Félix e Niko - Counting Stars escrita por Look at the stars


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capitulo :) ♥
Boa leitura...



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– Como assim eu não vou poder ir embora Paloma? – Ele passou o dedo na sobrancelha como era de habito fazer toda vez que estava nervoso. – Você bateu a cabeça. Foi isso não foi? Ta pensando que é papi soberano para querer decidir o que eu devo ou não fazer da minha vida.

Naquele momento tudo o que ele queria era sair o mais rápido possível daquela casa, entrar no carro e ir atrás de Niko. Porém Paloma, mais uma vez, insistia em ser um impasse entre ele e sua felicidade.

Mantendo uma expressão serena ela olhou para os empregados que estavam com eles na cozinha e presenciavam toda aquela pequena discussão entre os irmãos. Félix tinha esquecido por completo que além dele e de sua irmã havia outras pessoas ali no local. Paloma gentilmente pediu á eles:

– Vocês poderiam nos deixar a sós por alguns minutos? – Eles olharam para ela meio receosos de abandonar seus afazeres. – Por favor! Prometo que a nossa conversa não vai demorar muito, vai ser rápida. Depois vocês voltam e terminam o que estão fazendo. – Ela insistiu e seu pedido foi atendido.

Os empregados se retiraram e assim que ficou sozinho com ela Félix perguntou com a voz elevada.

– O que você quer Paloma?

– Você tem um jantar para comparecer daqui a pouco Félix. Nossa família está aqui, sua namorada está quase pra chegar... Você não pode sair agora.

– E o que você pretende fazer para me impedir de sair por aquela porta? Vai chamar o todo poderoso Dr. César? Pois fique sabendo que nada, nem mesmo nosso pai, vai me impedir de ir atrás do Niko.

Félix ainda não havia dito o que ela queria ouvir, então Paloma perguntou:

– Você quer adiar o jantar mais uma vez?

– Será que você ainda não entendeu? – Félix falava mais alto do que deveria. Se alguém estivesse por perto certamente o escutaria. – Eu não amo a Edith, não quero pedir ela em casamento, eu não quero me casar com ela... – ele suspirou tentando se acalmar e por fim falou um pouco mais baixo. – não quero viver uma vida de mentiras. Tudo que eu quero agora é sair daqui e ir atrás de quem eu realmente amo. É tão simples e você não consegue entender?

Ela sorriu largamente para ele expressando toda sua alegria da qual Félix não entendia o motivo.

– Eu já entendi Félix, eu só queria ouvir isso da sua boca.

Félix, que começará a ficar impaciente, pois aquela altura já devia está a caminho do apartamento de Niko, perguntou:

– Dá pra você ser mais exata? Sobre o que você está falando?

– Você finalmente ta sendo sincero e verdadeiro no que diz pra mim... Acho que no fundo eu percebia toda a ironia e sarcasmo em tudo que você me dizia, mas eu ignorava porque achava que esse era seu modo de falar e agir. Só que agora... quando eu ouvi você falando com o Niko no telefone eu notei uma coisa...

– O que?

– Você foi sincero, sua voz não estava cheia de sarcasmo ou deboche. Acho que pela primeira vez eu vi quem é você de verdade. Você o chamou de “meu amor”, algo que eu nunca ouvi você dizer pra sua namorada. E mesmo se não tivesse o chamado daquela forma carinhosa você continuaria soando mais apaixonado do que qualquer poesia que você falasse pra Edith essa noite. Quando tentou falar com ele, você parecia está preocupado e até mesmo desesperado por ele não ter te respondido... E foi aí que eu percebi a besteira que eu tinha cometido.

– Não se culpe tanto, de você eu sempre espero coisas desse tipo. Você sempre foi um empecilho na minha vida Paloma.

– Não fala assim Félix! Desse jeito eu vou achar que você me vê como uma inimiga e não como uma irmã.

Félix passou a mão no rosto e respirou fundo, ainda não descobrirá qual pecado bíblico havia cometido para merecer aquilo.

