou pra falar com a mãe e o pai?

– Ainda não, eles já sabem que eu to com o Lucas?

– Eu não sei.

– Como assim não sabe Niko? Você não está com eles?

– Eu não to em casa, depois de tudo que aconteceu eu tive uma pequena discussão com a mamãe e pra evitar uma briga maior com o papai eu vim pro meu apartamento.

– Então nossos pais não sabem de nada ainda?

– Até onde eu sei não. – Niko suspirou e se deitou no sofá, ele ficou apenas ali observando o teto enquanto sua irmã estava em silencio do outro lado da linha.

– Eu vou falar com eles hoje à tarde sobre o Lucas. – Anna continuava calada.

– Eu te meti numa grande confusão com os nossos pais não é? – A voz dela estava triste.

– Desde quando eu preciso de ajuda pra me meter em confusão hein? – Niko brincou pra tentar animar ela.

Ele sorriu ao ouvir a risada de Anna do outro lado, nesse momento Félix apareceu na sala fazendo sinal de que estava indo embora. Niko se levantou rapidamente e mandou-o esperar um minuto.

– Maninha agora eu tenho que desligar ta?

– Por quê? Você ta indo pra casa dos nossos pais agora?

– Não, é outra coisa. Depois a gente se fala. Beijos... Tchau.

Niko foi até Félix.

– Já vai?

– Já... Foi ótimo ter te conhecido... Nicolas.

– Também foi legal te conhecer Khoury.

– Então tchau... – Félix beijou o rosto de Niko e foi se direcionando a porta quando o loiro o chamou.

– Khoury... – Félix se virou para vê-lo. – É assim que você se despede de alguém que te deu uma noite maravilhosa de amor?

Félix sorriu e se aproximou novamente de Niko.

– E porque você acha que foi tão maravilhosa assim?

– Hum...deixa eu pensar, ah sim... Acho que foi por causa dos seus gemidos de prazer.

– Ah é?

Félix puxou Niko pela cintura até juntar seus corpos um no outro, e o beijou novamente só que dessa vez foi um beijo quente cheio de desejo. O calor que ambos sentiam era alto demais pra continuarem de roupas. Niko empurrou Felix para que ele se senta-se no sofá, ele tirou a própria camisa e a jogou em um canto da sala deixando á mostra seu abdômen branco e definido. Niko se sentou em cima de Félix o prendendo com suas pernas, o moreno começou a beija-lhe a boca descendo até o pescoço e suas mãos traçavam caminho pelas suas costas as arranhando, deixando caminhos avermelhados.

– Seja um bom menino Khoury se despedindo da maneira certa.


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