Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 9
Promessa De Natal




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Quando volto pra casa, mal passo pela entrada da sala e Roger já vem em minha direção, com uma expressão furiosa e encabulada.

– Ainda bem que você chegou! – ele exclama furioso. – Por onde foi que você andou?

– Nossa calma – empurro-o de brincadeira. – Que drama todo é esse agora pra cima de mim?

– O papai ligou – ele responde. – E quando perguntou por que você não foi quem atendeu, ele ficou uma fera por isso. Disse que você não tem que me deixar sozinho.

– E aposto que você não concorda com ele – ergo uma sobrancelha inquisitiva.

– É, não concordo – ele assenti. – Mas não gostei de você sair assim do nada. Ficamos aqui te esperando aqui o tempo todo.

Estou prestes a revirar os olhos, mas volto a fita no que ele diz.

– Espera um segundo – ergo a mão e olho ao redor da sala. – Ficamos? Você e quem ficaram esperando?

Ele me dá uma olhada significativa e aponta para o segundo andar com o queixo.

– Acho melhor você olhar no seu quarto.

Dou uma olhada no corredor vazio do segundo andar e me pergunto o que Roger não quer me dizer. Deve ser sério, pois ele não é do tipo que esconde algo nem mesmo quando quer.

– Tudo bem, então.

Subo as escadas de um jeito meio dramático, talvez para não assustar quem quer que seja meu visitante indesejado. Penso um pouco nisso e me pergunto com horror: E se for o Henrique? O que vou fazer se ele estiver no meu quarto? Na minha cama?

Penso nas palavras de Rael, seu ciúme louco e sua raiva inexplicável. Talvez não seja mais tão inexplicável assim, pelo visto.

Paro hesitante na porta do meu quarto, quase pensando em correr dali, mas então tomo coragem e giro a maçaneta de uma vez. Essa é a minha casa, esse é o meu quarto.

A luz esta apagada e penso em acender até que vejo a silhueta dele sentado na minha cama. Rael. Ele ergue o olhar quando me vê e nos encaramos por alguns segundos em silêncio.

Mas decido romper o silêncio:

– Hey – tento um tom inocente.

Ele demora pra responder, ainda me olhando na meia escuridão, mas responde:

– Hey – seu tom é controlado, isso é bom.

Atravesso o quarto e encurto a distancia entre nos dois, me sentando ao seu lado no colchão que range. Encaramo-nos em silêncio outra vez, mas não penso em romper o silêncio dessa vez.

Finalmente, Rael respira fundo e me preparo para um discurso enorme cheio de raiva e cheio de ciúmes.

– Rafa, me desculpa – ele me surpreende com um tom carregado de choro. – Eu não... Eu não quis dizer aquilo. Que não confio em você, eu juro que não quis.

Estou surpreso demais para dizer qualquer coisa.

– É só que... – não consigo ver seus olhos no escuro, mas sinto que olham meu rosto. – O problema sou eu. Eu não confio em mim mesmo perto de você. Você me muda toda vez que fala ou faz algo, toda vez que me beija. Eu mudo perto de você. Você me afeta tanto, me afeta tanto Rafa.

Franzo meus lábios.

– Mas eu não deveria – falo e pego sua mão. – Ao menos não é minha intenção te afetar tanto assim. Sinto muito.

– Não, não sinta – ele aperta minha mão de volta. – Estou dizendo que você me afeta, mas não que isso é uma coisa ruim.

– Então é o que se não ruim?

– É diferente – ele ri enquanto tenta explicar. – Eu sinto como se eu pudesse ser eu mesmo, só que elevado ao quadrado. O dobro ciumento, confesso. Mas também o dobro apaixonado.

Meu coração bate forte com a última palavra e sei que ele consegue me ouvir. Suas mãos se entrelaçam com a minha e sinto seu rosto mais próximo do meu.

– Eu não sei se é cedo ainda – ele sussurra. – Mas eu só quero que você saiba, mesmo assim. Eu te amo, Rafael. Amo mesmo. E sinto muito se não consigo te demonstrar isso da forma correta.

Tenho vontade de ver seu rosto, mas não quero estragar o clima. Então estendo minha mão e toco seu rosto. Sua pele macia contra os meus dedos frios me fazem arrepiar.

– Eu também sinto muito – digo. – Por dificultar tanto as coisas. Por provocar o que quer que... O que quer que seja a razão que te faz tanto ciúmes. Mas não é a minha intenção. Eu também amo você e não quero te ver assim. Não quero te ver mal.

Escuto ele suspirar e então sinto seus lábios tocando os meus. Ele me beija carinhosamente e retribuo na mesma medida.

– Nossa, como eu odeio ficar brigado com você – ele fala depois de liberar meus lábios. – Sinto como se, sei lá, faltassem muitos pedaços meus quando não estou com você.

Reviro os olhos para sua frase e dou graças a Deus por ele não me poder ver fazendo isso.

– Eu também – confesso. – Não gosto de ficar chateado com você.

Só digo isso e mais nada porque é só o que consigo dizer com minha sinceridade e não posso deixar de notar que mesmo sem ele não fico tão mal. Estremeço com esse pensamento e ele me abraça na escuridão.

– Eu prometo que nunca mais vou te magoar – ele solta, descansando sua cabeça no meu ombro.

– Eu também – digo rápido demais, compelido pela intensidade do momento.

Ele me abraça mais forte e me beija outra vez.

– O que acha de sairmos hoje, mais tarde?

– Claro – afago sua nuca enquanto respondo. – Um jantar ou algo assim não ia cair tão mal. Na verdade, é a melhor forma de reconciliação que já ouvi falar, pra ser sincero.

Ele ri e me beija mais uma vez.

– Então hoje à noite – ele me olha no olho. – Promete?

Tem algo na pergunta dele que entendo. Um nervosismo. Ali esta a duvida. A duvida que minha mãe disse que ele pode estar passando por eu não ter dado certeza ou confiança o bastante.

– Prometo – beijo ele intensamente. – Nos vemos hoje à noite.


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