– Será que você pode me dizer de uma vez por todas o que você quer de mim? Se não for nada, pelas contas do rosário, pare de tomar meu precioso tempo.

Paloma mostrou o que carregava em uma das mãos, foi até ele e ofereceu para que pegasse.

– Uma chave? – Perguntou confuso.

– Pega... - Paloma continuava com a mão estendida oferecendo-lhe a chave, Félix mesmo sem ainda entender por qual motivo ela estava entregando aquilo pegou de sua mão. - É a chave de um dos carros.

– Pra quê? Eu já tenho aqui comigo a chave do carro que eu sempre uso.

– Vai ser melhor você usar esse.

– Paloma eu não...

– O carro que você costuma usar ta guardado na garagem, se você for até ele e sair daqui da mansão o dirigindo vai chamar muita atenção. Como eu disse, nossos familiares estão lá no jardim junto com nossos pais, se você sair no seu carro vão perceber que você está indo embora. Já o carro dessa chave que eu te dei é geralmente usado pelos empregados quando vão comprar alguma coisa no mercado ou algo assim, se você sair nele não vai chamar atenção porque o pai e mãe vão pensar que é algum dos empregados da casa.

– Faz sentindo... – Sorriu. – Estou surpreso, pela primeira vez dá pra achar que tem um cérebro aí dentro dessa cabeçinha. E mais surpreso ainda por eu não ter pensado nisso...

– E como poderia? Você tinha alguém ocupando todos os seus pensamentos.

– Paloma... eu posso saber por que você ta fazendo isso por mim?

– É uma forma de me retratar com você pelo o que eu disse pro Niko. – Ela se aproximou mais dele e o abraçou, um pouco sem jeito ele tentou, a sua maneira, retribuir o abraço inesperado. – Eu gosto de você Félix, você é o único irmão que eu tenho e eu sempre tentei fazer você gostar um pouco de mim... – Falava ela ainda agarrada ele. – mas eu acho que todas as minhas tentativas de me aproximar de você te irritava, tudo que eu fazia te irritava e eu não entendia o porquê.

Ela se afastou para poder olhá-lo.

– Espero ter feito algo que te agrade agora.

– Você fez, obrigado... de verdade, obrigado. – Disse emocionado.

– Ta vendo... – Ela limpou as próprias lagrimas e com um sorriso disse. – você sempre reclama do meu jeito emotivo, mas você é tão emotivo quanto eu.

– Agora eu tenho que ir. – tentou disfarçar.

– Ta bom! E eu vou lá com nossos pais inventar alguma desculpa para a sua demora.

Ele foi até a porta que dava acesso ao jardim dos fundos,mas antes de sair chamou por ela.

– Ei...

– Hum?

– Você nunca foi muito boa em contar mentiras então... diz pra eles que eu to demorando porque eu quero ficar elegantérrimo pro jantar, diz que eu quero ser o mais elegante e bonito dessa noite. Diz isso, eles vão acreditar.

– Tá bom! – Sorriu do jeito dele.

– E, mais uma vez... Obrigado.

.

.

.

Niko estava sentindo aquela sensação esmagadora novamente, de ter seu coração reduzido há cinzas. Quando ele ouviu todas aquelas palavras que a irmã dele disparou em cima de si, sem ter a menor chance de tentar se preparar para escutar tal coisa, sua maior vontade naquele instante era sumir; desaparecer com a dor que estava apagando o último vestígio de esperança que Félix havia acendido dentro dele.

Niko corria pelas ruas, corria como se estivesse fugindo de alguém ou de algo que fosse tragá-lo para um lugar sombrio e obscuro. Fugir e se esconder de tudo que o fizesse se sentir tão desolado como estava agora. Ele chorava e se perguntava o quanto seu coração ainda teria que apanhar para conseguir entender o que sua mente racional já havia aprendido há muito tempo. Que o amor é algo que vem te faz feliz por um tempo, mas quando vai embora, destrói tudo dentro de você deixando apenas ruínas do que você foi algum dia.

