Anna & Kiba escrita por ACarolinneUs5


Capítulo 6
Capítulo 6




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Capítulo Seis

Ele ainda me olhava com aqueles grandes olhos azuis penetrantes, do alto da escada seu sorriso parecia verdadeiro.

– Deidara...? – Perguntei, confusa.

– Ah, que bom! Você sabe o meu nome, não preciso mais me apresentar – disse ele sorrindo. Ele era simpático assim com todos? Estou muito confusa.

– Por que me chamou de maninha?

– Porque sou seu irmão, oras – disse ele como se fosse algo extremamente óbvio.

– Meu... Irmão? – Como assim meu irmão? Eu não entendia, nada daquilo se encaixava.

– Sim, Anna. Kunanari é minha mãe, suponho que ela seja a sua também, certo?

– Sim... mas...

– Então pronto, isso faz de mim seu irmão.

Nada disso faz sentido... Minha mãe nunca me falou de outro filho, se bem que nós não conversávamos muito. Mas então eu olho para ele e vejo os olhos dela. Seu cabelo é da cor do meu. Existem semelhanças, isso é incontestável.

Ele desce metade das escadas até onde eu ainda estava parada, abismada, confusa. Ele me abraça. Deidara está feliz? Não consigo dizer, sei que sinto seu coração batendo forte e rápido contra meu peito. Ele me solta e segura meus braços com suas mãos cobertas com luvas pretas. Não consigo ver seu olho esquerdo, parece ter algo metálico ao redor dele. Seu sorriso era muito bonito, dava para perceber que ele gostava de sorrir. É como Sai falou, “pode ser brincalhão, mas é muito forte”.

Não sei se aquele sorriso dava medo ou vontade de sorrir também. Preferi não demonstrar medo e abri um sorriso. A última coisa que eu quero é tentar arrumar uma briga com um membro da Akatsuki. Vou tentar fazê-lo confiar em mim e ser amigável.

– Então você é meu irmão?

– Sim! – disse ele me soltando e me puxando para subir o restante das escadas.

No segundo andar tinha apenas meu quarto, meu banheiro e uma estreita sala de estar. Minha mãe não estava na sala, mas não consegui acreditar que estava no MEU quarto até que eu a vi sentada na MINHA cama observando a MINHA pequena bonequinha de ventriloquismo que Sasori me deu quando eu morava na vila da areia.

– Por que não me respondeu quando eu gritei por você, Kunanari? – falei tomando a boneca da sua mão com mais força do que pensei.

– Olha o respeito, menina! Sou sua mãe – ela disse chorando.

– Que boneca é essa? – perguntou Deidara puxando-a da minha mão.

– DEVOLVE! É MINHA! – tentei pegá-la de volta, mas Deidara colocou-a mais alto do que eu podia alcançar. E eu, como um menininho birrento, fiquei pulando tentando recuperar minha boneca.

– Espere, Anna. Eu conheço esse trabalho – disse ele, sério, observando a boneca. Ela estava um pouco desgastada, suas cordinhas haviam quebrado há muito tempo, e estas estavam guardadas separadamente em uma caixa. – Quem te deu?

– Eu que fiz – consegui pegá-la de sua mão e continuei: - Junto com Sasori.

– Sasori? Você conhece ele?

– Mais ou menos. Eu costumava passar um tempinho com ele quando eu era criança.

Com a boneca nas minhas mãos eu coloco-a em seu devido lugar, no criado-mudo ao lado da minha cama. Minha mãe e meu irmão me observam.

– O que foi?

– Sasori é meu parceiro, minha dupla, meu amigo. Ele nunca me falou de você. Por quê?

– Não sei, ele não é de falar mesmo. Nunca foi – digo, um pouco magoada.

– Verdade... Mas seria legal se ele tivesse me falado sobre você. Eu não sabia que minha mãe teve outra filha... Quer dizer... Eu descobri tem pouco tempo que sou filho dela – ele apontou para nossa mãe.

– O que você veio fazer aqui? – pergunto.

– Vim conhecer vocês. Na verdade eu vim conhecer minha mãe, mas já conversamos bastante e acabei descobrindo sobre você, então...

– Entendi. O papai soube da sua existência? – perguntei para Deidara.

– Acho que não. Não conheci meu pai. Mas a mãe já me falou dele.

