Daniel Alexander escrita por Hikaru Hamano Inca


Capítulo 9
Não existe Tempo Ruim, mas, Roupas Ruins - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Como disse, aqui está o de fevereiro. Está bem forte, já aviso!



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Manhattan, Nova York.

Hades era um recém-formado no Ensino Médio quando conheceu Maria di Angelo, sua esposa. Os dois começaram a namorar logo depois da formatura. Maria di Angelo não era da escola de Hades, e sim, da rival, onde seu pai gostaria que ele tivesse estudado.

Eles tinham uma bela relação, amorosa, fiel. Maria era muito religiosa, e contagiou Hades a conhecer mais e ele acabou se convertendo. Maria e ele então se casaram, e logo estavam em lua de mel na Itália, terra natal dos pais de Maria. Ali conceberam Bianca di Angelo, mas só descobriram quando voltaram para Nova York.

Durante a gestação, ele foi apresentado a uma mística chamada Marie Levesque, que veio de Nova Orleans para se instalar na Ilha de Manhattan. Ela tinha um charme que deixou o empresário encantado, e acabou que os dois passaram a conversar muito.

Maria então teve Bianca, e se assustava com a presença da dita feiticeira. Então proibiu o marido de falar com ela. Hades, que já se encontrava num estado de forte amizade com a mulher, parou de leva-la em sua casa, mas ainda conversavam por telefone, e se encontravam em restaurantes e cinemas, para saber das novidades e se ver pessoalmente. Até em algumas vezes, esses encontros foram além da amizade. Marie acabou engravidando.

Hades ficou amedrontado com a possibilidade de Maria descobrir, e logo mandou Marie de volta para Nova Orleans, onde nasceu Hazel, sua filha com a mística. Maria nunca desconfiou. Hazel crescia, e de vez em quando Hades ia visitar as duas na Louisiana, e ali, passavam um tempo até bom, até que Hades descobriu que Marie estava vendendo Hazel como uma bebê do milagre, uma criança que podia curar as doenças só com a saliva. Brigaram naquele Natal, e Hades nunca mais voltara a Nova Orleans, mas sempre mandava cartas.

Maria então engravidou de Nico, e deu a luz ao bebê. Ela amava seus filhos, e era muito apegada. Com Bianca não foi tanto, principalmente pelo espírito independente da garota, mas com Nico, era a verdadeira mãe coruja. Com Nico ela alertava contra tudo e todos, e o educava do jeito mais rígido e carinhoso o possível. Alguns vizinhos cochichavam entre si, um pouco críticos com esse método. Para eles a literatura e o cinema provavam que para criar um psicopata, basta ser uma mãe super protetora e devotada.

Mas Maria nunca ficaria sabendo de Hazel nem que Marie e Hades tinham continuado a conversar, mesmo com sua proibição. Maria morreu quando Nico tinha pouco mais de sete anos. Bianca foi mandada para a Itália depois disso, retornando para Nova York, e depois, voltara novamente para o país em forma de bota.

Marie chegara em Nova York uma semana antes de Maria morrer. Todas as cartas agora eram redirecionadas para seu novo endereço, sem Hades saber, nem Hazel. Não o denegria, e se mostrava apaixonada por Hades, mesmo sabendo que ele tinha se casado com uma modelo meio famosa, filha de uma ambientalista louca.

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Nico estava bebendo vinho, que fingia ser suco de uva, para que o pai não enlouquecesse na noite de Natal.

Hazel estava sentada ao seu lado, balançando o vestido lilás, e conversando sobre o tratamento. Ela rasparia o cabelo em poucos dias, mas já era notável que sua, antes cheia, cabeleira, agora estava mais curta e rala. Eram os efeitos da quimioterapia.

— Eu estou com medo do olhar do seu pai. Parece de desaprovação. — Hazel cochichou para o amigo.

— Se acalma, ele tem essa cara, mas não morde! — Disse Nico rindo um pouco baixo. Sua face já começava a ficar com um leve vermelhar.

— O que você vai dizer se ele vier implicar?

— Oras, que você é uma amiga minha, e do Percy, além de uma guerreira, uma imperatriz de sangue crioulo, que dança jazz na cara da sociedade. — Nico respondeu em voz baixa, dando mais um gole no vinho, e em seguida, a taça foi tirada das mãos dele por Will.

— Eu te odeio. — Nico soluçou.

— Eu sei. É hora da água. — Will ofereceu uma taça cheia de água, aceita por Nico, e logo vazia.

Do outro lado da grande sala, Piper e Jason conversavam com Zeus, que acabara de chegar. Thalia havia encarado o pai, que lhe fez um sinal de espera com a mão. A cantora foi se sentar ao lado de Annabeth, e logo falavam sobre as viagens de Thalia.

Uma regra para aquele jantar era não citar os problemas de Percy e Annie. Seria difícil, especialmente se Leo, convidado por Percy e Annabeth quando saiu do hospital, aparecesse. Era o único que faltava.

