Os Filhos de Umbra escrita por Rarity


Capítulo 5
Capítulo Cinco: 1987 – 2664 dias antes


Notas iniciais do capítulo

Nunca tive tanto trabalho pra escrever um capítulo em toda a minha vida, mas pelo menos ficou longo



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Capítulo Cinco: 1987 – 2664 dias antes

Esta vida é uma estranha hospedaria

De onde se parte quase sempre às tontas

Pois nossas malas nunca estão prontas

E a nossa conta nunca está em dia

Mario Quintana

9 de agosto de 1987

Eu era um arqueiro. O melhor de todos os arqueiros.

Minhas vestes eram verdes com a imagem de folhas secas, quase que uma roupa de camuflagem. As botas eram de couro, assim como o colete que eu estava usando e o capuz da minha blusa. Meu arco era de ouro, e as flechas de prata. Devia estar com 13 anos, meus cabelos estavam espetados, mas bonitos, e era estava bem grande e musculoso. Eu era O Arqueiro, destemido, corajoso e herói. O que eu sempre quis ser.

Usei o arco e aceitei um veado no meio da floresta úmida em que me encontrava. Acertei o bicho direto no olho, e pulei alguns troncos para chegar até ele. Teria que mata-lo agora, de preferência um golpe só no meio das costelas, não podia prejudicar a carne. Me agachei perto do animal e quando fui retirar a flecha, uma fumaça preta cobriu o veado por um milésimo, e uma serpente vermelha estava no lugar do bicho. Caí sentado de susto, e comecei a rastejar lentamente para trás. A serpente parecia aumentar lentamente de tamanho, abriu a boca e disse, numa voz grave que claramente não podia ser de um humano:

—INEVITÁVEL!

E ela pulou no meu pescoço.

—Mamãe? Posso dormir aqui com vocês? Estou com medo, tive um pesadelo.

—Pode vir, pequeno. É só o vento lá fora.

(***)

Eu e Leo apostamos uma pequena corrida até a última manga que papai derrubou, no quintal de casa. Estávamos colhendo as frutas, aproveitando as férias de papai, enquanto mamãe nos ajudava. Pretendíamos fazer uma salada com as frutas, ou então uma vitamina.

Mamãe acabou alcançando a manga antes da gente, e sorriu como uma criança ao exibir a manga roxa que era para eu ter pegado!

—Você roubou! –reclamei.

—Ou talvez eu só seja mais rápida que vocês! –ela gargalhou, com seu vestido florido e seu avental branco balançando. Os fios castanhos em seu coque começavam a sair e as botas pretas começavam a sujar de terra. Ainda assim, minha mãe pareceu uma criança muito bonita.

—Não valeu! –Leo brigou, correndo apressado com sua blusinha vermelha de regata e uma bermuda preta, de botas assim como nós.

—Calma, crianças! Jasmine, tenho certeza que você trapaceou. Meus meninos são mais rápidos que um foguete. –papai desceu da mangueira, ele mesmo com duas mangas na mão.

—Ora, Olavo. –mamãe se aproximou. –Eu sou bem mais rápida do que você pensa.

Então, mamãe roubou as duas mangas das mãos de papai antes dele perceber. Ela sorriu, papai a abraçou pela cintura e eles trocaram um selinho.

—Que nojo. –fiz careta.

Eles se soltaram e deram uma risada.

—Quando crescer, vai fazer também. –papai falou.

—Não vou não!

—Papai –Leo chamou –Escuta.

Paramos de discutir e tentamos ouvir algum barulho. Um segundo depois ouvimos o barulho de uma buzina, e me perguntei como não havia ouvido antes. Mamãe se apressou e já estava correndo até o portão, enquanto papai pegava uma cesta de fibras que deixamos embaixo da árvore (antes de apostarmos uma corrida até as mangas que caíam) e colocou as mangas lá. Então, segurou a mão de Leo e a minha e nós subimos o terreno do meu quintal.

Quando chegamos, uma caminhonete conhecida estava no nosso portão, mas dessa vez apenas um homem estava lá, em seus trajes normais: camiseta xadrez, jeans e botas. O seu Otávio não era alguém que costumava mudar seu estilo. Mamãe estava conversando com ele, aparentemente normal.

Como eu estava realmente passando muito tempo na casa dele, com Belle e Maria, para assistir o Xou da Xuxa que passava quase que a manhã inteira, eu gostava de verdade do pai de Belle, então corri e abraçei as pernas dele.

—Ei pequeno, como vai? –ele me levantou, me carregando num braço e me dando um abraço. –Belle tem sentido a sua falta, Henrique tem perguntado bastante de você também.

—O seu Otávio veio nos convidar para um almoço na casa dele, com todos os amigos dele do trabalho, além dos pais do Pablo e da Dete e da Berê com a Analícia. –mamãe contou.

—Então a gente vai? –Leo chegou, abraçando Otávio, e ele pegou meu irmão no colo também.