– Mãe, meu pai não soube dele?

– Soube sim, filha, mas quando ele nasceu, as parteiras acharam melhor entrega-lo a outra aldeia e encerrar o caso fingindo que o bebê morreu no parto. Fizemos até um velório.

– Então você mentiu pro meu pai também? Mentiu pra mim por todo esse tempo... – falei baixo. - Mas, mãe, porque nunca me falou dele?

– Filha, tente entender... Ele... Bem... Digamos que ele nasceu um pouco... – minha mãe procurava as palavras.

– Defeituoso? – Sugeriu Deidara.

– Sim... Mostre suas mãos para Anna – pediu minha mãe.

– Ah, minhas mãos... – disse Deidara com orgulho. – Mas elas não são defeituosas, só são diferentes. Ele retirou suas luvas e apontou as palmas para mim. Não havia nada de errado com elas, apenas um grande corte atravessando-as de um lado para o outro. Mas então os cortes abriram e “que nojo”. Ele tinha bocas nas palmas das mãos. “Que droga é essa?” pensei. Meu irmão tem uma boca em cada mão...

– Mas o que... – perguntei, confusa.

– Eh, eu também não sei, mas achei ótimas funções para elas – respondeu Deidara, sorrindo. – Meus jutsos só são possíveis por causa dessas belezinhas. Acho que realmente nasci defeituoso.

– Ah, querido, desculpe por tê-lo abandonado. Fico feliz em ver o lindo homem que se tornou – disse Kunanari aproximando-se dele com os braços abertos para um abraço.

– Mãe, afaste-se dele, ele é perigoso! – sem querer falei mais alto do que pensei ter falado. Eu não entendi minha própria reação.

– Como assim, filha? Está doida? Seu irmão veio aqui apenas para nos conhecer, pare de coisa! – Ela abraçou Deidara e acho que esse foi o momento mãe e filho deles.

– Ele é da Akatsuke! Ele é do mal! – lembrei-me dos avisos que recebi. Não podia ignorá-los.

– Eu sei, filha, ele me disse – disse ela com a maior calma do mundo.

– ENTÃO COMO PODE ESTAR TÃO NEUTRA, MÃE? – acabei gritando.

– Anna, está tudo bem, eu pretendo largar a Akatsuke, eu só queria ser importante... Mas se eu ficasse aqui, já seria – disse Deidara. – Nunca tive uma família, quando descobri que minha mãe estava viva, procurei por todos os lugares. Até que a encontrei hoje. Entendo sua preocupação, mas não quero confusão. Vou deixar vocês conversarem.

Ele falou tão naturalmente que senti confiança em cada palavra sua. Mas eu sabia que não era verdade, nada daquilo era verdade, eu podia sentir isso. Sei que eu estava pensando em demonstrar confiança para ele, porém não consegui. Mas como vou contar para minha mãe? Como vou convencê-la com apenas um sentimento meu? Eu precisava de provas de que ele não iria fazer o que prometia.

Ele saiu do meu quarto e encostou a porta. Virei-me para minha mãe e sentei na minha cama de casal.

– Como pode acreditar nele? – falei quase sussurrando.

– Como pode não acreditar, Anna? – perguntou ela, indignada.

– Ele pode até ser seu filho, mas isso não o torna inocente!

Foi tão rápido e tão inesperado que só senti a ardência na pele do meu rosto ficar mais forte. Minha mãe nunca havia me batido.

– Ele só está tentando consertar tudo. Não vê?

– Com tudo a senhora quer dizer os SEUS erros?

Kunanari respirou fundo e foi em direção à porta.

– É impossível ter uma conversa com você, Anna.

– Diga-me apenas uma coisa. Pois duvidei de tudo agora.

– O quê?

– Sou mesmo filha de Yashamaru?

Minha mãe olhou profundamente para meus olhos, abriu a porta e saiu. Fui até a porta e ela já estava descendo as escadas à direita da porta do meu quarto. Seus cabelos castanhos esvoaçando a cada degrau e suas mãos secando seus olhos azuis.

