Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 23
22 - Novo ano, novas tradições


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tudo bem com vocês?

Demorei um pouquinho, mas voltei! :D

Não vou enrolar muito aqui, só quero dar um aviso: Preparem o coração!

Boa leitura!



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Lista de desejos para o próximo ano:

1- Me formar no ensino-médio com notas exemplares.

2- Ser aceita em Yale.

3- Não ter tantas crises de rinite.

4- Deixar, totalmente no passado, tudo que envolva Will ou Kendy.

5- Tentar (eu disse TENTAR) ter um convívio melhor com o meu pai.

***

Meus finais de ano sempre se resumiam a ficar na sala, comendo porcaria e enrolada no cobertor enquanto assistia na televisão a contagem regressiva na Times Square.

Este ano seria diferente.

Eu queria ficar em casa, mantendo a minha “tradição de ano novo”, mas não dava para competir com Avery e Savannah juntas. Elas conseguiram me convencer a passar a virada do ano na rua, mais especificamente no centro da cidade. Avery me disse que não era nada tão grandioso como a virada em Nova York, mas que era bem divertido. Todas as ruas ficavam iluminadas, haviam shows acontecendo nos barzinhos — no qual não podíamos ir por sermos menores de idade —, apresentações nas praças públicas, e barracas de todos os tipos. Era algo para toda a família. Porém, meu pai e Jill resolveram ficar em casa, acho que eles queriam um tempinho a sós. Realmente não deveria estar sendo fácil conviver em uma casa com duas adolescentes e mais uma jovem que vinha sempre nos feriados.

Tivemos que pegar o carro de Jill emprestado, porque o de Avery sempre acabava se atolando na neve. Savannah — por ser a mais velha e responsável por nós esta noite — foi quem dirigiu. Claro, com Avery lhe dando as coordenadas.

— Isso não é incrível? — Avery perguntou, os olhos brilhando de animação enquanto caminhávamos pelo centro da cidade.

— Sim, sim — respondi de má vontade. — Mas queria estar em casa, na companhia do aquecedor elétrico.

Era por isso que eu não queria sair de casa. Os dias aqui já eram frios, as noites eram ainda piores. Eu estava coberta por diversas camadas de roupas, mas ainda sentia frio. E, para ajudar, esqueci de colocar o cachecol.

— Deixe de ser chata, Stef. Você sempre disse que queria passar o ano novo assim — Savannah disse.

— É, mas em Nova York! — protestei.  

— Olha! — Avery apontou para uma das inúmeras barracas que tinha ali. — Uma cartomante!

— Por favor, você só pode estar de brincadeira! — reclamei. Eu não acreditava nessas baboseiras de bolas de cristal, cartas de tarô e seja lá o que mais eles usavam para “ver o futuro”.  Para mim, não passavam de charlatonas que gostavam de enganar as pessoas.

— É claro que não estou! — Avery engatou o seu braço no meu. — Vamos, Stef, vai ser divertido!

— Não, obrigada — dei um passo para trás e consegui me soltar.

— Stef não acredita nessas coisas — Savannah disse, revirando os olhos. — Mas eu adoraria ir ver o meu futuro.

­ — Oba! Vamos, vamos! — Avery disse mais animada do que o normal.

— Eu vou dar uma volta enquanto isso — disse, já me retirando. Elas assentiram e foram para uma fila que tinha no lado de fora da barraca.

Encontrei uma série de barracas que me interessavam: Comida e jogos. Comprei uma pipoca e parei em uma barraca de arremessar bolas em patinhos que ficavam passando por um rio falso. Havia um garoto de mais ou menos doze anos jogando, ele era tão ruim que nem uma das bolas chegou nem perto do alvo.

— Que mané! — disse uma garotinha ao meu lado. ­— Ele só está passando vergonha.

— Verdade — concordei.

— Ei! Eu conheço você! — percebi que a garotinha estava falando comigo. Olhei para ela, mas não consegui ver seu rosto com clareza devido ao gorro peruano e o cachecol que cobria a boca.

Eu não consigo fingir que conheço alguém quando claramente não conheço. Sempre faço uma cara muito estranha, do tipo “quem é esse ser que fala comigo?”. Ela deve ter percebido isso, porque continuou.:

— Você foi a minha casa uma vez, fazer trabalho com o meu irmão — ela disse, tirando o cachecol de frente da boca.