—Espero que sim. –Otávio comenta.

—Nós vamos sim, meninos. –mamãe respondeu, e tanto eu quanto Leo levamos os braços pra cima em comemoração. –Obrigada pelo convite.

—Imagina. Nós adoramos vocês, e Belle já está acostumada com Pedro, Leo e Pablo em casa, assim como está com Emily e Melissa.

Oh. O Sexteto Fantástico, que lindo. Não parece incompleto?

Ele nos colocou no chão, enquanto papai chegava ao nosso lado e cumprimentava seu Otávio com um bater de mãos.

—Até, Otávio. –mamãe se despediu.

—Até logo, Jasmine! –foi a resposta dele antes de voltar à caminhonete. –Traga Olavo! Ele também está precisando se divertir!

Nós demos uma risada enquanto observamos o seu Otávio ir embora, levantando poeira atrás dele, até não podermos mais vê-lo.

(***)

—Vocês vão se atrasar! –mamãe relhou, ao ver que eu e Leo não parávamos quietos enquanto ela tentava nos arrumar. Caíamos sentados na cama com a fala dela.

—Desculpa, mamãe. –pedimos em coro. Mamãe suspirou mais aliviada, conseguindo nos arrumar.

No final, Leo acabou com um macacão meio azul meio jeans com dois botões brancos na frente e bolsos, com uma blusa de listras pretas e brancas, um par de sapatos pretos e um chapéu meio azulado. Eu estava com uma calça preta, tênis e uma camiseta branca, com um chapéu preto. Mamãe estava lindo num vestido de alças preto com bolinhas brancas, além de um saltinho preto, um pouco de maquiagem e um coque frouxo no cabelo. Papai colocou uma blusa cinza de botões por cima e uma camiseta branca por baixo, um cinto marrom, calças jeans e sapatos marrons.

—Estão lindos. –mamãe comentou, sorrindo e nos abraçando.

—Obrigado, mamãe. –agradeci.

—Vamos? –papai perguntou, e tanto eu quanto Leo saímos correndo até o portão, onde mamãe brigou um pouco, mas saímos naquela cena família, com papai de um lado, mamãe de outro, eu e Leo no meio, todos de mãos dadas.

(***)

Eu particularmente nunca havia visto tantos carros na porta de Belle antes, então fiquei meio surpreso com o movimento do lugar.

—Eu estou querendo comprar um Ford Del Rey. –papai comentou, desejoso, apontando o carro.

—Quem sabe? –mamãe incentivou.

Aparentemente, a varanda enorme de Belle estava vazia, o que eu estranhei. Até ouvir os barulhos vindos do quintal de Belle. Realmente o quintal dela era bem amplo. Tocamos a campainha da porta, e a primeira figura que vi foi Melissa.

Bem, você nunca sabe que é Melissa porque nunca vê o rosto de Melissa. Só se sabe que é ela pelo véu escuro que cobre seu rosto que ela usa todo dia. Mas fora isso, Melissa era linda, com seus vestidos chiques, colares e postura de princesa. O vestido dela era azul escuro com bolinhas brancas tipo o de mamãe, com um laço de cetim azul na cintura, ia até o joelho e era cavado, além de um bonito colar de pérolas e sapatos azuis. O véu dela estava amarrado no couro cabeludo, de modo que o cabelo preto dela que ia até alguns centímetros depois do ombro estava à mostra.

—Oi, Mel. –abraçei a menina, e Leo fez o mesmo.

—Oie! –ela respondeu, feliz, nos abraçando forte.

—Mel! Quem é? –ouvi a voz de Maria lá da cozinha.

—Mel! Cadê você? – e Emily entrou na sala, procurando a prima. –Ah, oi pirralhos.

Sim, Emily continua a mesma fofa, mas no fundo sei que ela nos vê como verdadeiros amigos, só não quer demonstrar que gosta da gente. Se bem que ela estava até que bonitinha, num vestido sem forma branco com bolinhas pretas e mangas um pouco bufantes, e ia uns centímetros depois do joelho, além dos sapatos dourados. Emily cortou o cabelo ruivo num chanel com franja, e era até surpreendente vê-la sem as tranças ruivas.

—Oi pra você também, Emily! –cumprimentei, e dessa vez ela sorriu.

—Estávamos esperando vocês. Precisamos de uma boa dupla, só que acho Pablo vai querer o Pedro e a Dete o Leo. –Emily falou.

—Do que estão brincando? –perguntei.

—Crianças, melhor entramos. –mamãe gentilmente me puxou para o lado e Melissa fechou a porta.

Provavelmente com o barulho da porta, Maria veio até a sala. Ela estava linda num vestido que era levemente apertado na cintura e era estampado de várias cores que até ficavam bonitas mesmo misturadas, de um ombro só e uma manga bufante, além de uma pequena bota de couro marrom sem salto. Os cachos loiros de Maria estavam soltos e volumosos, e ela usava só um pouco de maquiagem.

