Anna & Kiba escrita por ACarolinneUs5


Capítulo 17
Capítulo 17




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/573237/chapter/17

Capítulo Dezessete

Consegui andar vários quilômetros carregando minha mãe, até que chegamos perto de uma choupana habitada. Sentei minha mãe no chão, na varanda da choupana e bati na porta.

A casinha era feita de madeira, com uma janela de vidro coberta por uma cortina do lado de dentro e uma porta na frente com um pequeno quadrado no centro abaixo. Provavelmente era a entrada do cachorro ou gato da casa.

Uma garotinha de olhos grandes e assustados abriu a porta, de um tanto que quase não consegui enxergá-la. Ela me olhou, olhou para a minha mãe sentada ao lado, quase caindo sem forças e olhou para mim novamente. Ela vestia trapos que caíam até seus pés, mas não chegavam a arrastar no chão.

– Quem são vocês? – ela perguntou, baixinho.

– Meu nome é Anna, e essa é minha mãe – falei, apontando para Kunanari. – Ela precisa de ajuda, está com muita sede e fome. Você tem água?

A menina olhou para minha mãe e fechou a porta. Fiquei com um pouco de raiva, mas esta logo se foi quando a menina abriu toda a porta e uma mulher adulta atrás dela, provavelmente mãe, acenou para podermos entrar.

Peguei minha mãe, que agora estava um pouco consciente com os olhos entreabertos, e entrei, colocando-a no sofá marrom da pequena casa. A mulher imediatamente trouxe um copo e uma jarra de água. Encheu o copo e entregou-o a mim. Coloquei na boca de Kunanari, ela logo despertou com o leve toque da água nos lábios secos.

Minha mãe esvaziou o copo em poucos segundos e gesticulou pedindo mais. Enchi-o novamente e repeti o processo. Ela bebeu quatro copos e eu bebi meio copo, que foi o que sobrou antes de esvaziarmos a jarra. Endireitou-se com dificuldade no sofá e conseguiu falar:

– Obrigada.

– Eu sou Yakura e essa é minha filha Yuri-san – falou a mulher. Ela era morena e os cabelos eram pretos e longos. Seu vestido era comprido e simples, as alças estavam frouxas e a barra estava desgastada. Sua filha era branquinha e seus cabelos eram castanhos e curtos, na altura do ombro. Ela usava uma faixa amarela no cabelo, e esta dava-lhe uma aparência ainda mais jovem, parecia ter 7 anos.

– Eu sou Anna e essa é minha mãe Kunanari. Muito obrigada pela água.

– O que aconteceu com vocês? – Yuri perguntou.

– Fomos sequestradas, acabei de fugir – Yakura arreganhou os olhos para mim, seu olhar era de terror, eu soube do que ela temia e tentei tranquilizá-la. – Tudo bem, não se preocupe, ninguém me seguiu. Muito obrigada pela hospitalidade.

– Tudo bem, de nada.

Olhei ao redor, o casebre era bem pobre, na sala havia apenas um sofá, no qual estávamos todas sentadas, uma mesinha de centro de madeira, onde jazia a jarra vazia, uma cômoda cheia de trecos encima, uma cozinha simples que ficava no fundo da sala junto com a porta dos fundos e duas portas do lado direito da sala, deduzi que seriam o quarto e o banheiro.

– Vocês me parecem tão cansadas – falou a mulher. – Se quiserem...

– Não, não... Não se preocupe com isso. Vamos seguir viagem daqui a pouco. Eu só não estava aguentando vê-la daquele jeito.

– Quem sequestrou vocês? – Perguntou Yakura.

– Algumas pessoas más – respondi, sem querer mencionar nomes.

– Filha, o que eles fizeram com você?? - perguntou minha mãe, repentinamente, olhando para o meu rosto.

– Como assim, mãe? Eu estou bem.

– Mas... seu rosto, seus olhos, você está tão diferente.

Do que ela estava falando? Eu estou normal...

Então lembrei de algo que não dei a mínima quando o Sasuke falou... "Quando puder, se olhe no espelho". O que será que tinha acontecido com meu rosto?

Automaticamente levei a mão ao rosto para verificar se estava tudo ok. E estava. Nada fora do normal. Não que eu tenha sentido.

Fiquei um tempo olhando para o chão, pensando em como eu tinha conseguido a confiança de Sasuke... Eu tenho quase certeza que tratá-lo com indiferença, como eu falei que funciona, não foi o motivo. Ele deve me conhecer mais do que eu o conheço, talvez nos dias que eu fiquei lá...

Ouvi passos do lado de fora da casa. Quando percebi, eu já estava de kunai na mão, encostada ao lado da porta, preparada para o que poderia vir.

