Quem matou o tio Agenor? escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 4
Novo ataque


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa semana estou indo viajar, então vou deixar o capítulo 4 para vocês. Acredito que semana que vem estarei de volta, beijos ;*



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 Mãe, eu posso ficar com o tio lá em casa  falei pela segunda vez.

 Não posso concordar com isso  ela comentou.

 Por que não?  Eu a ajudei levar o tio para a casa dela, mas ainda não estava convencida de que ele deveria ficar.

 Porque ele é meu irmão.  Olhou para mim.  É minha responsabilidade.

 Mas posso te dar uma força  argumentei.

 Você deixaria alguém cuidar de mim se eu ficasse doente?  Ela encarou meus olhos.

 Seria diferente  eu disse.

 Diferente?  Ela balançou a cabeça.  Não é diferente.

 Tudo bem, mas eu sou sua única filha. É meu dever.

 E o seu tio também  ela comentou.  Ele é meu único irmão.

 Eu sei.  Suspirei.

 Entendo que você queira me ajudar com ele, mas eu gostaria de cuidar do seu tio aqui em casa.

 Mas mãe...  Ela me interrompeu.

 Se eu ficasse doente você deixaria a sua prima cuidar de mim?  ela argumentou dessa vez.

Fiquei pensando um pouco em alguma coisa para dizer que sim, mas não achei nada para argumentar. Eu percebi que continuar falando sobre esse assunto não chegaria a lugar nenhum.

 Tudo bem, mãe  respondi.  Eu vou passar na delegacia e você cuida bem do tio.  Beijei a bochecha dele e depois me despedi dela.

Eu lembrei que o delegado tinha pedido para a gente ir até lá, mas eu sabia que a mamãe não ia querer levar o tio para a delegacia. Quando cheguei o delegado me esperava.

 Olá, Dulce.  Ele apertou a minha mão.

 Delegado Monteiro.  Apertei a mão dele também.

 Aqui estão as fotos.  Ele pegou um envelope amarelo e colocou em cima da mesa.  E a sua mãe, onde está?  ele perguntou.

 Nós fomos buscar o tio Agenor no hospital e ela quis levar ele para a casa dela.  Peguei o envelope.  Tem algum problema? 

 Não, não. Ela pode olhar outro dia.

Abri o envelope e depois comecei a olhar cada uma com bastante atenção. Nas primeiras fotos todos os homens estavam sóbrios jogando dominó. A foto seguinte me deixou um pouco tensa, já que mostrava os homens na mesa, eu no pátio com a bandeja, a mamãe e o papai dançando felizes... Mas algo me chamou a atenção no canto. O tio Agenor parecia assustado, porém não dava de ver nada, pois havia um pilar tampando a visão da foto. Passei para a próxima foto, o que me deixou muito angustiada. A cabeça dele estava para o lado e parecia que estava apanhando.

 O que é isso?  Estendi a foto na mesa para o delegado.

 Bom, não sabemos direito o que é.  Ele começou.  Mas deduzimos que pode ser um pedaço de madeira ou ferro.

Continuei a olhar a sequência das fotos e nessa dava para ver um vulto logo atrás do tio, mas como o delegado havia falado, não dava para saber quem era.

 Com essa foto não dá para saber se é homem ou mulher?  Mostrei a foto para ele.

 Não.  Ele balançou a cabeça negativamente.

 Mas vocês não têm pessoas especializadas nessas coisas?

― Nós temos, eu enviei uma cópia para o especialista.  Ele falou calmamente. – Mas não temos certeza se vai dar para ver alguma coisa.

As outras fotos não revelavam nada de importante e eu fui liberada pelo delegado. Já em casa, acendi a luz quando entrei no apartamento e percebi que o Rafael ainda não tinha chegado. Meu pai parecia ter ido para casa, pois ele já não estava mais no quarto de hóspedes. Então eu segui até o banheiro – praticamente me arrastando, pois estava cansada – e tomei um banho bem rápido. Coloquei minha roupa de dormir e voltei para a sala. Meu estômago pedia por comida, então caminhei até a cozinha. Preparei um lanche rápido e quando eu acabei de comer o telefone tocou.

 Alô?  respondi no terceiro toque.

 Filha,  Minha mãe falou do outro lado da linha  queria saber se você vai vir almoçar aqui no domingo.

Todo domingo minha família toda se reunia na casa da minha mãe para um almoço – eu havia esquecido – mas eu pensei que essa semana não teria pelo o que fizeram ao meu tio.

 Claro que eu vou.  Sentei no sofá que tinha ao lado do telefone.  Por que está preocupada?  perguntei.

 Por causa desse ataque.  Ela suspirou.  Não quero que nada aconteça com o Agenor.

 Entendo. Teremos que ficar de olho nele o tempo todo então, já que o pessoal todo vai estar lá também.

