– Lucy! Vem o jornal acabou, eu vou colocar seu desenho!

– Oba!

Gritou Lucy de alegria de dentro da cozinha, ela correu em direção a sala e sentou-se no sofá ao lado de Elisa.

– Então o que quer ver?

Lucy ficou pensando um pouco, mas logo se decidiu.

– Quero ver o Menino do Dedo Verde!

– Oh esse? Então esta bem!

Elisa levantou-se e pegou um vídeo de VHS com a capa de um garoto cuja principal característica era ter o polegar verde. Assim que Elisa colocou a fita no vídeo cassete e essa começou a rodar, ela levantou-se para ir embora.

– Ah! Você não vai assistir comigo maninha?

– Desculpe Lucy, mas hoje eu não estou com muita vontade.

– Aaah...

Lucy ficou um pouco chateada, mas assim que o filme começou ela voltou sua atenção para ele.

Elisa estava bastante pensativa sobre o que vira no jornal, ao invés de descobrirem a verdadeira identidade do sequestrador, as coisas foram ficando ainda mais confusas, principalmente pelo que a pequena Lisa havia dito sobre ele:

''Não! Ele não tinha rosto!''

– Elisa!

– Hã! Sim mãe?

– O que houve? Você ficou aí parada por um tempo, aconteceu algo?

– Não é nada, é só que...

– Sim?

Elisa deu um suspiro, ela sentiu que deveria se abrir com sua mãe e contar-lhe tudo que a estava preocupando, por isso Elisa pediu que ela a seguisse para o fundo da casa onde poderiam conversar tranquilas sem que Lucy as escutasse, se bem que não era preciso, pois a pequena estava distraída demais com o filme.

– É sobre a matéria do jornal.

– Do sequestrador?

– Isso!

– Conte-me!

Elisa contou para a mãe tudo o que ela vira e ouvira no jornal sobre o cara que a policia estava perseguindo.

– Um homem sem rosto?

– Sim! Foi o que aquela menina disse!

– Deve ser só uma mascara. Criança tem cada imaginação.

– Mas e se for real? E se aquela coisa chegar perto da Lucy?

A senhora Cantbell colocou a mão carinhosamente no rosto da filha.

– Não fique assim, nada de ruim vai acontecer com você e com sua irmã, a mamãe e o papai gostam muito de vocês e vamos protege-las!

Elisa sorriu e abraçou a mãe.

– Papai! Papai!

As duas se soltaram ao ouvir a porta se abrindo e o som de risadas vindas da sala. Elas foram ate lá e encontraram um homem sorridente carregando Lucy no colo, era o senhor Cantbell.

– Pai!

Elisa correu para abraça-lo.

– Como estão as minhas duas princesas?

– Ótimas!

Responderam as duas ao mesmo tempo.

– Que bom! Se comportaram direitinho?

– Sim!

– Ah que bom! Isso me deixa feliz!

– Como foi no trabalho querido?

A senhora Cantbell aproximou-se para dar um beijo no marido que colocou a caçula no chão para poder abraçar a esposa.

– Foi tudo muito bem.

– Que bom! Eu acabei de preparar a janta, vamos todos para a mesa.

– Legal!

– Mãe eu posso comer aqui? É que eu quero acabar de ver o desenho, já ta quase no fim.

– Não Lucy! Vamos todos comer na mesa.

– Mas mãe.

– Obedeça sua mãe Lucy.

– Sim papai.

Os pais foram para a sala de jantar. Elisa agachou-se e sussurrou no ouvido de Lucy.

– Não se preocupe, amanhã depois da escola eu compro sorvete pra você.

Os olhos de Lucy brilharam.

– Promete?

– Prometo!

– Oba!

– Certo! Agora vá desligar a TV para irmos jantar.

– Tá bom!

Assim que todos estavam na mesa, fizeram uma oração rápida em agradecimento e começaram a jantar.

Quando a noite foi caindo, os pais deram um beijo de boa noite nas filhas e fecharam a porta, mas Elisa ainda não conseguia dormir, ela ainda estava pensando no estranho sem rosto.

– O que foi maninha?

As duas dormiam no mesmo quarto.

– Ah! Não é nada, eu já vou dormir.

– Tá.

– Já fez suas orações, Lucy?

– Fiz!

– Bom, eu também, então boa noite!

– Boa noite!

'' De nada meu bem, agora me diga como sua irmã desapareceu.''

'' Foi o senhor Alto! Ele não tem rosto e quer levar a gente para a Terra de Encantos!''

'' Terra de Encantos?''

'' Sim! Lá todo mundo é feliz e ninguém tem preocupações, porque lá todos estão...mortos!''

Elisa acordou assustada, foi olhar o relógio e ainda era madrugada.

– Porcaria! Mas até nos meus sonhos?

Ela virou-se e viu que a irmã ainda dormia tranquilamente como um anjo.

– Bem, pelo menos uma de nós vai ter uma boa noite de sono por aqui.

E com isso voltou a dormir.