A todo o momento ele esfregava seu rosto com as mãos em uma tentativa sempre frustrada de conseguir parar de chorar. Um pouco mais calmo, e sem fôlego, ele curvou o corpo se apoiando com as mãos em suas pernas e tentou puxar o mais que podia de oxigênio para dentro de seu peito. Respirou fundo e limpou as lagrimas pela última vez, pois não pretendia voltar á chorar. Ele melhor do que ninguém sabia que chorar nunca resolveu nada em sua vida, de olhos fechados ele pediu desculpas por ter quebrado a promessa. Sentiu pequenas gotas de água caindo sobre seu rosto, estava começando chover.

Niko não sabia para onde ir, quem procurar. Pensou em sua mãe, mas aparecer na casa dela e enfrentar seu pai era algo que não queria. Isso só o deixaria pior do que já estava. Talvez só precisasse ficar longe; longe da voz da irmã dele dizendo que ele a ama. Queria está longe de seu apartamento, o lugar em que, em cada canto havia algo que lembrava ele. Queria tentar apagá-lo de sua vida, mas sua mente sempre o traía trazendo memórias nítidas de Félix e dos momentos que passaram juntos.

Tempo depois, com a chuva mais forte, Niko ainda continuava seu percurso sem destino. Completamente molhado ele andava vagarosamente não se importando com seu estado. Com o andar mais calmo e sem muito esforço ele pode perceber o lugar a sua volta, estava razoavelmente longe de casa e nem notará que tanto tempo já havia se passado desde que saiu dela.

“Niko...” a voz suave de Félix o chamando chegou até o loiro, mas este apenas balançou a cabeça achando que fosse sua mente lhe pregando uma peça.

Félix sorriu ao ver a atitude dele, aproximou o carro para mais perto da calçada onde ele andava distraído.

– Criatura eu estou mesmo aqui. – Disse ao parar o veículo do lado dele.

A surpresa no rosto de Niko era tão maravilhosamente linda de se ver que, se pudesse, Félix ficaria ali por horas apenas o admirando.

Diante da reação de Niko, ou melhor, da falta dela Félix decidiu falar novamente.

– O que você ta fazendo aqui? Porque ta andando assim nessa chuva? Sozinho. – Perguntou preocupado.

Perante a tudo que acontecia e a confusão que se formava naquela cabecinha de cachos loiros, Niko respondeu irritado.

– Não é da sua conta.

Ele esperava qualquer outra reação da parte de Félix menos a que ele fez a seguir. O moreno simplesmente sorriu, tão radiante e meigo como Niko estava acostumado a vê-lo.

– O que foi? Porque ta aí com essa cara de felicidade?

– Nada é só que... – sorriu largamente. - Quem está aqui na minha frente agora é aquele Niko emburrado e genioso de sempre. O Niko do qual eu me apaixonei.

– Para de mentir Félix. – Falou aborrecido. – Você nunca foi apaixonado por mim.

– Não to mentindo.

Félix viu que pelo estado das roupas dele e dos cabelos inteiramente molhados, Niko estava naquela chuva há muito tempo.

– Entra no carro. – Pediu.

– Não. – Respondeu automaticamente.

– Não seja teimoso criatura. Você pode ficar doente passando tanto tempo assim na chuva... e eu quero esclarecer as coisas...

– As coisas já estão bem claras pra mim Félix.

– Não estão não... Vem comigo! Eu vou te levar pro seu apartamento... Sai dessa chuva.

Félix viu que a tarefa de levá-lo para casa não seria tão fácil quanto esperava quando o viu cruzar os braços e continuar andando. Félix desceu do carro e correu até ele não se importando de ficar tão molhado quanto ele estava.

– Tudo bem, já que é assim... Vou te fazer companhia. – Determinou enquanto seguia andando ao lado dele. – Pra onde você vai? Seu apartamento fica na direção oposta.

– Porque você tem que ser tão insistente Félix Khoury?

– E porque você tem que ser tão teimoso Nicolas Corona? – Retrucou.