—Ei, que bom que vieram. Meninos, estão todos lá no quintal. Olavo, Jasmine, por favor, o Otávio está fazendo churrasco! –Maria convidou, e eu não fiquei aguardando antes de correr até o quintal de Belle.

Você pode até não saber, mas Belle amava animais, o que me fazia pensar que ela teve vários antes da mãe morrer. A questão é que ela gostava de bichinhos, do mesmo jeito que Maria gostava de flores. As duas juntas somado à seu Otávio reformaram o quintal, com direito à um pequeno bebedouro de concreto para os pássaros e um laguinho com peixes. Tinha também uma estrutura de madeira que seu Otávio construiu imitando o formato de uma flor em relevos, onde Maria plantou outras flores em cada “pétala” no relevo. Tinhas espaços com cascalhos que Otávio colocou, toda a grama era aparada e havia macieiras (cuja fruta era a favorita de Belle e de Maria) nas extensões. O lugar vivia cheio de passarinhos, e era algo bem confortável, com algumas espreguiçadeiras de madeira. Havia uma varanda do lado de fora, que tinha uma cerquinha feita de concreto menor que eu cuja a parte de cima era uma bancada de mármore (onde era legal pra sentar), com uma única mesa grande de madeira que estava ali desde que os avós de Otávio moravam ali, e uma churrasqueira de ferro. Como não tinha cercas nas nossas casas, o final de cada quintal era o início da florestas, logo havia escadinhas que levavam de um jeito seguro até lá.

Reconheci muitas pessoas ao mesmo tempo na mesa. Roberto Oliveira, um moreno de 40 anos que sofria de um caso grave de alcoolismo, sua mulher Amanda, morena com cabelos curtos que era uns 20 anos mais nova que ele, José e a mulher Olga, Matheus e Rosa, Túlio e Conceição, além da filha mais velha de Amanda, Aurora e o namorado dela, Davi. Vale ressaltar que Aurora era linda, loirinha de olhos azuis, quase uma princesa, de 15 anos. Olhei e achei Berenice, o seu Vinicius e a dona Creuza, os dois muito imersos na conversa que rolava ali, enquanto o seu Otávio estava na churrasqueira.

Nenhuma criança? Eu conhecia os filhos mais novos de todo mundo ali. Cadê eles?

Então, eu olhei pro quintal, onde todo mundo brincava de Taco. A primeira que vi foi Belle, porque pela primeira vez, ela usava rosa, um vestido rosa claro de botões que tinha uma fitinha amarrada na cintura e mangas de renda, com sapatos pretos e o cabelo (milagrosamente) amarrado num coque. Ela era a rebatedora. Achei que a dupla dela, já que não era Melissa, seria Pablo, mas ele estava na torcida, com uma bermuda jeans e uma camiseta xadrez, ao lado de Dete, que usava um vestido estampado de marrom com rosa, além de uma faixa rosa com laço na cintura, os cabelos castanhos escurecendo e ficando enrolados. A dupla de Belle era Henrique, com uma bermuda escura e uma camiseta branca com algumas riscas pretas.

Percebi também várias outras crianças, como Diego, o filho de Túlio, em seu macacão jeans e seu boné azul, Eduardo, o filho de Roberto, ruivo de cachos rebeldes, Isadora, a irmã de Aurora, e o Luís, filho de José, Natália, a filha mais nova de Olga, que era bem fofinha, com cabelos crespos que formavam volumes nos lado da cabeça dela. Isso, além de Melissa, Emily, Pablo, Dete, Belle, eu, Leo, Henrique e.... Não era pra Analícia estar aqui?

Procurei a loirinha e a encontrei longe de todo mundo, sentada perto do laguinho com uma boneca e um livro de colorir. Analícia sempre se fazia tão isolada!

Passei direto pelos adultos a tempo de ver Belle ganhar a rodada, ela e Henrique comemorarem. Ela sorriu e gritou de animação, e ela e Henrique se abraçaram.

—Pedro! Finalmente! –Pablo foi o primeiro a me ver.

—Oi! –cumprimentei meu melhor amigo.

—Vai ser do meu time, espero! –ele me puxou para o meio da torcida, e vi Dete sair pra ir buscar Leo.

—Pedro! –Belle veio até mim, sorridente. Me cumprimentou com um abraço, e fez um movimento com o taco –Nós ganhamos, você viu? Eu sou boa nesse jogo.

—É mesmo! Oi, Pedro! –Henrique veio logo depois dela, e ele trocaram um aperto de mão.

—Cadê o Leo? –Belle começou a olhar para o lado.

—Dete foi buscar ele. Sabe como ela quer jogar, mas ninguém aqui quer ela como dupla. Ela é muito pequena. –Pablo falou.

—Dete é forte, ela seria ótima. –Belle comentou. –Mel e Emily estão vindo, né? Você tinha que ter visto quando eu e Henrique ganhamos de Emily, ela ficou vermelha de raiva!

—Ela não sabe perder. –completou Pablo.

