Quem matou o tio Agenor? escrita por Eli DivaEscritora


Capítulo 3
"É positivo ou negativo?"


Notas iniciais do capítulo

Como eu havia dito antes, semana que vem vou viajar, por isso postarei um capítulo hoje e o quatro na segunda.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572046/chapter/3

― Não! ― ela exclamou depois de botar as mãos no rosto. Fiquei assustada com a reação dela.

― Eu sei que não é o melhor momento para falar sobre isso ― ela ainda estava estática, ― mas eu queria dividir a minha suspeita com você ― ela começou a gritar e pular.

― Nossa, filha! ― Ela colocou a mão no peito. ― Eu queria tanto um neto ou uma neta. ― Ela parou de gritar e pular. ― Pelo menos é uma notícia boa ― ela comentou.

― É só uma suspeita, mãe. ― Sorri com o entusiasmo dela.

― Então o que estamos esperando para saber? ― ela perguntou curiosa.

― Passamos na farmácia para comprar o teste depois de tomar o café. ― Acho que já devia ter esfriado, mas eu ainda estava com fome.

― Claro, você tem que se alimentar bem agora. ― Ela pegou uma torrada, passou patê e entregou para mim.

― Mãe ― olhei séria, ― nem sabemos ainda se é verdade e você já quer que eu coma por dois?

― Pela dúvida você vai comer bastante agora. ― Ela preparou outra xícara de café e me fez beber tudo.

― Chega, mãe! ― falei quando ela começou a fazer um pão. ― Eu não aguento mais, estou cheia. ― Depois de comer sete torradas e tomar duas xícaras de café ela ainda queria me fazer comer mais um pão.

― Mas você tem que comer o suficiente... ― Se eu comer mais alguma coisa eu vou explodir ― a interrompi. ― Agora vamos à farmácia. ― Levantei da cadeira e retirei minha louça de cima da mesa.

Depois de arrumar a mesa e lavar a louça fomos até a farmácia. Eu comprei o teste e quando voltamos para a minha casa tive que ir direto para o banheiro. Minha mãe estava mais impaciente do que eu. Aqueles três minutos estavam me deixando nervosa pelo resultado, e minha mãe só sabia andar de um lado para o lado.

― Já deu? ― ela perguntou pela quinta vez.

― Ainda não ― respondi a mesma coisa de segundos atrás.

― E cadê o Rafael nessas horas? ― Ela parou de andar e me encarou.

― Você esqueceu que ele está trabalhando? ― Olhei espantada para ela. Com certeza essa notícia a deixou aérea. ― E, além do mais, eu não quero dar um alarme falso para ele, então só contarei quando eu tiver certeza.

Enquanto esperávamos dar os minutos ela começou a fazer planos sobre o bebê – ainda não tinha nada certo – mas ela falava como se tivesse a certeza. Eu olhava o relógio e o teste ansiosa pelo resultado. Assim que se passaram os três minutos nós duas encaramos o teste – começou a ficar rosa e apareceu um risco. Na caixa dizia que um risco era falso.

― Então você está ou não? ― Ela olhou para mim. ― O que quer dizer um risco? ― ela perguntou curiosa.

Não deveria ter falado nada para ela antes de ter feito esse maldito teste. Agora como eu conto que eu não estou grávida? Ela ainda me encarava curiosa.

― Mãe ― comecei devagar ―, não foi dessa vez. ― suspirei.

― Como assim? ― Ela parecia desapontada.

― Mãe, eu e o Rafa ainda somos novos... ― Ela pegou o teste da minha mão. ― Você tem que aceitar. ― Coloquei minha mão no ombro dela.

― Eu quero olhar. ― Ela encarou o teste. Era tão difícil de acreditar que eu não estava grávida? ― O que quer dizer quando tem dois riscos? É positivo ou negativo?

― Ela levantou o olhar na minha direção. ― Dois riscos? ― Franzi a testa.

― Quando eu olhei tinha só um. Por que tem outro agora? ― Peguei o teste de novo.

― Isso significa que você está grávida, então? ― ela perguntou bem feliz.

― Quer dizer que eu não sei o resultado. ― Ela me olhou desapontada. ― Terei que fazer o de sangue, já que na caixa diz que para ser positivo tem que ter três riscos. ― Expliquei.

― Tudo bem ― ela falou ―, vamos marcar logo. ― Ela pegou o telefone e depois de discar os números falou com alguém do outro lado da linha.

O exame foi marcado para o dia seguinte. Ela parecia uma garotinha que acabara de ganhar doce, pois sua felicidade era nítida. No outro dia nós fomos até o hospital e visitamos o tio Agenor que ainda não tinha melhorado. O teste foi feito no laboratório do hospital após eu me consultar com um médico. Uma semana depois minha mãe e eu não aguentávamos mais de tanta aflição para saber o resultado. Ela conseguiu me deixar no mesmo estado que ela de alguns dias atrás, e eu fiquei esperançosa. Nesse meio tempo o tio Agenor tinha melhorado e no dia que eu pegaria o meu exame ele sairia do hospital.

― Filha, eu estou tão feliz! ― Ela sorriu de orelha a orelha.