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Frank estava inconsolável na cama. Desde que conhecera a menina Hazel, no dia dos achados e perdidos, vinha tentando chamar a atenção dela. Ficou com um porte atlético, o que emocionou a mãe, que se preocupava com a saúde do filho.

Agora chorava por ambas. Por Hazel, doente, encarando a morte de frente, e por sua mãe, essa já levada pela dama fatal da humanidade. Era o pior dos Natais.

Ele já se preparava, deitado e cansado, para a longa noite de sono que viria. O que não contava era com um barulho insuportável de motos que estavam passando há algumas horas por ali. Concluiu que motoqueiros nem sempre tinham Natal dentro de casa.

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Leo estava feliz. Apesar de a mãe ter insistido em levá-lo para o Novo México com ela, ele queria passar o fim do ano com os amigos. E óbvio caçar o Primordial. Para Leo, além de ser um excelente técnico em máquinas variadas e terminar a escola, caçar o Primordial era um dos objetivos de sua vida.

Ele era ajudado por Jason e Percy a subir para o andar da ceia.

Chicos, estejam preparados. — Ele disse em tom meio soturno, enquanto Percy e Jason descansavam em um dos andares do prédio. — Hoje teremos um ataque do Primordial.

— Leo, hoje não, por favor! — Jason pegou um lenço do bolso e limpou a cara. — É Natal, é tempo de festa, de paz, não de intrigas!

— Mas não há nenhuma intriga, meu amigo, há fatos. — Leo começou a explicar. — Hoje além da grande quantidade de avisos, é a data perfeita para aumentar o sofrer de Percy. Há muitos, basicamente a maioria dos que estão nesse apartamento recebem um carinho de você, Perseu.

— Faz sentido Leo, mas como isso aconteceria? — Percy estava realmente intrigado.

— Tenho teorias, mas não quero afirmar nada, afinal, ele pode estar nos escutando, e estar na Ceia, inclusive. — Leo explicou.

— Para de besteira, e vamos logo! Thalia quer ver você! — Jason tentou acabar com a conversa sobre o Primordial, e logo segurou na cadeira de Leo, para ajudá-lo.

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Na cozinha, todos os pratos estavam postos. Decorados e cheios, preparados para a ceia. As bebidas estavam na geladeira. Era um entra e sai do ambiente. Todos entraram pelo menos uma vez no cômodo. Queriam saber quando iam jantar. Sabiam que só quando fosse meia noite. Era a tradição daquela família.

Antes, porém, Thalia, Nico e Leo estavam entretidos numa conversa sobre bandas e música. Planejavam de se encontrar e tocar, que era o que gostavam de fazer. Hades, perto do grupo, além de olhar para a esposa, focava em Hazel também. Queria saber como ela acabou conhecendo Nico, e como estava em Nova York. Perséfone olhava para o celular, enquanto sua mãe papeava com a namorada de Jason.

— A gente deveria mesmo é parar de comer os pobres do animais, afinal, criamos os bichos para mata-los. Não temos coração! — Deméter, a sogra de Hades, estava discutindo veganismo e vegetarianismo com Piper, que ouvia encantada. — Nada de origem animal. Queijo nada mais é que leite batido e mofado, nunca que isso aconteceria naturalmente, nem nos tempos de pré-história.

— Pré-escrita. — Jason, que estava ao lado, sugeria termos para a mulher de vez em quando. — Os especialistas recomendam pré-escrita, pois já havia uma história sendo contada, mas sem palavras, somente por pinturas e objetos, além de ser possível obter alguns dados dos fósseis dos primeiros homens.

— Inteligente meu jovem. — Deméter se espantava com algumas sugestões de Jason. Ele era brilhante na concepção dela.

Percy foi ao encontro do grupo musical que havia se formado.

— Gente, podem me dar uma licencinha, eu quero conversar com o Nico a sós. — Percy bateu nas costas de Thalia, e ela junto com Leo foram entrar no papo vegano-histórico de Piper, Jason e Deméter.

— Fala Percy. Qual a boa? — Nico falou, convidando Percy a sentar ao lado dele. Ao longe, ele observava Hazel e Will conversando com Tyson e Bianca. — Nossos irmãos se dão bem.

— É, realmente. — Percy concordou. O menino de olhos azuis se envergonhava de falar com Nico, mas a dúvida corroía seus pensamentos.

Um silêncio surgiu.

— Vamos Percy, pode falar, eu não mordo, a menos que eu esteja bravo. — Nico falou rindo.

— Você bebeu? — Percy se surpreendeu com o bafo do primo.

— Shhh! — Ele sussurrou baixo e colocou o indicador na frente dos lábios. — Meu digníssimo progenitor não pode saber disso. — E soltou um riso baixo. — Nem o meu Diário, hein, ele não gosta.

— Cara, vamos pro meu quarto. — Percy pegou Nico pelo pulso e o levantou.

