O outro lado do clichê escrita por Apiolho


Capítulo 10
10 - Você não faz o tipo dele


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores! *-*

Agradeço a Nemesis e Senhorita Foxface por comentar no anterior. Muito significa para mim, deixa-me muito feliz.

Muito obrigado a Olh4r Suicid4l por acompanhar. Adorei demais por saber que mais pessoas então acompanhando a fanfic.

Quem quiser comentar sendo novo será muito bem vindo, assim como aos que já apareceram, realmente muito me faz feliz. Por favor.

Espero que gostem, pois faço para vocês.



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Capítulo dez

Você não faz o tipo dele 

“Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.”

(Carlos Drummond de Andrade)

 

Estava imaginando se minha mãe estava à beira da morte por conta de um crápula daqueles. Será que foi esfaqueada? Baleada? Recebido marteladas? O que mentalizava também era como ia ficar sem ela, possivelmente teria de ir em um orfanato.

— Bebeu demais. — respondeu um deles depois de um tempo.

É por isso que eu não passei do primeiro copo na balada.

Sim, eu fiquei muito aliviada ao ouvir que não era algo a ver com James Carter. Só que o meu medo ficou maior por saber que estava na cidade e por não saber ainda se tinha sido pego pela polícia.

— Está em coma alcoólico, não é? — ainda sim poderia estar correndo risco de vida.

— Possivelmente. — declarou com calma.

— E quem os chamou? — quis saber.

— Aqueles dois ali. — apontou para um homem e uma mulher que estavam na porta de casa.

Percebi na hora que eram garotos de programa.

— Por que não vão embora? — implorei praticamente.

— Temos de receber o dinheiro. — explicou.

— Tem uma pessoa desmaiada e é só nisso que pensam? Resolvam depois! — esbravejei.

— Iremos, mas voltaremos amanhã. — informou o moreno.

Depois disso o Logan abraçou-me e eu fiquei um tempo em seu aperto, só aproveitando a situação de sentir seu corpo quente junto ao meu. Só que eu tinha de ir acompanhar a minha mãe.

— O que irá fazer agora? — questionou.

— Irei com ela para o hospital. — minha resposta foi imediata.

— Por que não vai tomar conta do seu machucado primeiro? — propôs.

Observei que sangrava um pouco, mas nada tão grave.

— Eu preciso ver se está bem. Te vejo na escola. — respondi-o ao entrar na ambulância e fechar uma porta.

— Cuidaremos dela. — disse o enfermeiro.

E então fiquei um tempo naquele lugar escuro e imaginando o que irei fazer a seguir, que passo tenho de dar. Logan olhava-me por entre o vidro do veículo de maneira chateada, como se não quisesse se despedir. Já eu dei apenas um acena e um sorriso fraco em sua direção.

Ligaram o rádio neste instante e eu ouvi o que estava esperando desde que eu saí daquele beco ao ver que o meu ex padrasto encontrava-se desmaiado.

“O fugitivo do presídio James Carter, preso por tráfico de drogas e violência doméstica, foi encontrado inconsciente em um beco. Sendo processado agora por tentativa de homicídio, mas para isso teremos de localizar a vítima”.

E outra vez estarei envolvida e enlaçada a esse nome que me fez ter pesadelos por muitas noites e me fazia tremer só de pensar nos dias em que passei no mesmo teto que ele.

— O que aconteceu com seu braço? — questionou um deles enquanto o outro tentava a todo o custo tentar acordar minha mãe.

Qual palavra irei usar? Possivelmente eles vão saber que não era nada ligado a ter caído no chão, ainda mais quando olharam de perto para aquele corte.

— Foi um caco de vidro. — inventei.

Tentei disfarçar da melhor maneira a minha mentira. Sem dar muitos detalhes, pois aprendi que quem muito explica não está falando totalmente a verdade.

— Tomou vacina de tétano? — pronunciou ao passar o algodão no local, fazendo-me estar preparada para a dor que não vinha.

Pelo menos era um remédio indolor.

— Deram-me essa injeção há um ano. — confirmei.

Já estava sentada no banco de acompanhantes, esperando para que terminasse o procedimento de uma vez. Sentia-me impaciente ao notar que minha progenitora não estava despertando.

— Pelo menos ainda não passou da validade. — informou imediatamente.

Respirei fundo por ver que estava coloca um curativo em meu braço.

