Daniel Alexander escrita por Hikaru Hamano Inca


Capítulo 10
Nada é mais lógico do que a Perseguição


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, divirtam-se (ou não)



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Manhattan, Nova York

Percy tinha sido medicado pelo pai com a ajuda de Thalia e Jason. Ele negava com todas as forças que tinha estuprado Nico quando era mais novo.

— Amnésia alcoólica, será? — Thalia perguntou por alto.

— Talvez. — Poseidon respondeu. Ele estava sentado na cadeira encarando Percy enquanto as mãos estavam unidas. Ele parecia contemplar o filho dopado.

— Isso é assustador, de ambas as partes. — Jason se enrolou para explicar, quando viu a face de seu tio e de sua irmã se virarem para ele ao mesmo tempo. — A reação, a reação deles hoje. Foi assustador.

— É inegável. — Poseidon admitiu.

— Eu vou ver como o Nico está. — Jason se retirou do quarto e foi até a porta do quarto de Poseidon, onde tinham colocado seu outro primo. Ele parou na porta e ficou imóvel. Não conseguia pensar em como devia estar Nico.

—... Por isso sempre tão sarcástico. — A voz de Hades foi ouvia por Jason.

— Ele me contou isso com tanta dor quanto, mas sem o despertar. — Will falou. — Ele me conta muita coisa, e eu impedi ele de fazer besteira tantas vezes em relação a esse assunto e tantos outros. Quando ele surtava na rua era meio difícil, mas eu controlava, dava um jeito. Pelo menos com a gata por perto ele parece mais contido.

— Ele deu a ela o nome da mãe. — Hades admitiu. — Eu já o escutei a chamando de mãe.

— Você é um bom amigo Will. — Bianca falou chorosa e se retirou, encontrando Jason paralisado no corredor. Eles se abraçaram e a garota desceu.

A porta agora estava entreaberta, e Jason ouvia um pouco melhor o que se passava dentro do quarto, e conseguia ver uma parte de Nico deitado na cama.

— Vocês não são só amigos, não é? — Hades reiniciou a conversa.

— Não, não somos. — Will respondeu com a mesma calma da pergunta.

— Há quanto tempo? — Hades perguntou.

— Desde o quatro de julho do ano passado. Ele ainda tinha doze, mas ia fazer treze em breve. — Will olhou para baixo.

— E fez. — Hades confirmou. — Eu aprovo. Você se preocupa com ele de um jeito que me deixa feliz.

— Obrigado. — Will esboçou um sorriso, e Jason resolveu descer. No meio do caminho ele ouviu o grito.

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Juniper chorava. Era o pior dos Natais.

Grover foi confirmado morto por Deméter, que sabia medir o pulso, e logo chamaram uma ambulância.

Jason chegou na ponta da escada e viu o corpo morto. Piper gritou e ele correu para junto dela.

— O quê que tá acontecendo? — Bianca falou. — Era para ser uma festa de paz, não de dor!

— Piper, venha aqui, por favor. — Leo chamou a garota, que logo estava com ele.

— Fala Valdez. — Ela disse em tom baixo. — Acho que até sei o que é.

— Pensamos o mesmo: Obra do Primordial. — Leo falou recebendo um olhar desconfiado de Piper. — Grover era saudável e natureba. Nem sei como ele não estava com você e Deméter conversando sobre não usar couro e não comer queijo.

— Leo, mas pode ser qualquer outro problema. Algum desses males ocultos, que não se manifestam até certa idade. — Piper falou, tentando não colocar o Primordial no meio.

— A autópsia vai dizer. — Leo virou a cadeira e voltou com Piper. — E temos de convencer Juniper a apressá-la.

— Ok, eu vou tentar. — Ela se separou do amigo e foi consolar a viúva.

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Depois de toda a confusão, nevava serenamente em Nova York, e Frank acordara com o barulho de mais motos. Ainda era cinco da manhã, ou seja, tudo estava escuro. Ele olhou pela janela e viu uma fileira de sessenta motoqueiros parados em frente ao prédio. De pronto recolheu o rosto e se acovardou. O que uma gangue de sessenta motoqueiros ia querer em frente ao seu prédio numa madrugada de Natal?

— Fai! — A vovó Zhang gritou da sala. — Onde está você Fai?

— Aqui vovó! — Ele gritou em resposta do quarto.

A porta se abriu e Vovó Zhang entrou. Ela era pequena, mas intimidadora.

