Ela não era a Alice, mas bem que poderia ser. escrita por Flávia Monte


Capítulo 3
Capítulo 3 - Zoológico


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem

"Enquanto me reviro em meus lençóis
E mais uma vez não consigo dormir
Saio porta fora e subo a rua"



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CARTER

Sair daquele bar foi fácil. Já que Antonio não chegou a falar com nenhuma garota, quase passamos despercebidos por elas. Eu já estava no carro dele quando percebi que esqueci minha carteira em cima do balcão. Fiz com que ele me esperasse e voltei para lá.

Normalmente, frequento vários Pubs de Nova York. O meu favorito é o Pete`s Tavern. Contudo, Pubs são muito reconhecidos, principalmente por não existirem tantos por aqui. Os bares são mais tranquilos, não tem o costume de discussões, como, por que o cara do lado olhou sua mulher ou algo assim. Esse bar, por exemplo, só diz que ele é bar e restaurante, e diz a rua em que está.

A entrada dele não é muito acolhedora. Tem fumantes na entrada, motoqueiros fortes e garotas que se acham lindas, que acabam se jogando no colo de algum homem que passa. O lugar é feito de madeira e tijolo, tem estilo mais rustico, e tem três andares. O primeiro fica o bar e os outros dois ficam o restaurante.

– De novo? – Perguntou a jovem loira enrolando o cabelo, a qual estava bem bêbada. – Diria que está procurando por algo. - Seu sorriso foi traveso e cheio de malícia.

– Julio! – Gritei, chamando o barman que surgiu na minha frente. – Você viu a minha carteira? Eu acabei deixando ela aqui...

– Tem certeza? Você nem paga a bebida, por que tiraria a carteira? – Julio acertou. Eu não havia pego minha carteira ali, então onde eu deixe? Minha carteira tem tudo, meu dinheiro, minha carteira de motorista e, o mais importante, minha identidade como agente.

– Ok, valeu por me lembrar! – Grito ao sair da porta voltando para o carro.

Fecho a porta já puto e com força. Tony me examina e logo pergunta se isso tem haver com mulher. Fico ainda mais irritado, e murmuro para irmos logo. O único outro lugar que eu fui, era o meu apartamento. Deveria estar lá.

– Zoológico? – Pergunto meu provável parceiro, nesse caso pelo menos. – Eles sabem que estou trabalhando junto de você, dessa vez?

Quando eu disse “Eles”, Antonio sabia que eu me referia aos seus chefes.

– Sim, é claro. Você soube que ela foi encontrada lá dentro, né? Porém, acredito que seja impossível os lobos saírem das jaulas. Principalmente, pelos seguranças e vigias. Não se esqueça que o zoológico é dentro do Central Park.

– E você acha que o próximo alvo será no Central Park também?

– Podíamos cercar o perímetro, que nem fizemos em China Town. E ai nós...

– Está falando sério, Tony? China Town é bem menor que o Central Park! E acima de tudo, la dentro não tem tantas câmeras. Esse assassino soube se organizar, por enquanto.

Chegamos rápido ao Central Park Zoo. E estava muito bom para ser verdade. Hoje tem poucas pessoas aqui, o zoológico está fechado. Fomos até o segurança da porta e nos apresentamos, Antonio mostrou o distintivo dele e eu esperei até entrarmos para avisar que tínhamos que falar com o supervisor do lugar. O segurança confirmou e, depois de falar no rádio, nos levou até a jaula dos tigres. Havia um homem com uma prancheta, preenchendo-a.

Nos disse que se chamava Mark e que sabia tudo do zoológico, que só bastava perguntar. E foi o que fizemos.

– Aqui não tem jaula de lobos. Nós não temos lobos aqui. Vocês devem estar confundindo com o Seneca Park Zoo. É daqui dos Estados Unidos, mas fica no note. Eles sim tem lobos. São magníficos. Já pedi para o dono colocar aqui também mas...

– Senhor. – Meu parceiro o interrompeu em seu monólogo. Enquanto eu atendia meu celular de trabalho. Era Miguel. – Você está dizendo que o Dr...

– O que? – Era a primeira vez que eu via o nosso legista errar. – Explica de novo. – Saí de perto do Antonio e do supervisor, andando até perto dos ursos. – Como assim você se enganou?

– Alguém falsificou a pesquiça. Nela dizia que os dois lobos eram do zoológico que eu te contei. Porém, a Deb, minha estagiaria fez umas pesquisas para mim fora do servidor do FBI.

Está me dizendo que entraram no servidor e mudaram apenas dados como esse? – Senti-me idiota, eu deveria saber que não haviam lobos aqui. – Da onde são os lobos?

Pesquisei e vi que há lobos em Seneca Park Zoo, mas são lobos brancos. Não há lobos cinzentos nos arquivos de nenhum. Então os lobos são falsos ou ilegais.

– Ok, Dr. Obrigado por avisar. – Em cima da hora, deu vontade de completar. – Agora eu tenho que salvar o Tony de uma conversa. - Desliguei o telefone e chamei meu parceiro para o canto.

– Mas e a parte de ter sido encontrada aqui? – Perguntou. – Devemos ver se tem algo por aqui e...

– Sim? – Respondeu o supervisor, o qual chamei com um aceno. – O que precisam?

– Ver onde a jovem foi encontrada. – Olhei em volta, para ter certeza que ninguém mais me escutou.

– Por aqui. - Informou ele e fomos em direção ao canto perto dos tigres. – Tentamos limpar o sangue, mas ele já estava muito impregnado na areia. Vou sugerir ao faxineiro a limpar com aquele desinfetante.