– Sua roupa de grife vai ficar toda encharcada, meu querido.

– Eu não ligo... Algo muito mais importante na minha vida já está todo molhado.

– Dá pra parar de falar essas coisas...

Félix insistia em acompanhar Niko mesmo este deixando claro que não queria sua companhia. O moreno estava vendo ao vivo e a cores o que era um carneirinho realmente genioso. Niko não o deixava sequer abrir a boca para explicar tudo o que aconteceu, ele falava e falava não o deixando formular nenhuma palavra.

– Você é um chato sabia? Desde o começo foi, mesmo sabendo que eu não queria você por perto você insistia em ficar do meu lado. Porque não me faz o favor de voltar pra sua noivinha hein? Ela deve está muito contente exibindo o anel de noivado que você deu á ela não é mesmo?

– Niko...

–Foi um erro enorme ter deixado você entrar na minha vida daquele jeito, devia ter mandado você embora na medida em que percebi que estava começando a te amar.

– Então você está admitindo que me ama? – Perguntou contente.

– Não, não to... – Tentou negar ao perceber o que tinha falado, porém cedeu. - talvez... Mas isso não vem ao caso. – Ele se enrolava nas próprias palavras.

Félix, com toda a calma que conseguia encontrar dentro de si para lidar com aquele carneirinho, estendeu a mão para ele e pediu docemente.

– Vem, vamos pro meu carro e sair dessa chuva?

Niko o encarava exasperado e com os braços cruzados. Como se aquela atitude acompanhada de um irritado, porém encantador olhar de quem não faria o que o outro pedia, fosse fazer Félix desistir.

– Eu já disse que não. – Se virou para sair dali, mas Félix o segurou pelo braço, com a outra mão o puxou pela cintura e o beijou. O beijou como estava querendo fazer desde que o encontrou, matar a saudade que estava sentido daqueles lábios rosados e macios.

A água da chuva escorria pelos rostos que recusavam se separar, Niko sentia as mãos de Félix o puxando para um abraço protetor. Era loucura, ele pensava, Félix conseguia ser sua ruína e sua salvação ao mesmo tempo. O ápice e o precipício do que sentia.

– Eu sou teimoso demais para te deixar ir embora. – Sussurrou após partir o beijo. - A gente precisa conversar.

Se Félix era teimoso Niko também sabia ser, até mais. O loiro ainda não havia cedido totalmente, ainda tinha muitas coisas passando por aquela cabecinha e a principal delas era tudo o que Paloma lhe disse.

Ele concordou e voltou para onde o carro ficou estacionado. Mas não sem antes ignorar Félix e ir à frente o deixando para trás, enquanto este apenas balançou a cabeça resignado e o seguiu.

Assim que entraram no carro Niko fez questão de sentar no banco de trás para evitar ficar ao lado dele. Em silêncio os dois seguiram o caminho de volta para o apartamento, Niko evitava olhá-lo nos olhos pondo-se a observar as coisas através da janela do carro.

Félix dividia sua atenção entre a estrada e observá-lo, percebeu que ele mantinha os braços cruzados só que agora era por conta do frio que estava sentindo por estar com a roupa molhada.

– Você ta usando uma das roupas que eu comprei pra você? – Disse ao olhar bem para o que ele vestia.

Niko desviou sua atenção da janela, olhou para Félix depois para a roupa que estava usando. Realmente, como ele havia comentado estava usando uma das roupas que Félix tinha comprado. Mas assim que viu o sorriso dele pelo espelho virou o rosto para a janela ignorando sua tentativa de puxar assunto.

Niko sabia que aquela atitude era infantil e sem nexo, mas não havia espaço dentro dele para pensar sobre isso, pois o ciúme que sentia ocultava qualquer sentimento coerente que ele podia ter. Quando chegaram ao seu destino Niko tratou de tentar sair do carro, mas foi impedido.

– Destrava a porta Félix. – Ordenou.

– Não. – Respondeu com calma, como se a reposta fosse bem aceita por ele.

– Me deixa sair.

