Querido Papai escrita por Nightnyu


Capítulo 3
Capítulo 3 - Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Pois é, realmente, fiquei um tempo gigantesco sem postar. Peço desculpas a todos que acompanhavam essa fic e ficaram com vontade de chutar minha cara pela minha falta de responsabilidade. Mas enfim, estou de volta. Nova capa, novo capítulo, mas o mesmo casal de antes. Fico imaginando se alguém ainda se lembra do Night e sua história ~polêmica~.



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- Ei, Rin, você já se apaixonou por alguém? – Aquela pergunta de Miroku me surpreendeu. Por causa disso, não consegui me defender da sequência de golpes que o personagem dele lançou sobre o meu.

A resposta era fácil. Claro que eu já havia me apaixonado. Aliás, estou apaixonada pela mesma pessoa há onze anos. E o fato de eu estar a beira da maioridade só deixa nítido o quanto este sentimento está enraizado dentro de mim e que nem o tempo há de apagá-lo.

Mas o problema não era o sentimento. Nunca era. O problema era que ele tinha que ser mantido escondido. Um segredo apenas meu e do meu amado pai. Por isso, tive que ativar meu lado falso, e esconder as coisas do meu melhor amigo e do resto do mundo por todos esses anos.

- Não, ainda não tenho muito interesse. Digo, relacionamentos são trabalhosos. – Dei uma risada de leve. – Veja você e a Sango: Vivem indo e voltando, nunca tem nada certo. – Ele franziu as sobrancelhas.

- Desde quando virei o foco deste assunto? – Ele socou meu rosto através do personagem. Revidei com o chute. – Mas vamos concordar, Rin, isso é meio estranho. – Ele mudou a posição que estava sentado no sofá, sem desviar os olhos da tela. – Digo, você já tem dezessete anos, sou seu amigo desde que me chamo Miroku, e desde essa época você mantém o mesmo ar.

- O mesmo ar? – Perguntei, não entendendo o que ele queria dizer.

- É, aquele ar. Distraído de quem ama. E às vezes vejo você fazendo a mesma cara que eu faço quando estou pensando na Sango. – Corei levemente. Maldito Miroku, estava me observando até demais durante todos esses anos, reparando nos momentos onde meus pensamentos guiavam todas as minhas expressões faciais.

- Você imagina demais. E por que está tão interessado nisso, justo agora? – Ele venceu aquela partida, e iniciamos outra.

- Primeiramente, assumo que é curiosidade. Nem sei ao menos qual é o seu tipo de garoto, e você sabe completamente qual é meu tipo de garota. – Ergui uma sobrancelha.

- Todos os tipos de garota fazem parte do seu tipo de garota. – Repliquei, e ele fez uma careta. – Se bobear, até mesmo eu, o tipo ‘amiga de infância’, faço parte. – Ele confirmou com um aceno de cabeça, sorridente. Dei-lhe uma cotovelada, e começamos a rir. – Mas não sou tão esquisita assim, tenho meu tipo. – Acertei-lhe com um golpe especial, vencendo. Fomos para a rodada final do jogo.

- Ah, isso eu quero saber! Vamos, Senhorita-Eu-Não-Tenho-Interesse, diga-me qual é seu tão escondido tipo! – Abri um sorriso de canto, talvez até meio tímido. Era engraçado confessar certas coisas para seu melhor amigo. Embora eu não pudesse contar tudo, eu poderia deixar escapar algumas coisas normais, que não levantariam suspeitas.

- Gosto de homens mais velhos, porque admiro maturidade e responsabilidade. Coisas que é muito raro ver em caras mais novos ou de mesma idade. – Alfinetei Miroku, e ele recebeu prontamente a indireta.

- Obrigado por me excluir do seu tipo logo de cara. – Rimos juntos mais uma vez.

- De nada. Prosseguindo, gosto de homens silenciosos. Gente escandalosa é muito irritante, você sabe. Como a sua ex, Kagura. – Ambos contorcemos as faces.

- Não me lembre dela, até hoje tenho vergonha de entrar naquela loja do shopping por causa do escândalo que ela fez. – Ele abaixou a cabeça. – Se eu soubesse que ela iria surtar por nada, eu realmente teria olhado para a bunda da vendedora naquele dia.

- Quanto arrependimento, estou comovida! – Comecei a rir, e ele olhou de relance pra mim.

- Homens mais velhos, silenciosos... Rin, eu realmente não esperava por esse gosto. E nem os garotos da escola que gostam de você. – Balancei meus ombros.

- Eles não gostam de mim, apenas me acham bonita, é diferente. Totalmente diferente. – Isso eu sabia muito bem. Ele riu, conformado.

- E isso porque temos a mesma idade. De qualquer forma, a partir de agora, ficarei de olho nos meus colegas mais velhos. Quem sabe eu consiga desencalhar minha amiga solteirona. – Corei, pisando no pé dele. – Calma, ‘tô brincando!

- Estou bem como estou, Miroku. – Terminamos a partida, finalmente. Ele venceu, por questão de poucos golpes.

- Quero ver até quando. Até mesmo garotas tem suas necessidades. – As palavras dele chamaram a minha atenção. – Outra partida? – A que necessidades ele estava se referindo?

Mas não tive tempo de perguntá-lo. Papai apareceu na sala, vindo da cozinha. Ao invés de usar a porta de entrada, ele havia usado a porta dos fundos. Deu um leve susto em mim e Miroku, e tive receio dele ter escutado nossa conversa. Afinal de contas, aquele nível de intimidade entre eu e meu amigo poderia ser mal interpretado.