– ME RESPONDE!! – gritei. Ela me ignorou e entrei no meu quarto novamente. Fechei a porta e fiquei sentada na minha cama, pensando e chorando de raiva. Será que minha mãe mentiu sobre tudo? Será que ela é mesmo minha mãe? Não me lembro de mais ninguém, mas pelo menos as coisas que eu vivi sei que foram reais. Mas e a base para essas coisas? Tudo está complicado agora. Por que as pessoas mentem tanto? Para proteger-nos da verdade? Me poupe... A verdade pode ser dura e doer mais que qualquer coisa, mas é bem melhor do que viver uma vida inteira no meio de mentiras.

Deitei na minha cama, com os pés para fora, olhando para o teto que eu pintei de azul assim que cheguei para poder ficar parecido com o céu. Até grudei umas estrelinhas, grandes e pequenas que brilham no escuro. Eu queria ficar sempre próxima à natureza. Esse quarto é um pedaço de mim, meu espaço, meu lugar, meu cérebro, meu íntimo. Ninguém entra aqui. Deidara foi o primeiro homem que entrou aqui, e minha mãe... Bem... Essa foi a primeira vez. Falando nisso, onde está meu irmão?

Tudo está tão confuso, eu preciso de respostas. Se minha mãe não as me dá, terei que procurar em outro lugar. Seria tão simples se ela apenas pensasse em esclarecer as coisas. Nós nunca conversávamos, bater papo então... nunca fizemos isso. Mas essas são coisas básicas que não é preciso uma conversa para poder falar... “Você tem um irmão que eu larguei na vila secreta da pedra”, “seu pai não é o Yashamaru”... É tão difícil assim?

Preciso limpar a mente. Preciso me distrair. Preciso... Preciso do Kiba. Mas ele está com companhia, preciso dele só para mim hoje. Não existe outra pessoa como ele. Vou em sua casa como se nada tivesse acontecido, e quando Zuu sair ou for dormir eu conto tudo a ele, tenho certeza que ele me acalmará do jeito que só ele consegue.

Enxugo meus olhos e vou até o banheiro que fica na última porta do lado direito do meu guarda-roupa azul escuro embutido na parede. Encosto a porta e me olho no espelho. A luz entra apenas pela pequena janela que tem no alto, quase encostada no teto. Meus olhos verdes sem pupilas estão em destaque pois ao redor dele está tudo vermelho e inchado. Minha bochecha ainda está vermelha por causa do tapa. Vou esperar tudo passar e então vou até Kiba.

Tomo um banho, lavo o cabelo e coloco uma roupa qualquer. Me olho no espelho novamente, já estou normal. Tento secar ao máximo meu cabelo com a toalha, penteio-o e entro no meu quarto de novo. Minha cama está desarrumada e meu travesseiro está molhado de lágrimas, mas deixo tudo como está e saio de lá. Deidara não está na sala do segundo andar. Não sei se ele ficará hospedado aqui, na verdade não ligo, não ligo mais para nada. Se é para mentir, então vamos mentir.

– Para onde você pensa que vai? – pergunta minha mãe quando passo por ela e finjo não vê-la na cozinha preparando algo. Deidara está do seu lado.

– Penso não. VOU visitar um amigo – falo com indiferença.

– Seu irmão vai ficar aqui hoje, ele dormirá em um quarto do primeiro andar – ela fala de cabeça baixa.

– Agora você me dá satisfação, né? – perguntas retóricas e irônicas são minhas favoritas. – Uma novidade para você, Kunanari, eu não estou nem aí para vocês - abro a porta da frente e saio sem esperar sua resposta.

Não sei mais quem é essa mulher, o pouco que eu achava saber é mentira. Com certeza Yashamaru não é meu pai, senão ela teria dito apenas um sim e achado minha pergunta absurda. Tenho que falar com Gaara, ele é o Kazekage agora, deve saber de algo. Mas primeiro tenho que esfriar a cabeça. Ninguém melhor que Kiba para fazer isso.

Ao olhar para a rua eu as vejo trancando a casa, se eu não as conhecesse, diria que estavam desesperadas. Vou chegando mais perto e quando fico quase cara a cara com Tsume e Hana percebo: elas realmente estão desesperadas. O que será que aconteceu?

– O que houve? – pergunto, aturdida. Tsume faz menção de abrir a boca para falar mas Hana fala primeiro.

– Eles estão no hospital – diz Hana, venha conosco.

– Como assim hospital? – Começo a ficar desesperada. E tudo que Tsume consegue falar é:

– Kabuto.


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