– Não! Não deixo...

Aquela conversa tinha tudo para parecer uma discussão, porém, algo ali não contrastava com ar tenso de qualquer briga. O sorriso divertido de Félix fazia tudo parecer uma brincadeira. Estava realmente se divertindo com o jeito bravo de Niko, até assim ele conseguia ser tão fofo.

– Do que você ta rindo? Isso não tem graça nenhuma...

– Sua fofura é tão extrema que nem estando com raiva você perde ela.

O moreno tirou o cinto de segurança e meio desengonçadamente, pela falta de espaço, foi até o banco traseiro junto a Niko.

– Pra você tudo é divertido né?

– Eu to vendo nesses olhinhos verdes que se eu deixar você sair, você não vai querer conversar comigo... nem mesmo vai me deixar entrar no seu apartamento. Então você está preso aqui até eu te dizer tudo que eu quero dizer.

Félix pegou sua jaqueta que tinha deixado no banco da frente e mesmo com a resistência de Niko a colocou por volta dele para esquentá-lo. Com certa delicadeza Félix retirou os cachinhos molhados da testa dele, depois fez um leve carinho no rosto molhado e gelado.

– Eu quero sair... – Dizia repetidamente, pois não sabia por quanto tempo mais conseguiria resistir a ele. Félix colocou o braço em volta de seu ombro trazendo-o para mais perto. O rosto dele estava perigosamente tão próximo do seu, as respirações se encontrando e o coração batendo em um ritmo só deles. – Me deixa sair daqui.

– Por quê? Você quer voltar para aquela antiga vida solitária e vazia?

– Eu estava muito bem sozinho antes de você aparecer. – Niko afirmou, entretanto nem ele acreditava mais nisso.

– Não... você só estava acostumado, é diferente. Eu sei disso porque eu sempre estive sozinho e aprendi a viver assim, mas aí eu encontrei você e me permitir te amar porque eu sabia o quanto isso era infinitamente melhor do que a vida que eu sempre vivi. Nós dois sabemos o quanto é bom acordar ao lado um do outro... Você sabe que isso é melhor do que acordar com uma ressaca e um coração vazio.

– Porque você está aqui Félix?

– Porque eu te amo... – Félix segurou o rosto dele. - porque viver sem você parece ser completamente impossível. Porque eu me recuso a desistir de você... me recuso desistir de nós.

Niko tirou a mão dele de seu rosto.

– A Paloma me disse que... – Começou, mas foi logo interrompido pelo outro.

– O que a Paloma te disse foi o que todos acreditavam que eu sentia pela Edith. Mas eu não sinto nada por ela, eu estava encarnando meu papel de namorado apaixonado, porque era isso que eles queriam. - Félix acariciava o rosto dele e mirava aqueles olhos verdes como ninguém jamais fizera. – Eu te amo... e quero ficar com você. Só com você.

– Eu também te amo... mas pra ficar comigo tem uma condição.

Félix sorriu.

– Qual?

– Só aceito se for para sempre.

Félix entrelaçou sua mão na dele.

– Pra sempre... e muito mais além.

Tempos depois...

Aquela era mais uma manhã no apartamento que Félix e Niko dividiam a pouco mais de um ano. Mas, havia algo especial naquele dia e Niko, que não cabia em si de tanta felicidade, não deixou Félix dormir um pouco mais como era de seu costume deixar.

– Félix, meu amor... – Ao contrário de como fazia todas as manhãs em que acordava mais cedo que ele, Niko não estava o chamando aos beijos e com voz mansa. O loiro balança o ombro dele de um lado para o outro, e este, apenas murmurava palavras desconexas; ainda perdido em seus sonhos. – amor... Acorda, vamos!!

– Não carneirinho eu não quero. – Respondeu Félix ainda com os olhos fechados.

Niko nãos sabia dizer se ele tinha acordado ou respondia ainda dormindo. Decidiu balançá-lo mais uma vez, só que agora Niko estava quase pulando na cama para que ele acordasse mais rápido.

