Sacrifice escrita por Sirena


Capítulo 3
Fantasmas de um assassino


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar o capitulo um aviso: Ainda responderei os comentários. Estou meia ocupada e bem... Ainda irei responde-los!
Bem, acho que não preciso falar muito sobre o capitulo já que o titulo remete aos acontecimentos!
Aproveitem a leitura!



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Capitulo Dois

Killian Jones

Storybrooke

Presente

Eu não sei como consegui encontrar o caminho de casa.

Naquela noite escura e densa tudo parecia igual. Existia apenas o cinza. Era fisicamente impossível ver os tons de branco ou negro. Tudo parecia tão semelhante e insignificante, sem importância, meramente existindo.

Como minha vida.

Acendi as luzes da cozinha, um dos três únicos cômodos daquela pequena residência isolada e antiga, um retrato vago e medieval de uma época de pedra, sem tecnologia e muito menos a sabedoria do mundo contemporâneo. Cubículos de pedra, areia e cimento que pareciam demasiados naquela noite sem luar. Apenas um único mostrando certa importância:

O banheiro.

–Preciso tirar todo esse sangue- Reclamei, olhando para minhas mãos imundas com o liquido vermelho e pegajoso.

“Eu tenho que tomar um banho” Pensei automático.

Nunca havia imaginado antes a real importância de um chuveiro derramando gotas infinitas e incalculáveis de água quente. Aquilo parecia algo tão comum, necessário. Cinco minutos da sua vida que não significavam droga nenhuma.

Até hoje.

Entrei no pequeno cômodo e fechei a porta. Como esperado, não era um ambiente alegre, cheio de cores vivas e vibrantes. Cada partícula, desde o azulejo até mesmo as decorações e objetos, eram brancos. Uma cor preservada desde que aluguei este imóvel, velho e decrepito, levemente e preguiçosamente alterado por seu dono anterior. Não tinha tempo, nem paciência para gastar meus pensamentos e energia em uma reforma, preenchendo o ambiente com uma decoração mais elaborada. Era um homem solteiro e acima de tudo, um cara pratico. Tudo que precisava estava ali, ao meu dispor então... Por que esquentar a cabeça?

Parei diante a pia, iniciando o processo de retirar os anéis, bijuterias cujo sangue já os lavara uma vez e que agora, voltavam-se a banhar e a se marcar com o mesmo liquido impuro. Jóias que ganhara e recebera no passado por roubar não ouro e riquezas, mas um bem específico:

Vidas.

Mordi o lábio inferior, a dor tentando ofuscar a força esmagadora das lembranças. Com agilidade e rapidez, comecei a retirar todas as jóias do corpo, jogando-as com brutalidade sobre a estrutura de porcelana, o choque das peças, seus sons ardentes fazendo minha cabeça doer, como se fosse rachar em milhares e milhares de fragmentos.

Em seguida, comecei a retirar as roupas. Vestes negras e antiquadas , marcadas pelo uso e pela época da pirataria, em especial meu antigo casaco já levemente gastado e agora, marcado pelas chamas e por um novo assassinato.

–Acho que não vou poder usar você novamente- Afirmei, com uma risada histérica, enquanto jogava essa ultima peça no chão.

Caminhei em direção ao chuveiro, cinco passos firmes no chão gélido foram suficiente para colocar minha mão no registro e gira-lo por completo até que a água começasse a escorrer, gotas pequenas e quentes, afáveis como o verão e tão singulares como o outono.
Um pequeno e insignificante pedaço do oceano. Minúsculo e incomparável, mas como o mar, era a única coisa que me fazia relaxar e organizar meus pensamentos.

O único pensamento que tinha aquele instante...

Emma.

Fazia quase um mês que ela estava desaparecida. Um mês que ninguém nessa maldita cidade havia encontrado um único rastro.

E que provavelmente jamais encontrariam.

Eu os conhecia demasiadamente bem para saber como tudo isso funcionava. Eles apareciam e desapareciam ao seu bel prazer, deixando sempre um rastro de destruição e morte por onde passavam e jamais... Jamais eram descobertos. Não importa o que. Não importa quem fosse atrás deles, quantos homens estivessem os seguindo, perseguindo na calada da noite.

Eles sempre desapareciam.

Assim como seus reféns, sua vitimas.

–Mas eu disse que você iria encontrá-la Hook.- Murmurou uma voz familiar, fazendo-me abrir os olhos e encarar pasmo os azulejos a minha frente, cada risco e umidade extremamente próximos- Desde o começo falei que você ia encontrar a Emma... Que ela iria voltar para você...

–Belle?- Chamei, virando a cabeça para o cômodo vazio, meu coração palpitando com o som daquela voz única - Belle é você?- Perguntei, fechando urgentemente o registro.

