All About You escrita por selinakyles


Capítulo 5
Seus lábios.


Notas iniciais do capítulo

Voltei, lindinhas e lindinhos, e antes do ano novo! Sim, fiquei comovida pelos comentários e decidi que já que minha viagem se atrasou, vocês mereciam terminar o ano com mais uma atualizaçãozinha.
O capítulo tem essa música:https://www.youtube.com/watch?v=wZAs5K7L8KA
Se quiserem deixar carregando, eu digo quando dar play.
Como já sabem, não está revisado. Perdoem qualquer erro e divirtam-se!

Capitulo dedicado pra Alice Blake. Obrigada pela recomendação, lindinha!
E claro, para todos meus leitores assíduos que estão comentando desde o começo!
Obrigada lindinhos!



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Capítulo cinco – Seus lábios.



Caitlin Snow conhecia Barry Allen como a palma de sua mão.

Ela cuidava de sua saúde e o ajudava, se importava com ele e o escutava. Caitlin não só o entendia, o compreendia. Ela simplesmente via tudo, seja o homem desajeitado e teimoso ou o herói perseverante por trás daquela máscara.

Antes que pudesse se dar conta, era tudo sobre ela. Era o seu jeito mandão, a sua maneira graciosa de revirar os olhos, o seu mau humor e suas roupas formais. Era a forma que seus olhos sorriam e as palavras certas que ela usava, como se soubesse sempre o que precisava ouvir. Era seu abraço e o calor reconfortante de seu corpo, e principalmente, as batidas desenfreadas de seu coração.

Era a essência de morango que emanava de seus cabelos, e o gosto doce de seus lábios.

Ele nunca esteve tão perto de perder a cabeça. Pensar nela era como uma queda livre, porém sem paraquedas. Lembrar dela era como veneno se espalhando por todos os seus sentidos, como a droga que ele experimentara apenas uma vez, em um desatino, mas que já o fazia agir como um viciado.

Tanta coisa para assimilar, tantos pensamentos o tirando de órbita quando deveria estar completamente focado em sua missão.

Por que era tão difícil tirá-la de sua cabeça?

E no mesmo dia, logo depois de longas horas de esforço na captura de mais um meta-humano sem escrúpulos que buscava por um acerto de contas com o departamento de polícia de Central City, ele decidiu dar o braço a torcer.

Tudo acontecia tão rápido como num piscar de olhos. Em um momento – no dia da comemoração de natal, para ser mais exato – ele declarava para Iris o amor que ele sentiu por toda a sua vida e seguia em frente, conformado por ter agido tarde demais.

No outro, sua conexão com Caitlin crescia de tal forma que fugia completamente de seu controle, o deixando confuso e com um pacote de sensações e gestos completamente novos que já tomavam conta de si como um tsunami feroz e impiedoso.

Ele amava Iris, e provavelmente sempre amaria. Porém, seu coração já não mais pertencia a ela. E para ser sincero, seu maior medo era descobrir que ele sequer pertencia a si mesmo.

“Você já está indo?” Barry perguntou, o tom tentava esconder sua curiosidade exacerbada. Ninguém precisava saber o quanto aquela ansiedade estava lhe torturando.


“Não, eu vou ficar por aqui. Tem alguns relatórios que eu quero estudar.” Ela mantinha sua atenção na tela iluminada de seu computador, buscando evitar olhá-lo sequer por um segundo.

A situação ainda ficava um pouco constrangedora quando Dr. Wells e Cisco não estavam por perto. Ela ainda não estava preparada para ouvir seu discurso sobre o acontecimento da noite de ano novo, e nem estaria tão cedo.

Tinham duas de suas próprias características que Caitlin Snow se orgulhava acima de tudo: seu profissionalismo e sua capacidade de ocultar seus verdadeiros sentimentos.

Ela havia deixado Barry entrar, e agora, contando a conexão forte que só sabia crescer entre eles, não tinha mais volta.