– Vamos Félix, acorda... é hoje... é hoje. – Niko pulava como uma criança feliz e só parou quando conseguiu o que queria. Félix finalmente havia acordado de verdade.

– Ok, ok Niko... Você venceu. Acordei... To acordado. – Sentou-se na cama ainda bocejando. – O que foi hein? Porque está aí todo saltitante?

– É hoje amor. – Disse animado.

– Sim é hoje... é hoje. – Dizia enquanto passava a mão no rosto para tentar espantar o sono. – O que tem hoje mesmo?

Niko cruzou os braços e o encarou demonstrando que sabia muito bem que ele estava de brincadeira. Já que Félix, mesmo que não demonstrasse, estava tão ansioso quanto ele.

– Você sabe muito bem o que tem hoje... – Félix o olhou ainda com os olhos meio fechados, pois a luz que adentrava pela janela do quarto do casal o incomodava. – A inauguração do restaurante Félix.

Niko não conseguia esconder sua felicidade e entusiasmo com o tão esperado dia de abrir seu restaurante. Ele e Félix haviam economizado tanto para juntar o dinheiro necessário para abri-lo. Apesar de que ambos tivessem quantias guardadas em banco, ainda sim faltava uma determinada quantia e eles batalharam bastante para consegui-la já que nenhum dos dois queria pedir a ajuda de suas famílias.

– Eu sei carneirinho. Como poderia esquecer hein? – Fez um carinho no rosto sorridente do companheiro. – Você fala disso a casa segundo criaturinha...

– Que exagero... é cada minuto.

Ambos sorriram em uma gargalhada gostosa. Félix virou-se para sair da cama, ergueu a sobrancelha surpreso ao ver a hora no relógio, rapidamente olhou para Niko.

– Carneirinho!!

– Que foi?

– Você já viu que horas são?

– Seis horas. Por quê?

– Como assim porque? É cedo demais... – Afirmou Félix enfatizando a palavra cedo.

– Nem é tão cedo assim Félix.

– Como não? O combinado não foi inaugurar o restaurante no jantar?

– Foi.

– Então porque já está aí todo saltitante me chamando por causa da inauguração a essa hora?

Niko não soube o que dizer.

– Desculpa Félix...

Félix o puxou para um beijo, o primeiro daquele dia.

– É que eu to ansioso, eu tenho sonhado com esse dia a muito tempo. Você não está ansioso também?

– Estou... Porém prefiro ficar ansioso enquanto durmo mais um pouco.

Ele voltou a se cobrir com os lençóis para tentar dormir, mas achava difícil, pois sabia que havia um carneirinho que queria atenção.

– Você vai me deixar falando sozinho é? – Perguntou manhoso enquanto acariciava o braço do namorado.

– Não. Vem cá meu carneirinho... – Chamou-o abrindo os braços para que o loiro se aconchegasse neles. – vem ficar agarradinho aqui comigo.

E assim Niko foi, mas ele estava elétrico demais para permanecer calado e quieto por muito tempo. Ele mexia nos cabelos negros de Félix, depositava beijos em seu queixo e o chamava:

– Félix...

– Hum?

– Eu tenho uma pergunta pra você.

– Que pergunta?

– O restaurante é razoavelmente grande e tem varias mesas... Sei que ele está no começo, mas eu queria muito um ajudante. Só eu na cozinha é complicado, e se algum dia todas as mesas forem ocupadas? Como eu vou dar conta sozinho?

– Você vai ter um ajudante Niko, inclusive eu já acertei isso. Pedi para ele aparecer lá no restaurante um pouco mais cedo que os outros funcionários, só para você mostrar como as coisas funcionam.

– Como assim já acertou Félix? Você já o contratou?

– Já.

– Ele vai trabalhar na cozinha comigo, não acha que eu devia conhecê-lo antes de dar o cargo para ele?

– Tenho certeza que você vai gostar dele. – Afirmou.

– Não se trata só de gostar, tem que ver se ele é bom no que faz.