– Como você fez isso?!? – minha mãe perguntou, tentando se levantar do sofá com esforço. Yakura logo apoiou-a em si.

– Shh, não fiz nada de mais – pedi silêncio. – Estão aqui fora, posso escutá-los.

– Eu não ouço nada – disse Yuri, saindo de perto do sofá e indo até a janela com a cortina.

– Não! Não abra, eles podem te ver! – alertei.

Mas não serviu de nada. A menina abriu uma brecha na cortina e espionou o lado de fora. Ela fechou logo em seguida e olhou para mim.

– Não tem ninguém lá fora.

– Como ninguém?! Eu estou ouvindo os... – Tinha esquecido que minha audição estava mais aguçada... Elas não podem escutar, ainda estão muito longe. – Sente-se Yuri. Alguém mais mora com vocês?

– Não, somos só nós duas – disse Yakura guiando minha mãe de novo para o sofá.

– Tudo bem... – falei tentando me acalmar. Sequei as mãos na roupa e continuei segurando a kunai. – Então, se eles passarem direto, não teremos com o que nos preocupar.

Então esperamos... e esperamos... e os passos foram ficando mais altos... mais altos...

E fomos relaxando ouvindo os passos diminuírem...

Até que bateram na porta da choupana...

Me virei para elas, fiz um gesto de silêncio com o dedo, elas acenaram e se esconderam atrás do sofá. Minha mãe, mesmo com um pouco de dor, conseguiu se agachar junto com as outras.

Bateram na porta novamente.

Concentrei-me nas batidas cardíacas para ver quantos eram.

Dois.

Ok, eu consigo dois...

O que fazer?...

Opção 1) Posso simplesmente abrir a porta e convidá-los para entrar... Opção 2) Posso abrir a porta e matar os dois sem que eles nem pisquem... Opção 3) Posso tentar correr pela porta dos fundos... Opção 4) Posso me matar, aqui e agora, e evitar que eles me peguem para fazerem mais testes... Opção 5) Agir sem pensar.

Ultimamente tenho optado pela opção 5, mas decido misturar a opção 1 e a opção 2.

Abro a porta e finjo me apoiar na parede ao lado, escondendo, assim, a kunai na minha mão. Olho para os dois homens que me sequestraram na entrada da vila do som e eles olham para mim, estupefatos. Eles não esperavam que eu mesma atendesse a porta.

Continuaram me olhando, e eu retribuindo o olhar, mas com um leve toque de ameaça. Eles estavam me encarando demais agora... O que será que tinha acontecido? Ai droga, será o meu rosto? O que as pessoas estão vendo na minha cara?

E então senti um movimento atrás de mim. Eu sabia que era arriscado me virar, mas fiz mesmo assim. E quando o fiz vi Yakura de pé segurando uma kunai no pescoço da minha mãe e usando-a como escudo. Sua filha havia sumido, no chão vi um pedaço de madeira. A menina era um Kawarimi? Mas que...

– Largue a kunai – falei, cerrando os dentes. Minha raiva me consumia novamente. A mulher me enganou, como todo mundo. Vadia!

– Não preciso de kunai para matar sua mãezinha. Ela já está quase morta.

– Então largue!

– Não quero – desafiou a mulher.

Olhei para a porta, afinal, onde estavam os dois homens? Quando os vi, um deles estava correndo, voltando por onde veio, e o outro continuava parado, abismado, na porta, me encarando. De primeira pensei que ele estava em transe. Mas então, ele falou:

– Aberração!! – E correu, seguindo o outro.

Aberração? Eu? Ou Yakura? Ah... o que todos estavam vendo no meu rosto?

– NÃOOO! – gritou Yakura para os dois homens covardes correndo. – VOLTEM AQUI, SEUS IDIOTAS! Ela é a garota que vocês devem levar!! – Mas já era tarde demais, os homens estavam fora de alcance.

Voltei meus olhos para a mulher na minha frente, segurando o corpo mole da minha mãe, que nem mesmo reagira. Do seu pescoço descia um filete de sangue, onde a ponta da kunai estava pegando. Ela nem mesmo pedia ajuda ou tentava estancar o sangue.

– O mestre ainda a quer, ele me avisou que vocês haviam fugido, geralmente quem foge dele acaba parando aqui. Você está encurralada. Deve ir comigo de volta para o esconderijo e permanecer lá.

– Você está errada, ele me libertou – falei, tranquilamente. Odeio mentir, mas se bem que, de certa forma eu não menti, ele, Sasuke, me libertou, realmente.

– Mas – ela olhou, confusa, para os lados e depois para mim novamente, - ele me disse para encurralar você e sua mãe, Kunanari.

– Não seja estúpida, acha realmente que eu entraria à toa em uma choupana abandonada no meio do caminho até o esconderijo do Orochimaru? – Falando agora soa tão idiota, como fui tão burra? Mas enfim...