— Qual a chance de minha mãe sobreviver? — ansiava por essa informação mais do que nunca.

— Cada um reage de maneira diferente. — em nada me deixou satisfeita sua explicação.

— Dê-me números! — meu tom aumentou neste instante.

— É complicado dizer quando nem no hospital chegamos. — concluiu.

Então infelizmente tive de esperar até que parássemos no mais próximo, que eu já sabia onde era. Vivia nesses locais quando minha mãe apanhava ou em momentos em que eu mesma saia machucada por negar fazer sexo com ele, o verdadeiro monstro que habitou em minha vida.

Minha mãe trabalhava em outro, que eu raramente desejava pisar. Só que quando ter de faltar o emprego por conta de sua bebedeira não tenho certeza se voltará a frequentá-lo.

Rezava para que melhorasse logo no caminho.

Ia contar para essas pessoas que era enfermeira também, porém sabia que talvez esse fato se espalhasse mais rápido com essa informação. Até porque não é nada bom sua atitude quando se tem essa profissão.

Vendo aquele prédio branco, com umas partes mofadas, fizeram-me lembrar mais ainda das tantas vezes que tive de correr para cá após o colégio ou a acompanhava.

Ouvi um barulho de salto alto aproximando-se do quarto em que estava há duas horas, tendo o relógio sinalizado que eram 3h agora. Notei então uma garota de olhos azuis e cabelos loiros aparecer na porta com um semblante cansado e sentar ao meu lado.

Abraçou-me em seguida e afagou os meus cabelos com uma delicadeza da qual me deu uma imensa vontade de dormir naquele mesmo instante.

— O que ocorreu? — perguntou-me Catherine.

— Coma alcoólico. — dei de ombros.

— Ao invés de você ter vindo para casa bêbada é sua mãe que teve de ser internada por conta disso? — declarou enquanto ria, porém não de maneira alta.

— Sim, parece uma adolescente. — confirmei ao me soltar dela com dificuldade.

Fitei a pessoa que conviveu comigo desde que eu nasci, constatando que não dava sinal algum de que ia abrir os olhos. Fiquei tão desesperada que as lágrimas novamente escorreram pela minha face.

Só que tinha um assunto a tratar.

— Sei que não é o momento, porém tenho de dizer que era mentira sobre eu ter transado com o Evan. — confessei.

— Ele me disse. — comentou.

“Então eu mesmo terei de contar”. Foi o que ouvi ele falar na festa.

— Como se foi embora? — estava confusa.

— Mandou-me mensagem pedindo para que fosse conversar com ele, sendo que aceitei também porque queria esfregar na cara dele que eu não o queria. Quando cheguei me explicou o ocorrido. — pronunciou.

Enquanto eu estava correndo de um assassino o meu parceiro do lado negro da força conversa com a Lewis? E eu pensando que realmente tinha ido para a casa.

— Mesmo assim desculpe-me por não ter dito antes. — pedi.

— Eu que peço por ter acredito no que sua mãe disse, pois é óbvio que vocês nunca teriam transado. Quanto a vingança não me arrependo, queria mesmo que sofresse por tudo que fez, mas saber que Logan ainda tem uma pegada não foi nada ruim. — declarou.

Ai, meu coração!

Ouvir dela sobre o ocorrido em nada me agradou.

— Por que acha isso sobre mim e o Evan? — quis saber.

— Audrey, sinto pela franqueza, no entanto vendo as garotas que ele já ficou em todos esses anos dá de saber que você não faz o tipo dele. Prefere uma mais encorpada, de cabelos claros e um pouco mais popular. — esclareceu.

Não sei o porquê, mas essa informação doeu tanto quanto ter visto aquela cena na festa, fazendo-me não querer insistir nesse assunto. Só que um detalhe em sua fala anterior tinha me deixado incomodada.

— E por acaso você e o Smith já se beijaram? — escancarando a minha curiosidade.

Seu rosto se tornou vermelho ao me escutar.

— Como? Só foi na balada mesmo. — desconversou.

— Mas eu ouvi “ainda”. — comentei.

O silêncio se instaurou entre nós duas por uns dois minutos.

— Entendeu errado. — mentiu de novo.

— Se somos amigas temos de contar segredos uma a outra, não é?