Uma luzinha se acendeu em cima da minha cabeça.

— Claro! Claro! — disse. — Você é a irmã do Kendall. Katherine, certo?

— Só Katie — respondeu.

— Ok, só Katie — repeti, o que fez ela rir. — Você está sozinha?

­— Não, minha mãe está ali — ela olhou para trás e apontou para uma mulher que estava de braços cruzados olhando para nós. — Venha falar com ela!

— Eu... — tentei protestar, mas ela me pegou pela mão e começou a me puxar por entre as pessoas.

 — Mãe, mãe! Olha quem eu encontrei! — ela disse quando paramos em frente à mulher. ­

— Ah, oi, Stefanie — ela sorriu para mim. — Tudo bem?

— Boa noite, sra. Knight — a cumprimentei sorrindo também. — Tudo.

As duas começaram a me fazer perguntas sobre o que eu estava achando do ano novo por aqui e como eram as celebrações na Califórnia. 

— Ok, maninha, aqui está o seu...  — um garoto disse atrás de nós, me virei para ver quem era. — Algodão doce. Oi, Howard.

— Oi, Kendall — respondi. Não tinha visto ele desde o baile de natal. Foram apenas alguns dias, mas pareciam semanas.

— Obrigada! — disse Katie, tirando o algodão doce da mão do irmão.

— Pronto, agora que você já ganhou o que queria, podemos ir embora — falou a sra. Knight.

­— Mas, mãe! Ainda está cedo! — Katie protestou. — Por que o Kendall pode ficar?

— Porque ele não é mais criança.

— Você já viu quando ele se reúne com James, Carlos e Logan? Parecem criancinhas de cinco anos!

— Katie! — Kendall ralhou com ela.

— O quê? Só estou falando a verdade — ela de ombros.

— Olha — Kendall se ajoelhou na frente dela. —, vá para a casa com a mamãe, ok? Prometo que você pode ficar até meia-noite na próxima vez.

— Posso gravar isso para usar contra você no futuro? — ela questionou.  Kendall revirou os olhos. — Estou brincando. Acredito na sua palavra, maninho.

Ele sorriu para ela e lhe deu um beijo na testa, levantou e despediu-se da mãe. As duas se despediram de mim e foram embora.

— E aí, Howard, veio sozinha?

— Não, estou com Avery e minha irmã. Elas foram à barraca da cartomante — fui obrigada a revisar os olhos, porque achava isso muito tosco.

­— Isso é a cara da Avery — Kendall riu. — Bem, te acompanho até lá. Claro, se você quiser.

— Pode ser — dei de ombros.

Quando chegamos em frente a barraca, elas não estavam mais na fila. Pensei que elas poderiam estar lá dentro fazendo a “consulta”. Fiquei esperando, com Kendall ao meu lado. Não conversamos. Saíram duas garotas, mas não eram elas. Achei melhor ligar para elas e saber onde estavam. Coloquei a mão no bolso do casaco e peguei o meu celular. Sem bateria.

Droga! — murmurei. Não deveria ter jogado Subway Surfers antes de sair de casa.

— Algum problema?

— Bateria morreu – disse, colocando ele de volta no bolso. — Ei! Será que você poderia emprestar seu celular? Por favor. Preciso saber onde elas estão.

 — Claro — ele procurou o celular e me entregou.

Telefonei para Savannah, pois sabia seu número de cor, mas estava fora de área. Já o de Avery eu não sabia de cabeça.

— Você tem o número da Avery nos contatos? – perguntei. Ele fez que não. Suspirei, devolvendo o celular para ele. — Ok, obrigada.

— Elas devem estar por aí — Kendall disse, olhando em volta, as mãos dentro do bolso. — Posso te ajudar a procurá-las.

 — Certo.

***

Achar essas duas estava sendo mais difícil do que eu imaginava. Havia muitas pessoas pelas ruas, a maioria era jovem, o que deixava tudo ainda mais complicado. Eu só esperava que elas estivessem me procurando também, porque seria muito triste se as duas começassem a se divertir e esquecessem totalmente da minha existência. Estava me sentindo igual o Macaulay Culkin em “Esqueceram de mim”

— Tudo isso não teria acontecido se elas não tivessem ido ver aquela charlatona — disse, quando fizemos uma pausa.