— Espero que tenha ouvido o barulho das motos, Fai! — Mesmo estando dentro do quarto, Vovó Zhang não parou de gritar. — Eles estão aqui por você!

— Por mim? — Frank se assustou. Se pudesse se transformar em animais, teria virado um rato naquele instante. — Como assim?

— É seu pai, Marte, também conhecido como Ares. — A Vovó Zhang parou e refletiu rapidamente. — Esses nomes de gangue... Enfim, ele está na sala, e conversamos muito antes de eu resolver te chamar.

Frank estava amedrontado. Sua mãe citara sempre seu pai e exaltava a coragem dele, mas nunca, nunca tinha visto o homem. Sua mãe dizia que ele o amava, mas não podia vir a Nova York com tanta facilidade, especialmente morando no Arizona, além de uns problemas com a lei. Sua mãe queria que os dois estivessem convivendo desde sempre.

Ele saiu do quarto com a Vovó Zhang, e logo sentiu a presença imponente do homem sentado no sofá da sala.

O cabelo ralo, raspado, e os óculos escuros, além da jaqueta de couro, assustaram ainda mais o pequeno sino-canadense, que tinha vindo morar nos Estados Unidos.  Seu pai era alto, tinha algumas cicatrizes no rosto, e vestia-se de couro da cabeça aos pés. A jaqueta fechada até a metade revelava a camisa vermelha com o nome da gangue do pai.

— Frank, meu garoto! — A voz de Marte saiu meio alegre. — Quanto tempo eu esperei pra te ver, sem ser uma coisa pequena que só come, caga e dorme!

Frank enrubesceu violentamente.

— Eh... — Ele gaguejou um pouco. — Oi.

— Vou deixar vocês conversarem a sós! — A Vovó Zhang saiu pela porta da frente, deixando os dois sozinhos no apartamento.

— Ah meu menino, quanto tempo! — Marte falou encarando Frank. — Como está depois de tudo?

— Eu... Eu vou bem. Bem mal, na verdade. — Frank voltou a ficar vermelho. — Mamãe queria muito que nos conhecêssemos. Ela estaria feliz com esse encontro.

— Sua mãe era uma mulher de valor, Frank. — Ele refletiu. — Sinto muito pela nossa perda. Sua mãe preferiu o exército a mim, e eu não a culpo, e acho que foi muito melhor assim.

— Por que você veio agora? — Frank se viu obrigado a perguntar. — Minha mãe contou muita coisa, mas porque só depois da morte dela?

— Na verdade, eu esperava encontra-la viva. — Marte assumiu um ar soturno. — Combinei com ela de te ver, e saí com todos os membros do nosso clube. Isso foi uns dois dias antes de acontecer tudo Frank. Era para ela estar viva.

— E o pior é que eu sei de quem foi a culpa. — Ele pensou alto, e Marte tirou os óculos, encarando. Eles tinham a mesma cor de olhos. — De um cara que está atormentando Nova York.

— A polícia está ciente disso? — Marte soou preocupado. — Desse cara?

— Sim, mas ele é muito bom em esconder as coisas. — Frank falou se levantando. — Ele é muito astuto. Está atormentando a vida de um grupo de alunos da minha escola, e numa dessas perseguições, no meio é que aconteceu...

Frank estava com os olhos cheios de água, se esforçando pra não chorar.

— Não se preocupe, eu consegui vir, e vou ficar aqui até depois do ano novo, Frank. — Marte se levantou e abraçou o filho. — Vai pode contar comigo pra qualquer coisa, não importa o que, eu faço de tudo para ver você feliz, e redimir a minha falta.

— Obrigado. — Frank soltou um gemido e retribuiu o abraço. — Obrigado pai.

Nisso as motos começaram a buzinar, e Marte soltou Frank com cuidado.

—Me desculpe Frank. — Ele se desculpou e pegou o capacete que estava em cima da mesa. — Eu tenho que ir agora, mas volto para te ver logo. — Depois ele tirou um papel do bolso da jaqueta, e entregou a Frank. — Qualquer coisa, eu vou estar nesse lugar. Me procure, por favor!

— Claro... — Ele falou enxugando as lágrimas.

Marte então saiu do apartamento, e em menos de cinco minutos, o barulho das motos tinha sumido.

—x-

Percy acordara com o barulho do vento. A neve já tinha se intensificado, e o relógio marcava onze e meia. Ele estava zonzo, e teve dificuldade de recostar na cama. Enxergou o corpo do pai ressonando numa cadeira ao lado da cama.