– Acho, e foi o que você fez.

Dei um passo na direção dela, que se assustou e jogou a kunai na minha direção. Eu não esperava por isso. De verdade. Não tive como reagir. A única coisa que deu tempo de fazer foi desejar que ela não tivesse lançado a arma na minha direção ou que esta sumisse e fosse parar no meio do nada.

De alguma forma... foi exatamente isso que aconteceu. A kunai simplesmente desapareceu. E eu não fazia a mínima ideia do que tinha acontecido. Pela reação de Yakura, eu fiz aquilo. Mas como?

– O que fizeram contigo, hein, garota? – perguntou ela, assustada, segurando, agora, minha mãe com um braço ao redor do pescoço dela.

Fui me aproximando, um passo após o outro.

– Não chegue mais perto! Sua estranha. Saia de perto de mim ou eu matarei sua mãe.

– Você não seria tão louca assim.

– Ah, você não me conhece. Eu trabalho há 8 anos com o Mestre. Faço tudo que ele pede. E eu vou levar vocês, se eu não conseguir, eu as mato!

– Você não vai nos matar... Somos preciosas para ele.

– É aí que você se engana, querida. Se eu não conseguir levar as duas, terei que matá-las, pois ninguém mais pode estudar vocês. Orochimaru quer exclusividade e invencibilidade – ela falava e andava devagar pela sala, indo para o canto, onde era a cozinha.

– Ah, ele vai conseguir. Com certeza – falei com ironia.

– Filha – minha mãe suspirou.

– Mãe! Não se preocupe, vou tirar a gente daqui!

– Filha, não...

– Não se esforce para falar, mãe. Poupe-se.

– Não, filha, me escute – enquanto isso, Yakura a arrastava para dentro da cozinha.

– Parem, vocês duas. Vocês vão comigo, por bem ou por mal – disse a mulher. Fui tentando chegar perto, sem que ela percebesse.

– Olha, eu vou com você, mas deixe minha mãe ir, ela está muito debilitada para andar daqui até lá.

– Ela está inútil para qualquer coisa – falou Yakura, determinada, depois de pensar um pouco.

Enquanto isso, ela chegava perto do armário e abria uma gaveta que ficava ao lado da pia. O tilintar de metais me fez raciocinar e ter a noção do perigo que eu não imaginava estar presente. Gaveta de talheres. Talheres, garfos, colheres e... facas.

Vi o sangue escorrer pela roupa de minha mãe enquanto uma lágrima caía de seu rosto e eu ainda concluía meu raciocínio... A faca penetrou pelas suas costas e a ponta parou bem no meio do seu peito. E a única coisa que eu conseguia pensar era: não...

– NÃO!!! – gritei e corri até elas.

Em um piscar de olhos eu via areia cobrindo o corpo de Yakura.

Em um piscar de olhos a areia se tornava elétrica.

Em um piscar de olhos tudo estava rodeado por chamas negras.

E em um piscar de olhos eu via sangue esparramado por todo o chão.

Peguei minha mãe no colo e saí do casebre pela porta dos fundos enquanto as chamas o consumiam rapidamente.

Deitei Kunanari na grama do lado de fora da casa e olhei para o ferimento. Bem no meio do peito. Ela já havia perdido muito sangue. Não vai dar...

Comecei a chorar.

E então, ouvi um sussurro.

– Anna, me desculpe por tudo – minha mãe disse, tentando empurrar as palavras para fora de sua boca.

– Não, mãe, não me abandone agora – falei entre soluços, segurando sua cabeça para não cair para trás.

– Anna, você precisa saber...

– Oh, mãe...

– Filha, eu te fiz invencível. Não deixe ninguém tirar proveito dos seus dons. Todos aqueles da lista – ela suspirou, - eu sei que você tem a lista. Eles são seus pais. Todos eles. Eu escolhi apenas os mais fortes e peguei um dom de cada. Mas eu realmente amei Yashamaru e – ela suspirou novamente enquanto uma lágrima do meu rosto caía no seu, - eu sempre te amei. Eu não demonstrei o quanto eu devia, filha, me desculpa.

– Eu te desculpo, mãe – solucei.

– Esse é o meu "dom" que Orochimaru quis estudar, você deve destruir aquele esconderijo e tudo que tem dentro dele. Eles não podem ter acesso à esses poderes.

– Mãe, fica comigo...

– Eu te amo, Anna – ela disse, lentamente, e fechou os olhos.

– Não! Mãe! Por favor, fica comigo! – chorei, implorei, mas ela não estava mais lá. – Eu também te amo, mãe.

Abracei-a com todas as minhas forças. As lágrimas descendo sem rumo certo.

– Eu também te amo, mãe...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anna & Kiba" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.