O outro lado do clichê escrita por Apiolho


Capítulo 18
18 - Você não confia em mim!


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! *-*

3h da manhã e eu programando depois de 2 anos. Não sei mais se alguém ainda segue essa história, mas 8 anos da Audrey e companhia no terceirão, coisa boa né?

Desculpem mesmo e agradeço a todos que me acompanharam nessa fic. Quero terminar esse ano e em média até o 30º capítulo.



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Capítulo Dezoito
Você não confia em mim!

"Quantas fantasias e viagens fantásticas ele teve naquelas tardes de solidão? Os melhores sonhos, são os que sonhamos acordados [...]"
(Lucio Vargas)

 

Acho que a criança que era sentiria tristeza por ver o que me tornei, passou de alguém que sorria para todos e perdoou os colegas que a bateram terrivelmente, simplesmente por continuar sendo ela mesma, para uma pessoa fraca que prefere ferir os outros para não arranjar outra confusão com seu nome.

“Eu vou contar tudo. — Audrey

Se eu me levantei arrependida de ter mandado a mensagem? Um pouco. Quer dizer, muito! Tinham coisas em jogo que me faziam cada vez mais ficar querendo voltar no tempo antes de enviar a mensagem.

Uma delas era a bolsa que eu queria para estudar no exterior, para isso precisava ser uma estudante modelo e pegar uma suspensão no último ano por ter beijado na escola não ia me ajudar em nada. E, claro, além do constrangimento que ia passar, que experimentei com o pedido de namoro do Robin, era de que Alexia não ia gostar nada e talvez espalhar aquele vídeo para todos. Se eu já ia talvez perder a chance de ir pra uma faculdade fora do país, depois dessa poderia dizer "tchau" a esse sonho.

"É Brincadeira! rs — Audrey"

Por ter mandado essa mensagem quando já estava perto do colégio e pelo medo, corri a procura do Evan, mesmo que em minha cabeça gritava a voz do inspetor "é só para andar nos corredores", mas ainda bem que não fui achada antes de o encontrar com a Catherine no canto que faz as maiores perversidades com as garotas.

— Eu estou mudando por você. — Lá vem ele com essa história de novo.— Não estou mais pegando ninguém. — A cara de pau nem treme.

— Olha o jeito que fala, pegar! — Ela soltou uma risada curta antes de continuar — Eu sei que transou com a minha amiga.

— Quem? A Drey? Isso nunca ia acontecer. — Cretino, idiota, babaca.

Confesso que me doeu saber que não era seu tipo por sua boca. Ego ferido que se fala? Ela parecia sentir o mesmo, mas por a fazer lembrar de mim.

— Não, a Alexia! — Dessa vez ele ficou um pouco em choque e um silêncio constrangedor tomou o ambiente até que um deles continuasse.

— Quem te contou? — Talvez nessa hora eu tenha engolido em seco? Com certeza.

— Logan. — Dessa vez não fui a que estraguei o plano dele.

Espera, estou começando ser mesmo do time do Evil?

— Claro que tinha de ter sido ele, nada te esconde. — O seu jeito quase me fez rir. — Nem sei porque ainda conto as coisas se sempre fica do seu lado

— Porque sou realmente amiga dele, nem deve saber que dia é amanhã. — Comentou com ar de superioridade.

— Qual? — Enquanto o Miller parecia nem ligar para o que dizia. Não vê que assim parece que nem presta atenção nela? Imbecil.

— É o aniversário da morte de sua mãe, temos de ir. — Respondeu como se tivesse implorando por um "sim".

Depois dessa eu não me senti bem de continuar ouvindo a conversa. Estava indo por um lado muito pessoal e me fazendo lembrar de meu pai. Eu fui para a sala enquanto esperava a chegada dos dois. Sabia que pelo que aconteceu ontem ela nem sequer ia querer falar comigo.

— Chegaram juntos? Interessante! — Disse a Alexia. Seu tom era total quinta série, por isso mesmo que eu tinha medo de que a foto ou vídeo fossem expostos.

— Não estou a fim de conversar. — Evan falou na mesma hora. Não tinha notado até agora, mas pareciam mesmo não estarem de bom humor para brincadeiras.

— Sei bem disso, prefere outra coisa. — Era uma indireta bem direta da noite que passaram juntos. Esse seu comentário foi o suficiente para me irritar, mas jamais pensei que ia afetar uma outra pessoa.

— Cala a sua maldita boca! — A tal perfeitinha gritou para todos ouvirem. Estava mesmo de saco cheio, o que pela cara dos colegas não surpreendeu só a mim.