 A Lívia e o Felipe não vão.  ela comentou.  A Gabi ficou assustada com a situação e eles disseram que viriam somente no próximo.

 Imagino que ela tenha ficado bem chocada com tudo.  Olhei para a porta, pois estavam destrancando.

 Sim, mas agora falando sobre o domingo, estava pensando em fazer a maionese e a farofa que você gosta.

 Ah, mãe, não precisa se incomodar.  Sorri e olhei para o Rafael que acabara de chegar.

 Vai nada, minha filha, vamos comemorar que o tio voltou do hospital. Mas e quando é a consulta com o médico? Quero saber o resultado.

 Semana que vem.  O Rafa beijou meus lábios.

 Ai, que ótimo!  Ela parecia bem feliz.  Pelo menos algo para me animar.

 Não se anima muito  comentei.  Ainda não é de certeza.

Ela disse que tinha certeza e nós conversamos por mais algum tempo. Eu desliguei o telefone para dar um pouco de atenção ao meu marido.

 Oi, amor, como foi o seu dia?  Entrelacei meu braço em volta do pescoço dele.

 Foi cansativo.  Ele suspirou.  Preciso de um bom banho.  Beijou meus lábios com vontade.

 Vai querer o quê para o jantar?  eu perguntei.

 Aquele macarrão ao molho que só você sabe fazer.  Pediu dengoso.

Olhei para ele fazendo uma careta brava e depois comecei a rir pelo jeito que ele suplicou - parecia uma criança pedindo doce -, então acabei concordando com a cabeça.

 Mas é só porque você está cansado.  Sorri.

 Você sempre diz isso.  Ele sorriu.  Eu te ajudo com a louça depois.

 Ah, é?  Sorri travessa.  Vou caprichar na louça hoje então.  Pisquei.

 Tudo bem.  Ele fez um bico.

Eu dei um último beijo nele e fui para a cozinha, enquanto ele seguiu para o banheiro. Ainda bem que preparar uma macarronada não leva muito tempo, porque confesso que eu já estava com fome novamente. Quinze minutos depois eu desligava o fogão, coloquei os pratos na mesa e o Rafa ainda não havia voltado. Quando terminei de colocar os talheres na mesa ele apareceu, enxugando seu cabelo molhado. A cozinha foi inundada por um aroma suave.

 Como foi na loja?  ele me perguntou assim que começamos a comer.

 Foi meio cansativo, apesar de que eu fiquei pouco tempo. Eu quis fazer companhia para a mamãe, mas na loja chegaram roupas novas e sabe como é, né? Temos que organizar os estoques.  Eu suspirei.

 Entendo.  Ele tomou um pouco do suco.  Ainda bem que você é a dona.

Conversamos sobre coisas do trabalho e depois ele foi lavar a louça. Eu guardei algumas coisas que estavam em cima da mesa e fui para o quarto. Estava muito cansada para conseguir esperar o Rafa acordada como de costume – acho que adormeci assim que deitei na cama. No outro dia acordei com o despertador. Foi difícil levantar da cama, meus olhos ardiam, e o Rafael ainda dormia quando eu fui para a cozinha. Preparei o café e nada dele levantar, então voltei para o quarto e o acordei.

 Amor, você vai se atrasar.  O sacudi.

 Só mais um pouquinho  Disse manhoso.

 Eu não vou chamar mais de uma vez  falei voltando para a cozinha.

Ele veio depois de dez minutos. Eu já estava saindo da cozinha para terminar de me arrumar e ele corria para sair no horário. Eu voltei para o quarto, penteei o cabelo e passei uma maquiagem. Já tinha escovado os dentes e ele ainda tomava café. Antes de sair passei pela cozinha.

 Eu te amo.  Beijei os lábios dele.  Até mais tarde, amor  falei caminhando na direção da porta. Eu a abri e fui para o trabalho.

O domingo chegou – muito rápido por sinal – e quando eu e o Rafa chegamos à casa da mamãe eu imaginava que o almoço seria mais reservado, devido ao acontecimento do meu tio, mas eu estava enganada. A casa estava cheia, e isso não era nada bom. Encontrei minha mãe pelo caminho da cozinha.

 Mãe, por que todo mundo veio hoje?  Olhei abismada para o pátio cheio.

 Eu não sei.  Ela deu de ombros.  Eu pensei que a maioria não ia vir pelo incidente do seu tio  Ela pegou uma bandeja ―, mas todos quiseram manter a tradição de almoçar aqui no domingo e também porque o tio Agenor chegou do hospital.  Ela me olhou.  Acredita que veio até umas primas minhas que eu não via há anos?

 Por isso a casa está mais cheia hoje.  Olhei ao redor.  Então teremos que ficar ainda mais de olhos abertos.  Olhei séria para ela e depois na direção do tio que estava perto dos homens no centro do pátio.