—Quem joga agora? –perguntei.

—A gente –Belle apontou para ela e Henrique –contra o Diego e o Dudu.

—Vai ser mamão com mel. –Henrique comentou, confiante. Belle sorriu.

—Crianças, a brincadeira vai ter que esperar! –Maria gritou, lá da varanda, segurando uma das pilastras. –Almoço!

E toda a boiada, digo, criançada, correu para dentro da casa, todos ali com fome. Exceto por Analícia. Ela continuou parada, colorindo e falando com sua boneca, explicando à Liza o que desenhava. Espera... Liza?

Mesmo que eu não sentisse que isso daria certo, eu me aproximei de Analícia. Ela estava bem mais retraída desde a morte do pai, talvez por ter se tornado o que ela mais temia: órfã. E incrivelmente mais chata, brigava com qualquer um por causa de qualquer coisa. Mesmo assim, eu posso dizer que sou o mais acostumado com Analícia depois de Berê.

Me aproximei da loirinha, que usava um vestido rosa com brilhantes linhas brancas e era rodado, além de sapatos brancos de sola preta. Ela ignorou ou não percebeu minha chegada, e me sentei do lado dela, perto do laguinho, embaixo de uma das macieiras.

—Oi, Analícia. –comecei.

—Oi, Pedro. Não vai comer? –ela perguntou, sem olhar pra mim.

—Você não vai? Maria cozinha bem.

—Estou bem aqui. –ela respondeu, continuando o trabalho.

—O que está desenhando? –continuei o interrogatório.

Analícia se virou para olhar meio temerosa para mim, juntando o caderno no peito.

—Nada.

—Ei, pode me mostrar! –incentivei.

Ela suspira e vira o caderno para mim. E surpreendentemente, era uma figura marrom confusa com orelhas grandes e um rabo, além de um par de asas. Tombei a cabeça para o lado, confuso.

—Isso é um jumento voador?

—Não, bobo. É o Chocolate! –ela contou, animada. –Com as asas das fadas.

Sorri. –Ficou lindo.

—Verdade?

—Por que eu mentiria pra você?

—Obrigada, Pedro. –ela sorriu, um sorriso verdadeiro e muito fofo.

Olhei para a varanda, onde Belle se sentava na mureta com um prato rosa de plástico com o almoço. Ela chegou conversando com o Henrique, eles pareciam muito próximos, determinados a ganhar. Pablo veio perto dela também, e Melissa se sentou ao lado de Belle. Emily sentou perto de Mel, Pablo do lado de Henrique e Leo sentou do lado de Dete, num banco perto de nossos respectivos pais. As outras crianças também foram sentando na mureta, em banquinhos e etc. Todo mundo estava lá, com exceção de mim e de Analícia.

—Falando em Chocolate, cadê ele? –perguntei, e Analícia apontou para duas figuras no campo, que estavam um tanto longe da gente. Rubi e Chocolate, comendo a grama quase que do terreno vizinho.

Pablo começou a olhar para os lados, procurando alguma coisa na varanda. Ele se inclina e fala para Belle, que também começa a procurar. Pablo vira para o quintal e dá uma olhada, então eu me foquei no colorir de Analícia para não parecer que eu estava olhando para eles. De canto de olho, vi ele focar o olhar em mim, largar o prato na mureta e começar a se dirigir até aqui. Belle reparou e fez o mesmo.

—Pedro? –Pablo perguntou, se aproximando. –Não vai ‘almoça’?

—Estou indo. –respondi.

—O que aconteceu? Tem alguma coisa errada? –Belle ficou do lado de Pablo.

—Nada, Belle. E eu já estou indo. –vi que Analícia chegou mais para trás.

—Pedro, vamos. –Pablo oferece a mão para me ajudar a levantar, mas eu olhei para ele.

—Já. Estou. Indo. Analícia está me mostrando o desenho dela. –falei.

Belle olhou para Analícia, percebi que as duas estavam ignorando a existência uma da outra, e as duas se olharam com raiva.

—Se divirta. –Belle falou antes de se virar e sair.

—Belle, eu vou ficar aqui com o Pedro. –Pablo avisou, se sentando do meu lado. –Traz meu prato, por favor?

—Vai ficar aqui? –Belle perguntou, no que Pablo assentiu. Ela bufou irritada e voltou para a casa.

—Por que está aqui? –Analícia soltou, desconfiada.

—Porque o Pedro ‘tá aqui, e ele é meu amigo. –ele respondeu.

Belle pegou o pratinho de plástico de Pablo e virou para voltar, mas parou, pensando. Bufou, falou alguma coisa para os outros, pegou o próprio prato e veio. Então, vi todo mundo se levantar, e com todo mundo quero dizer todas as crianças que estavam ali. Todas vieram, com seus pratinhos, e apesar da minha cara de confusão, elas se juntaram para comer perto da gente, todo mundo, até Leo e Dete, que estavam com nossos pais. Foi se formando uma rodinha, com Analícia no centro, e todo mundo sorria para ela.

