Félix e Niko - Counting Stars escrita por Look at the stars


Capítulo 20
Capítulo 20




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Félix tinha em mãos o anel de noivado que em poucas horas estaria no dedo de Edith oficializando permanentemente sua futura união com ela. Ele olhava fixamente para o objeto enquanto o girava com os dedos em um ato de nervosismo, respirou fundo para tentar acalmar seu coração que outra vez estava acelerado por toda a pressão que estava caindo sobre ele, porém, parecia que simplesmente respirar lhe era difícil.

Félix se recostou mais confortavelmente nos travesseiros de sua cama, estava na mansão de seus pais, no entanto desejava com todas as suas forças que fosse transportado para qualquer outro lugar. Pelas contas do rosário qualquer outro lugar não, e sim para o apartamento dele. Já estava louco de saudade de ver seu sorriso, olhar para aqueles olhos verdes; estar com ele para que a avalanche em seu coração se acalmasse, para que seu mundo ganhasse vida novamente.

Houve uma pequena confusão entre realidade e ilusão dentro da cabeça dele quando ele viu o loiro parado perto de sua porta olhando em sua direção. Mesmo que aquela visão de Niko fosse contra tudo que parecesse real naquele momento, Félix por alguns segundos acreditou que fosse mesmo o loiro olhando-o com aquele par de olhos perfeitos preenchidos com o mais lindo verde que já virá em sua vida; e aquela visão era perfeitamente completa quando aquele rosto angelical era emoldurado com seu sorriso que Félix tanto amava.

Não acreditando que seria real o que seus olhos estavam vendo ele os fechou apertando-os com forças e quando os abriu novamente ele já não estava mais ali como era de esperado que acontecesse. A saudade extrema em seu coração estava começando a fazer seus olhos criar ilusões para confortá-lo, essa foi explicação mais racional que ele refletiu naquele momento.

Félix fixou os pés na realidade quando olhou novamente para o anel que segurava. Não havia mais escapatória, não havia como evitar o que estava prestes a acontecer. Faltavam apenas algumas horas para que seus familiares começassem a chegar para o jantar, se Félix continuasse carregando aquela tristeza em seu rosto qualquer um deles, com o mínimo de percepção, notaria de longe o quanto ele não queria está ali aquela noite, porém, assim como em qualquer historia que se preze o personagem principal não poderia faltar.

Félix com toda sua inteligência e perspicácia conseguirá evitar aquele jantar por dias, enquanto esperava esperançosamente que Niko ligasse e pedisse que desistisse de tudo para ficar com ele. Se assim fosse, Félix não pensaria duas vezes antes de largar tudo e ir ao encontro do loiro, porém, seu celular não tocou sequer uma vez. E cada hora que esperava pela ligação dele o moreno começava a se odiar por está agindo daquela forma, nunca havia se sentido assim antes, tão completamente dependente de alguém para ser feliz.

Nos primeiros dias ele estava ansioso e esperançoso que seu celular tocaria e ouviria a voz de Niko do outro lado da linha; as primeiras horas desde que chegou a casa dos pais foram as mais inquietas Félix olhava o aparelho por varias e varias vezes ao dia, mas a cada hora que se passava suas esperanças diminuíam cada vez mais até ele as perdê-las por completo. Niko não ligaria, concluiu, já havia se passado uma semana e nada, ele não ligaria e Félix se conformou com aquela realidade.

Aquela altura ele já havia visto e lido sua carta, se aquelas palavras sinceras não surtiram nenhum efeito no coração dele, Félix não poderia fazer mais nada a não ser esperar; pois a decisão estava unicamente nas mãos de Niko. Félix cogitou algumas vezes em ligar, porém, desistia antes mesmo de digitar o terceiro numero. Ligar um para outro quebraria o acerto que eles fizeram quando Félix saiu logo de manhã cedo do apartamento dele; o combinado era não ter mais nenhum contato, esquecer um do outro, e aparentemente Niko estava se saindo melhor do que ele nessa tarefa.

– Talvez meu destino seja esse... – Falou olhando para o anel. - formar a família que papi soberano tanto deseja que eu forme. Se tornar o filho ideal para o soberano Dr. César e quem sabe um dia ele veja o meu esforço para ser um filho exemplar e me deixe futuramente substituir seu lugar na presidência do San Magno.

Félix sorriu desiludido ao pensar que teve a pequena esperança de viver um amor de verdade.

– O que me fez pensar que amar e ser amado daria certo pra mim? – Seu pensamento escapou pelos lábios martirizando sua alma. – Félix... Félix a partir de agora tente manter os pés firmes no chão.