Barry sorriu amargurado, um pouco inconformado com o desinteresse de sua colega de time.

“Você tem trabalhado demais nas últimas semanas. É um novo ano, você vai ter tanto tempo para se afogar no trabalho…”

“E o que você sugere? Que eu tire férias e vá para Disneylândia bater um papo com o Mickey e tomar um chá com a Minnie? Barry, estamos falando de responsabilidades aqui, não apenas de trabalho.” Ela foi objetiva, finalmente desviando os olhos amendoados do computador para vê-lo encostado na entrada do laboratório. “Não é como se eu quisesse estar aqui.”

Barry não conseguiu conter o riso irônico que escapou por seus lábios.

“Não é o que parece.” Ele murmurou para si mesmo, notando que suas palavras não haviam passado despercebidas pelos ouvidos dela.

Se aqueles olhos soltassem algum tipo de laser, Barry seria apenas cinzas. E pela intensidade daquele olhar repreensivo, ele soube que eles não precisavam soltar lasers para ele estar completamente ferrado.

“O que você quis dizer com isso?” Seu olhar questionador queimava sobre ele.

Sugou uma lufada de ar, buscando por um pouco de coragem.

“Fique aqui. Não vá embora, eu já volto.”

“Eu não vou-”

Antes que ela pudesse terminar sua sentença, o vento já bagunçava seus cabelos anunciando que ela estava só novamente.

Sozinha com sua festinha particular de autoflagelação emocional.

Caitlin adorava sentir pena de si mesma, se auto destruir com seus próprios julgamentos quando ninguém sabia. Preferia ser ela mesma a colocá-la em uma cruz do que qualquer outra pessoa que jamais compreenderia suas atos verdadeiramente. O que havia por trás deles.

Um defeito qual ela tentou se livrar incontáveis vezes, dando o braço a torcer ao perceber que ele não lhe trazia tanto mal quanto imaginava. Ser uma pessoa realista deveria ser uma dádiva, não algo ruim do qual ela deveria se envergonhar.

E ela era realista. Ela encarava os fatos. Estava arriscando demais, e aquele seria o momento em que colocaria um fim a tudo aquilo. Doa a quem doer, o que no final, acabaria sendo a ela mesma de qualquer forma.

Talvez fosse mesmo uma masoquista idiota com uma personalidade estúpida.

Antes que pudesse concluir seus pensamentos absurdos, Barry estava em sua frente abrindo um sorriso que poderia iluminar toda aquela sala.

O coração afundou em seu peito, lhe dando mais uma prova que não havia mais como voltar atrás.


(Apertem play)

“Vamos, eu quero te mostrar algo.” Ele prendeu os radiantes olhos esverdeados sobre os seus ainda confusos e exasperados, puxando-a para o seu colo.

“Para onde raios você pensa que está me levando? Me coloca no chão Barry, agora!” Ela elevou seu timbre em algumas oitavas no final de sua frase, fazendo questão de deixar claro que aquilo não era um pedido, mas sim uma ordem.

Tarde demais, o vento já bagunçava seus cabelos castanhos quando ela cogitou relutar. Logo ela estava em um lugar completamente desconhecido. Bem, pelo menos ela achava que era, até o barulho estridente de turbinas de aviões quase a deixar surda.

“Você é louco? Quando você se tornou tão imprudente?” Brandava como se a qualquer momento fosse pular no pescoço do culpado de toda aquela situação para matá-lo lenta e dolorosamente. “Oh, esquece, você sempre foi imprudente. Atualmente só está mais estúpido. O que pensa que está fazendo, Barry? Isso é…”

“Caitlin!” Ele a interrompeu ao chamar sua atenção, já se acomodando na grama daquela superfície inclinada. Era como um barranco, onde os aviões passavam bastante rente ao decolar. “Só pare, ok? Pare de falar. Pare com essa sua pose toda rabugenta, porque claramente não está funcionando.”

