Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 14
A Neve É Sexy, Agora




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Está escuro do lado de fora, mas ainda assim tomo coragem para entrar no prédio de Rael.

Enquanto espero o elevador, agradeço a Will, o segurança do condomínio, por ter compreendido que eu precisava mesmo falar com Rael. Não vou mentir que fui insistente, mas eu realmente precisava falar com ele.

Não falo com ele desde ter dado o bolo e ele nem sequer e ligou. Pensei em ligar ou mandar uma mensagem, mas o medo de ele desligar na minha cara ou o silencio de sua não-mensagem de resposta não me deixaram continuar com o plano.

O elevador enfim chega e me jogo para dentro dele. Aperto o botão do andar de Rael e olho meu reflexo. Meu cabelo escuro esta arrepiado, mas não bagunçado, o que é um milagre. Mas isso não importa. Não preciso estar bonito, só preciso me desculpar com ele.

É só o que importa hoje.

O elevador se abre de novo e entro no corredor. O apartamento de Rael é o 5A e logo estou encarando numero e letra, minha mão hesitando na frente da porta de madeira.

E então dou três batidas e espero. Tem um silencio do outro lado da porta e isso me deixa tão nervoso que estou apertando os nós dos meus dedos.

Os segundos se passam e me pergunto se tem alguém realmente em casa. Bem, no geral, a mãe dele chega em casa nessa hora e tem uma comoção e um falatório muito alto e incomum para apenas três pessoas que moram em um apartamento só. Mas não escuto nenhuma comoção.

Estou quase batendo de novo quando ela se abre de repente.

Rael me recebe com um olhar vazio. Seu cabelo esta tão selvagem quanto o meu e sua pele tem uma cor estranha. Ele usa sua blusa de moletom verde e a mesma calça jeans de noite passada.

Olho ele interrogativamente e ele não muda a expressão vazia.

– Hey – acabo com o silencio.

Ele não fala nada, apenas se recosta no batente, me olhando atentamente.

– Esta tudo bem com você?

Ele ri medonhamente e me arrepio da cabeça aos pés.

– Está mesmo me fazendo essa pergunta sem vergonha? – sua voz é rouca demais e não sei o que pensar sobre isso.

– Olha, Rael – engulo em seco. – Me desculpe pelo bolo que te dei ontem, eu realmente não queria fazer aquilo. O Henrique precisava...

– O Henrique? – ele ri medonhamente de novo. – Duas horas esperando por você naquela espelunca de restaurante caro e uma das suas primeiras palavras ao aparecer na porta do meu apartamento é o nome desse... – ele se interrompe, passando a mão no rosto.

Meu coração se aperta e sinto meus olhos queimarem de dor.

– Eu sinto muito, mesmo – insisto.

– Você prometeu – ele me lembra. – Você me prometeu, Rafael Capoci.

Ele disse meu nome inteiro. Merda.

– Eu...

– Você, você, você – ele exalta. – Quer saber, cansei, chega de falar de você. É sempre sobre você!

– Rael...

– Calado – ele sussurra e toca meus lábios com os dedos. – Apenas fique calado.

Encaro-o com muito medo e ele me fita de um modo estranho. E então, surpreendendo a mim e ao meu medo, ele me puxa pela nuca e me beija nos lábios de um jeito grosso. Fico congelado na porta enquanto sua boca abre a minha e sua língua vai enrolando a minha.

Por que ele esta me beijando?

Ele para, se afasta de mim por um segundo, me deixando arfante. Penso que ele vai bater a porta na minha cara dessa vez, mas então ele me puxa pelo braço e atravessa todo o apartamento pararmos na porta de seu quarto.

– Rael – tento puxar minha mão. – O que isso significa? – minha voz esta tremida, meu coração esta a mil.

Ele me prensa na parede e ficamos frente a frente. Rosto a rosto. Olho no olho. Boca pairando acima de boca.

– Eu estou perdoado – engulo em seco. – É isso? – questiono.

Ele toca meu rosto com a mão esquerda.

– Não – sussurra. – Mas mesmo assim, quero muito você hoje.

Acho que meus olhos estão arregalados porque ele sorri maleficamente.

– Não se preocupa – ele roça meus lábios com o dedo indicador. – Eu não vou te machucar.

Tento acreditar em suas palavras enquanto ele abre a porta do quarto. Eu o sigo e então para na soleira, impressionado demais para dizer qualquer coisa.

O quarto todo está com uma cor brilhante e sob o teto tem algo que parece uma ilustração de neve caindo. Olho o resto do quarto e tem neve caindo, bom na verdade, é uma maquina no canto jogando bolinhas de isopor, mas serve também.

Mas não é nada disso que me surpreende.

No centro do quarto, não tem mais a cama de casal de Rael e sim apenas o colchão enorme jogado no chão. Sob ele tem uma manta de cor vermelha e travesseiros da mesma cor.

Junte isso a decoração de neve falsa caindo e a neve falsa não vai ser tão falsa assim.

– Rael – arfo admirado e o olho parado no meio do quarto. – O que é tudo isso?

Ele ri para mim, mais tranquilo.

– O que parece pra você, bobo? – ele tira a blusa, a camiseta e depois anda até mim.

Olho embasbacado enquanto ele me abraça e me olha nos olhos.

– Eu não sei mesmo o que dizer – minha voz quase some no final. – Ou pensar, até.

Ele balança a cabeça e me beija carinhosamente.

– Não pensa – ele suspira e toca meu rosto. – Nem sequer diz nada. Apenas faça algo, pelo amor de Deus.

Sinto que estou chorando e não consigo acreditar nisso. Nunca chorei na frente dele antes.

Ele me puxa com ele para o chão e me faz deitar ao seu lado, me enchendo de beijos enquanto o Natal e minha primeira vez acontecem ao nosso redor.


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