— É, também não acredito em prever o futuro. em destino.

“Acho que o destino está nos dando um empurrãozinho, não acha?” As palavras que ele usou no primeiro dia de aula vieram a minha cabeça no mesmo instante. Por que eu me lembrei disso?

Balancei a cabeça, tentando tirar esse pensamento da minha mente.

— Acho melhor eu voltar a procurar elas — comecei a andar.

— Espera! — ele veio atrás de mim. — Se continuar assim, não vai aproveitar nada da noite. Olha, vamos fazer o seguinte: eu te faço companhia até encontrarmos as duas. Podemos comer alguma coisa, olhar as barracas. Uma hora vamos acabar esbarrando com elas por aí.

— É, acho que sim. Mas por que você está fazendo isso? — questionei.

— Eu gosto de ajudar as pessoas — deu de ombros.

— Você não tem nada melhor para fazer, não?

Não — ele sorriu.

— Sua vida deve ser bem chatinha — murmurei. — Ok, vamos comer.

— Cachorro quente? — sugeriu.

— Você leu meus pensamentos.

Kendall quis pagar o meu cachorro-quente, mas eu não deixei. Ele não tinha motivos para isso, não era um encontro. Claro, eu não disse isso a ele. Apenas falei que podia pagar pela minha própria comida e agradeci, ele deu de ombros como se não se importasse muito. Acho que ele me conhecia bem o suficiente para saber que esse era apenas o meu jeito.

Após comer, andamos por diversas barracas. Paramos em algumas de jogos, mas não ganhamos nada. Kendall se defendeu dizendo que eles têm truques para as pessoas não vencerem. Eu fui sincera: não sou boa de mira.

Andamos por outras barracas. Quanto mais o tempo passava, mais frio ficava. E eu não estava acostumada a ficar tanto tempo na rua à noite. Colocava as mãos no bolso, depois tirava e esfregava uma mão na outra. Arrumava a touca na cabeça, certificando que minha orelha estava quentinha. Ficava mexendo os dedinhos dentro do bota para ter certeza que eles não estavam congelando. Tentava deixar meus cabelos o máximo possível para frente para cobrir o meu pescoço que estava descoberto.

Kendall me flagrou, novamente, fazendo esse ritual.

— Você está com frio — ele disse.

Não era uma pergunta.

— Um pouquinho — confessei.

— Aqui — ele tirou o cachecol xadrez azul que estava usando e se aproximou mais de mim. Parei de mexer.

— Mas você não vai precisar? — perguntei, enquanto ele passava o cachecol em volta do pescoço.

— Já estou acostumado com o clima daqui. 

— Bem, obrigada então — arrumei o cabelo que tinha ficado por cima do cachecol.

Ah! Que quentinho!

— De nada — ele sorriu de volta. — Você fica bem de azul.

Dei um pequeno sorriso em resposta. Saímos do local de onde estavam as barracas e começamos a caminhar pelas ruas que tinham em volta.

Do nada, Kendall começou a cantarolar “Lucy In The Sky With Diamonds” dos Beatles e apontou para o céu. Eu ri, e cantarolei junto com ele.

Beatles. Isso me lembrou de algo que queria falar com ele.

— Kendall — disse, assim que a música terminou.

— Howard.

Balancei a cabeça, rindo. Comecei a afrouxar o cachecol e abri o meu casaco.

— Ei! Não vá se despir aqui no meio da rua! — ele tentou parecer sério, mas seus lábios estavam um pouco curvados para cima.  

— Idiota — revirei os olhos. — Não é isso.

Puxei a corrente que estava por baixo das inúmeras roupas que usava. Ela era prateada e tinha dois pingentes: um submarino e uma letra “S”.

— Eu adorei o presente. Muito obrigada — sorri, sendo sincera.

— Como você adivinhou que fui eu? — ele afundou as mãos no bolso do casaco e ficou mexendo com o pé direito na neve, fazendo círculos.  

— Bem, eu não conheço mais ninguém que me chame de Howard — sorri, o que fez ele abrir um pequeno sorriso também.

“... E mais ninguém que tenha arrebentado a corrente que ganhei da minha mãe e se sentiu mal por isso”, pensei. Mas achei melhor não dizer em voz alta.