Posso dizer uma coisa bem fora de tempo? Se tem uma outra coisa que me arrependo, é de ter saído antes de ouvir tudo o que falaram atrás da escola, talvez assim saberia o porquê de estarem assim.

"Vai contar ou não?— Evil"

Olhei para onde estava e ele me cumprimentou da sua carteira mesmo. Eu dei um sorriso de lado enquanto teclava pelo celular, até porque pareceu ter ficado feliz muito rápido.

"Não acabou de falar que não estava para papo?— Audrey"

Ver sua reação pelo que mandei era muito engraçado, pois fingiu estar com dor ao por a mão no peito. Já trocamos muitas mensagens, mas não quando estávamos no mesmo ambiente.

"Com eles, não contigo — Evil"

Me virei nos 30 para tentar interpretar a minha xará Hepburn e não dar bandeira de que fiquei sem graça com seu comentário. Ser do sexo oposto na frente dele era muito perigoso, até porque não se pode subestimar a experiência de quem já levou para a cama mais de 100 garotas.

Fui salva pelo congo do inicio das aulas de responder. Veio história, biologia e geografia, tudo voltado aos vestibulares. Era nesse hora que caia a ficha que eu ia para a faculdade ano que vem. Quando o intervalo tocou eu fui direto para fora, sem nem entender porque não queria o encarar.

"Ficou tão mexida assim para fugir de mim? — Evil"

Viu o quanto é traiçoeiro? É sempre assim, envia mensagens que abrem brecha para se tornar algo sexual ou romântico. Se eu falar "sim" é certeza que vai apenas tocar no primeiro assunto e esquecer do outro.

"Estou na árvore perto da lanchonete. — Audrey"

Aproveitei para abrir o pote e comer meus biscoitos de leite o mais rápido possível, só que pelo jeito ia demorar e algo me dizia que isso não era bom. Dito e feito, porque quando o vi no pátio estava com a Alexia do seu lado. Não prestava atenção nela, mas sim em algo no celular.

Não, não, não, não! Meu coração bateu forte só de imaginar que estava vendo o vídeo. Será que estava vendo bem quando dizia que era "a vadia"? Será que tinha acreditado? Pelo jeito que me olhou no instante seguinte, com uma certa decepção, parecia que sim. Isso me fez correr e fugir de novo para longe dele, ignorando-o nas próximas aulas e seguindo até eu estar segura no quarto da minha casa.

Mesmo que o parque de diversões fosse do parente da Alexia e eu quisesse jogar tudo para o alto, fui trabalhar. Se eu soubesse o que aconteceria ia preferir mesmo ter sido demitida.

Isso porque às 22h o Evil estava me esperando na frente. Tentei fingir que não tinha visto e sair sem que notasse, mas não deu certo. Quando ouvi a sua voz eu tive de parar, porque ela estava até doce?

— Olá, Drey. — Esse apelido não, por favor. — Vim te acompanhar. — Tentava até me encarar, mas eu ficava observando o chão, meio fio, uma pedra, menos ele.

— E não chamou o Logan para vir no seu lugar? — Acho que nessa hora era o que eu ia preferir. Apesar de parecer paz, pelo meu tom estava para o caos.

— Por que sempre tem de ser ele? — Começou com essa pergunta. Virei de costas e ele me perseguiu. — Eu não acho qu-

Quando viu como estava parou de falar na hora, estava chorando só por ter de encarar a possível decepção dele. Era ridículo! Por que eu me importava tanto com o que um ser desses pensa ou não de mim? Era até melhor se por isso não quisesse mais me ter para ajudar no plano. Só que não parava.

— O que ia falar?

— Não acho que seria bom ter que contar a ele sobre um vídeo tão intimo seu. — Chegou perto de mim e me abraçou, enquanto eu continuava a chorar, por saber que tinha visto. — Sem uma boa explicação ele não viria, não hoje.

— Você viu? — Além de falar baixo, a voz embargada e abafada pela sua camisa não ajudava em nada para que me escutasse.

— Vi. — Levantei o rosto e fiquei tentando passar o que pensava só com o olhar, não queria ter de me abrir o quão curiosa estava se acreditava ou não no que falei na filmagem. — Elas não editaram direito, deu de ouvir uma hora elas no fundo. — Começou a rir, só que isso não me deixou satisfeita. — Mas apesar de estar muito gostosa, eu sei mais que ninguém que você é uma Madre Tereza de Calcutá.

Se eu baixei a guarda e o deixei me abraçar, beijar meu cabelo e me tocar, o empurrei com força para me afastar quando ouvi seu comentário nada respeitoso sobre mim. Eu estava toda machucada e ele me fala isso? Ele com a surpresa foi para trás e quase caiu, mas conseguiu se segurar. 