A loirinha ficou meio embaraçada com todo mundo perto dela, afinal, se Analícia queria se excluir, quem eram nós para impedi-la?

Belle se sentou do lado de Pablo, Melissa do lado de Belle, Emily, Henrique, Leo, Dete, Natália, Diego, Eduardo, Isadora e Luís, então vinha Analícia. Uma rodinha.

—Oi, Analícia. –disseram eles, um depois do outro (com a belíssima exceção de Belle).

—Hum, oi! –a garota respondeu.

—Seu vestido é lindo –Natália, sendo fofa, comentou.

—Obrigada. –agradeceu Analícia, amável. Berenice saiu de dentro da casa, segurando dois pratos de comida. Analícia focou o olhar na mulher de camisa azul com uma saia longa de estampa branca com flores azuis, o cabelo preto no corte tradicional e o sorriso de pessoa mais doce do mundo. Quando ela chegou até nós, entregou o prato rosa para Analícia e um azul para mim, e vi que era basicamente: arroz, feijão, purê de batata, frango e salada, de tomates-cereja. Maria já contou que esse era o único tomate que Belle comia.

—Sua mamãe fez seu prato, Pedro. E Analícia, coloquei tudo que você gosta. –Berenice se sentou, e com Analícia segurando o prato, a colocou no colo. Vi Berenice e Analícia sorrirem uma à outra, acho que uma grata à Deus pela existência da outra, Analícia significando o pilar de Berenice. –Então, o que acham de uma história?

—Sim! –respondemos, de boca cheia mesmo.

—Já ouviram Cinderela? –perguntou, no que assentimos. Já conhecíamos os clássicos, eram histórias de dormir. –E a história das princesas dos sapatos vermelhos?

Negamos.

—Era uma vez um rei que tinha três filhas, todas elas muito bonitas. Dormiam juntas no mesmo quarto e com as camas umas ao lado das outras. O rei, que era muito desconfiado, fechava sempre a porta à chave, quando se iam deitar. Mas uma manhã, quando voltou a abri-la, descobriu com espanto que as solas dos sapatos da sua filha mais velha estavam gastas.

“Passado algum tempo, os sapatos das outras duas princesas também começaram a aparecer completamente estragados todas as manhãs.

Ninguém conseguia explicar o que acontecia durante a noite e parecia que as princesas não se lembravam de nada. Então o rei, muito preocupado, fez saber aos seus súditos que aquele que descobrisse onde é que as suas filhas iam todas as noites casaria com uma delas. Mas, se não conseguisse descobrir em três dias, seria mandado para a prisão. No dia seguinte, um príncipe apresentou-se no palácio disposto a tentar esclarecer o mistério.

“Nessa noite, o príncipe sentou-se à frente da porta do quarto das princesas; mas, pouco a pouco, as suas pálpebras iam-se fechando, até que adormeceu profundamente. De manhã, quando acordou, viu que as jovens tinham saído, porque as solas dos seus sapatos estavam outra vez gastas. Aconteceu o mesmo nas duas noites seguintes, e o rei mandou prender o príncipe. Vieram depois outros príncipes e cavaleiros, dispostos a descobrir onde é que as princesas iam todas as noites. Mas todos fracassaram, e foram encerrados nas masmorras do castelo, um a seguir ao outro.”

—Coitados! Isso não é justo com os príncipes! –Isadora reclamou, e percebi que todos estavam mergulhados na história.

—Shiu, Isa! –Dete brigou.

—Um pobre soldado, que saíra do exército por causa das suas feridas de guerra, dirigia-se ao palácio para tentar a sorte quando lhe apareceu uma velha que lhe deu um conselho:

“– Se quiseres saber onde é que as princesas vão, não bebas o vinho que te servirem.

E, dito isto, entregou-lhe uma capa que tinha o poder de tornar invisível quem a vestia.

Quando chegou ao palácio, o soldado, tal como os que o tentaram antes, sentou-se à porta do quarto das princesas. Antes de se deitar, a filha mais velha do rei ofereceu-lhe um copo de vinho, mas o soldado, seguindo o conselho da velha, fingiu que o tinha bebido e sentou-se de vigia. Logo depois, fingiu que estava a ressonar para as princesas o ouvirem.

— Este podia ter poupado a viagem! Espera-o o mesmo fim que o dos outros! - exclamou a pequena.

Quando as princesas já estavam prontas, a mais velha deu uma pancadinha com o pé no chão e este abriu-se. Umas atrás das outras desceram por uma escada que então ficou à vista. O soldado, que tinha visto tudo, vestiu a capa invisível e foi atrás delas.

No fim da escada esperava-as um exuberante prado, cheio de árvores com brilhantes folhas de prata. O soldado arrancou uma e guardou-a. Pouco depois chegaram a um lago, onde três príncipes encantados esperavam as princesas em três barquinhos.

