Elisa simplesmente não podia acreditar em tudo que estava acontecendo, principalmente depois de tudo de ruim que aconteceu entre ela e sua irmã, ela não esperava que as coisas melhorassem dessa forma, não sem um confronto direto com Der Großmann, mas sinceramente era melhor assim e ela faria o possível para que as coisas continuassem tranquilas.

Elisa e Lucy passaram o resto do dia juntas, elas não queriam conversar sobre as coisas que tinham acontecido, apenas queriam passar aquele momento juntas. Embora a relação delas tivesse voltado ao normal ainda havia uma certa tensão entre elas principalmente por parte da Lucy.

As duas estavam sentadas no jardim observando o por do Sol.

– Seu braço ainda dói?

Perguntou Lucy sem conseguir encarar Elisa nos olhos.

– Bom, eu ainda não consigo mexer ele direito, mas não dói mais.

Lucy não falou nada, ela ainda sentia vergonha e ressentimento de si própria por ter machucado a irmã daquela forma, Elisa percebeu isso e colocou gentilmente a mão no ombro de Lucy.

– Não fique pensando nessas coisas, vai ficar tudo bem agora, está bem?

Lucy balançou positivamente a cabeça.

– Bom! Eu vou entrar agora, você vem?

– Não, eu vou ficar mais um pouco aqui.

– Está bem, mas tome cuidado.

– Tá!

Elisa levantou-se e entrou na casa. Lucy quis aproveitar aquele momento para refletir enquanto olhava para o céu e via este tingir-se de laranja enquanto os últimos raios de Sol iam desaparecendo no horizonte.

– Maninha eu prometo que algo assim nunca mais vai acontecer. Não vou mais deixar o senhor Alto me enganar. Eu juro!

Imediatamente Lucy lembrou-se daquele estranho encapuzado com quem havia conversado na escola e o que ele havia pedido para ela, de se encontrarem na floresta. Lucy deu um longo suspiro.

– Bom ele pode ficar esperando sentado, porque eu não vou!

E dito isso ela entrou na casa.

A noite havia chegado e todos já estavam dormindo, mas dessa vez a que não conseguia dormir era Lucy, ela ficava se revirando na cama preocupada com o que iria acontecer se eles não a encontrassem no local combinado. Lucy precisava contar isso para Elisa, sua irmã era esperta, certamente saberia o que fazer. Lucy desceu de sua cama e caminhou cuidadosamente até a cama de Elisa e acendeu o abajur.

– Elisa!

Chamou-a sacudindo o cobertor.

– Hã, Lucy! O que foi?- Perguntou meio sonolenta.

– Preciso te contar uma coisa muito importante.

Elisa deu um longo bocejo e esfregou os olhos.

– Esta bem senta aqui e me conta.

Lucy explicou para ela tudo que estava acontecendo.

– Entendo, então é isso.

– Acha que eles vão vir pra cá?

Havia preocupação no olhar de Lucy.

– Não se preocupe- Sorriu- Se eles vão ficar te esperando lá fora isso vai nos dar um tempo. De qualquer forma é melhor ir avisar papai e mamãe para que chamem a policia caso algo não de certo.

– Sim.

Lucy ainda se sentia bastante insegura apesar de Elisa a estar tentando confortar de todas as formas possíveis. Elisa prometeu que não ia demorar, mas pediu para que ela ficasse bem quietinha e fechasse a janela do quarto, Lucy concordou e assim que Elisa saiu a pequena ficou esperando sem conseguir dormir, sem conseguir deixar de se preocupar, sem...

''Você não pode fugir de mim!''

Quando aquela voz macabra e forte soou na mente de Lucy, a janela é aberta com um estrondo deixando um forte vento entrar no quarto. Lucy assustou-se com aquela manifestação e correu ate a janela, seus cabelos loiros eram bagunçados pelo vento, Lucy tentou proteger seu rosto daquele vento gelado enquanto devagarzinho ia aproximando-se da janela. Ao chegar nela, ela olhou para baixo e teve uma terrível visão, no chão estavam o senhor Alto com seus tentáculos balançando ameaçadoramente e várias pessoas de capuz preto, entre eles estava aquela que Lucy vira na escola o Plague Doctor. Todos estavam olhando para ela e parecia haver ódio em cada um, o que usava a mascara de Plague Doctor falou telepaticamente para Lucy.

''Você não cumpriu o combinado e por isso todos irão pagar!’’

Lucy tapou os ouvidos devido a um forte chiado que parecia que ia fazer sua cabeça explodir, ela começou a se contorcer no chão e tentar tapar os ouvidos com alguma coisa, qualquer coisa, um travesseiro por exemplo! Lucy tentou alcançar o travesseiro mais próximo, mas apesar de tapar a cabeça com ele, aquele ruído infernal não desaparecia!

Nesse instante todas as luzes da casa começaram a piscar, todos os aparelhos eletrônicos ligam sozinhos, as televisões ficam sintonizadas em vários canais aleatoriamente ate pararem em imagens cheias de chuvisco e interferência, se fosse prestada melhor atenção o que não era possível no momento, poderiam ser ouvidas vozes no meio dos chiados da TV, falando coisas ilegíveis em estranhos idiomas, ate mesmo em latim, algo parecido com o Fenômeno EVP.

Elisa que já se encontrava na porta do quarto dos pais, olhou assustada em todas as direções assustada com aqueles fenômenos paranormais. Seus pais que estavam dormindo acordaram com toda aquela barulheira e encontraram a filha olhando assustada para os lados.

– Elisa o que esta acontecendo?

– Eu...Eu não sei mãe.

De repente o gato Borris começa a miar histericamente e puxar a calçar do pijama azul de Elisa como se tentasse dizer alguma coisa urgente.

– O que foi Borris?

O gato correu na direção das escadas e ficou apontando com a patinha para cima. Elisa levou um tempo para entender, mas quando o gato começou a subir as escadas, Elisa finalmente se deu conta da mensagem.

– Lucy!

Elisa saiu correndo e começou a subir as escadas sendo seguida pelo gato, ela não ouvia os gritos dos pais pedindo para que voltasse, ela estava mais preocupada com a irmãzinha. Elisa bateu a porta do quarto violentamente e encontrou Lucy caída no chão quase inconsciente, ela estava cercada por pessoas de capuz preto e mascaras brancas parecidas com aquelas usadas em peças de teatro. Elisa tentou gritar, mas um deles puxou um punhal por debaixo da manga e tentou acerta-la com ele, porem a garota foi mais rápida e conseguiu desviar, infelizmente mais deles foram entrando na briga, Elisa estava sozinha, sem armas e sem poder mexer um braço, certamente iria perder. De repente o mascarado de Plague Doctor pegou no colo e pulou a janela com a menina nos braços.

– Lucy não!

Elisa tentou correr para impedi-lo, porem ela ficou cercada. Elisa sentiu uma grande onda de adrenalina percorrer seu corpo e estava decidida a lutar contra todos eles para salvar Lucy.

De repente os pais dela entram no quarto ofegantes, a senhora Cantbell grita de pavor ao ver todos aqueles encapuzados e o senhor Cantbell aponta ameaçadoramente uma arma de fogo para eles.

– O que querem aqui seus malditos? Vão embora!

Os encapuzados recuaram amedrontados diante do grito de ameaça do senhor Cantbell e fugiram pela janela. A senhora Cantbell correu para abraçar a filha.

– Elisa, por Cristo! O que esta acontecendo?

Perguntou assustada.

– Lucy! Eles pegaram a Lucy mamãe!