O garoto ainda estava tenso com toda a situação ocorrida na noite anterior. Estava chocado com o primo, e mais ainda por ter certeza de que nunca tinha encostado nele. Percy acreditava piamente que se isso aconteceu com Nico, não tinha sido com ele. Do nada ele se lembrou de que sua namorada viu tudo acontecer.

Percy tentou sair na cama e tombou, sendo amparado pelo primo loiro. Jason tinha vindo com uma bandeja com comida para o primo, e logo o colocou sobre a cama novamente.

— Annie... — Percy balbuciou. — Onde ela está?

— Se acalme, Percy. — Jason se virou para pegar a bandeja. — Coma um pouco, depois eu te digo onde ela está.

Assim Percy o fez, devorando a comida da bandeja. Não imaginava que estava com tanta fome, mesmo estando sem comer por horas.

Logo que acabou, o primo loiro encarou Percy com tristeza. Notando isso, Percy pigarreou e Jason tirou a bandeja da cama, colocando em cima de outro móvel, para logo se sentar no colchão. Nada disso acordou o Pai de Percy.

— Annabeth. Como ela está? — Percy falou com mais força, depois de ter seu estômago cheio.

— Percy, olha, depois do surto de ontem, mais uma coisa aconteceu... — Jason vacilou na voz, e encarou os dedos que se dedilhavam de nervoso.

— Fala primo! — Percy pediu segurando os ombros de Jason. — O que aconteceu com ela? Ou aconteceu algo com a criança?

Jason mexeu os lábios, mas a voz não saía. Percy sacolejou o primo que logo estava com os olhos marejados, e tentou sair da cama, sendo impedido pelo loiro, que logo reuniu voz para a conversa.

— Grover. — Jason sussurrou. — Grover morreu.

A cara de Percy refletiu o choque que o menino sentiu naquele momento.

— Mas, mas vamos falar disso depois, antes que eu me esqueça de outra coisa! — Jason se levantou e suspirou. — O que houve com Nico? O que realmente houve naquela noite?

Percy suspirou e com ares de indignação começou a falar sobre o que se lembrava das vezes em que Nico dormiu em sua casa.

— Só me lembro de ter chegado alterado uma vez. — Percy começou a falar. — Eu lembro de Nico estar na sala. Grover tinha me deixado na porta, depois eu apaguei no sofá, e acordei ali mesmo. Nada de ter pego Nico, e ter feito coisas horríveis com ele.

— Algo mais? — Jason colocou insatisfação na voz.

— Só. — Percy encerrou o assunto. — O que houve com o Grover, e onde está Annabeth?

— Sua namorada voltou para casa com a mãe, e chegaram bem. Malcom me falou. — Jason começou a explicação. — Quanto a Grover, já vieram busca-lo, e a polícia obviamente será metida nisso, afinal, Leo ligou para o Departamento de Polícia de Nova York, enquanto todos estavam querendo entender o que aconteceu com o falecido.

— Primordial... — Percy refletiu. — Ele está muito obcecado.

— O Leo tem que tomar cuidado, pelo menos. — Jason completou o pensamento do primo. — Por mim ele já tinha deixado isso somente para as autoridades.

— Eu gosto de como você se preocupa com as pessoas Jason. — Percy deu um pequeno sorriso. — E de como as alerta, e protege. Quase, como diria o Grover, uma velha mamãe cabra...

Percy gargalhou baixo e começou a chorar, enquanto Jason o abraçou e pegou a bandeja. Quando o loiro saiu do quarto, Poseidon acordou.

—x-

Annabeth estava em repouso na cama, abalada por tudo que acontecera nas últimas horas. Malcom já havia tentado alimentá-la, mas não deu certo, e ele saiu do quarto da irmã, que caiu num sono profundo. Sonhou com Percy chegando por trás dela no metrô, exatamente como no dia em que foi pega por um homem, provavelmente o Primordial, e sofreu todo abuso. Ele chegava em seu ouvido e lhe dizia barbaridades, e se esfregava em seu corpo, enquanto ela gritava sem voz, e o vagão tinha ficado vazio. Ela estava só, e estava para ser atacada pelo namorado no corpo de outra pessoa. Ele colocou a mão em sua boca, e ela fechou os olhos.

A menina acordou assustada, chorando, com a face vermelha de tanto ofegar e gritar.