— De nada — ele parecia feliz, por mais que não estivesse mais sorrindo. — Achei que combinava com você.

Eu sorri novamente, sem saber ao certo o que dizer. Eu comecei a cantarolar “Yellow Submarine”. Kendall deixou escapar uma risada baixa, sabendo que escolhi essa música justamente por causa da corrente e voltamos a andar.  

No caminho, vimos uma família fazendo anjos de neve. O menino, que deveria ter uns seis anos, fez um anjo um pouco esquisito. Ele não movimentou bem os braços e as pernas, então ficou parecendo mais uma árvore de natal. Mas, mesmo assim, ele parecia muito feliz pela sua “obra-prima”.

Kendall percebeu que eu não parava de olhar para a família e perguntou:

— Você já fez um anjo na neve?

— Não.

— Ótimo! Então você vai aprender hoje — ele acelerou o passo, olhando para os lados.

— Espera... O quê? ­— corri atrás dele. — Eu não concordei com isso!

— Não se preocupe, Howard, sou um ótimo professor. — ele inflou o peito, se gabando. — Eu ensinei a Katie e ela já está quase melhor do que eu.

Ele parou em frente há uma grande área, onde a neve parecia estar bem grossa. 

— Perfeito — ele fez um “L” com cada uma das mãos, como se tivesse tirando uma foto do local.

— Kendall, não quero fazer isso. Está muito frio e a minha roupa vai ficar toda suja de neve! — bati o pé. Eu estava parecendo a Avery com os seus chiliques.

— É só limpar depois — ele deu de ombros. — Ok, vamos lá.

Ele deitou na neve e olhou para mim. Revirei os olhos e deitei também, deixando uma certa distancia entre nós para não estragar os anjos.

— Ok, o segredo é mexer bem os braços, mas sem deixar encostar ao corpo para as asas não ficarem grudadas. Não se esqueça de mexer os pés também — ele foi fazendo enquanto explicava. Segui os seus passos. — A parte mais difícil é conseguir sair sem borrar o desenho.

Parei de fazer e olhei para Kendall, enquanto ele se sentava, sem apoiar os braços no chão e, em seguida, ficar em pé.

— Pronto! Um anjo perfeito! — ele abriu os braços e só faltou dizerem “tcharam!”.

— Eu não vou conseguir fazer isso! — choraminguei. — Ok, acho que vou ficar aqui para sempre.

— Não seja tão dramática — ele revirou os olhos e parou ao meu lado, estendendo as mãos paras mim. — Aqui, segure minha mão, vou te ajudar. 

Em outras circunstâncias, eu não aceitaria. Mas eu queria que o meu primeiro anjo na neve ficasse bom. Ergui os braços e segurei sua mão. O aperto ficou firme por causa das luvas que usávamos.

Ele me ajudou a sentar. Depois, ficou diante dos meus pés e ergue as mãos novamente.

— Ok, tente não borrar ao sair — avisou. Eu assenti. — Um. Dois. Três!

Ele me puxou e eu dei um passo para sair do anjo, mas havia pouco espaço e meu corpo quase colidiu com o dele. Nossos rostos estavam a centímetros de distância, eu estava com a boca entreaberta devido ao susto, saía uma fumacinha por entre meus lábios devido ao frio. Ele umedeceu os lábios e, por um segundo, achei que iria me beijar. Mas ele soltou as minhas mãos e deu um passo para trás.

— Bem, nada mal para uma iniciante — disse olhando para o anjo. Virei-me e encarei o chão. O meu tinha ficado bom, mas o dele realmente estava perfeito.

Ele já tinha limpado a neve da roupa e começou a andar. Eu fui atrás dele, tentando tirar o maior que conseguia, dando tapinhas na minha roupa. Não me importava tanto com a neve em si, só com o frio que estava sentindo agora. Deitar na neve não é algo muito recomendado para pessoas que odeiam o frio como eu.

Por que ele não me beijou? Era a única coisa que eu conseguia pensar.

Ele teve a oportunidade perfeita. De novo.