Ela pousou uma das mãos na cintura, ainda o olhando enfurecida.

“Se eu fosse você eu me deitaria logo.” Barry sorria travesso, como uma criança prestes a fazer algo errado.

E depois de mais alguns segundos mantendo seu jeito autoritário, ela cedeu. Se deitou ao lado dele, descansando suas mãos sobre seu abdômen. Seus músculos estavam retesados em seu evidente desconforto.

Aquilo seria difícil.

Durante toda a semana ela havia buscado com todas as suas forças evitar momentos como aquele. Ela o tratava da forma mais profissional possível no dia a dia, ajudando-o a capturar incontáveis vilões que ameaçavam o bem-estar das pessoas daquela cidade, a enfrentar o perigo que aquela vida dupla o colocava.

Até mesmo com os olhares furtivos que ele lhe lançava, e as diversas tentativas de manter seus olhos sobre os dela para que pudesse lê-la como um livro aberto, ela conseguira ignorar.

Durante uma semana inteira ela cortou o mal pela raiz, e agora, tudo ia por água a baixo com apenas um momento a sós.

Era ridículo. Aquela situação era ridícula, e aflorava em si aquela raiva que sentia sempre que perdia o controle de algo. O que basicamente justificava seu mal comportamento e falta de humor.

“Eu venho aqui sempre que quero olhar as estrelas. Elas parecem estar tão perto quando eu me deito aqui, que as vezes sinto como se pudesse tocá-las.”

Caitlin olhou para o manto negro sobre eles e os pontinhos brilhantes que o iluminavam. Era uma imagem digna de se guardar na memória, e trazia uma paz que a fazia compreender o porque dele gostar tanto daquele lugar.

Por mais que o fato de ser um barranco lhe perturbasse um pouco – e também aqueles aviões, que lhe trouxeram a conclusão de que estavam muito próximos a pista de pouso do aeroporto –, aquela visão lhe acalmava. Ali o mundo parecia tão pequeno diante daquela imensidão estrelada, tão bela que fazia com que ela quisesse ficar admirando-a para sempre.

Barry pousou as íris esverdeadas sobre a mulher ao seu lado, prendendo sua respiração com o que tinha diante de seus olhos. A brisa noturna bagunçava graciosamente os fios castanhos de seu cabelo ondulado, e nos olhos amendoados reflitam o brilho que ofuscaria qualquer estrela.

Havia perdido as contas de quantas vezes ele se perdeu na beleza deslumbrante de sua médica particular. Mas aquela, em especial, estaria sempre no topo de imagens que ele jamais esqueceria. Nem daqui um ano, nem por uma vida.

“É lindo…” Sua voz escapou por seus lábios em um sussurro deslumbrado.

Foi só quando ela virou seu rosto para o homem ao seu lado que pode notar o quão perto ele estava. Seus narizes estavam tão próximos que poderiam se encostar a qualquer momento.

Ela sugou com certa urgência o ar que fugiu de seus pulmões ao fitar aquele olhar tão intenso a encarando, quase se engasgando no processo. Os olhos levemente arregalados, um pouco assustados com a proximidade.

Sempre perdia a capacidade de pensar corretamente quando estavam tão perto, quando ela sentia aquela presença tomar conta de todo o espaço. O ar parecia não seguir o caminho certo por seus pulmões, e bem, seus sentidos se tornavam cada vez mais aguçados.

Ela era uma médica, pelo amor de Deus! Sabia perfeitamente o que cada reação daquela sugeria, só estava muito afogada na negação para se permitir admitir.

“Barry, isso…”

“Shhh!” Ele a censurou, já ciente de que ela estava prestes a arruinar o momento que ele havia esperado desde aquela noite de ano novo. “Esse tipo de pensamento não está permitido essa noite, Dra. Snow.”

A ruga que antes se instalava entre as sobrancelhas de Caitlin se suavizou quando o dedo indicador de Barry pousou sobre seus lábios, fazendo com que os mesmos se curvassem tímidos.