— Não. — Ela ofegava. — Percy não fez isso com Nico, isso é só impressão, mas ele não fez Annabeth. Ele gritou isso pra todos ontem.

A loira desceu da cama, e logo foi ao banheiro. Despiu-se das roupas e começou a tomar banho, ainda assustada. Tremendo, ela lavava o cabelo e se ensaboava, e depois se lavava. A água quente ajudou a acalmá-la, e logo ela fechou a torneira. Com a toalha em mãos, Annabeth se enxugou e depois se enrolou. Voltou para o quarto e se trancou, indo vestir alguma roupa.

Tentou com alguma camisa antiga, mas Daniel Alexander já tinha ficado protuberante, e a barriga estava crescida. Ela então vestiu uma roupa que a mãe tinha comprado recentemente, e logo estava deitada de novo na cama.

— Seu pai, seu pai é um bobão que não faria mal ao primo que ele mais é próximo. — Annabeth falou encostando a mão na barriga. — Disso eu tenho quase certeza, meu filho, quase certeza.

A garota então dormiu, e em seu sonho, ela foi redirecionada a um dia no qual visitou com Percy a casa dos di Angelo. No sonho Percy e Nico desapareciam do nada, e logo ela estava sozinha no quarto do primo do namorado.

A garota então mexeu na estante, até que pegou num caderno de couro, cuja capa era a face de Will Solace, o amigo de Nico.

— Olá Annie. — A cara de Will falou com a sonhadora. — Preparada para saber o que seu namorado recebeu?

Assustada ela colocou o caderno de volta na estante, e se afastou do móvel, encostando na parede oposta, no qual um pôster assumiu a cara do loiro bronzeado, e de novo falou com ela.

— Se acalme, eu sei o que o Nico quer com o primo. — Ele falou com a mesma paciência de sempre, o que deixou a garota um pouco furiosa ao ponto de pegar o pôster e arrancá-lo da parede.

— Não se irrite Annabeth, eu não tenho motivos para mentir. — A voz agora saia de uma estatua de mitomagia que estava na coleção de Nico. Annabeth correu e jogou a estátua pela janela, que no sonho, estava sem vidros.

— Nico é apaixonado pelo seu namorado. — Agora era uma imagem de São Patrício que tinha tomado o rosto e a voz de Will. Estava num mini altar que Bianca fizera pouco antes de a mãe morrer. Annabeth então fugiu do quarto, desesperada.

A esperta garota se sentou na mesa de jantar dos di Angelo, cujo apartamento estava em reforma, e logo o anjo negro que seria colocado para pairar sobre a mesa estava ao seu lado, com as feições do fanático pelos livros de Rachel Elizabeth Dare.

— Se Nico pudesse, ele confessava o amor dele pelo Percy, mas não pode, não depois do que seu namorado fez com ele. — O anjo Will abriu as asas e logo levantou vôo saindo pela janela mais próxima e acordando Annabeth assustada.

Malcom tinha usado da chave-mestra da casa, e estava na sua frente encarando-a fraternalmente. Annabeth o abraçou.

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Leo contava com a ajuda de Piper para entrar no seu quarto novo. A família de mudara para perto da Escola Meio-sangue, e por isso, Leo ficou um pouco distante de seus amigos, mas ainda assim, não se livrava da cisma que tinha com o vilão de Nova York.

— Piper, obrigado. — Leo acessou o computador, e depois de alguns minutos, colocou a morte de Grover junto com a mãe de um colega de escola que não conhecia muito bem. Eram ambas obras do Primordial. — Agora a polícia vai ter que redobrar as investigações. Fazer algo efetivo contra esse ser maligno.

— Se acalme Leo, a polícia está atrás deles a meses, e espero que eles realmente capturem-no, mas agora é realmente perigoso. Ele conseguiu se infiltrar na nossa ceia de algum modo. — Piper sentou na cama do amigo e continuou a se lamuriar. — Se ao menos soubéssemos de algo mais sobre ele.

— E nós saberemos, afinal, e eu tenho a pessoa perfeita para nos ajudar nisso. — Leo falou trazendo seu notebook para perto de Piper. — A detetive do Departamento de Polícia de Nova York, Reyna Avila Ramírez-Arellano. Os latinos de sangue quente vão assumir essa investigação!


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Notas finais do capítulo

Gente, espero que tenham gostado!
Não vai ter preview esse mês de novo, perdão! >.



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