Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 3
02 - Um tour especial pela cidade, com direito a quase atropelamento


Notas iniciais do capítulo

Waaazzaa!

Dois meses sem postar... Foi mal, gente! Vou tentar não demorar tanto na próxima vez. Principalmente, porque a minha outra fanfic já está quase acabando (só falta o epilogo).

Neste capítulo, Stef vai conhecer Kendall. E, também, aparecerá uma personagem nova.

Espero que vocês gostem :3

Boa leitura!



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Prós e contras de morar em um lugar novo

PRÓS:

1- Sou apenas a garota nova. Ninguém me conhece por aqui. Ou seja, ninguém fica rindo quando eu passo e pensa: Olha, lá vai a corna!

2- Não preciso dividir o quarto com Avery. Aturar ela durante o dia já é o suficiente.

3- Por enquanto, não estou ajudando nas tarefas pesadas da casa. Jill disse que preciso me habituar com o novo lar primeiro. Comecei a gostar um pouquinho dela depois disso.

CONTRAS:

1- Avery fica enchendo meus ouvidos com as coisas “maravilhosas” que nós duas vamos poder fazer juntar. Oh, mal posso esperar...

2- Ainda não desfiz todas as minhas malas. Que preguiçaaaaaa!

3- Preciso comprar algumas coisas para o meu quarto. Ele não está parecendo a minha cara, ainda.

4- Eu não sei de nenhum lugar legal para ir aqui. Quer dizer, isso se tiver algum...

***

Eu estava apenas dois dias em Minnesota, mas para mim é como se fosse uma semana. Parecia que o tempo passava muito devagar neste lugar!

Talvez ter ficado trancafiada dentro do meu novo quarto, ouvindo música e lendo, não tenha sido a melhor estratégia para passar o tempo. Mas, o que mais eu poderia fazer? Eu estava em uma cidade nova. Não conhecia lugares legais para ir, nem pessoas legais para conversar.

Bem, eu conhecia Avery, mas ela não é o tipo de garota que eu escolheria para ser minha primeira amiga aqui. Não temos nada em comum. Nada mesmo!

Eu já estava ficando entediada de ficar apenas dentro do quarto, mas era muito melhor do que escutar Avery falando de roupas e sapatos. Nem minha irmã, que faz Moda, fala tanto assim de roupa igual ela. Falando na Avery, ela é exatamente do mesmo jeito de quando eu a conheci no aeroporto. Ela realmente era feliz o tempo todo e legal até demais. Pelo jeito, ela puxou isso da mãe, Jill é do mesmo jeito “doce”. Espero não enjoar com tanta doçura.

Era sexta-feira à noite, eu estava sentada na minha cama, lendo Perfeitas de Sara Shepard, quando alguém bateu na porta. Antes que eu pudesse responder alguma coisa, a porta se abriu.

Quem dera que ela estivesse fechada, mas parece que meu pai também seguia aquela maldita regra em que a porta poderia estar no máximo encostada, nunca trancada. Pais e suas regras. Será que eles nunca ouviram falar em uma palavra chamada confiança, não?

— Oi, Stef! — Avery sorriu, ela estava toda arrumada, como se estivesse indo para um evento muito importante. — Eu só vim avisar que já estou quase indo para a festa.

— Legal. Divirta-se! ­ — respondi, com falso entusiasmo, sem tirar os olhos do livro.

Ela só sabia falar sobre essa festa, que eu nem aguentava mais ouvir a voz dela. Isso porque eu só estava dois dias aqui. Fiquei imaginando como eu aguentaria essa garota por um ano inteiro.

Enfim, a tal festa era uma espécie de “boas vindas” para o novo ano letivo. Pelo o que eu entendi, cada time da escola era responsabilizado por determinado evento. O de hoje, seria organizada pelo time de futebol americano, no qual, o namorado de Avery fazia parte. No momento, não me recordo do nome do ser corajoso que consegue aturar Avery.

Eu não estava nem um pouco a fim de sair de casa hoje. Eu estava muito bem aqui no aconchego do meu novo quarto, usando meu pijama confortável, lendo um bom livro. Não queria ir para uma festa, com pessoas que eu nunca havia visto na vida, só porque eles estudavam na mesma escola que eu iria frequentar. Eu poderia esperar mais uns dias, sem problemas. Afinal, a aula já iria começar na próxima segunda.

