Hunter escrita por Jiinga


Capítulo 9
Esquecida




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Mas é claro que ele mudou completamente.

Na segunda-feira seguinte, quando fui falar com ele, ele nem olhou nos meus olhos. Preferiu passar o intervalo entre as aulas da manhã e da tarde dele abraçando e conversando com a Natasha, aquela com quem eu não falava por que parecia metida.

Na terça, foi exatamente a mesma coisa, mais com a Carol, a outra garota com quem eu não falava por que parecia muito metida.

Depois de mais dois dias, percebi o quão diferente Tristan estava. Ele não era mais fofo comigo, não aparecia de repente na minha sala, era grosso comigo no Facebook e pior... Cheguei a achar que ele não gostava mais de mim.

Por quê? Porque quando eu ficava à tarde para o teatro ou simplesmente para passar um tempo com ele, ele me ignorava. Não só me ignorava, mas agia do jeito que costuma agir comigo, com outras garotas. Além disso, fazia isso na minha frente, como se quisesse me humilhar ou algo do tipo.

Foi assim por uma semana. Uma semana que pareceu mais um ano do que não sei o quê. Eu estava ficando fraca. Não comia direito, chorava toda noite. Minhas amigas começaram a se afastar de mim aos poucos por que a minha tristeza as estava afetando.

Eu estava sozinha. Não sabia o que estava acontecendo. Resolvi falar com ele num final de tarde.

– Tristan, podemos conversar? – perguntei.

– Claro. O que você quer?

– O que eu te fiz?

– Nada, por quê?

– Por você tem agido muito diferente ultimamente. Eu sinto sua falta.

– Como assim? Eu estou aqui o tempo todo.

– É, mas agora você só sabe dar atenção pra Carol, pra Natasha...

– É isso que você quer? Atenção?

– Bom... Não se for pra você me dar atenção por obrigação, mas basicamente é isso sim.

– Olha, Emilia, eu tenho outras amigas, tá? E elas também querem minha atenção. Eu não posso ficar com você vinte e quatro horas por dia.

– Mas... – as lágrimas começaram a se formar em meus olhos.

– Mas isso não quer dizer que eu não ame você.

– Eu também amo você.

– Bom, se é verdade, então prove. Você precisa demonstrar mais, sabe? Agora tenho que ir.

Ele simplesmente virou as costas e foi embora.

Achei que fosse morrer ali mesmo. Como assim? Depois de tudo que eu fiz por ele, disse por ele, sofri por ele, o Tristan tinha a coragem de dizer que eu não demonstrava meu amor?

Decidi que não falaria com ele enquanto ele não se desculpasse.

No dia seguinte, ele foi falar comigo. Não que eu achasse mesmo que ele iria.

– Oi Emilia.

– Eu não quero falar com você.

– O que eu fiz?

O que você fez? Depois de tudo que eu fiz, disse e sofri, você tem a cara de pau de me dizer pra demonstrar mais meu amor?

– Não! Emilia, eu não quis dizer isso!

– Mas disse.

– Desculpa, sério! Era brincadeira! Poxa, não dá pra brincar com você.

– É, nem com meus sentimentos. – me levantei para ir embora, mas Tristan segurou minha mão.

– Me perdoa, por favor. – pediu.

Eu... Não sei o que estava acontecendo comigo, mas ao mesmo tempo em que eu não queria mais falar com Tristan, eu também não conseguia ir embora. Então, virei e abracei-o. Como eu podia ser tão fraca? Tão... Ridícula? Eu nem parecia a caçadora que fui criada para ser.

Tristan não mudou.

Duas semanas se passaram, até que eu não aguentei mais.

Era uma terça-feira, dia de teatro. Eu estava muito pra baixo e deixava aparentar minha tristeza. E o que o Tristan fez? Nada. Ficou me olhando de longe como se fosse alguma aberração, enquanto abraçava uma das novas amiguinhas dele. A vítima da vez? Mia. Sim, a minha Mia. A Mia baixinha e fofinha que me chamou pra festa dela, que costumava ser uma das minhas melhores amigas e que agora estava completamente estranha, andando com Marina, Cala, Vitória...

Passei a aula de teatro toda chorando, com Carla me acalmando. Ele me viu chorando. E ele não fez nada.

Então, quando a aula acabou, estávamos eu, Carla, Tristan e Natasha reunidos no pátio da escola. Ele só falava com a Natasha, enquanto eu estava encostada numa coluna.

A dor que eu sentia era mais que psicológica. Era quase como se estivesse tendo um infarto ali mesmo. Na verdade, eu nem ligaria. Talvez eu morresse e acabasse com tudo, logo.

Antes que eu percebesse, as lágrimas começaram a escorrer. Levantei e saí dali. Sentei sozinha num canto bem longe, mas é claro que perceberam que eu havia saído.

– Emilia?

Olhei para cima com os olhos molhados e vi Tristan. Não esperava, juro que não esperava.

– O que você quer? Vai embora!

– Quero falar com você.

– Ah, agora você quer, né?

– Como assim?

– Tristan, o que tá acontecendo? O que houve com a gente, o que houve com você? Costumava ser eu ali, sabe? Ali no lugar da Natasha, da Carol, da Mia...

– Emilia...

– Olha, é só que... Eu sei que você gosta muito mais delas do que de mim e prefere andar com elas... Afinal, quem não preferiria? Elas são mais legais, populares...

– Emilia, me deixa falar!

– Isso, fala! Fala que você não quer mais ser meu amigo!

– Não é verdade! Emilia, eu não prefiro elas, tá legal? Eu amo muito você, por que você não acredita?

– Por que não parece, Tristan! Você fala, fala e fala isso, mas não demonstra! Quando eu mais preciso de você, você dá as costas. Quando eu estou ali, na sua frente, você me ignora. O que tá acontecendo? Você nunca foi assim!

– Desculpa.

– Não sei se devo te desculpar. Você me magoou muito e eu nem te fiz nada.

– Eu não vou te obrigar a me desculpar, por que eu sei que o que eu fiz foi muito errado. Mas peço que pense bem. Se você me desculpar, prometo que vou voltar a ser como antes.

– Promete mesmo?

– Sim.

– Então eu te desculpo.

Enxuguei as lágrimas e o abracei. Ele me abraçou de volta. Já mencionei o quanto o abraço dele é bom?

– Você ainda me ama? – perguntei.

– Claro! E você?

– Também.


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