Ele ouviu uma batida suave na porta de seu quarto, guardou o anel de volta na caixinha de veludo, colocou-o dentro da gaveta. Ele foi até a porta, pois esta estava trancada já que ele não queria ser incomodado por ninguém principalmente por Edith que já havia pegado a irritante mania de entrar em seu quarto sem ao menos bater.

– Ah é você? - Seu semblante ficou o mais aborrecido que poderia ficar ao ver alguém quando viu sua irmã Paloma parada a sua porta que, para sua completa frustração, carregava um sorriso enorme no rosto.

– O que você quer aqui Paloma? – Falou virando as costas para ela indo em direção a sua cama para sentar-se.

– Vim desejar boa sorte para mais tarde... – Ela disse ao se sentar ao lado dele sem tirar aquele sorriso do rosto.

Félix se perguntava se o cérebro dela agia tão devagar para ela não perceber a sua falta de animo toda a vez que ela vinha falar com ele.

– E porque eu precisaria de sorte? – Perguntou friamente, deixando claro que não havia muitos motivos para tanta felicidade da parte dela. – Eu vou apenas pedir a Edith em casamento, não é algo que precise de sorte.

O sorriso dela se desmanchou aos poucos ao ver a infelicidade dele, ela realmente esperava encontrar seu irmão mais feliz e ansioso.

– É um momento especial para você meu irmão... Devia está mais contente Félix.

– E o que te faz pensar que esse é um momento especial pra mim? – Ele perguntou irritado ainda mantendo sua postura fria com ela.

– Porque não seria? Ela é sua namorada, se você está com ela é porque você a ama e o pedido de casamento é um momento importante tanto para você quanto para ela... – Ela segurou em sua mão e lhe sorriu novamente. - E eu estou muito feliz por você.

– Paloma você não consegue mesmo enxergar as coisas á sua frente? Ou você faz isso apenas para me irritar?

Ela ficou confusa e com um enorme ponto de interrogação em seu rosto; decididamente ela não percebia nada que ocorria dentro daquela casa. Mas agora ela estava com duvidas quanto aos sentimentos do irmão pela namorada, então perguntou:

– Você não a ama?

Talvez fosse o cansaço, a desilusão ou até mesmo a saudade que esmagava seu coração fez com que sua raiva de está tendo aquela conversa com ela diminuir pouco a pouco até se transformar em angustia. Félix então mentiu, falou o que os outros queriam ouvir e que a partir daquela noite sempre ouviriam de sua boca.

– Amo, ela é a mulher da minha vida... é com ela que eu quero passar o resto da minha vida, eu amo ela como nunca amei alguém antes.

Paloma sorriu diante daquilo, era isso que ela estava esperando ouvir dele.

– Que lindo Félix! O amor é tão lindo... Eu realmente desejo um dia encontrar alguém que me ame assim como você ama a Edith.

Félix forçou um sorriso, já estava cansado demais para sequer zombar da burrice da irmã então foi até a porta e pediu com uma calma desconhecida até para si mesmo.

– Agora vai embora tá, por favor! Eu quero ficar um pouco sozinho antes do jantar.

Diante de um pedido daquele, ela não pode fazer algo diferente do que atende-lo. Paloma saiu sem dizer nada ainda estava um pouco confusa, pois não entendia porque Félix ainda parecia está triste. Um Félix triste e sem fazer piadas bíblicas não era o irmão que ela conhecia, alguma coisa o atormentava, e com certeza era algo grave para deixá-lo daquele jeito. Já que ele estava assim ela decidiu deixá-lo sozinho como ele pedirá. Quando a irmã saiu de seu quarto ele encostou a porta e voltou se sentar na cama; e com uma mão no rosto ele se deixou chorar mais um pouco, colocar para fora tudo que ainda estava preso dentro dele.

.

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Durante certo tempo Niko deixou de acreditar em destino, de que duas pessoas eram destinadas a se amar para sempre e nada no mundo faria com que esse amor acabasse. Ele deixou de acreditar, pois os caminhos que seu destino geralmente o levava eram dolorosos demais.

Mas agora ele tinha uma direção e algo dentro dele insistia em dizer que nessa seria diferente, e essa direção levava á Félix. Tinha medo sim do que encontraria no meio desse caminho; talvez fosse dor, decepção, desilusão... sua mente racional não deixava de criar inúmeros obstáculos entre ele e Félix. Porém havia outra parte dentro dele que era comandada por seu coração, um coração frágil e remendado, mas ainda sim um coração.