– Você chegou a ver a jovem? – Tony estava conversando com o supervisor enquanto eu olhava o chão.

Coloquei a luva e pequei os saquinhos de pistas. Eu já sabia que a equipe de Antonio já havia visto o lugar, mas não são melhores do que eu. Consegui perceber que a marca do corpo estava forte. Como se posta ali. Não havia sinal de luta, nem de patas, na areia. Havia uma marca de sangue na grade dos tigres. Na parte de baixo, bem perto do cimento. Peguei um cotonete e puxei para dentro do saquinho plastico. Havia um fio de cabelo preso no sangue seco.

Após tirar tudo que eu consegui da cena do crime, pedi para levar os videos da câmera. Antes mesmo de chegarmos a sala de segurança, Mark havia dito que já tinham visto as filmagens e não encontraram nada.

– Aqui está policial. – Entregou-me a fita.

Não pedir para ver lá. Não tinha por que, eu já sabia que passaria minha noite revendo a filmagem muitas vezes. Isso depois de passar lá no bar para tomar algumas e relaxar.

ABBEY

– O que eu falei sobre atraso? – Reclamou o meu chefe, por chegar cinco passos na minha frente. – Minha salada está como gosto, Abigail?

– Sim, como sempre, Julian. Com umas pintadas de shoyu e vinagre. Também está com a cenoura cortada em cubos e tomates fatiados como batata frita. Não há pelo o que reclamar.

– Que bom que voltou, incompetente. – Murmurou ele, com bom humor. – A sua substituta fazia tudo errado! Com quais critérios você a colocou aqui?

– Havia um simples critério: paciência.

Com isso, voltei ao meu trabalho. Os desenhos dos estilistas mais famosos não importavam a Julian, ele gostava do meu trabalho. Ele dizia que tipo de moda era, e eu tinha que criar algo nunca pensado e visto. Estilos de roupas que ficaria deslumbrantes. Meu chefe sabia que eu não sou incompetente, e toda vez que dizia que eu era eu sabia que tentava me elogiar.

Sabe aquele típico dono de empresas de moda? Gay e rico? Que sabe sempre se vestir? Magro demais para haver roupas especificas em lojas? Esse não era meu chefe. Apesar do jeito que falava, Julian era normal. Tinha um corpo bonito, tanto quanto Joshua. Era forte e eu tinha que passar dias na casa dele para arrumar quais seriam suas roupas. Pelo fato de não frequentar sua casa a semanas, seu estado estava péssimo. Parecia que ele realmente procurou alguma roupa.

Ele não era imprestável, como parece. É inteligente, tem porte e não seguiu o caminho dos pais. Não foi fazer direito, ao invés fez o seu sonho: Criar. Começou do zero, fez sua carreira sozinho. Mas após virar esse milhonário, não agia como um cara normal. Falava como gay, quando estava em festas e tudo o mais. Ele era o seu próprio marketing. Acredito que tenha feito teatro em algum ano da sua vida. Porém, quando estávamos sozinhos eu via que ele continuava sendo um homem por dentro de todas aquelas roupas. Continuava tendo os mesmo valores. O que ele cria atualmente? Idéias, e eu as desenhos. Apesar de muitas vezes eu ter que desenhar por cima delas.

– Está na hora do seu almoço, Abigail. – Olhei para o relógio, já havia passado três horas do momento em que eu deveria almoçar. – Volte logo, preciso conversar com você.

Confirmei com a cabeça e sai o mais rápido que consegui daquela empresa. Eu estava morrendo de fome. Não fui para casa, já que era mais distante do meu trabalho. Corri para o restaurante mais próximo, e o que parecia não tinha um nome. Apenas o nome da rua. Era de madeira e tijolos. Já havia entrado ali outras vezes. Acho que cinco no total, mas agora eu estava morrendo de fome e apesar de detestar os clientes daquele estabelecimento a fome é maior.

Passei por alguns homens no bar e subi a escada. Sempre soube que a parte restaurante era mais civilizada. Sentei em uma das mesas perto da janela, ela estava aberta e o cheiro revesava entre o fumo e o ar puro. Pedi carnes diferentes, batata frita e uma coca diet, apesar de achar que é um veneno negro do capitalismo.

Era muita carne, mas comi tudo. Apesar de sempre consumir muita comida eu não sou gorda. Ao contrario, sou magra e se eu fosse mais alta eu poderia ser modelo. É o que Julian diz. Tenho longos cabelos claros e olhos azuis. Um corpo fino demais porém, com peito. O que dificultará se eu quisesse ser modelo.

Já havia terminado de pedir a conta quando vi um bêbado subindo as escadas. Não fui muito bem com o rosto dele, não que fosse feio, apenas tinha um sorriso ignorante no rosto. Falava com uma menina, a qual estava bastante interessada e riam. Se sentaram em um sofá e quase estavam se comendo.

Talvez não tivessem percebido que haviam pessoas em volta e que não passava das quatro da tarde. Mesmo que tivessem visto, não ligariam. Paguei os dezessete e cinquenta e desci as escadas.

No meio da escada esbarrei com um homem forte. Usava uma blusa clara e uma jaqueta jeans. Não estava frio dentro do restaurante para ele estar assim, mas não discuti. Não olhei em seus olhos ao sair pedindo desculpas e voltei para meu trabalho. Sabendo a onde iria para a conversa de Julian.

Faltavam menos de um mês para o natal e ele tinha o costume de me levar para a janta com a família dele.


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Notas finais do capítulo

Continuem lendo, em breve teremos novos capítulos e não se esqueçam de comentar!!!



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