– Ele é bom carneirinho, tudo que eu ouvi sobre ele foi só elogios. Confia em mim, você vai adorar trabalhar com ele... eu tenho certeza disso.

Niko se calou por um longo tempo, pensando sobre o assunto. Era um tanto estranha aquela certeza que Félix tinha quanto ao novo funcionário. E o loiro principalmente estranhou o fato dele ter acertado tudo isso sem consultá-lo, pois até o momento ele e Félix haviam decidido tudo juntos. E já que o cargo era para alguém que passaria bastante tempo ao seu lado, Niko achava justo conhecê-lo antes.

– Félix.

– Quê?

A aquela altura Félix já começará a desistir de conseguir dormir.

– Como você tem certeza que eu vou gostar dele?

– Porque eu tenho carneirinho, sei que você vai gostar.

O loiro ficou quieto, porém, tempo depois voltou a chamá-lo.

– Félix...

– Carneirinho, pelas contas do rosário. Se você não calar essa boca linda e gostosa eu vou enchê-la de beijos.

– Isso não é uma boa ameaça para me incentivar a me calar, sabia?

Félix apenas o beijou apaixonadamente puxando-o para mais perto entrelaçando suas pernas nas dele.

– Agora fique caladinho. – Ordenou após o beijo.

... ... ...

– Félix...

– O quê que foi agora?

– A gente pode ter um cachorro agora? Você disse que a gente poderia ter um depois de abrir o restaurante.

– Talvez meu amor... Talvez. Ainda to pensando no caso.

... ... ...

– Félix...

– Você só pode ta brincando comigo né Niko?

– Quando você vai me pedir em casamento? – Ele perguntou e esperou pela reação dele com um sorriso divertido no rosto.

– Oi?

– Casar Félix, você também disse que casaria comigo depois de abrir o restaurante.

– Carneirinho.

– Hum?

– Quer pedir mais alguma coisa? Ou é só isso mesmo?

– Eu quero ter quatro filhos. – Afirmou rapidamente.

– NIKO.

– Que foi?

Ambos sorriam.

– Três filhos no maximo ta bom? Por que o Vicente conta como o quarto filho.

– Então a resposta é sim pra tudo que eu pedi?

Em um movimento rápido Félix o puxou para que ele ficasse em cima. Após um beijo olhou profundamente em seus olhos.

– A gente vai ter tudo o que você quiser meu amor. Tudo.

Félix passava confiança para Niko e este lhe retribuiu com um belo sorriso e um par de olhos verdes brilhando mais do que nunca. Félix tinha plena consciência do quanto aquele dia era importante para Niko e o quanto os outros mais a seguir seriam à medida que realizasse cada um dos sonhos dele. E vê-lo tão feliz lhe enchia o peito de alegria, talvez Félix nunca sequer tenha imaginado que em sua vida a única e exclusiva meta seria viver para fazer outro alguém feliz.

Desde que se juntaram o maior sonho deles era abrir um restaurante. Planejaram tudo juntos, desde os maiores e pequenos detalhes. Félix fez do sonho de Niko o seu.

Um pouco mais cedo do que pretendiam, graças à ansiedade extrema de Niko, os dois foram para o restaurante. O local estava perfeitamente arrumado, cada mesa e cadeira em seu devido lugar. Os olhinhos verdes brilhavam cada vez que ele abria a porta e se deparava com seu sonho, bem ali na sua frente, realizado.

Félix sentou-se em uma das mesas e observava Niko dirigindo-se para trás do balcão.

– Imagina que lindo e sexy você atrás desse balcão usando o jaleco do restaurante. – Comentou Félix com um sorriso nada inocente. – Acho que alguns clientes vão voltar, mas não vai ser só por causa da comida.

– E eu prevejo alguém com ciúmes desse Chef aqui... - Provocou. – vou dar uma pista, começa com F.

– Há há... Você sabe que eu não sou ciumento.

– Sei, você não é nem um pouquinho... – disse ironicamente.

– Não sou mesmo por que eu sei que... no final das contas só eu posso comer o sushi e o Chef também.