 Sim, temos que ficar com os olhos bem abertos.

 Posso saber o que vocês tanto fofocam?  Meu pai chegou perto da gente.

 Nada não – minha mãe respondeu.  Já estávamos indo para a cozinha.  Ela começou a caminhar na direção da casa.

Depois que entramos na cozinha nós só saímos quando o almoço estava pronto – isso demorou uns quinze minutos – já que minha mãe havia começado a preparar as coisas cedo. A hora que todo mundo foi comer foi a mais difícil, pois como a minha família é grande e não cabe todo mundo na mesa, o pessoal vai para qualquer lado. Às vezes houve umas pequenas confusões para pegar a comida, já que havia mais de dez pessoas na casa, mas apesar de tudo isso era muito bom estar com a minha família.

Depois de todos terem almoçado chegou a hora de lavar a louça, que por sinal não é fácil. Como sempre as mulheres foram para a cozinha e os homens foram jogar dominó. Acredita que a minha mãe não quis me deixar ajudar a lavar a louça? Ela me mandou ficar sentada sem fazer nada – sim, por causa da minha suposta gravidez. Ela falou que eu tinha que descansar. Definitivamente essa história de neto estava mexendo com ela. Minha mãe saiu para o quintal para pegar algumas coisas, enquanto eu fiquei conversando com as minhas tias, mas nós fomos interrompidas por um grito no quintal. É claro que todos saíram de seus lugares para ver o que era. Minha mãe estava desmaiada e o meu pai ao seu lado falava para chamarem uma ambulância. Eu disquei para a ambulância e a mesma demorou quinze minutos para chegar. A polícia chegou logo depois porque o meu tio havia sofrido outro ataque. Um policial caminhou até a minha direção.

 Senhora, eu sinto muito, mas teremos que interrogar todos novamente.  Ele suspirou.  O que a senhora estava fazendo?

 Eu estava sentada naquele sofá.  Apontei na direção do mesmo  conversando com as minhas tias  falei tristemente.

 Obrigado. O delegado irá fazer mais perguntas.

Ótimo. Iremos ter que encarar mais um interrogatório e isso não é legal. Ficar horas na delegacia esperando sem notícias do tio... Mas onde está o Rafael? Meus olhos não o tinham encontrado ainda.

 O que aconteceu, amor?  Ele apareceu na sala, preocupado.

 Tentaram matar o tio Agenor de novo!  Olhei para ele.  Levaram os dois para o hospital.  Caminhei até o centro do quintal.

 Os dois?  Ele me olhou confuso.

 A mamãe passou mal ao ver o tio caído no chão.  Parei de falar por um instante.  Aliás, onde você estava?  Encarei os olhos dele.

 Fui dar uma volta.

 Sozinho?

 Sim, para espairecer.  Ele olhou para mim.

Eu ainda não estava convencida dessa volta dele, mas não pude fazer perguntas já que tivemos que ir para a delegacia. Todos estavam novamente naquele lugar sombrio. Para a minha angústia, fui a última a ser interrogada. Quando saí da sala do delegado a cena que vi foi triste, muito lamentável. O Rafa estava sendo algemado.

 Mas o que é isso?  falei assustada.

 O senhor vai ficar detido.  Um policial falava enquanto o algemava.  Como não tem um álibi vai ter que esperar o caso ser concluído.

 Não podem prender ele!  Falei chegando perto do policial.  O meu marido nunca iria matar o meu tio, não ele!  falei desesperada.

 Desculpe-me, senhora, mas são ordens do delegado.  Começou a levar o Rafael para a cela.

Não iria ficar calada – não eu – então fui até a sala do delegado outra vez.

 Não podem prender o Rafa! Ele nunca faria mal ao meu tio  assim que abri a porta já comecei a despejar tudo.

 Desculpe-me, senhora Fernandes, mas as novas provas que surgiram indicam que seja um homem e o seu marido não tinha um álibi.  Ele levantou os olhos até onde eu me encontrava.  Temos que prendê-lo nem que seja por alguns dias, até temos a certeza de quem foi que fez tudo isso. Aliás, a senhora já está sabendo?  Levantou da cadeira indo ao meu encontro.

 Do quê?  perguntei preocupada.

 Melhor a senhora se sentar.  Apontou para a cadeira a sua frente e claro que não pensei duas vezes.

 Acabo de saber que seu tio morreu. Sinto muito.  Colocou uma mão no meu ombro.

― Não pode ser! - Algumas lágrimas escorreram no meu rosto. ― Ele foi para o hospital... – As palavras ficaram trancadas na minha boca e só consegui colocar as mãos no rosto, começando a chorar.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando e comentem para que eu sinta vontade de escrever mais ; ) e também por que é importante saber a opinião de vocês.



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