— Tem certeza que não quer ir? — Avery perguntou, na expectativa que eu mudasse de ideia.

Ela já tinha me convidado para ir várias vezes, e eu neguei todas. Mas, claramente, Avery não sabia ganhar não como resposta. Bem, acho melhor ela começar a se acostumar com essa palavrinha, porque ela vai ser dita muitas vezes daqui para frente.

Bufei, baixando o livro e a olhei por cima dos meus óculos de grau. Eu odiava usar óculos, mas se eu não quisesse ficar cega antes do tempo, precisaria usar, nem que fosse apenas para ler.

— Sim, eu tenho, Avery — respondi pausadamente.

Avery fez biquinho, parecendo não estar contente com a minha resposta. Ouvi o barulho de saltos e uma cabeça loira surgiu na porta. Era Kacey, a melhor amiga de Avery.

Quem mais vai invadir o meu quarto agora? Meu pai? Jill? O cachorro do vizinho? O presidente dos EUA?

— Então, ela vai? ­ — perguntou Kacey, olhando para a amiga.

Kacey era totalmente o oposto de sua amiga, na aparência. Enquanto que Avery tinha o cabelo castanho, na altura dos ombros e incrivelmente lisos, Kacey tinha os cabelos loiros, longos e levemente ondulados nas pontas e olhos incrivelmente azuis. Ela parecia uma bonequinha de porcelana de tão linda.

Fiquei pensando se Savannah e Kacey se conheciam, já que minha irmã havia vindo algumas vezes a Minnesota para visitar meu pai. Por outro lado, eu estava satisfeita por nunca ter vindo. Acho que não perdi nada de muito interessante por aqui.

As duas haviam passado praticamente o dia todo escolhendo o que iriam usar. Como se a tal festa fosse o evento do ano, e elas não podiam errar de jeito nenhum no look. Argh. Garanto que elas não gastavam tanto tempo assim estudando.

Elas pareciam ser inseparáveis, do tipo que contam tudo uma para a outra, que fazem festa do pijama, que passam a tarde toda no shopping fazendo compras, que ficam fofocando sobre a vida dos outros e comentando sobre os garotos mais lindos. Bem normal, como a maioria das garotas da minha última escola eram.

Eu também já tive uma melhor amiga. Nós nos conhecíamos desde o jardim de infância e nos dávamos muito bem. Até ela dormir com o meu namorado e eu perceber que ela era uma vadia desgraçada que não dava a mínima para a nossa amizade. Eu deveria ter dado bem mais que apenas um tapa naquela cara sardenta dela quando descobri da sua traição. Essa foi a primeira, e única, vez que eu bati alguém. E foi por causa de um garoto. Não me orgulho disso.

— Não... — Avery respondeu, desapontada.

— Ah, Stef, vamos! Vai ser legal! — insistiu Kacey, parecendo uma criança de cinco anos querendo convencer os pais a ir ao parque.

— Não, obrigada — respondi, tentando não ser grossa.

— Pooooor favor, Stef! — Avery resolveu tentar me convencer mais uma vez. — Ainda dá tempo de você se arrumar. O Hunter sempre se atrasa.

Hunter... isso! Esse era o nome do namorado da Avery.

— Não.

— Você vai conhecer o pessoal da escola — ela continuou.

— Posso conhecê-los na segunda, não estou com pressa.

— Eu posso te apresentar algum garoto do time de futebol. Tem alguns bem gatinhos...

— Estou bem sozinha.

Depois do que Will fez comigo, eu não estava no clima para ter encontros tão cedo. Mas, claro, Avery não sabia disso e eu nem pretendia lhe contar. A última coisa que eu queria, era mais uma pessoa sentindo pena de mim.

— Mas, Stef... — Avery choramingou.

— Eu já disse que não quero! — exclamei, ficando irritada.

— Esquece, Av — Kacey colocou a mão no ombro da amiga. — Se ela não quer ir, tudo bem. Não podemos obrigá-la.

Agradeci mentalmente por Kacey ter intervindo, talvez ela escutasse a amiga. Avery balançou a cabeça, parecendo conformada.