– Aii Félix, se controle. Você sabe que eu sou só seu, mas eu acho que isso vai ficar mais evidente para os outros quando eu estiver usando uma aliança nesse dedo aqui. – Niko apontou para o dedo onde costuma ficar a aliança de casamento.

– Você cismou em casar mesmo né?

– Claro. – respondeu docemente.

– Eu vou te pedir em casamento. Poderia fazer isso aqui e agora, mas não seria nada romântico. Eu quero fazer uma coisa especial. – Félix sorriu apaixonado ao ver o rosto dele se iluminar.

– Pra ser especial basta ter você.

Félix foi até ele e se esticou por sobre o balcão para beijá-lo. Após o beijo o moreno anunciou que antes de ir à casa dos pais precisava ir a um lugar resolver alguns assuntos, mas não quis dizer para Niko o que era.

– Ué, porque eu não posso saber?

– Porque é uma surpresa. – Disse e em seguida se foi sem falar mais nada, deixando Niko curioso.

Félix sabia o quanto Niko adoraria a surpresa, apenas lamentava por não poder está presente quando ele a visse. Tinha que resolver outros assuntos. E um desses assuntos era seu pai. Pretendia ir até a mansão convidar ele e toda sua família para um jantar no restaurante.

Desde que saiu da mansão e foi morar com Niko a relação de Félix com o pai, que já não era tão boa, piorou. Durante duas semanas ele ficou sem saber como sua família havia ficado após a noticia de que não se casaria mais com Edith porque decidiu viver com Niko. A primeira pessoa com quem teve contato foi sua irmã que, contrariando a vontade de César, ligou para o irmão. Ela contou que o pai ficou irado quando soube e que proibiu ela e sua mãe de sequer falar com ele. Pilar era fiel demais para contrariá-lo. Mas isso não durou por muito tempo, depois de alguns dias e de apresentar Niko para ela, Pilar tomou consciência de que repreende-lo por está com alguém que César não queria era patético.

César se dizia traído pela própria família, mas cada um tentava contorna isso e fazê-lo aceitar Félix do jeito que ele era. Durante um ano inteiro Félix e César haviam trocados poucas palavras.

Mesmo com tudo que Niko sofreu nas mãos do próprio pai, Félix desejava que o seu fosse mais como o dele. O preconceito de César ultrapassava muito o do Sr. Corona e a teimosia também. O pai de Niko já o havia aceitado há muito tempo quando percebeu que Niko realmente gostava do moreno.

O pai de Niko tinha um jeito torto de amá-lo, mas deixava claro que o amava e se importava com ele. Ao contrário de César que nunca demonstrou e Félix às vezes se perguntava se ele o amava mesmo.

Criar um laço com seu pai era o que nunca desistiria de tentar, pois ele tinha o apoio da pessoa que mais ama na vida; seu carneirinho.

.

.

.

Niko havia perdido as contas de quanto tempo estava parado ali na entrada do seu restaurante apenas observando-o. Com um suspiro de satisfação ele sorriu ao ler o nome do restaurante logo na entrada. Não poderia ser diferente, não poderia ter outro nome, apenas tinha que ser aquele. Era uma maneira de lembrar-se de como ele foi importante em sua vida e que se estava ali hoje era por causa dele.

– Restaurante Gian... – Uma voz masculina ao seu lado falou. – É uma bela homenagem para ele.

Niko se sentiu mais orgulhoso ainda com aquele comentário.

– É não é? – O loiro não se deu nem ao trabalho de ver quem estava do seu lado tamanha era sua fascinação.

O homem sorriu ao ver o quanto ele estava distraído, então falou algo que certamente chamaria a atenção do loiro.

– O Gustavo merece essa homenagem, e sendo o amigo que você é Niko, eu não esperava algo diferente da sua parte.

Niko pôs-se a olhar quem estava do seu lado. Ainda com a surpresa estampada em seu rosto ele perguntou não acreditando em quem estava ali.

– Edgar?

– Oi Niko!!


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