Cada princesa subiu para um barco, e sentou-se junto ao seu príncipe. O soldado que estava invisível graças à capa, subiu para o bote da filha mais velha. Remaram até à outra margem do lago, onde havia um fabuloso palácio de onde saía uma alegre melodia interpretada por uma orquestra.

Ali as princesas dançaram com os seus príncipes até os sapatos de todas elas estarem gastos. Então, os príncipes acompanharam novamente as jovens até à outra margem. Quando as princesas chegaram à escada, o soldado já se encontrava no palácio e fingia que continuava a dormir. As três irmãs, acreditando no sono profundo do soldado, despiram os seus vestidos, esconderam os seus sapatos gastos debaixo da cama e deitaram-se.

O soldado não quis contar logo ao rei o que tinha visto. Durante as duas noites seguintes o jovem as seguiu e, de todas as vezes, dançaram até estragar os sapatos. Ao quarto dia, o soldado decidiu revelar ao rei o que tinha descoberto.

— Majestade, finalmente descobri onde é que as princesas gastam as solas dos sapatos – afirmou. – Num palácio subterrâneo, dançando com três príncipes!

E como prova de que era verdade aquilo que estava a dizer, tirou a folha de prata que tinha apanhado no caminho para o lago, e mostrou-a ao rei.

O rei mandou chamar as suas filhas imediatamente, pois era difícil acreditar nas palavras do soldado.

— Minhas filhas, é verdade que durante todas estas noites estiveram a dançar num palácio subterrâneo com uns príncipes desconhecidos? – perguntou-lhes.

As princesas olharam umas para as outras, coradas de vergonha. Nenhuma se atrevia a responder ao seu pai, porque tinham medo do castigo. Por fim, após um longo silêncio, a irmã mais velha confessou ao rei toda a verdade. O monarca, ainda que ao princípio se tenha zangado com elas, acabou por lhes perdoar o que tinham feito.

Depois, disse ao soldado:

— Cumpriste o que prometeste, e eu cumprirei a minha promessa. Qual das minhas filhas queres para tua esposa?

— Como já não sou muito novo – respondeu o soldado -, escolho a mais velha.

O casamento foi feito e o soldado fez-se rei. Enquanto isso, os três príncipes continuaram à espera das princesas, noite após noite, e em vão já que estas nunca mais voltaram ao palácio subterrâneo.”

—Coitados! Agora os príncipes não tem suas princesas! –reclamou Dete, com a face triste.

—Conte uma história feliz, mamãe!

—Que tal a história da Princesa e a Ervilha? –sugeriu.

—Eu conheço! –responderam as meninas.

—Não quero histórias de princesas! Quero uma história de aventura! –Henrique reclamou.

—Mas eu gosto de histórias de princesas! Conte a da Cinderela, mamãe! Eu amo a Fada Madrinha! –Analícia pediu, dengosa.

—Eu gosto de histórias com ogros, lugares distantes, aventuras tipo João e o Pé de Feijão!

—Princesas! –reclamou Emily.

—Heróis! Como He-Man.

—Prefiro She-Ra. –reclamou Belle, continuando a comer. Quase sorri a perceber que ela estava quase assumindo o lado dos “Heróis”.

—É uma boa ideia, Belle. Uma princesa heroína, que também vive aventuras. E se, numa ilha bem distante daqui, a princesa She-Ra estivesse fazendo um pouso forçado? –Berenice começou, e mesmo sem querer, eu me interessei.

—O que aconteceu com ela? –perguntou Dete.

—É, Berê, por que ela fugiu? O Esqueleto ganhou do He-Man? –Henrique completou.

Berê sorriu.

—Tudo começou numa noite escura....

(***)

—E então, He-Man se lembrou de tudo, levou She-Ra e os dois juntos, protegeram e cuidaram de Etérnia. Esqueleto nunca mais incomodaria ninguém. –Berenice terminou a história, que acabou se revelando uma história incrível e que ganhou nossa atenção por uns 30 minutos. –Agora, nós vamos tomar um suco na cozinha, pequenos.

Berenice levantou com Analícia ainda no colo, e nós pouco a pouco fomos repetindo o ato, seguindo elas. Na cozinha, Maria e mamãe colocavam suco de laranja em vários copos de alumínio. Então, as três foram nos entregando os copos de suco. Depois que recebemos os nossos copos, voltamos ao quintal, e nos sentamos todos na varanda. Dessa vez, Analícia me ignorou completamente e ficou sempre perto de Berenice, mas em compensação, Pablo e Belle foram os primeiros a sentar do meu lado.

Terminamos o suco bem rápido, e apesar de Maria perguntar se queríamos alguma fruta de sobremesa, nós negamos. Queríamos jogar. Belle manteve-se como dupla de Henrique, então eu fiquei com Pablo, Leo com Dete, Mel com Emily, Diego e Eduardo, Isadora e Natália e Luís foi desenhar usando o papel e os lápis de Analícia.