Niko, com um sorriso emocionado, lia pela terceira vez a carta escrita por Félix. Seus olhos estavam marejados com tudo que sentiu ao ler aquelas palavras. Já não fazia mais sentido continuar negando para si o amor que Félix estava lhe oferecendo.

Enquanto apenas olhava para carta o loiro sorriu ao perceber que no verso dela havia um número, que provavelmente era do celular de Félix.

"Ele não desisti..." pensou.

Niko foi até a sala procurar por seu celular, sua ansiedade aumentava cada vez mais enquanto procurava pelo aparelho. Quando finalmente o achou algo passou por sua cabeça antes mesmo de digitar o primeiro número, ele pensou se não era tarde demais, afinal, o moreno pediu para que ele visse o que estava em sua gaveta no dia que fosse embora e já havia se passado uma semana.

Félix talvez não estivesse mais esperando por sua ligação ou até mesmo já tenha desistido.

– E se ele já tiver pedido a namorada em casamento? - Refletiu. – será que eu ligo ou não? - Uma disputa entre razão e coração estava declarada novamente.

Enquanto andava de um lado para o outro em seu apartamento ele pensava nas varias possibilidades do que poderia ouvir quando ligasse, poderia ser um:

‘Eu já desistir de você Niko...” ou um “Eu achei que meu lugar era do seu lado, mas me enganei, só agora eu percebi que meu lugar é aqui, ao lado da Edith...”

Mas com toda certeza nenhuma delas seria mais atormentadora do que não ouvir nada, do que não ouvir a voz dele outra vez nem que fosse pela ultima vez. Não ligar seria algo estúpido, pois poderia está deixando escapar de suas mãos o grande amor da sua vida. Antes de tomar a decisão de ligar para Félix Niko pensou em Gustavo, em como se arrependeu amargamente por não ter sequer lhe dado uma única chance, não queria repetir essa atitude com Félix; não se permitira fazer isso novamente.

Não poderia mais deixar o que Eron lhe fez afetar sua vida e impedi-lo de tentar ser feliz. Porque não tentar? Porque não se dar uma nova chance? Já fazia um longo tempo que ele se privou de expor seus sentimentos.

Se Félix parecia merecedor de ter seu coração porque não dá-lo de uma vez por todas a ele? Estava inseguro sim, porém estava sobre o efeito da coragem que as palavras dele lhe proporcionaram.

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– Félix? – Paloma chamou o irmão quando não houve respostas para as suas batidas na porta. – Félix a mamãe me mandou perguntar se você já esta pronto, o tia Amadeu já chegou. Ele e a família dele estão lá no jardim, mamãe disse para você descer e cumprimentá-los... Félix você ta me ouvindo? – Como não recebeu nenhuma resposta ela abriu lentamente a porta. – Eu to entrando.

Quando Paloma entrou no quarto ela pode ouvir o barulho do chuveiro ligado e o do celular de Félix tocando em cima da cama.

– Seu celular ta tocando Félix. – Exclamou, mas ainda sim não houve resposta.

Ela pegou o aparelho quando ele parou de tocar e viu que já havia três ligações perdidas de um mesmo numero, quando ia deixá-lo de volta na cama ele começou a tocar de novo. Ela olhou para o banheiro, Félix não dava sinais de que sairia de lá tão cedo então decidiu atender.

– Alô.

– Oi. – Niko estranhou quando ouviu a voz feminina do outro lado. – Esse é o número de Félix Khoury?

– É sim, que deseja falar com ele?

–...

– Alô? Você ainda está aí?

Algo em seu interior estava apertando o coração de Niko e ele sabia exatamente o que era; definitivamente ele podia chamar de... ciúme. E antes que esse sentimento o possuísse ele perguntou quem era que estava falando, sabia que não era Edith, pois já havia escutado a voz dela antes e decididamente não era a que havia atendido o celular de Félix.

– Sou Paloma Khoury, irmã do dono do celular.

– Ahh... oi Paloma, meu nome é Niko! – O loiro não pode deixar de esconder o alivio que sentiu ao saber que a voz feminina era da irmã dele. – Paloma eu queria falar com o Félix.

– Acho que ele não vai poder atender agora Niko, ele está tomando banho para um jantar importante essa noite.

– Jantar importante?

– Sim, ele vai pedir a namorada em casamento, vai oficializar o noivado. – Niko ficou calado então Paloma continuou falando empolgada. – Você é algum amigo dele? Você ia adorar ver como a mesa de jantar está linda. Ele devia ter convidado você, mamãe sempre quis conhecer algum amigo do meu irmão, mas ele sempre disse que não tinha amigos, e eu sempre achei que isso fosse mentira. Todo mundo tem pelo menos um amigo né?