— E acha que isso foi pelo quê? — A minha vontade de brigar com ele cresceu com toda a força. Quero mais é que se ferre esse galinha!

— Elas foram muito maldosas, sabem que eu sou de todas. — Como sempre com a resposta cafajeste na ponta da língua, pena que foi bem errada. 

— E a culpa não é sua também? Se não tivesse feito a minha mãe e a Catherine acharem que eu transei contigo, jamais a Alexia ia achar isso e dar no que deu. — bati em qualquer parte que via dele, até conseguir pegar nos dois braços e me parar.

— Só estava tentando te animar. Pelo jeito deu certo, parou de chorar. — Deu aquela piscadinha que me deixa nos nervos, mas sua postura séria tirou tudo o que pensava em falar. — E não acha que o Logan também está nessa?

Lembrei delas falando sobre o pedido de namoro em público? Com certeza, a vergonha do momento também parecia vivida, mas o que estava ali em jogo era eu e ele, não tinha mais ninguém ali. Ele que foi o galinha que dormiu com todas. Por que paguei por algo que nem eu fiz?

— Nem se compara, a intenção dele foi boa. — Dava de ver que não estava para brincadeiras. — E está o vendo aqui por acaso? O papo é só entre nós, pare de falar o nome dele!

— Não dá para esquecer quando também foi citado no vídeo e só coloca a culpa em mim. Quando ia decidir contar para a Catherine sobre a nossa aposta só por causa dele! — O tom dele estava mais alto e irritado. Ui! Pelo jeito cutuquei a fera. — Você tem noção que vai ter aquela foto exposta apenas por que gosta dele? E o engraçado é que ele nem sente o mesmo.

— Eu não sei mais se eu sou apaixonada pelo Logan. — Soltei tudo de uma vez e atropelado. Virei para trás e tentei me segurar para não chorar de novo. Não sei o motivo, como tanto outros quando se trata do Miller, mas parecia que ia doer o que diria. Depois disso, decidi tomar folego para dizer tudo na sua cara.— Quer saber então por que eu ia contar da aposta? Pois eu não aguento mais fazer parte de um plano idiota e cruel desses! Você é a pior pessoa, Evan, por me beijar a força só para fazer chantagem e brincar com os sentimentos dos outros sem pensar nas consequências. Por que ao invés de ser um covarde e se esconder atrás de uma pessoa como eu, apenas não diz que gosta da Catherine? Assim viram um casalzinho e me deixa em paz!

Um silêncio se fez e eu só o via andar de um lado para o outro naquela areia, colocava as mãos na cabeça e respirava fundo. Não sabia se ia embora ou apenas esperava pela resposta que não vinha. Era tão estranho que demorasse a falar, até demais.

— Se fosse isso negaria desde do começo, já sabia mesmo como eu era. —  Estava de cabeça baixa enquanto ele dizia, mas seu jeito me fez levantar e me deparar com a cena mais surpreendente de todas, que seus olhos estavam molhados. Ele estava quase chorando por minha causa? — Você diz que não está mais a fim dele, mas eu sei que alguma coisa mudou. Nada me tira da cabeça que só quer abrir a boca para ela me odiar e ir atrás do Logan, porque a sua autoestima é tão, mas tão fodida, que sairia do caminho só por ter a Cat como rival. Quem é o covarde aqui?

A voz ainda continuava embargada e eu olhei para ele como se estivesse em um espelho. Somos tão iguais assim? Ele deve se odiar tanto, que precisa bancar de gostosão para esconder. Se não fosse assim, por que vive falando do Robin e ficando nessa competição besta? E como em um momento que nos machucávamos tanto eu só queria o abraçar? 

— Você acha que a Catherine ama o Logan e que o jogo já está perdido! — Falei como se estivesse gritando "Eureca!" para todo mundo. — Você quer ser odiado por ela. Então por que não diz de uma vez? — Só ouvi a risada alta dele enquanto secava as lagrimas que acumulavam.

— Que teoria foi essa? É patética! Drey, não existe essa possibilidade, eu sempre ganhei. — Aquele rastro de garoto triste e apavorado tinha ido em uma passe de mágica, agora só restou o seu lado mais detestável. — E essa é minha disputa final, nada melhor do que uma aposta.

— É impressionante o quanto você consegue estragar tudo! Eu quero mais é que você se ferre muito. Como eu te odeio. — Não sei como consegue me causar tantas emoções, mas no final é sempre essa. — Quer saber? Pelo que ouvi ontem, a Cat não sente nada por você. — "Porque você é um lixo!", quis completar.