Às vezes ele parecia sentir algo por mim (Como quando me beijou no carro, ou quando quase me beijou no corredor no dia da detenção). Mas em outros — como esse que acabou de acontecer —, ele parecia querer só meu amigo. E tinha aqueles momentos em que ele era totalmente insuportável e ficava me incomodando, dando aqueles sorrisinhos tortos e me chamando de “Howard” a cada frase que proferia. Era como se ele tivesse mais de uma personalidade. Eu não conseguia saber... Ele realmente gostava de mim? Ou queria só ser meu amigo? Ou seu passatempo era apenas me incomodar?

Por isso que eu tinha tantas dificuldades em entender o que eu sentia por ele: Kendall era confuso. E me deixava confusa também.

***

Segundo Kendall, já era quase meia-noite. Eu tive que acreditar nele, já que meu celular morreu. Ele disse que conhecia um lugar ótimo para ver os fogos e, como eu nem sou curiosa, disse que queria conhecer.

Não precisamos andar muito, pois o tal lugar no qual ele se referia era uma espécie de morrinho. Estilo aqueles que vimos em filmes, onde um casal vai de carro e faz um piquenique no chão. Lá era bem alto, e dava para ver a cidade. Era lindo assim, só com o céu coberto de estrelas.

Tivemos que sentar no chão mesmo, pois não tinha nada além de um espaço vazio a nossa volta.

Ele olhou as horas no seu celular e disse que iria começar os fogos a qualquer segundo.

— Você sempre vem aqui?

— Quase sempre — deu de ombros. — E você, onde costumava passar a virada do ano na Califórnia?

— Em casa, debaixo dos cobertores. A cobertura da virada é muito boa na TV, principalmente a do Times Square.

Ele de uma gargalhada. Mas como eu não ri junto, ele parou.

— Espera, você está falando sério?

— Estou. E eu gostava, era divertido.

— Você precisa rever o significado de “Divertido” no dicionário — ele sorriu e olhou novamente o celular. — Aproveite e veja o significado de “Fantástico”.

— Por quê? ­ — perguntei confusa.

Ele não respondeu, apenas apontou para o céu. Foi então que os fogos começaram e... Caramba! Era muito mais bonito — e mais barulhento — do que ver pela TV. Era realmente fantástico.

— Uow! — foi tudo que eu consegui dizer, enquanto admirava aquelas explosões de cores no céu.

Kendall estava concentrado, olhando os fogos de artificio. Um sorriso brincava em seus lábios. Seus olhos brilhavam como eu nunca havia visto antes. Ele parecia tão feliz naquele momento.

“Use mais o coração e menos o cérebro”. A voz de Savannah surgiu em minha cabeça.

Estava na hora de eu ser mais impulsiva. Eu não aguentava mais ficar pensando em “E se eu tivesse feito diferente?”. De me arrepender de não ter me ariscado.

— Ke-Kendall — o chamei.

 Eu respirei fundo. Não pensei nas consequências daquele ato, só no momento.

Ele olhou para mim, ainda um pouco distraído. Então, eu coloquei uma mão em cada lado do seu rosto e o beijei. Na boca.

Não foi um beijo demorado. Eu estava muito nervosa e Kendall parecia surpreso demais para prolongar algo. Quando eu me afastei, apenas o suficiente para encarar sua expressão, percebi que ele me olhava com uma cara de espanto.

Foi aí que o meu cérebro começou a trabalhar a todo vapor e eu comecei a pensar nas milhares de coisas que esse ato iria acarretar.

— Hã... Feliz ano novo? — aquilo não deveria ter soado como uma pergunta.  

Ele não respondeu.

Então resolvi fazer o que qualquer pessoa sensata faria naquela situação: fugir. Mas quando eu comecei a me levantar, ele segurou o meu braço, me trazendo novamente para baixo. Ele apenas se inclinou na minha direção, me beijando para valer.

Meu coração estava batendo tão rápido, que demorei um pouco para fechar os olhos e retribuir o beijo. Seus lábios estavam gelados por causa do frio, mas continuavam macios. O seu perfume era o mesmo que usava da última vez. Ele apertava minha cintura com leveza por cima dos diversos casacos que eu usava e eu pousei minhas mãos na frente do seu peito.

Dizem que quando você escuta sinos ao beijar alguém, significa que encontrou a pessoa certa. Mas, naquele momento, a única coisa que eu ouvia eram fogos de artificio. E acho que isso era ainda melhor.  