–Eu ajudei você Hook. Desde o começo. Eu abandonei tudo e todos para ajudar você nesses dias conturbados. Fiz tudo que estava ao meu alcance- A voz começara ficar embargada, como se estivesse chorando- E como você retribui? Como você retribui tudo que eu fiz a você? Me diga!

Caminhei com os pés nus no assoalho, buscando sinais que me levavam até ela, ao fim da minha sanidade. Buscando imagens e significados em meio a nevoa e o vapor, delineações subjacentes no ambiente esfumaçado.

Mas não parecia existir nada.

–Você me matou, Killian- Acusou. Ela parecia tão próxima, mas não havia nada ali onde estava. Apenas eu e... O espelho...

Senti minhas mãos começarem a tremer. Um frio sobrenatural que movimentavam meus dedos, fazendo os ossos e os músculos se contraírem e se tocarem, enquanto tentavam movimentá-los, fazer com que as conexões neurais se tornassem úteis a ponto de levar o membro superior até o espelho,a palma aberta retirando a camada úmida de água vaporizada que impedia que o reflexo fosse visto e observado.

Um reflexo... Mas não era o meu como pude rapidamente constatar...

Mas de Belle.

Seu rosto não estava aprazerado e apolíneo , cercado de esperança e vitalidade, coberto com um sorriso que se abria tão fortemente como os olhos azuis oceânicos,marítimos, leves e ao mesmo tempo fortes, o cabelo castanho preso num rabo de cavalo pueril. Era sua imagem no momento de sua morte. A pele extremamente pálida, os lábios vermelhos e trêmulos, o fronte com um estigma de bala por onde expelia uma camada de sangue que recobria toda sua face.

–Eles iriam matar Emma... - Tentei me justificar.

–Tinha outra saída. Tinha que ter outro modo, Killian. Você simplesmente fez o que eles queriam, sem rebater, sem buscar outras opções. Você matou sua amiga sem mesmo pensar no que estava fazendo... Sem nem mesmo pensar na nossa amizade, no que fiz por você...

–Me desculpa, Belle...- Murmurei, mesmo sabendo que não havia perdão. Não havia como perdoar...

–Eu não queria morrer, Killian. Eu não queria morrer... Eu tinha tanto para ver e viver, tanto... Justamente agora que realmente estava feliz, com uma casa nova e bela, um marido que me amava... Uma biblioteca abarrotada de livros novos e antigos para eu explorar... Um novo emprego. Eu não merecia morrer!- Uma lagrima escorreu pela sua íris, arrastando consigo um pequeno rastro de sangue- Eu queria viver, Hook... Eu queria viver...!Eu queria viver....!- Gritou sem fôlego, a amargura calando sua voz. O reflexo então, começou a ficar mais fraco, menos visível, como se suas lagrimas lavassem toda sua imagem, ocultando-a.

–Me desculpe, Belle- Gritei. Estava sozinho agora, apenas olhando para mim mesmo. Olhando para o rosto que tanto odiava,que tinha nojo e repudio.

O rosto de um assassino.

–Você que devia morrer!- Rugi, socando o vidro com toda força que tinha á superfície retangular de proporções medianas se desfazendo parcialmente assim que meus ossos, músculos e articulações atingiram-no, fazendo um trinco considerável, pedaços e tiras faltando nos locais centrais, caindo mortos sobre a pia.

Ofegante, levantei meu rosto analisando o estrago feito. Por detrás das rachaduras e do sangue fresco, pingos tão diminutos e quase tão finos quanto à água cálida do chuveiro; meu reflexo se mostrava alterado. Não era mais um rosto completo, com as duas metades opostas se unindo em uma só. Do lado esquerdo pouca coisa sobrará; apenas fragmentos do cabelo escuro e a tez enrugada, marcada pelo stress. O direito, embora aparentemente completo, não era mais como me lembrava. Não havia ironia, nem expressão, emoções ou sensatez. Apenas um lábio franzido, destacado pela barba escura a fazer, pequenos fios negros e desproporcionais saindo do perfeccionismo que mantive durante tantos anos, os detalhes finalizados pelos olhos azuis, marcados por olheiras e pupilas dilatadas, doentes e insanas.

Estava claro dia após dia que era praticamente impossível para eu rever Emma. Não pelas dificuldades de encontrá-la ou pelos obstáculos propostos, todos esses desafios diários, mas pelo fato de que me encontrava apenas uma curta estrada de distancia da insanidade e... Estava menos de um passo da coragem de tirar minha própria vida.


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Notas finais do capítulo

Gente, sério... A fic está ficando boa?Eu não sei se irei continua-la... Sabe, gostaria de uma opinião sincera. Então deixe nos comentários suas opiniões!