Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 8
Péssimos Romances Natalinos




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– Então, quem é a garota? – perguntando a Lucas, jogando uma batata frita na cabeça dele.

Estamos na Praça de Alimentação do Vally-Mall-Shopping-Wood, o shopping mais frequentado da região de Vallywood. Lucas tinha se recusado a vir comigo, reclamando do cansaço de ter que ajudar a montar uma arvore de natal, porém, diga a seu amigo que você vai pagar tudo e, voiiiiiiila, ele fará tudo o que você quiser.

Depois de rodarmos o shopping inteiro, consegui achar uma toca de Natal decente e ele, lógico, conseguiu uma mesa na Praça com um ângulo perfeito para ficar olhando para os peitos das Ajudantes do Papai Noel.

– Não sei – ele responde me atirando uma batata de volta. – Ainda não fui pedir o numero dela.

Sigo seu olhar e vejo que ele esta falando de uma das ajudantes do Papai Noel, uma loira com tranças que pendem até o meio das costas.

– Não dela – atiro outra batata frita na cabeça dele. – Estou falando da tal garota que você vem conversando online.

Sua expressão é de quem entende por um momento, mas então ele desvia o olhar e coça a parte de trás da orelha, um pouco nervoso.

– Sim, o que tem ela? – questiona.

Faço uma cara de paisagem.

– Lucas.

– Quê?

– Você esta fazendo aquilo de novo.

– Aquilo o que?

– Se esquivando do assunto – jogo outra batata, mas dessa vez ele agarra e come.

– Foi mal, foi mal – ele suspira e recosta na cadeira. – É que eu não quero falar dela, só isso.

– Por quê?

Ele me avalia com o olhar cautelosamente enquanto pensa se deve responder.

– Ok, eu desisto – ele me encara nos olhos. – Eu acho que estou a fim de outra garota.

Fico um pouco chocado enquanto absorvo essa, mas faço o máximo para não parecer assim. Se ele souber que estou surpreso, vai ficar com vergonha e não vai querer contar mais nada.

– Ok – balanço a cabeça. – Isso é novo.

– Novo? – ele dá uma risada nervosa. – Rafa, eu estou falando que desisti da garota que eu estava louco por mais de uma semana e você diz: Novo?

– Desculpa – pelo visto não é a melhor coisa bancar o não chocado. – Minha mente está meio cheia.

Ele me avalia com o olhar.

– Eu quem diga – ele sorri.

Eu o encaro de volta.

– Aonde quer chegar?

Ele cruza os braços.

– Você esta pensando no beijo do Henrique.

Não foi uma pergunta e logo estou engasgando e tossindo para controlar minha respiração. Olho para o rosto de Lucas vitorioso. É, talvez ele não tenha sido tão bobo quanto o resto dos outros mais cedo.

– Não, não estou – tento fazer um tom firme, mas minha voz some no final.

– Rafa, não precisa negar, tá legal, eu entendo – ele faz um gesto vago com as mãos. – Você está se sentindo culpado por ter beijado o Henrique.

Faço que sim com a cabeça, realizando agora que isso é uma meia verdade. Na verdade estou me sentindo culpado porque quis retribuir, mas Lucas não precisa saber disso, precisa?

– Mas olha a situação – ele se endireita na cadeira. – Vocês estavam sob o visco. E foi ele quem avançou em você, lembra?

Fico surpreso com a leveza do tom de Lucas ao dizer aquelas palavras.

– E isso não me faz culpado? – questiono.

– Não se você não gostou – ele diz e meu estomago revira. – Mas olha, se você gosta mesmo do Rael, aposto que esse beijo não foi nada.

Engulo uma batata para me impedir de engolir em seco. O que Lucas diria disso tudo se soubesse que eu e Rael estamos brigando por culpa do garoto que meu deu um ‘beijo de nada’?

– Claro – pigarreio. – Mas enfim, viemos falar de você, não?

Ele fecha a cara.

– Não tem nada para dizer.

– Não mesmo, só um nome – zombo. – Olha, por que não fazemos assim, eu digo o número de letras do nome da garota e você me diz se tem a mesma quantidade.

Ele hesita por um segundo, mas então faz que sim meio encabulado.

– Ok.

– Uma letra.

– Ah, claro, até porque eu me apaixonei por alguém chamado “A” ou “B”, certo?

– Era só pra começar o jogo, idiota – reviro os olhos. – Duas letras.

Ele apenas começa a roer a unha, entediado.

– Ok, três letras.

– É um nome de Alien, é isso – ele zomba, bem humorado.

Suspiro e continuo:

– Quatro letras.

Lucas pensa em algo engraçado para dizer, mas então sua testa fica franzida e ele morde o lábio inferior.

– Depende – ele engole em seco.

– Depende do que? – questiono.

– Conta se for apelido?

Estou prestes a dizer algo, mas então duas silhuetas entrando na praça de alimentação fazem com que minha boca fique seca. Lucas segue meu olhar por um momento.

– Oh – ele franze a testa mais ainda. – Olha só, o casal do ano.

Não falo nada enquanto encaro Henrique e Taffara procurando uma mesa de mãos dadas. Ela sorri para ele e se senta primeiro, jogando sua bolsa de lado. Henrique esta prestes a fazer isso, até que nota meu olhar e seus olhos aumentam de tamanho.

Fico rubro e tento desviar o olhar. Porém, Lucas acena para ele e me cutuca.

– Que coincidência louca, não é?

Não respondo e jogo outra batata frita dentro da boca, tentando fazer cara de paisagem. Quando olho Henrique de novo ele ainda esta me encarando e acena com um sorriso. Apenas balanço a cabeça.

– Muita coincidência – solto vagamente enquanto vou perdendo a fome e a vontade de falar.


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