- B-Boa noite, Tio Sesshoumaru. – Miroku abriu um sorriso sem jeito. O olhar do papai estava normal. Encarou meu amigo por alguns segundos, e balançou a cabeça, num gesto de cumprimento. Silencioso, como sempre. Ele pegou o notebook que estava sobre a mesa, e voltou para a cozinha.

- Não acha que está muito velho para ficar com medo do meu pai? – Murmurei para ele. Miroku reiniciou a partida, dando de ombros.

- Sinto muito, Rin, mas seu pai me dá calafrios. Você sabe. – Comecei a rir baixinho, concentrando-me no jogo. – É verdade! Veja só: Não ouvimos ele chegar, entrou aqui como um fantasma! E acho que até já me esqueci de como é a voz dele, isso se ele ainda tiver uma.

- Ah, Miroku, não fale assim. Papai só não gosta muito de conversas longas. – O defendi, prontamente. Contudo, a parte do fantasma era verdade. Por várias vezes, papai havia me assustado, simplesmente por não fazer um mísero ruído enquanto caminhava pela casa.

- E nem curtas. – Ele conclui. Nos olhamos de relance. Bem, não dava para discutir com Miroku sobre aquilo. Realmente, papai não falava com ele, exceto em casos de extrema necessidade.

Quando nos cansamos de jogar, mais de meia hora já havia se passado. Me despedi de Miroku, levando-o até a porta de entrada. Espreguicei-me ali mesmo. Finalmente estava a sós com meu pai.

Caminhei até a cozinha, parando quando ele apareceu em meu campo de visão. Seus longos cabelos estavam úmidos, haviam sido lavados há pouco tempo. Ele estava sentado de frente à mesinha, digitando algo no notebook – provavelmente, referente ao trabalho. Parou por um instante, para que uma de suas mãos pálidas levasse uma caneca de café até os lábios. Foquei-me neles.

E quando me aproximei, ele fechou o notebook. Não que eu estivesse interessada no conteúdo, mas estranhei a rapidez com que ele o fez. Afastei a caneca dos seus lábios e ocupei o lugar dela, beijando-o levemente. Ele apenas me encarava com seus olhos dourados.

- É por causa desse olhar que o Miroku tem medo de você, papai. – Brinquei, acariciando suas sobrancelhas com os polegares. Ele abriu um leve sorriso.

- Isso é bom. Assim ele não tentará nada com você, nem qualquer outro garoto. – Ele sentou-me em seu colo, enquanto eu ria de suas palavras possessivas. – Se bem que... você prefere homens mais velhos, com maturidade e responsabilidade. E silenciosos, não posso me esquecer. – Abri meus lábios, em surpresa. Corei violentamente. Ele havia escutado tudo, não acredito! Ele soltou um riso suave e alcançou meu lábio inferior, mordendo-o.

- Papai! – O repreendi, dando um leve tapa no seu ombro. – É feio ouvir as conversas dos outros, sabia?

- Só estou sendo um pai cauteloso. Minha filha está em uma idade perigosa. – Ele passou as costas da mão pelo meu rosto. – Bela, mas perigosa. Talvez, um dia, o mundo seja capaz de corromper a pureza com que seus olhos me vêem. – Acho que eu estava começando a entendê-lo. Depois de crescer, eu passei a entender muitas coisas além dos meus próprios sentimentos. E sabia o quão perigosa era aquela nossa relação. Mas era simplesmente impossível sair dela. Porque, aos meus olhos, não havia outro homem mais perfeito do que meu pai.

- O mundo não irá afetar os meus sentimentos, papai. – Alcancei seus lábios mais uma vez, e iniciamos mais um de nossos beijos calorosos. Eram sempre agradáveis e deliciosos.

Mas desde uns tempos para cá, tem sido diferente das primeiras vezes. Acho que meu corpo tornou-se mais sensível, porque cada área tocada por ele deixava-me quente, ainda que ele tomasse o devido cuidado de não encostar em mim em certas áreas. Não que eu reclamasse, mas confesso que às vezes o imaginava me tocando ou beijando de outras formas. Imagino se ainda sou nova para esses pensamentos. Seria esta uma daquelas necessidades a que Miroku estava se referindo?

Toquei em seus cabelos macios, o acariciando. Aquele era como meu beijo de boa noite, que me tranquilizava antes de dormir. Papai me dava a certeza de que sempre estaria ali, comigo.

Mas era como se o que separasse a felicidade e o caos fosse uma questão de segundo. Ouvimos um barulho justamente na porta da cozinha, e a voz sobressaltada de Miroku.

- Rin, me empresta seu trabalho de matemáti... – A voz dele desapareceu. Eu cairia do colo de papai se ele não tivesse me segurado. Eu encarei meu amigo, sentindo o medo tomar conta de mim. Estava sem reação alguma. Diferente de Miroku, que exibia um olhar perplexo e confuso. Ele abriu a boca mais uma vez, mas parecia não ter o que dizer. Virou-se, como se tivesse a intenção de ir embora.

Aquele foi o único momento que me arrependi de nós agirmos como irmãos.


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Notas finais do capítulo

Confissão do autor: Por incrível que pareça, eu me despertei para esta fic após descobrir que ela havia sido plagiada neste site. Alguém chegou a ver isso? KP´SAPK´´P4KAS Muito triste ver que existem pessoas que, quando gostam de uma história, preferem roubá-la do que apoiar o autor original. Mas enfim, me esforçarei para continuá-la. Os capítulos anteriores serão levemente corrigidos, mas nada que altere seus conteúdos. Até o próximo, pessoal!~