O gesto se espelhou em seu rosto, maravilhado demais para sequer desviar seus olhos dos dela. E pela primeira vez naquela semana, a máscara de indiferença não mais existia.

Caitlin havia se cansado de lutar uma batalha perdida. E olhando naqueles mesmos olhos, os mesmos que a faziam perder o chão sempre que a inundavam com toda aquela compreensão e carinho, ela finalmente sucumbiu.

Não haviam receios, não haviam medos, arrependimentos. Não tinha lugar para questionamentos, não tinha mais volta.

Caitlin levou sua mão até o rosto do homem a sua frente, vacilando. Cerrou os olhos ao sentir arrepio que lhe percorreu ao sentir sua pele sobre a dele, tão macia. Era incrível a forma descompassada com que seu coração se manifestava em seu peito, diferente de tudo o que já havia sentido antes.

Ela amou Ronnie com todo o seu ser. Sabia o que era amor, e disso tinha certeza. Então por que aquele sentimento parecia estar tão fora de seus padrões de compreensão? Como um toque tão simples conseguia ter tanto significado?

Barry escondeu as íris esverdeadas por alguns instantes, sentindo a brisa da noite se misturar com sentimento de quietude que o toque dela lhe causava, e encontrando os brilhantes olhos amendoados ao abri-las novamente.

O silêncio nunca foi tão confortante, e aquela conexão nunca tão forte.

Ele desceu seu olhar daqueles olhos para o nariz cobertos com pequenas sardas quase imperceptíveis, o acariciando ao roçá-lo no seu em um beijo esquimó. Caitlin riu, e ele alargou seu sorriso.

Não pode evitar pensar que gostaria de ouvi-la rir todos os dias. Ser o responsável por seus risos, seus sorrisos, sua felicidade. E foi refletindo no quanto queria poder fazê-la se sentir daquela forma incrível que ele se sentia, que seus olhos pararam naqueles lábios.

Oh, aqueles lábios. O gosto deles o assombrou durante toda aquela semana; todas as noites em que deitou sua cabeça em seu travesseiro em sua busca por descanso, aquele momento se fazia vivido em sua mente, em seus sentidos.

Caitlin aproximou seus rostos ainda mais, envolvendo os dedos nos fios sedosos daquele cabelo.

“Chega de pensar.” Ela sussurrou sobre seus lábios, antes de colá-los nos dela.

Entorpecido, era como ele se sentia. E isso só piorou quando o beijo se aprofundou, mostrando que a sincronia deles era muito mais autêntica do que jamais imaginou. Fazendo com que finalmente, ele fosse capaz se perceber a verdade.

Barry Allen estava loucamente, profundamente, completamente apaixonado por Caitlin Snow.

E bem… Antes tarde do que nunca.


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Notas finais do capítulo

Isso é porque era para ser drabbles... Acho que eu já posso deixar esse paradigma de lado, uh? Hahaha.
E então, o que acharam? Finalmente né Barry, finalmente! Espero que vocês se recuperem desse tombo porque o ano novo está aí, uh? Muito mais All About You para todas vocês. Estarei viajando amanhã, então não tenho previsão para a próxima atualização, mas espero de verdade que seja logo.
Queria dizer - mais uma vez, sim - que estou muito muito muito feliz e satisfeita com todos que estão me dando feedback. Os poucos minutos que vocês param pra me dizer se estão gostando e o que estão achando significam MUITO e me deixam realmente feliz - muitas vezes inspirada!

Pra quem gosta e shippa Bellarke também, acabei de fazer uma playlist! Quem quiser dar uma olhada/ouvida: http://8tracks.com/allaboutsami/i-m-yours-to-choose

Desejo um maravilhoso 2015 para todos nós, e obviamente, MUITO Snowbarry!
Dicas? Críticas? Algo que gostariam de compartilhar com essa autora que vos fala? Comentem e me façam feliz!