Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 7
Traição Sob O Visco




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Em casa, eu, Roger, Lucas e Vick estamos sentados no meio do carpete da minha sala de estar. Por todo o chão ao nosso redor, tem bolas de natal de várias cores e enfeites esquisitas como miniaturas de botas; de carrinho; violões e sinos. Todos banhado em cores douradas ou prateadas.

– Eu não consigo me resolver com isso – Lucas disse enquanto se estrepava com um Festão verde berrante.

Vick riu enquanto colocava uma bola de ouro em um galho no alto.

– Essa cor realmente não é a sua – ela zombou.

Ele pegou a pontado Festão e passou em volta do próprio pescoço e encarou Vick de volta.

– Fico bonito assim? – ele fez beicinho e piscou para ela.

Vick riu outra vez e tocou uma das pontas.

– Fica bonito com ou sem isso – ela confessa.

Lucas enrubesce e começa a girar as duas pontas enquanto sorri discretamente. Eu por outro lado nem noto isso e começo a remexer nas bolinhas no chão. Vejo uma dourada, uma das grandes e sorrio enquanto penso em mim mesmo colocando ela. Porém, quando faço menção de pega-la, Roger entra na minha frente e salta sobre ela.

– Que devagar, hein – ele começa a girar a bola na minha frente, um sorriso malicioso parecido com o meu brotando no rosto. – Queria essa bola, é?

Faço menção de pegar novamente, porém ele chuta minha mão com o pé.

– Ei, pestinha – me jogo sobre ele e tento tirar a bola de sua mão, mas ele segura para que eu não pegue. Tento puxar com toda força, mas Roger vem ficando forte com o tempo. – ME DÁ ESSA BOLA!

– NÃO! – ele guincha de volta.

Estou prestes a apelar pra cocegas na barriga dele, ele sempre teve quando pequeno, quando a campainha de repente toca alto.

– Quem é? – Vick franze a testa para mim.

Levanto-me e encaro Roger.

– Convidou alguém? – questiono.

– Não – ele gira a bola na palma da mão. – Você convidou?

– Não que eu me lembre – coloco as mãos dentro do bolso e vou até o corredor.

Na porta da frente, os raios de sol tentam entrar na casa, mas uma silhueta escura tampa a maior parte. Checo meu celular para ver se tem alguma mensagem de Rael. Talvez ele tenha vindo se desculpar.

Porém, quando abro a porta com um tranco, não é meu namorado que esta na porta. É o motivo da nossa briga, de novo.

– Henrique? – paro com a mão na soleira.

Ele esta parado na frente da casa, as mãos dentro do bolso, o cabelo escuro com gel, o rosto com um sorriso de perder o folego.

– Rafa – ele sorri. – Tudo bem?

Fico sem responder, me segurando na soleira para não cair. O que ele esta fazendo aqui na porta da minha casa? Olho atrás de mim e os outros estão olhando confusos pra cá. Se eu não fizer algo logo, eles vão querer convergir pra cá.

– Tudo sim – sorrio de volto. – O que te trouxe aqui? – tento parecer o mais natural possível em perguntar.

– Bom, você, na verdade – ele confessa me olhando. – Estava pensando se podíamos conversar, ou qualquer coisa?

Estou prestes a dizer “claro, entra, vamos resolver isso”, mas então o aviso de Taffara chacoalha na minha cabeça.

– Na verdade – coço a base do meu pescoço. – Não acho uma boa ideia, no todo.

Ele franze as sobrancelhas lindas.

– Por que não? – seu tom de pobre coitado é lindo.

Quero inventar uma mentira, e gostaria de dizer que não o quero aqui por culpa de Taffara. Porém, não é isso, eu sei. Ele me deixa nervoso. E isso não seria muito legal de ver com meus amigos todos aqui.

– Porque...

– Rafa, o que você esta fazendo aí? – Vick surge atrás de mim. – Ah, oi.

Viro-me e ela e Lucas estão atrás de mim. Ela sorri, Lucas tem um olhar desconfiado. Droga.

– Oi – Henrique acena para ela.

– Por que não convida seu amigo pra entrar, Rafa? – Roger se intromete na conversa.

– É, Rafa – o tom de Lucas é acusatório. – Por que não convida?

Fuzilo os olhos para os dois, até que de repente, Roger aponta acima de mim.

– Olha só, um visco.

Olho acima de mim e depois para Henrique que esta na minha frente. Ele sorri ao ver que olhamos exatamente ao mesmo tempo.

Pigarreio.

– Sabe, você não precisa...

– Não precisa? – Roger me encara feio. – Cara, é uma tradição do Natal. Vocês tem que fazer isso!

– Ele não é... – vou logo dizendo.

– Isso não tem nada a ver, Rafa – Henrique me interrompe. – É uma tradição, ouviu seu irmão, não ouviu?

Suspiro derrotado e ele se aproxima pra me beijar. Fico parado por um bom tempo ali, sentindo os lábios de Henrique se moverem contra os meus.

Quando ele termina, sua expressão é estranha. Não sorri, mas tem um brilho no seu olhar. Respondo o olhar dele franzindo o cenho. O que ele achou?

– Ok, ok – Lucas começa a bater palmas alto. – Chega de visco por hoje – ele pega Henrique pelo braço. – Agora que você esta aqui, por que não aproveita e nos ajuda a montar a arvore, hein?

Henrique dá de ombros e procura meus olhos.

– Se o Rafa não se importar.

– Ele não se importa, certo Rafa? – Vick sorri para mim ao perguntar.

Apenas faço que não com a cabeça e eles arrastam Henrique até a sala. Uma vez sozinho no hall de entrada, percebo que meu coração esta batendo muito forte. Também percebo que, apesar de outro garoto ter me beijado na frente dos meus amigos, eles não se importaram. Ou não viram nada demais. Devem estar tão acostumados que nem perceberam nada.

Mas teve algo sim.

Levo minha mão tremula ao meu rosto e me recosto na soleira para recuperar o folego, minha mente girando com o beijo na mente. Por que Henrique esta aqui? Por que ele esta fazendo tudo isso? Não deve ser só para surpreender Taffara. Ou deve?

Estou prestes a fechar a porta e tomar coragem para entrar na sala, meus pensamentos me deixando tonto, quando vejo um borrão verde se esconder do meu campo de visão.

Encaro assustado por um momento e então me lembro de que vi essa cor outras vezes nessa semana. Que legal, penso enquanto fecho a porta, Como se já não bastasse, agora tenho um perseguidor.


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