Engoli em seco ao dar a cartada, já que eu nem sei se ia dizer que descobri gostar do seu vizinho. Não quando os dois são íntimos a ponto de possivelmente terem algum relacionamento, mesmo que não seja namoro.

— Mas eu nem quero conversar sobre esse assunto, aliás não deveria estar aqui quando tinha de estar em casa a essa hora. Até a escola, desejo melhoras a sua mãe. — despediu-se rapidamente, de maneira seca e irritada.

Eu tinha cutucado a onça com vara curta!

— Aí tem. — não foi a minha pessoa a pronunciar, porém tirou as palavras da minha boca.

A primeira coisa que fiz ao ver a mãe acordar foi sorrir em sua direção, não acreditando ainda que tinha despertado, e pedir para a enfermeira chamar o médico.

“Eu contei ao policial sobre o ocorrido. Terá de comparecer agora na delegacia.” — Logan.

Por que veio me mandar mensagem justo agora? Por que fez isso? Fiquei realmente chateada por ter se metido em um assunto que cabe apenas a mim e a minha mãe.

“Não quero falar sobre isso, não quando foi contar para eles sem nem sequer pedir minha permissão antes! — Audrey.

Desliguei o celular e fiquei esperando o término das perguntas de rotina.

— Que hora é? — perguntou quando os médicos e enfermeiros saíram da sala.

— 3h40. — respondi.

— Sorte que eu começo a trabalhar às 15h. — declarou.

— Mas nada disso anula o fato de que ficou bebendo e transando com desconhecidos quando eu fui em uma festa. Acha mesmo que eu vou sair tranquila sabendo que possivelmente vai aprontar? — dei um sermão.

— E por que não deixou eu falar que era a primeira vez que ia? — mudou de assunto.

— Isso não importa! É muito irresponsável. Sei que o pai morreu e está sofrendo, e eu também, mas já faz três anos. Enquanto ainda tem uma filha para cuidar, que precisa de ti, e não ao contrário. Quero tanto que sejamos como antes. — confessei.

Vi que chorava por conta do que eu disse.

— Filha, eu não percebi o quanto a desapontei por se mostrar tão forte. Por isso me perdoe. — sussurrou.

Abracei-a e dei um beijo longo em sua face molhada.

— Eu te amo, mas não desejo que fique mais assim. — declarei.

— Nem eu. — balbuciou.

— Sei que este momento é emocionante, porém eu tenho algo a te falar. — comecei de maneira receosa.

Ela entendeu na hora que era algo urgente.

— Pode contar.

— Sabe aquele homem que nos seguiu no dia em que foi para o prostibulo? — quando confirmou pude continuar. — Então, hoje ele me perseguiu quando eu saí da balada e tentou me matar, mas ao chegar perto eu vi que era James Carter. — disse da maneira mais sucinta e rápida, já que só de pensar nele eu já sentia meu corpo estremecer.

Já a mulher a minha frente teve outra reação, ficando de olhos arregalados para depois fitar o teto e cair em prantos. Porque ela sabia o que passamos, as surras que levou por motivos tolos, os dias em que se trancava comigo no quarto para tentar transar comigo enquanto ela batia na porta em vão, das vezes em que a obrigou a se prostituir para ter dinheiro.

Todo o sofrimento tinha voltado.

— Filha, foi ele que fez? — questionou ao pegar em meu braço e passar o dedo com delicadeza pelo curativo.

— Sim. — nem pensei em negar.

Isso fez com que beijasse o local com carinho.

— E o que aconteceu? — apesar de choramingar eu compreendi.

— Foi preso. Logan me salvou. — confessei.

— Ele é realmente um herói. — apontou sem questionar.

Lembrar-me do tanto que se arriscou fez-me ligar o aparelho telefônico novamente. Eu não poderia ficar irritada com sua atitude quando já participava daquela história ao acertar meu ex padrasto com um soco que o fez desmaiar.


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Notas finais do capítulo

E ai? Que acham que aconteceu entre Logan e Catherine?

A imagem não é minha, mas desculpem-me por demorar a responder.

Quem quiser comentar muito me fará feliz. Amo vocês, senti muita falta mesmo dos meus leitores. E quem quer recomendar a fic? Sei que é mega cedo, mas me deixará contente também. Claro, se acharem que a fic merece! Podem criticar também, porque me ajuda a melhorar.

Beijos, até a próxima.