Infelizmente, Túlio e Conceição foram os primeiros a ir embora, alegando “afazeres”, então Diego teve que ir. E logo depois deles, Roberto e Amanda decidiram ir também, levando Isadora, Aurora, Davi e Eduardo com eles. No lugar, eu e Pablo jogamos com Belle e Henrique, e sinto lhe informar que nós perdermos de lavada.

Nota mental: NUNCA mais jogar Taco com Belle e Henrique. Eles não sabem brincar!

No final, Belle e Henrique só foram perder para Mel e Emily, cansados. E então, nós sentamos todos no gramado, cansados.

—O que a gente vai fazer agora? –perguntou Pablo, olhando pra mim. Foi quando percebi que todos os outros olhavam pra mim, esperando minha resposta.

—Natália! Luís! Vambora! –chamo Olga, com bolsa na mão.

—Até, pessoal! –Natália, fofa como sempre, se despediu, e deu um beijinho de bochecha de cada um.

—Ela é um amor. –comentou Mel, doce.

—Não acho. –Emily fez uma careta.

—E agora? O que vamos fazer? –pergunta Henrique.

—Alguém quer comer? –Emily sugere, e nós conseguimos dar uma risadinha.

—Já sei! –sorri –Polícia e Ladrão! Eu sou polícia! Quem é polícia e quem é ladrão?

—Eu sou polícia! –falou Emily.

—Eu também! –disse Henrique.

—Ladrão! –Pablo falou.

—Ladrão. –Belle disse.

—Ladrão. –foi a decisão de Mel.

—Eu quero ser polícia! –Dete comentou.

—Eu quero ser ladrão. –Leo contou.

—A Maria pintou alguns canos pequenos que a gente pode usar como arminha –Belle informou, e foi pedir os brinquedos.

—Okay, nossa base é atrás do laguinho, e a sua é perto da mureta. –declarei, apontando. Pablo assentiu, assumindo o lugar de líder dos ladrões.

—Será que Maria nos deixa usar as tampas de panela como escudo? –ele perguntou pra mim, no que eu dei de ombros.

—Pergunta pra ela, Maria é legal. –respondi.

—Eu peço. –Mel sugeriu, se levantando e correndo até a varanda.

—Valeu, Mel! –Pablo gritou de volta.

Esperamos as duas voltaram, e quando voltaram de dentro de casa, vi Belle com uma sacolinha, Mel com várias tampas de panela e Maria atrás delas, com um conjunto gigante de vasilhas.

—Consegui as nossas armas! –Belle comemorou.

—Nossos escudos. –Mel foi passando as tampas de panela.

—E os capacetes de vocês. –Maria falou, colocando as vasilhas nas nossas cabeças.

—Podemos usar? –Emily perguntou, ajeitando o “capacete”.

—Claro. Mas tentem não quebrar. –Maria avisou.

—Obrigada, Maria. –agradeceu Belle.

Maria deu um sorriso muito feliz quando viu Belle agradecer, e logo todos nós repetimos o ato.

—Okay, agora vão brincar. Tenho mais louça pra lavar. –ela “mandou”, voltando para a cozinha.

Rimos, então colocamos os nossos “capacetes”, e cada time foi pra um lado.

—1,2,3... JÁ! Começou! –gritei, já fazendo menção de usar minha arma.

(***)

No finalzinho da tarde, Berenice e Analícia já tinham ido, mamãe, Maria e dona Creuza fizeram um bolo de fubá, e acabamos nos reunindo todos na mesa. De todos os momentos, o que eu mais gostava era esse pôr do sol no interior. O sol aqui parecia ser mais bonito que o do resto do mundo, o céu virava uma palheta de cores e era quando o tempo parecia passar mais depressa, ainda mais aqui... Nesse silêncio, nessa calmaria... Com essa vista bonita, cheia de natureza....

Antes, Maria, Otávio e Belle foram buscar Rubi e Chocolate, e além de mim, Analícia pôde vir também. Pela primeira vez, vi a loirinha se interessar num animal. Ela escovou o pelo de Chocolate, e Otávio a ajudou a montar. Ela riu, mas quando Chocolate se moveu, ela já se assustou e se segurou com mais força.

—Sabe, eu desenhei o Chocolate hoje. Acho ele bonito. –ela falou.

—Eu vi. Ela desenhou o Chocolate com asas. –contei.

—Você queria que o Chocolate tivesse asas? –perguntou Maria, meio sorrindo, meio rindo.

—Seria legal. –Analícia explicou. –Eu gosto de asas, já pensou se todo mundo pudesse voar? Nós iríamos viver nas nuvens.

—Você já vive nas nuvens. –Belle observou, e Analícia deu língua.

—Tudo bem, Analícia. Sabe, viver nas nuvens não parece uma ideia não má assim. –Maria a animou. –Quem sabe o Chocolate não ficaria bem voando?

—Seria tipo... Um jumento voador! –a loirinha respondeu, acariciando a crina dele.