— É melhor esperarmos o Hunter lá embaixo — Avery informou para Kacey, que assentiu. Depois olhou para mim, com uma expressão culpada no rosto. — Desculpe ter insistido, Stef.

— Tudo bem — dei de ombros.

— Quem sabe na próxima, né... — Kacey disse, esperançosa.

— É, quem sabe.

Resolvi não dar outro “não” de imediato. Acho que Avery não estava muito acostumada a ter seus convites rejeitados. As duas se despediram com um leve aceno e saíram do quarto.

Alguns minutos depois, ouvi buzinas na frente de casa. Fui até a janela, e vi um garoto, de jaqueta de couro, esperando no lado de fora de um carro preto. Estava um pouco escuro, não dava para ver o seu rosto. Avery havia me mostrado uma foto do tal de Hunter mais cedo. Ele tinha os cabelos loiros quase dourados, penteados para trás, e um sorriso charmoso no rosto. A primeira coisa que pensei ao ver a foto dele foi: Will. Não, eles não eram parecidos fisicamente, pelo contrário. Mas ele também tinha aquele sorriso. E qual foi o resultado mesmo? Ah, um belo par de chifres na minha cabeça!

Logo depois, avistei Avery e Kacey chegando perto do carro. Kacey o cumprimentou com um aceno e abriu a porta de trás. Avery deu um beijo no garoto, e ele abriu a porta do carona para ela. Em seguida, eles saíram pela estrada vazia e silenciosa.

Voltei para cama, e continuei o livro de onde parei. Depois de algumas horas, meus olhos começam a ficar pesados. Guardei o livro e fui ao banheiro. Quando estou voltando para o meu quarto, escutei a porta da frente se abrir. Olhei o relógio redondo, que ficava na parede do meu quarto, e percebi que eram apenas 10h50 da noite.

Avery havia dito que o “toque de recolher” era às 11h00. Mas ao que parece, ela gostava de chegar um pouco antes.

Oh, que menina exemplar!

Ela deve ser o orgulho da família.

***

No dia seguinte, durante o café da manhã, Avery me convidou para fazer um tour pela cidade. Ela não comentou nada sobre a festa, o que me fez pensar que ela havia ficado realmente chateada por eu não ter ido. Acabei ficando um pouco arrependida da maneira que a tratei ontem. Eu sei que ela só estava querendo me ajudar a enturmar mais rápido com as pessoas daqui. Então, resolvi aceitar o seu convite. Além disso, seria bom conhecer a cidade.

Jill ficou contente por eu ter aceitado. Ela disse que estava feliz por estarmos nos dando bem. Certamente, ela não sabia da nossa pequena discursão ontem à noite. Melhor nem saber mesmo.

Avery parecia mais animada do que o normal, como se alguém tivesse injetado uma dose extra de adrenalina nela. Ela perguntou se podia convidar Kacey para ir junto e eu disse que não via problema nisso. Pelo jeito, essas duas não se desgrudam para nada. Parece que elas são o famoso pacote “compre um e leve dois”.

Avery subiu para trocar de roupa e disse que iria ligar para Kacey. Enquanto isso, ajudei Jill a arrumar a mesa do café, mesmo ela falando que não precisava. Se eu não fizesse pelo menos uma coisinha de vez em quando, iria me sentir uma folgada completa.

Como Avery estava demorando a descer, resolvi esperá-la na varanda. Acabei encontrando meu pai na frente de casa, aparando a grama.

Ele estava usando o seu típico traje de quando está em casa: camiseta vermelha, velha e desbotada com bermuda de sarja bege. Seu traje para trabalhar era tudo branco, já que ele era dentista.

Ele já havia feito o lado direito inteiro. Pensei em voltar para dentro, mas ele me viu e desligou o cortador de grama elétrico. Droga...

— Bom dia, filha! — disse, limpando o suor da testa com a mão.

— Hm, bom dia — respondi.

Como eu sabia que o assunto não iria terminar por aqui, resolvi sentar em um dos degraus.

— Então, o que está fazendo aqui fora? — ele perguntou, se dirigindo na minha direção e pegou uma garrafa de água que estava perto da escada.

— Esperando a Avery — respondi. — Ela vai me mostrar a cidade.

— Que bom! Fico feliz em saber que vocês duas estão se dando bem — ele deu um gole na água em seguida.

