Naruto e Hinata saem do quarto de Sakura. Mebuki e Kizashi estão no banco de espera. O casal Haruno continua dormindo. As duas crianças passam pelos Harunos. Naruto conduz a Hyuuga para um assento mais afastado, em outra fileira de bancos de espera. Após os dois se sentarem, Hinata pergunta:

— Sasuke-kun está aqui?

Naruto observa o ambiente e avista Sasuke e Itachi parados na entrada do corredor, um de frente para o outro. 

— Sim. Já estão vindo. — O loiro responde. Segurando a mão da Hyuuga.

Naruto segue assistindo a interação entre os dois irmãos. Sasuke evita fazer contato visual prolongado com o parente, enquanto o escuta. Mas de um momento para outro, o menino Uchiha arregala os olhos e abraça o corpo do irmão mais velho. Curioso, o loiro aguarda o amigo se aproximar para revelar o que acontece. Apressado, Sasuke corre até o Uzumaki e a Hyuuga. Parando na frente dos dois, o menino Uchiha revela:

— Itachi encontrou Tsunade Senju! Vamos visitar Tsunade hoje! — sua voz elevada acorda Kizashi. O senhor Haruno mantém a mão no ombro da esposa. O menino Uchiha segue cantando:

— meu irmão fez muitas ligações ontem. Nosso sobrenome ajudou a dar um empurrão para marcar um encontro com ela.

Nunca sentiu tão orgulho de seu sobrenome. Se tem um momento que mais aproveitou a vantagem de ser de uma família de sobrenome famoso, é agora.

— Isso é maravilhoso. Sasuke-kun. — Hinata se retira do assento e pergunta:

— Sr. Itachi está aí?

— Estou aqui. — Itachi responde, chegando com um copo de água que tirou de um bebedouro. 

— Arigatô! Sr. Itachi! — Hinata se curva várias vezes na direção errada. 

— Vocês já podem ir para o carro. — Avisa Itachi que dirige seu olhar ao casal Haruno. Kizashi já está bem desperto, ele só não quer se levantar para não acordar a esposa. 

— avisarei aos pais da Haruno. — Avisa o Uchiha mais velho andando na direção do casal. 

*****#####****

Shizune é uma mulher de cabelos curtos, lisos e escuros. Seu corpo magro se esconde na vestimenta social preta. Ela aguarda na entrada de uma casa de estilo tradicional, semelhante à casa dos Uchihas em Konoha. Assim que avista os visitantes, a mulher abre um singelo sorriso. Itachi e as crianças passam pelo jardim, as crianças vão na frente dele. Hinata está entre os dois meninos e cada segura uma mão dela. Ela está de novo usando o vestido de Sakura. Também está com a fita vermelha nos cabelos. Lembrou de guardá-la durante a fuga, para não perdê-la. Pena não conseguir guardar as sapatilhas, perdeu-as na montanha. Quando os visitantes param na frente de Shizune, ela se apresenta:

— Sou Shizune Iriyan. Assistente da Dra. Senju.

— Eu fiz a ligação de ontem. Sou Itachi Uchiha.

— É um prazer. — E ela sorrir aos pequenos:

— e vocês sãos...

— Naruto Uzumaki! — solta a mão de Hinata, abrindo os braços para o alto. Dando um grande sorrindo com seus olhos fechados e esticados como um gato. 

— Hinata Hyuuga. — Sem soltar a mão de Sasuke, ela se curva. 

— Sasuke Uchiha. — O menino não sorrir, mas está empolgado.

— Que gracinhas. Sigam-me, por favor. — Ela avança sobre o piso da varanda e após uma curva, quase no final do caminho, detém-se em um jardim de ervas:

— sentem-se à mesa de chá. Eu vou cham-

Não precisa mais ir chamar a Dra. Senju. A própria aparece no ambiente. É uma mulher loira de imenso busto. Ela pressiona uma compressa contra a testa. Quando ela se depara com os visitantes, ela demonstra surpresa. E encara sua assistente:

— Shizune! Agora não!

— Dra. Senju. Eu a avisei ontem. — Shizune soou enfática. 

— Eu estava bêbada!

— Não estava não. Dra. Senju disse que aceitaria se eu liberasse uma garrafa de sakê. Foi para seu quarto depois de beber apenas uma garrafa. Correto, Dra. Senju?

Tsunade não responde. E bufa, indo se sentar à mesa de chá. 

— Sentem-se. — Ela diz aos visitantes, enquanto vai se servindo de um pouco de água.

Após os visitantes se acomodarem, a loira pede que se apresentem.

— Hinata Hyuuga. 

— Naruto Uzumaki!