—Eu que falei isso! –reclamei.

—Ei, não importa. Vem Analícia, preciso levar o Chocolate e o Rubi de volta pro estábulo. –Otávio avisou, descendo a pequena.

—Seria legal ter um Jumento Voador. –Analícia suspirou, antes de voltar para a casa.

Agora, eu me encontrava sentando, do lado de Leo, com um pedaço de bolo de laranja e um copo de leite, observando o céu que se encontrava quase roxo, os resquícios da tarde de brincadeiras. Era pra ter durado só um almoço, mas... Vamos combinar, eu prefiro muito mais assim.

—Foi um excelente dia. –papai comentou.

—Foi mesmo. Obrigada Maria e Otávio. –mamãe agradeceu.

—Nós que agradecemos. –Otávio falou, com um braço abraçando Maria e o outro em Belle, sentada na minha frente. Ela bebeu o leite e ficou com um bigode.

—Realmente, foi um dia adorável. –dona Creuza falou.

—Foi mesmo. –concordou Vinicius.

—Nós adoramos a tarde. –foi a vez de Rosa elogiar.

—Obrigada pelo convite. –completou Matheus.

Na grande mesa de madeira, Emily e Mel se sentaram nas duas cadeiras da ponta, e do lado direito, vinham Belle, Otávio, Maria, Dete, Pablo, a dona Creuza e o seu Vinicius. Do meu lado, eu fiquei do lado de Emily –na frente de Belle-, e depois de mim vinham Leo, mamãe, papai, Henrique, Rosa e Matheus. Todos conversando, brincando, um clima ótimo.

—Você tá com bigode de leite. –avisei Belle, acentuando sem necessidade o “bi” de “bigode”.

Belle passou a mão, limpando.

—Sabe, de vez em quando, aparecem vários vagalumes por aqui depois que escurece. –Maria comentou para a Dete, que sorriu lindamente.

—Eu adoro vagalumes! –comemorou.

—Aqui a noite fica lindo. –Otávio completou.

E assim, ficamos... Papai, mamãe, Otávio e Maria, dona Creuza e seu Vinicius, Matheus e Rosa, todos entraram em novos assuntos. Maria nos deu alguns papéis para desenharmos, e achei o desenho de Analícia no meio deles, ela deve ter deixado ele no meio dos papéis de Maria. Silenciosamente, passei pra Belle, que observou o desenho antes de colocá-lo de cabeça pra baixo na mesa, ignorando. Então, eu continuei desenhando a paisagem da varanda de Belle, porque eu realmente amava o pôr do sol. Mel começou a desenhar um homem e uma mulher, ou o que era a intenção de ser um homem e uma mulher. Emily desenhava duas mulheres e duas meninas, Belle tentava imitar as bailarinas. Dete começou a desenhar vagalumes e Leo desenhava fogo, e esses eram os que eu podia ver.

Escureceu sem que eu percebesse, e logo, a lua foi tomando o lugar do sol, os grilos começaram a serenata e os vagalumes realmente apareceram. Dete saiu correndo e se aproximou, brincando perto deles. As estrelas brilhavam no céu, e os vagalumes complementavam o cenário. Queria fotografar aquilo, pintar... Era incrível. Deitei no gramado, olhando o céu, ouvindo os risos de Dete, de Belle, Emily e de Mel. Pablo deitou ao meu lado, e Henrique veio depois dele.

—É lindo, não é? –apontei o céu.

—É. Parece que não é real. –ele respondeu.

—Isso aqui é o paraíso. –Henrique disse.

—É. É mesmo. –respondi. –Será que o paraíso é assim mesmo?

—Mamãe fala que o paraíso é o lugar mais especial pra você no mundo. –Henrique falou.

—Já mamãe diz que o paraíso é algo muito mais lindo que qualquer coisa daqui. Será que é verdade? –Pablo contou.

—Não sei. –retruquei.

Porque, afinal, eu era uma criança. E crianças têm esse defeito: nós não sabemos de nada. Não temos resposta para nada. Geralmente, a vida vai nos dando essas respostas, mas em alguns casos... Você não vive para pegar essas respostas. E acaba que a vida é tirada de você, sobrando apenas pontos de interrogações de uma série de perguntas sem respostas.


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Notas finais do capítulo

Rarity, a imagem tem algum sentindo? Não. Mas é o Leo, e é fofo. Pronto.
É que geralmente eu escolho a imagem antes de escrever, porque normalmente tem frases. Mas enquanto eu escrevia, não quis usar a imagem da loirinha chorando (inicialmente, a Analícia estaria morrendo de tristeza, mas eu não quis), e fiquei sem imagem :/ Sem gif, na verdade. Eu só posto gif, não sei se perceberam.
Ah, e podem me adicionar no facebook, as mensagens só chegam pra mim assim. Comentem, mandem mensagem, entrem no grupo Teasers do Tio Emerson, curtam a Montinho do tio Emerson, stalkem o Emerson como eu... E comentem muito.