— Aham — murmurei.

— Está ansiosa para o inicio das aulas? — perguntou, puxando conversa.

— Mais ou menos — dei de ombros.

Eu não tinha muito com o que me preocupar, sempre fui uma boa aluna. E achava pouco provável que o nível da nova escola fosse muito diferente da minha antiga na Califórnia.

— Já sabe para que faculdade quer ir?

Yale — respondi, na lata.

— Ah, a mesma da sua irmã — lembrou. — Ela tem algo a ver com essa sua decisão?

— Não, apenas acho que Yale é uma excelente faculdade — optei por uma meia verdade.

É claro que eu achava Yale uma excelente faculdade, mas não era por isso que eu queria ir para lá. Savannah adorava tanto morar lá, que eu tinha quase certeza, que pretendia ficar em Connecticut mesmo depois de se formar. E eu queria ficar perto dela. Além do meu pai, ela era a única família que ainda me sobrava.

— E você já sabe que curso pretende fazer?

— Hm, estou pensando em Jornalismo.

Cruzei os braços, me sentindo descontável com o rumo da conversa.

Não que tivesse algo errado com ela, mas meu pai nunca havia se interessado em saber como eu me sentia em relação aos estudos. Era um pouco estranho vê-lo assim, tão animado com a minha vida de uma hora para outra. Eu sabia que ele estava querendo me mostrar que agora ele era um pai melhor e que eu poderia me sentir à vontade em conversar com ele novamente. Talvez ele tenha mesmo mudado. Ou talvez, só quisesse me agradar.

— Que interessante! Avery quer fazer Design. Quem sabe vocês entrem em faculdades próximas. Não seria legal? — perguntou, animado.

Claro, quem sabe até pudéssemos ser companheiras de quarto! Por favor. Já será difícil tê-la como vizinha de corredor por um ano inteirinho. Imagina ter que conviver com ela por mais quatro na faculdade? Não, eu dispenso.

— Com certeza — resisti ao impulso de revirar os olhos.

Antes que meu pai me enchesse com mais perguntas, a porta da garagem levantou e um carro VW New Beetle, na cor amarela, apareceu. Fiquei um pouco surpresa, será que o modelo cor-de-rosa estava em falta quando ela foi comprar?

— Vamos, Stef! — ela buzinou. Avery estava de óculos de sol e com o capô do carro abaixado.

— Hm, ok... — levantei dos degraus, passando a mão na calça jeans para ter certeza que não estava suja. — Tchau.

— Tchau, Gregg! — acenou Avery, sem sair do carro. Pelo menos ela não o chamava de pai.

— Tchau, meninas. Divirtam-se! — ele acenou de volta. — Ah, não se atrasem para o almoço.

— Pode deixar — garantiu Avery —, nós não vamos demorar muito.

Ela deu partida no carro e saímos estrada fora. Paramos algumas quadras depois para pegar Kacey. Eu fui para o banco de trás, deixando Kacey sentar na frente com Avery.

Rodamos por cerca de uma hora, conhecendo a cidade. Agora eu já sabia onde ficava alguns lugares como: a escola, o mercado, a biblioteca municipal, dois parques de diversões e o hipódromo. Até que tem algumas coisas interessantes por aqui. Quem diria!

Avery parou o carro em um estacionamento gratuito perto de uma rua cheia de lojas comerciais. Aleluia! Não aguentava mais ficar dentro desse carro.

— Agora, você vai conhecer a lanchonete que faz o melhor milk-shake do Condado de Scott! Está preparada? — Avery perguntou, se virando e olhando para mim. Kacey me analisava com seus olhos azuis brilhando, esperando a minha reação.

Eu já tinha tomado muitos milk-shakes bons na Califórnia. Talvez esse que elas estavam falando nem fosse assim tão maravilhoso.

— É... acho que estou — disse, incerta.

As duas bateram palminhas e saíram do carro contentes. Andamos um pouco até eu avistar uma placa escrita “Shake...pee!”. No qual, lembrava muito Shakopee, o nome da cidade. Que pessoal criativo!

Quando entramos na lanchonete, o sininho da porta soou. Avery cumprimentou a mulher do caixa, que aparentava ter uns quarenta anos, ela sorriu de um jeito simpático ao nos ver. Pelo jeito, elas vinham bastante aqui. As duas pediram milk-shakes de morango e eu optei por um de baunilha.

