Sakura

Eu ainda estava incrédula fitando sua íris negras que me observavam atentamente como se pudesse ler a minha mente. Estava segurando a maçaneta da porta e em nenhum momento dei espaço para ele entrar. Meus olhos ameaçavam me trair, logo senti eles marejarem ao avistarem um buquê de tulipas laranjas em sua mão, as mesmas que me comprou há sete anos quando nos casamos.

Hoje faz sete anos que estamos juntos. Será que ele as comprou porque se lembrou da nossa data?

Não! Sasuke Uchiha não se lembra de tais datas e nem faz questão de se lembrar. É um cretino frio e arrogante que só pensa em si mesmo.

Cruzei os meus braços e fechei a porta para que ele visse que eu não ia convidá-lo para entrar e sai para fora para conversarmos.

— É só isso que tem para me falar, pois se for perdeu o seu tempo. Não voltarei para você. – disse firme, tentando não olhá-lo, pois se não fraquejaria.

— Quero conversar com você… – sua voz era suave e calma.

Permaneci calada.

— Eu sei que errei com você quando lhe disse aquilo, mas a verdade é que… Eu não queria ter dito aquilo…

— Mas disse… – eu o interrompi. — Você disse o que pensava. Queria seus filhos e eu fora de sua vida.

— Eu disse, mas não queria vocês longe da minha vida. Vocês são tudo o que eu tenho. – suas palavras me petrificaram. Sasuke é orgulhoso demais, não diria tais palavras de brincadeira. — Quero o seu perdão e que me conceda uma oportunidade, uma segunda chance.

— Eu não sei Sasuke. Você me magoou com as suas palavras, não sabe o quanto eu chorei embaixo do chuveiro para que as crianças não me vissem chorar…

— Trouxe essas tulipas para você… –- ele me interrompeu e estendeu as flores na minha direção. — Faz sete anos que eu lhe dei uma igual, não é mesmo?

— Como?… O que quer dizer? – eu realmente não estava acreditando que ele realmente se lembrava.

— Hoje completamos sete anos de casados e lhe trouxe um presente. – ele me estendeu uma caixa de veludo vermelha.

Peguei as flores e inspirei o seu perfume. Logo ele abriu a caixa na minha frente e meus olhos transbordaram em lágrimas ao ver um lindo colar de ouro com um pingente de coração. Ele retirou o colar e abriu o coração, onde nele tinha uma pequena foto de nós quatro juntos no aniversário de Sarada.

— Porque está fazendo isso? – questionei com a voz chorosa.

— Porque quero a minha família de volta. – falou erguendo o meu queixo com o indicador. — Você de volta.

Não sei se eu estava sendo precipitada demais, mas acredito que todos nós devemos seguir o nosso coração em qualquer circunstância e em qualquer situação. Acreditando nos nossos sentimentos e o seguindo nunca iremos nos arrepender. Devemos correr atrás da nossa felicidade e lutar por aquilo que acreditamos ser o certo.

Eu o amo e não tenho dúvidas disso. Meu coração implora para estar ao seu lado e isso eu não posso negar. E por todo o sentimento que tenho por ele eu o abracei. Seus braços me envolveram e me apertaram sobre o seu peito. Deixei as minhas lágrimas molharem o seu casaco e abafei os meus soluços contra si.

Me afastei dele e encontrei os meus filhos junto ao Naruto e Hinata na porta nos observando.

— Que tal fazermos as compras de natal? – Naruto perguntou e as crianças que se animaram.

— Acho uma boa ideia Naruto-kun. – Hinata disse pegando Sarada nos braços.

— Vocês vêm com a gente mãe, pai? – Sato perguntou.

— Nós ficaremos e vocês vão com os padrinhos de vocês. – Sasuke o respondeu.

— Tudo bem… Se você e a mamãe estão felizes, eu e Sarada também estamos. – Sasuke bagunçou os cabelos de Sato num gesto carinhoso.

Sorri com a cena e agradeci aos meus amigos por terem feito aquilo.

Assim que eles saíram entrei na casa sendo acompanhada pelo Sasuke que estava muito quieto para alguém que falou tanto há cinco minutos atrás.

— O que vai fazer? – ele me questionou quando me viu indo para a cozinha.

— Vou preparar algo para jantarmos, para quando eles voltarem.

— Eles não vão voltar tão cedo.

— Como assim?

— Estaremos sozinhos por umas algumas horas… – ele dizia se aproximando mais de mim.

— Sasuke o que você está aprontando? – ele me pegou nos seus braços e subiu escada acima comigo. – Sasuke! Não.

Ele me deitou sobre a cama de casal no meu quarto ficando por cima de mim em seguida.

— Acabamos de voltar, não acho certo fazermos isso. – respondi com insegurança, pois ao mesmo tempo em que eu queria minha mente dizia que não era o certo.

— Isso o quê, Sakura? – sua voz era calma.

— Transarmos logo agora que voltamos. – respondi com a voz falhada.

— E o que te faz pensar que eu queria isso. – suas sobrancelhas estavam juntas e um misto de emoções se apossavam de mim.