– O Félix vai pedir a Edith em casamento? – Perguntou com a voz visivelmente abalada.

– Vai! Isso não é lindo? O amor é tão lindo, hoje mais cedo ele disse coisas tão bonitas para mim sobre a namorada. – Paloma contou animada.

– Coisas bonitas?

– Ele disse que a amava, que ela era a mulher da vida dele, que queria passar o resto da vida dele ao lado dela e que nunca havia amado alguém assim antes. Isso não é indo? Eu quero um dia viver um amor assim...

– Ele falou isso? – Niko agora falava chorando.

– Falou... – Respondeu menos animada, pois percebeu que ele chorava, pode até mesmo ouvir os soluços abafados dele. – Você ta chorando?

Nesse momento Félix saia do banheiro enxugando o cabelo com a toalha e parou para ouvir o que a irmã falava.

– Oi, você ainda ta aí? Por que você ta chorando? Você ta bem?... Você pode me ouvir Niko? Niko? Ni...

Félix tomou rapidamente o celular da mão dela quando a ouviu falar o nome dele.

– Me dá isso aqui Paloma... Alô Niko? Sou eu o Félix. O que aconteceu? Fala comigo, eu sei que você ainda ta na linha. Por favor, fala comigo meu amor...

Félix continuava tentando falar com Niko, mas não havia resposta somente silêncio. Paloma ainda estava parada olhando para Félix que tentava insistentemente obter uma resposta do rapaz, de repente ele parou de tentar e se virou para ela.

– O que você disse pra ele? – Perguntou rispidamente.

– E-eu não disse... nada demais.

– Nada demais? Então porque eu ouvi você perguntando porque ele estava chorando? Por acaso ele já estava chorando quando você atendeu?

Ela apenas balançou a cabeça dizendo que não, Félix então segurou nos braços dela.

– Então o que você disse para ele ter ficado daquele jeito?

Paloma ficou assustada, definitivamente aquela era a primeira vez que Félix estava realmente furioso com ela.

– Eu não disse nada demais... eu juro. – Ela olhou para a mão dele em seus braços. – Félix ta doendo.

Félix a soltou e ficou de costas para ela com a mão na cabeça.

– Alguma coisa deve ter acontecido Paloma, ele te disse algo? – Félix foi até ela novamente e pegou em seus braços só que de maneira mais sutil agora. – O que vocês conversaram?

– Bom... ele disse o nome dele e disse que queria falar com você...

– E o que você disse?

– Disse que no momento você não poderia atender... porque estava tomando banho para um jantar importante.

– E...?

– Ele perguntou sobre o jantar... e eu falei do pedido de casamento... que você ia fazer.

– E quando exatamente ele começou a chorar? – Perguntou aflito.

– Eu...eu não sei...

– Vamos Paloma, eu sei que não é do seu hábito, mas pelo menos uma vez na vida pense um pouco.

– Eu acho que... ele começou a chorar depois que...

– Depois que o que? – Félix já estava ficando extremamente irritado por ela está falando pausadamente.

– Depois que eu falei o que você tinha me dito mais cedo...

Félix soltou o braço dela e perguntou com a testa enrugada sem entender ao que ela se referia.

– E o que foi que eu te disse criatura?

– Que você amava a Edith... que ela é a mulher da sua vida. Aquele monte de coisas bonitas...

Félix colocou as duas mãos no rosto.

– Qual terá sido meu pecado bíblico para merecer isso... Eu não to acreditando no que você fez.

– E o que eu fiz?

Félix olhou para ela.

– Vai embora daqui Paloma.

Ela não se moveu.

– VAI...

Assim que a porta foi fechada Félix terminou de se arrumar, colocou os sapatos o mais rápido possível. Logo em seguida pegou as chaves do carro e foi até a janela, de lá podia ver alguns de seus familiares reunidos no jardim da mansão, se tivesse o mínimo de sorte a sala que dá acesso a cozinha e a porta dos fundos estaria vazia.

Ele desceu cautelosamente as escadas e para seu alivio as únicas pessoas que haviam ali eram alguns empregados arrumando a mesa do jantar. Quando chegou á cozinha foi rapidamente em direção a porta que dava acesso a área externa da mansão, porém antes de tocar na maçaneta da porta ele ouviu novamente sua voz.

– Félix... – Ele se virou para olhar para Paloma. – Você não pode ir embora.


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