Sentamos em uma das mesas redondas que havia no local. As duas ficavam me olhando na expectativa, quando peguei o meu milk-shake na mão e suguei o canudinho.

— Então, o que achou? — perguntou Kacey, na expectativa.

— É gostoso, mas... eu já tomei melhores em San Diego — fui sincera.

— Ah, Stef! Dê uma chance para Minnesota e esqueça um pouquinho a Califórnia. Afinal, você mora aqui agora — lembrou Avery.

— Apenas por um ano... — comentei.

— Você pretende voltar para a Califórnia? ­ — Kacey ficou curiosa.

Se eu queria voltar para o lugar onde eu perdi a minha mãe? Onde moravam os traidores Will e Kendy? Não, claro que não. Aquele lugar não poderia mais me trazer coisas boas. Ele estava completamente fora de cogitação.

— Não. Apenas quis dizer que depois vem a faculdade. Mas não sei ao certo para onde eu vou. Garanto que vocês também ainda não sabem — finalizei.

Elas concordaram.

Avery só sabia o que havia acontecido com a minha mãe, já que essa foi o motivo de eu ter vindo morar aqui, mas ela não sabia do resto. A única pessoa que sabia de tudo era Savannah. Eu nem tive coragem de contar para minha mãe sobre o que Will fez comigo, pois ela gostava muito dele.

Quando fui pagar o meu milk-shake, Avery não deixou. Disse que a primeira seria por conta dela. Agradeci. Se ela queria apagar, quem seria eu para impedir, não é?

Saímos da lanchonete e caminhamos pelo lado oposto que havíamos vindo. As duas queriam olhar as vitrines de algumas lojas. Não falei nada. Esse deveria ser o hobby preferido delas.

Acabei pensando em Savannah. Ela iria adorar passar uma tarde olhando vitrines e provando roupas junto com essas duas. Minha irmã adorava tudo que era relacionado com moda, e não só por causa da faculdade. Ela sempre foi assim, desde criança.

Eu estava apenas três dias aqui, mas já estava com tantas saudades dela! Estávamos nos comunicando, mas apenas por mensagens de texto. Ela estava bem ocupada, arrumando os últimos detalhes para voltar a faculdade depois de um semestre fora.

Sim, minha irmã trancou a faculdade por um semestre e veio para a Califórnia me ajudar a cuidar de nossa mãe. Eu disse que não precisava, que daria conta sozinha, mas ela me conhecia bem o suficiente para saber que isso era mentira. Foi bom ter a ajuda dela, afinal. Só que agora, ela precisava continuar sua vida. Savannah tinha um namorado lá e já estava quase terminando a faculdade.

Avery e Kacey pararam em outra vitrine, e dessa vez eu resolvi não esperar. Definitivamente, eu não tinha paciência para compras. Fui andando na frente, só que devagar.

Sai da frente!

Olhei para trás, para saber quem havia dito isso. Um garoto de skate e capacete na cabeça estava vindo em minha direção e iria me atropelar, mas consegui desviar no último segundo.

— Maluco! ­— gritei.

O garoto parou alguns metros depois, bateu com o pé na ponta do skate, fazendo que ele levantasse e pegou com a mão direita.

— Você está bem? ­ — perguntou, tirando o capacete com a mão livre e veio na minha direção.

Ele era alto, talvez uns dez centímetros a mais do que eu. Magro, mas não do tipo desajeitado. Cabelos de um tom de loiro escuro, que caiam sobre a testa — por estar um pouco comprido demais — e tinha sobrancelhas grossas. Usava uma camisa de flanela azul clara, calça jeans preta e Vans nos pés.

Ele poderia ser considerado bonito, se não fosse seus olhos. E sabe qual era a cor dos olhos da criatura? Verde! Tão verdes que mais pareciam duas esmeraldas. Fala sério, eu sou a única pessoa que nasce loira e tem o azar de ter olhos castanhos?

Não se sei era culpa da minha “pequena quedinha” por caras de olhos claros –— me apaixonei por Will devido aos seus olhos azuis — mas esse cara era lindo.

Quem diria que uma cidade chamada Shakopee, escondia um garoto tão lindo como ele? Pois é, eu não imaginava.

