Sacrifice escrita por Sirena


Capítulo 4
Divida de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Sei, porque você demorou tanto tempo para postar?
Resposta: Estudos para vestibular.

Mas arrumei um tempinho hoje só para escrever esse capitulo! Sim, um capitulo fresquinho!

PS. Ainda irei responder os comentários maravilhosos!



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Capitulo Três

Divida de Sangue

Inglaterra, á muito tempo atrás.

Killian Jones

Eu não sabia mais onde estava.

Minha única certeza era: Aquilo não era uma rua suja e barulhenta de Londres.

Não havia neve no chão e nem mesmo mostrava um restingo desprezível e minusculo de frio. Não se escutava sons de passos de adultos e as pegadas apressadas das crianças que chamavam seus irmãos mais velhos para realizarem esculturas de gelo infantis e bonitinhas.O cheiro de frutas frescas e os gritos dos comerciantes, que gritavam e demonstravam seus produtos para um publico exigente e demasiadamente seletivo eram ausentes, assim como o ressoar das carruagens e dos cães ladrando atrás dos cavalos ou simplesmente brigando por um pedaço insignificante de carne fresca e molhada ou de caça.

Tudo que ainda restava da lembrança das ruas era o cheiro agradável de pão recém-assado constituído provavelmente de um bocado de farinha branca ou cevada, regado com mel e outras sementes que alguns ingleses insistiam em colocar nesse tipo de iguaria popular.

Mas, se não era as ruas, onde eu estava?

Após o olfato, o segundo sentido a despertar foi à visão, embora essa não estivesse tão apurada como a primeira. Mesmo assim, era o suficiente para perceber as paredes de tijolo a minha frente, cercando-me por todos os lados, assim como um teto branco e muito velho, a pintura destacando a tal ponto que o cimento cinza era quase totalmente predominante. Era um espaço pequeno e claustrofóbico, principalmente para mim que não estava acostumado com elas.

Tentei me levantar. Meu corpo parecia anestesiado e em total torpor, qualquer movimento era difícil de ser praticado, até mesmo levantar um simples membro. Tudo parecia estranho, fraco, meu próprio corpo ignorando as ordens fornecidas. Fui obrigado a me contentar em simplesmente manter a cabeça virada, os olhos encarando o horizonte em busca de algo ou de alguém reconhecível ou não.

Por muito tempo (ou talvez parecesse muito devido o estado imóvel que me encontrava) ninguém apareceu. Não possuía voz ou energia suficiente para gritar, tendo que permanecer parado, silencioso como uma montanha, uma colina, esperando pacientemente alguém surgir por aquela porta de madeira central, a única entrada e saída do recinto, para me explicar onde estava e o que estava acontecendo.

Devo ter caído no sono por um momento, pois não ouvi o som nem visualizei quem entrara. Ao abrir os olhos mais uma vez, não estava mais sozinho. Um homem, cuja aparência marcante e modos me fazia lembrar os velhos contos vikings, me fitava cabisbaixo. Os longos cabelos loiros, fios rebeldes e secos como a palha, se entrelaçavam livres e soltos como pássaros pelos ombros largos. A barba grossa que preenchia boa parte do rosto austero era maltratada, um tom mais escuro que o cabelo, espessa e grossa, porém aparada o suficiente para que o comprimento não excedesse o queixo. Os olhos cinzentos, como a própria tempestade e elétricos como os raios que partiam as nuvens furiosas, eram pequenos, oblíquos, repletos de cólera e gana, com linhas finas de envelhecimento precoce ao seu entorno, repuxando a pele dura.

–Vejo que está acordado...- Notou o senhor opulente, cruzando seus braços á frente do peito.

–Onde...Eu... Estou...?- As palavras raspavam minha garganta, como agulhas finas de prata perfurando as cordas vocais doloridas.

–Acho que esta pergunta é a que menos importa na sua situação atual. O lugar, a localização exata... Tudo são detalhes, meros e simplórios detalhes... A única coisa que você precisa saber agora é que está vivo graças a mim- Declarou o homem, franzindo o sobrolho.

–Como... - Murmurei confuso.

–Você e sua amiguinha estava em estado hipotérmico quando os encontrei pela madrugada do primeiro dia. Seus lábios e sua pele já haviam tomado um tom leve azulado-arroxeado, as mãos sem o calor necessário para aquecer o corpo humano. Quando os trouxe para esta casa, você estava a beira da morte, um passo do precipício, enquanto a doce garota alucinava com visões de fogo e de sua avó, descrevendo detalhes insanos que passavam pelo seu corpo á beira do colapso. Sinceramente, no estado catatônico que ambos se apresentavam, duvidava demasiado que ambos iriam sobreviver...- Descreveu, pensativo, observando-me com certa atenção.

–Onde ela está?- Indaguei, tentando me levantar, tentando encontrar forças para caminhar e correr até ela.

–A garotinha bonitinha? Ela acordou ontem á noite e reclamou por alimento. Dei para ela uma sopa quente , regada de ervas com propriedades curativas e fatias de pão integral para suprir sua fome e diminuir a febre. Após o chá e me fazer perguntas semelhantes as suas, inclusive onde seu amigo de cabelos negros e olhos azuis se encontrava e seu estado, ela voltou a adormecer pelo cansaço e pelo remédio que forneci. Está descansando agora.- Conclui, descritivamente a situação de Carrie Andersen, rapidamente, sem pausas nem mesmo para recuperar o fôlego.

–Mas ela vai ficar bem não vai?- Certifiquei-me em perguntar. Apenas ele dialogando sobre seu estado não bastava para mim, muito menos minhas concepções a respeito. Queria ouvir aquilo da boca dele.

–Sim- Eu suspirei aliviado e feliz- Vocês dois iram se recuperar. Eu não tenho a menor sombra de duvida, sobre isso.

–Obrigado- Agradeci, impressionado com a generosidade do homem perante mim- Tenho certeza que eu... e Carrie não haveríamos sobrevivido.... à nevasca se tu não tivesse nos resgatado.- As pausas não eram propositais, apenas um retrato tênue e ainda vivo da dor.

Em resposta a minha reação, ele sorriu. Não um sorriso aberto e caridoso, mas frio e repleto de ironia e incredulidade.

–Você, meu rapaz, tem idade suficiente para saber que nada é de graça. Obviamente eu fiz um favor para você, mas vou querer algo em troca. Então poupe-me do seu agradecimento infantil e espere... Não sei se será capaz de dizer palavras tão doces para mim no futuro- Ameaçou- Você tem uma divida comigo. Uma divida muito alto, do tipo que só pode ser pagada com sangue. Com muito, muito sangue.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Mereço comentários?O que vocês acham que vai acontecer a seguir?