Eu não queria pensar o que ia acontecer depois disso. Tinha medo da resposta. Por isso, tentei prolongar o beijo o máximo que pude. Só que eu precisei de ar e ele também. Acho que paramos ao mesmo tempo. Eu abri os olhos, mas ele permaneceu mais alguns segundos de olhos fechados, um sorriso surgindo em seus lábios. Ele finalmente abriu os olhos e disse para mim:

— Feliz ano novo, Stefanie.

Eu não sabia bem porque ele escolhia determinados momentos para me chamar pelo primeiro nome. Queria perguntar a ele. Mas não agora.

 Ele se levantou, passando a mão pela roupa para tirar a neve. Eu continuei sentada no chão, apenas o observando. Ele olhou para mim e estendeu a mão.

Eu a segurei e levantei. Ele não soltou a mão e ficou me encarando por um breve segundo antes de dizer:

— Vamos, precisamos encontrar sua irmã e Avery.

Assenti, pois não sabia se tinha condições de falar sem gaguejar e o segui. Descemos o morrinho, uma distância segura nos separava. Ele não falou nada. Nem eu.  

Mas, assim que chegamos na rua principal, um carro buzinou e parou ao nosso lado. A janela do banco do carona desceu e eu vi o rosto de Avery.

— Stef! — ela exclamou, aliviada ao ver que eu estava bem. — Graças a Deus!

— Hã... Oi — disse, igual uma retardada. Claro, porque é isso que você diz logo após ser achada!

Savannah se inclinou e olhou pela janela abaixada. Ela franziu as sobrancelhas para mim, foi aí que lembrei de Kendall logo atrás de mim.

Vire-me e olhei para ele, sem saber muito bem o que dizer.

— Bem — ele disse, quebrando o silêncio — parece que o meu trabalho termina por aqui. Feliz ano novo, meninas — Ele abaixou um pouco o tronco para poder olhar as duas dentro do carro e sorriu.

Elas só tiveram tempo de acenar de volta, pois Kendall já estava andando para longe. Fiquei olhando enquanto ele se afastava.

— Stef! Eu estou congelando aqui— Avery reclamou.

Eu entrei rapidamente no banco de trás e fiquei quieta. Savannah logo deu partida no carro. Achei que tinha me livrado do interrogatório, mas só tive descanso até virarmos a esquina.

— Então, você não tem nada para nos contar, maninha?  — Savannah disse, me olhando pelo espelhinho. Avery se virou no banco e olhou para mim com um sorriso malicioso nos lábios.

— Não! Vocês que deveriam estar se desculpando por terem sumido! E por não ter atendido ao celular quando eu liguei! — apontei para Savannah, mesmo sabendo que ela estava olhando para estrada.

— Depois nós falamos sobre isso — Avery mexeu a mão em um gesto como se não fosse nada de importante. — Queremos saber o que rolou entre você e o Kendall.

— Isso não é da conta de vocês! — cruzei os braços.

­— Aconteceu algo, certeza! — Savannah exclamou, batendo a mão em punho no volante. — Caso contrário, ela teria dito algo do tipo: “Não aconteceu nada entre mim e aquele idiota!”.

Droga! Eu esqueci que Savannah me conhecia bem o suficiente para saber quando eu estava mentindo.

­— Ai. Meu. Deus! — Avery falou pausadamente, igual a Janice de “Friends”, e olhou para mim boquiaberta. ­

Dei um longo suspiro.

— Outra hora eu conto — eu disse. — Vamos logo para casa, por favor.

Elas assentiram. Avery perguntou se poderia ligar o rádio e eu fui a primeira a concordar, o que a deixou surpresa. Mas era melhor ela cantando do que me enchendo de perguntas.

Perguntas que eu nem sabia como responder. A única coisa que eu tinha certeza era que as coisas seriam bem diferentes neste novo ano.


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Notas finais do capítulo

Oi (de novo)!

Ok, acho que a minha demora até valeu a pena, não é? Hahauaauahauahua.

*SPOILER ALERT* No próximo capítulo, as aulas retornam (após o feriado de fim de ano) e veremos como as coisas serão entre Stef e Kendall após o ocorrido na noite da virada.

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Adoram a fic? Favoritem, recomendem... façam uma autora MUITO feliz! :D)

Até mais! õ/

XOXO

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