Ele me encarava como se esperasse algo. Então me lembrei de que não havia respondido a sua pergunta.

— Estou, mas não graças a você. Sabia que não se pode andar de skate na calçada?

— E onde mais eu iria andar? — perguntou, em tom de desafio.

— Sei lá... na estrada?! — sugeri.

— Aí eu seria atropelado por um carro.

— Melhor do que você atropelar um pedestre. Tipo: Eu!

— Ei! Quase atropelar — corrigiu. — Além disso, eu te alertei.

— Ah, claro, “Sai da frente” é uma maneira muito educada de alertar alguém.

— Você queria que eu dissesse o quê? “Por favor, será que você poderia ter a gentileza de sair da frente? Muito obrigado”.

— Seria o ideal... — respondi.

— Oh, desculpe, mas acho que não tive tempo suficiente para dizer isso — ironizou. Ele tinha um sorriso contido nos lábios, mas foi o suficiente para a sua covinha ficar visível.

— E-eu... — gaguejei. Eu queria lhe xingar, mas do nada, eu havia esquecido como se terminava uma frase.

Mas o que está acontecendo comigo? Eu não sou de ficar gaguejando na frente de garotos! Quer dizer, ele é lindo, mas isso não é motivo!

Além disso, o que adianta tanta beleza se ele é um idiota mal-educado?

— O que está acontecendo aqui?

Fui salva por Avery, que apareceu do meu lado. Essa é a primeira vez que fiquei tão feliz em vê-la. Kacey parou ao lado dela alguns segundos depois e parecia cansada. De certo, teve que dar uma corridinha para me alcançar. Isso não teria acontecido se elas não tivessem parado para ver vitrine.

— Ah, oi, meninas! — sr. Olhos Verdes sorriu para as duas e largou seu skate no chão.

— Oi — as duas responderam juntas.

— Em que problemas você se meteu dessa vez, hein? — questionou Avery.

— Nenhum. Eu não me meto em problemas! — respondeu, parecendo ofendido com a acusação.

— Claro que não, você é um anjinho — ironizou Kacey.

— Sou mesmo, ainda bem que você sabe.

— Vocês se conhecem? — perguntei, apontando para Avery e Kacey e depois para o garoto.

— Sim, ele estuda na Masterson High também — Avery deu de ombros. — Então, por que vocês estão parados aqui no meio da calçada?

Sr. Olhos Verdes não respondeu, então, percebi que a pergunta havia sido dirigida a mim.

— Ele quase me atropelou — respondi.

— Você fez o quê?! ­ — Avery olhou de cara feia para o garoto.

— Ei! Ela disse quase! — ele se defendeu.

— Você podia tê-la machucado! — Kacey parecia que ia começar a chorar a qualquer segundo.

— Calma, calma! Não aconteceu nada de ruim com ela — ele tentou tranquilizá-las. — Não é mesmo, loira? — ele olhou para mim.

Revirei os olhos. Odiava quando me chamavam assim. Ok, eu sei que sou loira, mas eu tenho um nome e gosto de ser chamado por ele.

— É, estou bem — respondi. Não queria fazer um escândalo por algo tão pequeno, Afinal, eu nem tinha me machucado.

— Olha, Avery, eu sei que você adora ser legal com todo mundo, mas não sabia que agora defendia garotas desconhecidas na rua — sr. Olhos Verdes disse, em um tom que me pareceu deboche.

— Ela não é uma desconhecida, seu mané — Avery balançou a cabeça, como se fosse óbvio.

— Espere, essa é a Stefanie? — ele perguntou, surpreso.

— Como você sabe o meu nome? — questionei.

— Avery falou de você. Ontem ­— respondeu, como se fosse óbvio.

Ah, então eu não vou à festa e ela resolve falar sobre mim mesmo assim? Ótimo.

Encarei Avery e lhe lancei o pior olhar que consegui no momento. Ela apenas deu um sorrisinho, como se me pedisse desculpas por ter falado demais.

— Estranho... ela não me falou sobre você, garoto skatista ­— cruzei os braços.

Kendall.

— O quê?! — minha pergunta saiu um pouco mais alta do que eu esperava.

Kendall... Kendall... Kendall... Kendall... Kendall...