― Mãe, eu ainda não sei o resultado ― falei enquanto enxugava um prato.

― Eu sei, mas agora tudo está perfeito, o meu irmão vai sair do hospital e eu sinto que você está grávida ― sua voz era de confirmação .― Já estou feliz.

Depois que terminamos de lavar e secar a louça eu a lembrei de que tínhamos que buscar o tio.

― Como eu pude esquecer que era hoje? ― ela disse espantada.

― Simples: você só pensa na minha gravidez. ― falei balançando a cabeça e depois fui até a sala.

Quando estava pegando a minha bolsa – que se encontrava em cima do sofá – o telefone tocou e eu fui até a estante atender.

― Alô? ― Eu segurei o telefone entre o ombro, enquanto arrumava a bolsa no outro.

― Senhora Fernandes? ― uma voz forte e conhecida falou do outro lado da linha.

― Pois não? ― respondi.

― É o delegado Monteiro.

― Olá, delegado ― falei cordialmente..

― Aconteceu alguma coisa? ― Logo depois fiquei um pouco assustada.

― Liguei para avisar que as fotos que a senhora lembrou não revelaram nada de suspeito, mas gostaria de que a senhora e a sua mãe passassem aqui ainda hoje para vocês darem uma olhada também.

― Claro, se isso for ajudar em alguma coisa para o caso ― respondi um pouco desapontada.

― E mais uma coisa ― ele continuou ―, a sua mãe já pode voltar para a casa dela.

― Avisarei a ela. ― Eu já ia desligar quando ele voltou a falar.

― Só mais uma coisa ― ele suspirou ―, vou repetir o que disse para vocês duas: não contem nada para ninguém sobre a investigação pois todos ainda são suspeitos.

― Claro, não se preocupe com isso, não vamos contar para ninguém. Passamos aí depois de buscar o tio Agenor no hospital, até mais.

― Desliguei o telefone assim que ele se despediu também.

― Filha, o que o delegado queria? ― Ela parecia assustada com a conversa.

― Calma, mãe, o seu irmão está bem ― falei rápido. ― É sobre as fotos.

― O que têm elas? ―Eu caminhei até a porta e ela me seguiu.

― Não ajudaram em nada, mas talvez a gente consiga ver algo suspeito. ― Eu tranquei a porta e depois nós caminhamos até a garagem. ― Vamos passar na delegacia depois.

― Tudo bem, mas vamos logo. Seu tio não gosta de esperar muito. ― Ela entrou no carro. ― E agora ele vai precisar de mais atenção ― ela começou a falar sobre os cuidados que teríamos com ele.

Quando nós chegamos ao hospital eu fui marcar a minha consulta com o médico para saber o resultado, já que eu não entendia nada que estava no exame. A recepcionista disse que iria ligar para avisar o horário e o dia. Depois seguimos até o quarto do tio e o médico explicou as recomendações que teríamos com ele a partir de agora. Ele sempre andaria com um balão de oxigênio – já que seus pulmões não funcionavam perfeitamente – e ficaria numa cadeira de rodas, pois suas pernas estavam mais fracas do que antes. O maior problema foi a teimosia da minha mãe. Eu queria que ele ficasse comigo, mas ela não aceitou de jeito nenhum.

Minha mãe resolveu ir para casa com o tio e eu iria passar na delegacia sozinha, mas antes de eu levar os dois para a casa dela nós passamos na minha casa para pegar os pertences dela e do meu pai. Enquanto eu fiquei no carro com o tio Agenor ela subiu. Meu olhar ficou perdido no meu tio e por um momento fiquei triste ao vê-lo tão debilitado. Meus pensamentos foram interrompidos pela minha mãe que chegou toda afobada.

― Seu pai não tem jeito mesmo. ― Ela reclamou. ― Ficou o dia todo dormindo e nem sequer se deu o trabalho de esquentar o almoço, você acredita? ― Ela me encarou.

― Acredito ― respondi sorrindo.. ― Esses homens não tem jeito. ― comentei.

― Ainda bem que você e o Rafael ainda trabalham. ― Ela balançou a cabeça. ― Assim vocês não se encontram o tempo todo.

― Mãe, daqui a pouco vocês se entendem.

― Eu sei ― ela riu ―, mas ele me irrita às vezes. Ah! E ele nem quis vir agora! ― Ela bufou. ― Voltou a dormir quando eu o chamei.

― Tudo bem, mãe, ― falei. ― Depois eu o levo. ― Liguei o carro. ― Sabe, tem um lado bom nisso. ― Ela me olhou incrédula. ― Pensa que você terá algum tempo sozinha em casa.

― É verdade. ― Ela sorriu. ― Nem sei quanto tempo eu não fico sozinha, vai ser ótimo! Poderei espairecer um pouco.

Nós fomos conversando o caminho todo até chegar na casa dela sobre casamento, homens, filhos – sim, de novo a gravidez. Enquanto esse resultado não chegar ela não vai deixar de falar sobre isso. Quando chegamos, a discussão de quem ficaria com o tio voltou a ser confrontada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando. Comentem ok? É importante saber a opinião de vocês. Isso já está repetitivo, mas é verdade ; )



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quem matou o tio Agenor?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.