— O que escutou? — Sua curiosidade só me fazia rir igual uma vilã mexicana.

— Ela ficou com ciúmes quando achou que beijei o Logan, mas só estávamos abraçados, e disse que fui traíra, principalmente quando o chamei de Robin. Já de saber que a Alexia transou contigo nem aí. — Falei com ar de superioridade e como se tivesse falando a fofoca do século. — Eu até comentei que era injusto ficar braba por ele e por você não. — Seu sorriso não diminuiu, só aumentou. O que eu fiz de errado?

— Você me adora muito né? Me defendendo desse jeito. — Esqueceu a parte que eu falei do Logan, foi? Quero dor, tristeza e sofrimento, toda minha expressão dizia isso.

— Isso não é verdade, só queria saber o que ela responderia. — Desconversei e tentei tirar isso da sua cabeça, mas pelo jeito que ficou imóvel não gostou nada do que disse.

— Então vamos para a casa. — Já era 22h30 e ainda estávamos plantados na frente do parque de diversão. Pelo jeito não queria mais conversa ou estava pensando no que dizer. Quando pegou na minha mão tentei soltar, mas não deixou. — Para não correr o risco de fugir de mim de novo.

— Sabe que eu não ia defender um galinha feito você, não é?— Perguntei quando subimos para pegar o ônibus, eu sentei na janela e ele ao meu lado. Dessa vez estava sério, o que chegava a dar medo. Quem manda querer o irritar? Bem feito, Audrey.

— E eu achando que estava começando a confiar em mim. — Deu um suspiro, falou um pouco baixo, parecendo que estava mais dizendo para si mesmo. — Quando vai perceber que já somos amigos? — Essa pergunta foi bem direta.

— É você que não confia em mim! — Seu rosto dava sinal de que estava confuso e ia retrucar, mas fui na frente. — Deixa eu continuar, falei tudo que penso de ti, sabe da minha cicatriz na testa, estou mais que envolvida nessa merda de aposta, tenho de ser amiga da Catherine, vigiar quando está com outras garotas e até no seu quarto eu já fui! Temos intimidade o suficiente para eu pelo menos saber a história desse triângulo amoroso, não concorda?

— Eu, é... — Interrompi para não perder a linha de raciocínio.

— Não terminei ainda. Como vou te ajudar a conquistar se nem sei com o que estou me metendo? Vamos combinar, é muito ruim ficar indo nesse vai e volta de dois garotos disputando a Senhorita Perfeitinha sabendo quase nada. — Depois disso fiquei falando mais enquanto parecia pensativo no que responderia.

Tínhamos chegado na frente de casa e não tinha notado. Fechei a minha boca para que pudesse responder se iria me contar após seu discurso, mas nada vinha. A minha paciência se esgotou ao vê-lo só olhar para baixo e me viro para entrar, só que ouvi passos vindo em minha direção. Senti um toque no meu cabelo para o colocar atrás da orelha e aproximar seu rosto do meu. Quando começou a falar eu senti arrepios? Não, imagina.

— Se quer tanto, então escute bem o que irei falar, cumplice, pois a primeira coisa que precisa saber é que... — Depois disso me virou e não resisti a encara-lo, para me deparar com a expressão mais seria que eu já tinha visto. — Eu jamais gostei da Catherine. — Quê? Tudo nele gritava "esse sou eu, Drey, percebeu?", mas não queria acreditar. — E não vá achando que esqueci daquele vídeo, elas vão pagar. Boa noite.

Estava falando a verdade? Todos os momentos deles passaram na minha mente, seu primeiro beijo, as brigas que davam na direção, os ataques que pareciam ciúmes, os colegas querendo que eles fossem casal, meu livro que dizia mais do que nunca que se mereciam. Isso não é amor?

— Preciso saber mais. — Gritei, mas nem tinha notado que já estava longe e nem podia me responder. Uma coisa era fato, hoje eu não vou dormir.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do começo? De explanarem o vídeo? E da briga deles?

A gif não é minha. Se tiver erros de português podem me avisar.

Quem quer comentar? Realmente vai me deixar bem contente, de coração, até porque saber a opinião de vocês sobre a fic me faz compreender mais o que desejam e estão achando. Além de que adoro criar intimidade com meus leitores, se quiserem mandar MP, podem ficar a vontade. E se por acaso sentirem que essa história merece uma recomendação, como a diva da Miih Lima fez, pode ter certeza que essa autora vai amar demais!

Beijos e até a próxima.



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