Segurei em sua nuca e o puxei para próximo de mim colando os nossos lábios, selando um beijo terno e carregado de sentimentos. Sua língua moldava os meus lábios e um arrepio percorreu a minha espinha. Sua mão segurava com firmeza a minha cintura, enquanto nos beijávamos.

Doce e entregue, sua boca tinha um gosto de menta misturado a uísque, mas nada disso me impedia de percorrer a minha língua em cada centímetro dos seus lábios que eu tanto amava beijar.

Nos afastamos um pouco recuperando o fôlego. Sasuke se remexeu e se deitou ao meu lado me puxando para cima dele, de forma que deitei a minha cabeça em cima do seu peitoral.

Naquele instante me dei conta de que Sasuke não tentou nada além de beijo comigo.

Meus olhos se transbordaram a medida que percebi que Sasuke veio atrás de mim movido pelos seus sentimentos, sem segundas intenções. Seu amor pela sua família o moveu a reconhecer o amor e a se abrir mais comigo.

Se eu pudesse descrever as sensações que meu coração sentia a cada milésimo de segundo não daria, mas eu tinha certeza que de Sasuke podia escutar meu coração pulsar rapidamente à medida que meus pensamentos flutuavam pensando nele.

Sasuke

Passamos um bom tempo juntos até que a Sakura pegou no sono. Eu não conseguia dormir, apenas observava ela dormindo tranquila e serena ao meu lado. Observando sua face tão serena e tranquila refleti por todos os erros que cometi no decorrer da minha vida.

Por um momento o medo quase me fez perder a mulher que eu amo e os meus filhos. No entanto me deixar ser invadido por esse sentimento de quase perda me faz sentir o terror de perder alguém amado de novo e não quero tornar a sentir isso, por mais que seja natural na vida perdermos alguém amado eu ainda não estava preparado.

Me sinto completo ao seu lado e não sei como reagir diante dessas emoções que me predominam e que querem tomar conta do meu ser. O amor é difícil e complicado, ou seria nós que o dificultamos?

Estar aqui ao seu lado e conviver com Sakura é tão fácil quanto respirar. Sentir sua presença no meu coração era como caminhar, fácil, automático, somente não havia me dado conta até então.

Sorri para minha amada esposa e me deixei levar pelo sono que há dias eu não tinha me embalar.

◊◊◊

Amanheceu sem que eu tivesse tido pesadelo algum durante a noite, o que de certa forma é bom. Sakura ainda dormia ao meu lado, estávamos de conchinha e o perfume de seus cabelos invadiam o meu olfato.

Um barulho no andar debaixo me despertou a atenção. Retirei os meus braços ao redor da Sakura e me levantei cautelosamente. Coloquei uma calça de moletom que retirei da mala, vesti um casaco que estava na poltrona e calcei pantufas.

Desci as escadas e encontrei na sala meus filhos com o Naruto e a Hinata. O chão estava repleto de enfeites de Natal e uma enorme árvore estava ao lado da lareira.

— Sasuke! Até que enfim acordou. – Naruto disse chamando a atenção de todos para mim.

— Papai! – meus filhos disseram em uníssono, correndo em minha direção. Me abaixei e os abracei.

— Onde está a mamãe? – Sarada me questionou.

— Está dormindo, daqui a pouco ela estará aqui. – respondi calmamente.

— Já que chegou, Hinata e eu vamos descansar um pouco. Decore a árvore com eles. — Naruto pegou na mão da Hinata e subiu as escadas, me deixando a sós com os meus filhos como a muito tempo eu não fico.

— Temos muito trabalho papai. – Sato falou me puxando pela mão, até sentarmos no chão em frente a grande árvore.

Sem responder nada eu abri as embalagens e ia entregando os enfeites aos meus filhos que iam pendurando no galho da árvore. Me levantei e coloquei as luzes pisca-pisca ao redor. Ouvi uma risada e me virei encontrando a Sakura sentada na escada dando risada de mim.

Tentei ignorá-la, mas sua risada acabou me contagiando. Parei de fazer o que eu estava fazendo e fui até ela a puxando pela mão para nos ajudar também.

Passamos boa parte da manhã decorando a sala para o Natal. Faltava apenas a estrela no alto da árvore. Peguei Sarada e a coloquei nos meus ombros e ela completou o serviço.

— Pronto. – Sarada disse quando a coloquei no chão.

— Está tão lindo. – Sakura comentou abraçando o meu braço.

— Vamos fazer um boneco de neve Sato? – meu filho chamou pela irmã que assentiu e seguiu ele porta afora, não antes de se agasalharem bem, com touca, luvas, botas e tudo mais.

Sakura e eu fomos atrás deles e observamos nossos pequenos correndo felizes pela neve. Ela se abaixou ao meu lado e montou uma bola de neve nas mãos e atirou em mim, para depois sair correndo.

— Não devia ter feito isso Sakura. – adverti ela, mas por dentro eu estava sorrindo.

O medo já não existe mais, sinto que estou entregue a esse sentimento, feliz por tê-los ao meu lado. Escolhê-los é muito fácil, estar ao lado deles é a minha maior felicidade. E nada nesse mundo me impedirá de estar ao lado da minha família, de amá-los e se amado.