— Sasuke Uchiha.

— Itachi Uchiha.

Depois da água, Tsunade se serve de chá e pergunta-os:

— Shizune queria muito que eu os ouvisse, então podem começar. Por que querem me ver?

— Nossa amiga está internada e- O loiro se interrompe e olha para o amigo:

— o que Sakura-chan tem?

— Câncer. Ataca alguns órgãos. A doença está complicando a respiração dela. - Itachi quem responde. Com o olhar fixo na médica:

— você tem a fama de ser uma mulher milagrosa. Então agora está claro porque estamos aqui.

Sasuke observa a sala de chá reparando em todas as garrafas vazias de sakê enfileiradas contra uma parede. 

— A Dra. Senju não é milagrosa. — Shizune fala, vendo que a loira bebia mais chá. E explica:

— as pessoas entenderam errado a situação. A Dra. Senju apenas prolongou o tempo de vida de alguns pacientes. Só que a mídia fez muito sensacionalismo. Já se dizia até que a Dra. Senju sabia da cura do câncer. Ela está vivendo reclusa ultimamente. 

— Doutora. — Hinata se pronuncia:

— então deixe nossa amiga viver mais tempo. Para nós é o bastante.

— Muito bonito vocês estarem aqui pela amiga de vocês. — Tsunade fala:

— mas não são os únicos a fazerem pedidos. Eu recebo várias mensagens todos os dias. De pessoas pedindo o mesmo. E não é porque vocês são crianças que eu darei prioridade a vocês. Na verdade, não estou atendendo nem aqueles que me enviaram as primeiras mensagens. Como podem ver... eu me encontro muito indisposta.

— Nã-não pode nem olhá-la? Só uma olhadinha. — Hinata lacrimeja.

— Não. Não posso. — Quando observa a Hyuuga, sorrir:

— uma criança cega. Dessa vez quiseram mesmo apelar para a chantagem emocional.

— Fale de Hinata com respeito!!! — Naruto se zanga. 

— Que voz escandalosa a sua. — Tsunade reclama. E fala para todos os visitantes:

— peço que se retirem. Agora que sabem a verdade já podem ir. Eu lamento terem se enganado quanto a mim. Mas eis uma lição: nem sempre as coisas acontecem como queremos.

— Dra. Senju! — Shizune se incomoda com a loira:

— disse-me que teria paciência com eles!

— A lição serve para você também. Shizune. 

A assistente cerra os punhos:

— Dra. Senju, essas crianças correram risco de vida para encontrar nossa localização. Elas fugiram de casa e passaram a dormir na floresta.

— Mesmo? — Tsunade observa cada rosto infantil:

— acham que o mundo é diversão? Como acham que eu me sentiria se eu soubesse que crianças morreram querendo me ver?

— Não sentiria nada. — Naruto responde odioso:

— pois a senhora não demonstra ter coração.

— Falando baixo. Assim que gosto, sem escândalo. — Tsunade se serve de um bolinho:

— escutem, desejo melhoras para a amiga de vocês. Eu tenho uma clínica aqui em casa, mas ainda não retornei a trabalhar. Quando eu voltar, Shizune pode entrar em contato com vocês e podemos agendar para eu avaliar a amiga de vocês. Pronto. Satisfeitos?

— E QUANDO VAI VOLTAR A TRABALHAR? PELO QUE VEJO SUA ROTINA É APENAS BEBER E BEBER!!! — Sasuke se ergue furioso.

Itachi segura o braço do irmão que se desprende de seus dedos e pega o bule de chá. Sasuke joga o chá na cara da doutora e sai correndo dali, pisando de propósito sobre as ervas do jardim.

— Eu não demoro Hina-chan. — Naruto avisa e beija a testa da menina antes de se erguer e correr atrás do amigo. 

Após o loiro ir embora Itachi segura a mão de Hinata.

— Vamos esperar pelos dois, no carro. — Ele decide olhando incomodado para a loira que se levantou indo tomar banho. 

*****#####****

Sasuke busca correr para se perder. Tudo ali o é desconhecido. As pessoas o ignoram. Vendo o menino loiro correndo não muito distante do menino de cabelo preto, os cidadãos acham que estão brincando. Sasuke mantém a cabeça baixa. Rangendo os dentes. Sua visão está se embaçando. Não! Não cairá em lágrimas! Luta. Difícil demais. Está se tornando cada vez mais difícil se tornar um menino de emoções trancadas. Seus pulmões queimam. Doloroso respirar. O que fará se ela...

Seus pés vão se desacelerando. O cansaço vai o vencendo.