Esse nome ecoava na minha cabeça, me trazendo lembranças ruins do passado. O mesmo nome da vadia, que um dia eu chamei de amiga, que teve a audácia de trair a minha confiança e dormiu com o meu namorado. Por mais que eu normalmente a chamasse de Kendy, seu nome, na verdade, era Kendall.

— Kendall — ele repetiu. — É o meu nome.

— Se-seu nome é Kendall? — perguntei, tentando confirmar que não havia ouvido errado.

— Sim... — respondeu, parecendo confuso. — Algum problema?

Olhei para Avery e Kacey, elas não estavam rindo ou algo do tipo. Na verdade, estavam me olhando assustadas, como se eu fosse uma gringa que não conseguia se comunicar com americanos. Pelo jeito, ele estava mesmo falando a verdade.

— Não, nenhum — respondi, por fim. — É que... é só um nome diferente.

— Talvez onde você morava, mas aqui, não.

Certo, então ele se chamava Kendall. Tenho que admitir: eu nunca havia conhecido um garoto com esse nome. Pensei que era apenas nome de garota e sobrenome.

O problema era, que sempre que ouvisse esse nome daqui para frente, acabaria me lembrando de Kendy. Pelo jeito, eu não iria me livrar da ruiva traidora tão cedo. Quer dizer, pelo menos do nome dela.

Voltei a realidade quando Avery engatou o seu braço no meu, como se fôssemos melhores amigas.

— Pronto! Agora vocês já se conhecem! Infelizmente, temos que ir — anunciou. — Não é, Stef?

— Ah, claro. Temos mesmo — concordei. A última vez que eu conferi as horas, já passava das 11h00. Precisávamos voltar para casa e almoçar.

— Tudo bem — Kendall respondeu. — Vejo vocês na aula, então. Tchau, meninas.

Avery me soltou e chegou perto dele, lhe dando um beijo em seu rosto. Kacey fez o mesmo em seguida. Fiquei onde eu estava, eu não iria sair beijando um garoto que mal conhecia. Mesmo sendo no rosto. E mesmo ele sendo lindo.

Dei um leve aceno em despedida e ele retribui com um pequeno sorriso. As duas começaram a andar sem me esperar. Revirei os olhos e comecei a caminhar atrás delas.

Alguns segundos depois, o tal do Kendall me alcançou. Ele estava em cima de seu skate, bem devagar, para poder ficar ao meu lado na calçada. Olhei para ele com uma expressão confusa.

— Espero quase esbarrar em você novamente — murmurou, com um sorriso.

— Mal posso esperar por isso —­ ironizei, revirando os olhos.

Ele ergueu uma sobrancelha, como se estivesse bolando um plano. Em seguida, acelerou o skate e passou por Avery e Kacey, que haviam parado em outra vitrine.

Quando chegou à esquina, olhou uma última vez para trás. Na minha direção.

Ele parecia estar sorrindo, mas eu não tinha certeza, já que ele estava muito longe. Em seguida, virou à direita e sumiu.

***

E foi assim, em um dia aparentemente normal, em uma cidade nova, que o destino resolveu colocar outra pessoa chamada Kendall na minha vida.

A única coisa que eu conseguia pensar era: Céus, o que eu fiz de tão ruim para merecer um castigo desses?

Naquele momento, eu ainda não sabia, mas o destino ainda me reservaria muitas surpresas durante a minha estadia em Minnesota.

E depois disso, minha vida nunca mais seria a mesma.


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Notas finais do capítulo

* Perfeitas (No original: Perfect) é o 3º livro da série "Pretty Little Liars" escrita por Sara Shepard, e que inspirou a série de TV de mesmo nome.
* O termo "condado" designa uma região administrativa de um estado. No caso do Condado de Scott, a sua sede é a cidade de Shakopee. Local onde a fanfic se passa.
* Masterson High School, citada por Avery no capítulo, é a escola fictícia da história.

Então, o que acharam? Pelo jeito, a relação de Stefanie e Kendall não vai ser muito fácil haha.

*SPOILER* No próximo capítulo, Stefanie estará encarando o seu primeiro dia de aula. Mais dois personagens vão aparecer na fanfic e Stef poderá ganhar novos amigos.

Espero vocês nos comentários.

Até a próxima! Big time kisses :*

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