Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 15
Salve A Data




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Volto pra casa mais do que cansado. Volto tonto, arrebatado e muito, mas muito nostálgico pelos últimos quarenta minutos atrás. Fico relembrando o rosto de Rael o tempo inteiro em minha mente.

O gosto do beijo dele está em toda a minha boca e ainda posso sentir sua pele tocando a minha mesmo ele não estando mais aqui. Acho que ainda deve ter algumas bolinhas de isopor no meu cabelo, mas não me importo em tira-las.

Elas são um lembrete de que algo magico e lindo aconteceu. Minha primeira vez. Nunca achei que ia ser tão boa. Nunca tinha cogitado que podia ser especial. E, com certeza, nunca achei que ia amar tanto esse dia.

Mas amo esse dia. Vou até mesmo salvar a data.

Quando entro pela porta da frente, meus pais tiram seus olhos da TV e me avaliam brevemente. Paro na frente deles, acabado demais para conseguir dizer qualquer palavra.

– Filho – minha mãe se levanta. – O que aconteceu? Você esta bem?

Sorrio bobo para ela.

– Se eu estou bem? – rio. – Estou ótimo, mãe. Nunca estive melhor.

Ela fica confusa, mas meu pai, que olha logo atrás dela, ergue as sobrancelhas e ri consigo mesmo.

– Posso imaginar, filho – ele diz.

Minha mãe se vira para ele.

– O que quer dizer com isso?

Ele arregala os olhos e disfarça dando de ombros.

– Se Rafa diz que esta bem ele esta bem – ele me olha intensamente com um sorriso. – Não, filho?

– Sim – aceno com a cabeça e paro depois que vejo que fiz isso demais. – Estou muitíssimo bem.

Minha mãe me encara de novo, mas dessa vez sorri.

– Parece que deu tudo certo. Digo, entre você e seu namorado.

– Siiim – sorrio para ela mais ainda. – Muito mais do que bem.

Ela franze o cenho de novo e uso essa para me esquivar dela.

Porém, lembro-me de algo e para no meio do caminho da escada.

– E ei – chamo a atenção dos dois. – Adivinhem que eu vi hoje?

– Quem? – meu pai pende a cabeça de lado.

– Os Johnson – respondo com um sorriso. – Apareceram no Pizza Hut hoje mais cedo.

Meu pai e minha mãe se entreolham de um jeito assustado e me pergunto o que esses adultos pensam que somos para quererem que adivinhemos todos os seus sinais.

Mas estou tão cansado que nem quero saber de nada disso e subo até o meu quarto.

No meio do caminho, dopo com Rogério no corredor, ele me olha, já de pijama e tudo e franze o olhar.

– Ei, por onde esteve?

Apenas chacoalho a cabeça, confuso.

– Sabe que nem eu sei? – brinco. – Achei que fui para o céu, mas peguei um caminho muito melhor no meio.

Ele franze a testa.

– Que caminho?

– O do amor – suspiro.

Ele não muda a expressão.

– Você tá chapado? – ele questiona. – Porque se estiver, quero um pouco do que você esta usando.

Reviro os olhos.

– Você é novo demais para esse tipo de droga, Roger – entro no meu quarto e começo a fechar a porta. – Até mais, irmão.

Viro-me para o meu quarto escuro e nem me incomodo em trocar de roupa. Jogo-me no colchão, decidido a adormecer com elas, como se fossem o objeto principal daquele momento em especial.

Porém, quando estou prestes a adormecer bêbado de amor, uma batida na minha janela chama minha atenção.

Olho atentamente e só o que consigo ver de onde estou deitado é a luz do poste da rua. Será que imaginei esse som?, me pergunto.

Mas então outra batida soa na janela e dessa vez me sento na cama. Enquanto olho confuso, uma pedra entra por uma parte aberta da janela e cai no carpete.

Eu pego a pedrinha entre meus dedos. Alguém a jogou.

Ando até a janela, com a pedra entre meus dedos e dou uma olhadela cautelosa. E então eu vejo. A única coisa que pode estragar a perfeição que essa noite teria para mim.

E essa coisa esta acenando para que eu me junte a ele, com um sorriso perigosamente lindo e olhos inocentes e intensos.

Henrique.

* * *

Quando me esgueiro pela porta da frente de casa, Henrique está parado em frente a minha casa com as mãos dentro da calça escura.

Paro na varanda, cruzando os braços na noite meio gélida.

– O que você esta fazendo aqui, Henrique? – pergunto, de onde estou mesmo, para assegurar que não vou fazer nada de errado.

Ele dá de ombros e começa a andar até mim. Dou um passo para trás, ele vê isso e ergue uma sobrancelha para mim.

– Eu só precisava falar com você – ele diz, ainda avaliando nossa pequena distancia.

Aceno com a cabeça.

– Pode falar – Fale daí de onde você está mesmo, acrescento mentalmente.

Ele me olha de um jeito esquisito e então pega o celular de dentro do bolso.

– Não tem como te mostrar se você não vier até mim – ele explica.

Coço a parte de trás da nuca, indeciso.

– Eu prefiro não ultrapassar a linha entre nós – respondo, talvez um pouco intenso demais.

Ele franze a sobrancelha.

– Eu não vejo nenhuma linha – ele faz um gesto a sua frente. – Você vê?

Suspiro para ele e ando em sua direção. Henrique sorri para mim e começa a deslizar o dedo no celular. Olho por sobre seu ombro e vejo que ele esta consultando o Google Maps.

– Onde esta pretendendo ir? – questiono.

– Têm um lugar – ele fala enquanto pesquisa. – Com uma campina incrível no alto da floresta que dá vista para a cidade de Vallywood inteira.

Fico surpreso que ele pesquise sobre isso. Deve ser algo que realmente importa para ele.

– E?

– E daí que eu acho que deve ser o lugar perfeito para que eu possa ver onde o avião que vai fazer a surpresa para a Taffara vai passar – ele se vira pra mim e então se corrige. – Digo, nós podemos ver.

Franzo o cenho para ele.

– Como assim?

– Eu quero que você vá comigo – ele pede, os olhos mirando os meus.

Me mexo desconfortável e desvio o olhar do dele.

– Não sei se isso vai ser possível.

– Capoci – ele diz apenas meu nome em um tom que dá para entender um bilhão de coisas.

– Henrique, isso esta passando dos limites. Eu estou brigando e me reconciliando com o meu namorado o tempo inteiro. Essa coisa toda... Esta me desgastando.

Ele me olha interrogativo.

– Com ‘essa coisa toda’, você quer dizer a surpresa, certo?

Devolvo seu olhar de um jeito firme e duro.

– O que mais eu poderia querer dizer?

Encaramo-nos por um nano segundo intenso.

– Amanhã seremos só nos dois – ele começa a dizer enquanto se afasta. – Sozinhos, naquele lugar. É uma boa oportunidade, certo?

Fico nervoso.

– Boa oportunidade para o que?

– Pra resolver essa coisa – ele começa a entrar no carro. – De uma vez por todas.

– Henrique, ainda estamos falando da surpresa? – questiono, com medo.

– Lógico – ele sorri. – Disso também.

E com isso ele arranca com o carro para fora dali.


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