— Sasuke! Não perca a cabeça agora! - o loiro o alcança e para ao lado dele. Coloca uma mão no ombro do amigo:

— você é um Uchiha! Cara! Use seu sobrenome pra conseguir os melhores médicos que puder! 

Estão parados na frente do que parece ser uma praça. Mas não tem gramado. O chão é sólido. O ambiente é marcado por um baixo muro atijolado em forma octogonal com alguns espaços servindo de passagem. Alguns bancos amadeirados espalhados no interior da praça. E um monumento no meio dela. Uma rocha com alguns nomes escritos. Uma placa metálica onde possivelmente se explica a origem e símbolo do monumento, mais a quem pertence àqueles nomes.

— Sakura queria conhecer Tsunade. Naruto. Ela se decepcionará se saber que a pessoa que ela idolatra é apenas uma bêbada. — Caminha e se senta em uma parte do baixo muro, de costas para a praça.

Naruto seguiu o amigo de perto e agora se mantém de pé, na frente do menino Uchiha. 

— Isso é verdade. Estou tão revoltado quanto você. Vibrei de alegria quando você jogou chá na cara dela. Ela mereceu. Mas é melhor não perdermos tempo sofrendo com a atitude da médica. Vamos pensar no que devemos fazer por Sakura. Talvez seja o melhor mesmo, ela ser transferida. — Suspira e decide sentar também no baixo muro, mas diferente do amigo, o loiro se senta de frente à praça, observando o monumento:

— a gente pode mentir. Dizemos que conhecemos a médica, mas que ela infelizmente não encontrou uma solução para Sakura. E por estar com a agenda cheia ela precisou viajar. Sakura entenderá. Ela não gostaria de atrapalhar uma médica responsável, mas só de saber que foi examinada pela Senju...

Sasuke assente. Se sentirá ruim mentir para a rosada, mas é melhor do que ver a decepção consumindo-a em um estado tão vulnerável. Não suportaria. 

— Obrigado. Naruto.

O loiro vira o rosto e fita o pequeno sorriso do amigo. O sorriso de gratidão do Sasuke é um presentão para o Uzumaki. O menino Uchiha sem jeito revela:

— Sabe Naruto...

— Hum? — sorrir quando um cão se aproxima. Faz carinho na cabeça dele.

— Tio Tobi mora sozinho porque não queria seguir os passos da família no ramo empresarial. Meu avô era pobre, mas com muito esforço conseguiu ganhar muito dinheiro. Então ele sempre foi muito rígido no que se refere a se esforçar para ganhar cada centavo. Então, assim que completou o ensino médio, Tobi fugiu de casa e nunca mais voltou. Ele não aguentou continuar morando com a família, vivia brigando com meu pai e o vovô. Meu avô e meu pai quando o mencionavam, só o mencionavam para afirmar que meu tio não era exemplo para ninguém. E eu guardando segredo, admirava meu  tio Tobi, pela coragem que eu queria ter.

— E você ainda quer ter? — Naruto para de fazer carinho no chão e ele apoia as patas em seus joelhos exigindo mais carinho.

— Quero ter condições de prover o melhor para quem quero perto de mim. Mas também não quero ser alguém sugado pelo trabalho. E estou com medo, muito medo de não poder ter os dois ao mesmo tempo. Porém, se Sakura nos deixar, nenhuma das possibilidades me importará. Vou seguir sem rumo por aí.

— Sem rumo? Que história é essa? O que está pensando? Por acaso não reparou na vida vazia que seu tio leva? Ele não tem ninguém. Nenhuma foto na parede ou sobre os móveis. A casa é mal cuidada. Ainda estou surpreso que ele tenha carro. Se você sair sem rumo, ainda criança, nem casa ou carro terá. — Retorna a esfregar a cabeça do cão. Só que agora, de um modo nervoso.

— O que você fará Naruto? O que fará se Sakura nos deixar? — existia um fundo de desespero nas perguntas de Sasuke. 

— Eu vou levá-la comigo. Aonde quer que estejamos vamos lembrar dela. E ela gostaria de ficar em nossos corações. Você pode fugir para onde quiser, mas ela nunca o deixará. Então fique perto de mim. Da Hinata. De quem ainda lembra dela, com a mesma intensidade que a gente.

Sasuke de leve assente e limpa seus olhos. 

— Quando a vi desmaiada eu entrei em desespero. É muito fácil dizer que vai dar tudo certo, mas tenho que me preparar quando algo der errado. Se eu perder o controle e desistir, nunca vou conseguir proteger a Hina-chan. — Naruto se levanta. O cão vai embora, indo até outra pessoa que se senta em um banco da praça:

— agora vamos voltar. A fadinha está preocupada com a gente. 

CONTINUA