— De novo não! Não Percy. — Nico falou um pouco alto com medo na voz. — De novo não, por favor!

A atenção de alguns dos presentes se virou para a dupla de primos.

— O que foi Nico? — Percy falou com preocupação.

— O que foi Nico? Como assim eu nunca te fiz mal? — Nico falseteou a voz de Percy. — Você é mesmo uma figura patética Perseu.

— Ahn? — Percy se interrogou.

— Você finge esquecer a pior noite que me fez ter na vida! — Nico gritou, e todos já estavam parados olhando para a discussão. — Seu maldito idiota! Você me tirou a virgindade a força e nunca mais tocou no assunto novamente!

A cara de Will refletia a sua preocupação. Todos os outros olhavam assustados e incrédulos.

— Percy... — Sussurravam Annabeth e Sally.

— Isso é sério? — Hades se levantou na direção dos dois.

— Não se mete pai! — Nico rugiu para o responsável, que parou de andar, mas manteve-se de pé. — Esse excelentíssimo primo meu, de quem me orgulho de ajudar fazendo todos os trabalhos, é o homem que primeiro possuiu Nico di Angelo, ao chegar bêbado de algum lugar.

— Com assim Nico, eu nunca fiz isso... — Percy tentou contra argumentar.

— Nunca, só que não, né Jackson! — Nico gritou em tom sarcástico. — Eu estava aqui, passando o fim de semana, você tinha saído pra não sei onde para encontrar sua namorada, essa que hoje, por destino está grávida. Você saiu e voltou de madrugada. Eu estava aqui, nesse banco, quieto, lendo meu livro para fazer um trabalho, e logo que você chegou, eu vi que você não estava bem. Você se aproximou e eu perguntei se você precisava de algo.

Percy negava com a cabeça.

— Então, você disse que precisava de mim para uma coisa legal. Meus dez anos Percy. Meu Ensino Médio. — Nico começou a ter as lágrimas saindo dos olhos. — Você me segurou forte e eu disse que tava doendo! Você disse que eu ia gostar do que você ia fazer, e logo estávamos no seu quarto. Ali, você me jogou na cama, e trancou a porta. E logo, me amarrou com as fronhas...

Nico soltou um urro e se jogou no chão, gritando mais.

— Para! Tá doendo! — Ele gritava e tentava se mover, mas todos olhavam assustados para a cena. — Para Percy! Por Maria, para Percy, para...

— Eu nunca fiz isso! — Percy estava às lágrimas também, e chocado com a cena, balançando a cabeça em negação. — Eu nunca fiz, eu não lembro, se eu lembrasse, eu me desculpava, eu reconhecia, mas eu não fiz, eu não lembro, não aconteceu Nico! — Ele também gritava.

Todos estavam sem reação, até que Hades foi segurar Nico, e Poseidon fez o mesmo com Percy. Ambos subiram até os quartos.

Sally tentou tomar a palavra, mas Annabeth falou antes.

— Por favor, vamos continuar, ou tentar. — Ela estava vermelha, e respirava fundo. — É sério, não vamos desistir desse Natal.

Dito isso, todos tentaram achar algum assunto, enquanto Thalia, Will, Bianca e Jason subiram.

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Sem Poseidon, Hades, Percy e Nico, as entradas do jantar foram servidas, e todos os presentes comiam. Uns com mais vontade, outros sem tanta.

— Eu lembro daquela noite, a noite da primeira festa de Percy. — Grover cochichou a Júniper. — Eu lembro, porque eu deixei o Percy aqui, eu abri a porta para ele, e vi o Nico lendo. Acho que ele não me viu.

— Isso é assustador. — Ela respondeu em tom tão baixo quanto.

Passava da meia-noite, e logo começaram a abrir os presentes. Will tinha dado para Hazel um livro de Rachel Elizabeth Dare, chamado Píton e Apolo. Percy tinha dado para Leo e Piper dois quepes de polícia e chapéus de detetives. Nico tinha comprado uma pulseira para Annabeth. Jason reservara um terno para o pai, e Bianca comprou um vestido verde amarelado para a madrasta.

— Agora, o meu presente para a Annie! — Grover levantou o pacote andou na direção de Annabeth, mas parou por um instante.

Os presentes olharam confusos para ele. Seus olhos se fixaram na amiga loira e começaram a perder o brilho.

Grover caiu morto e logo nevava em Manhattan, Nova York, iniciando o Natal Branco que a cidade há tanto queria.


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Notas finais do capítulo

Antes de me matarem, um preview do próximo capítulo:
"— Espero que tenha ouvido o barulho das motos, Fai! — Mesmo estando dentro do quarto, Vovó Zhang não parou de gritar. — Eles estão aqui por você!
— Por mim? — Frank se assustou. Se pudesse se transformar em animais, teria virado um rato naquele instante. — Como assim?"

Bem gente, é isso! Hasta Março!



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