Com Os Braços Bem Abertos escrita por FreudDepre


Capítulo 3
Camas e Sofás


Notas iniciais do capítulo

Agora é oficial. Namakura e Takeshi chegam à casa de Kapa e Rino. Eles conseguirão lidar uns com os outros diariamente a partir de hoje?



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Manhã do dia 26 de dezembro. Acordo e meu pai já não está em casa. Levanto, escovo meus dentes, vou pro computador e ali fico até perder mais uma vez a noção do tempo.

Quando meu estômago avisa que está na hora de fazer uma pequena pausa, boto algum macarrão instantâneo no micro-ondas e resolvo ligar para o Takeshi, mas o telefone chama por diversos minutos sem nenhuma resposta do outro lado.

Penso que ele deve estar muito ocupado com os últimos pacotes da mudança. Pego meu macarrão e volto para o quarto, quando sou surpreendido com o telefone tocando.

– Alô, Rino? - Diz meu pai.

– Oi, pai. Já saiu da reunião?

– Sim. Liguei para avisar que quando voltar para casa hoje, irei com Nakamura e Takeshi já, por isso arrume um espaço para ele no seu quarto, ok?

– Pai, só tem um pequeno detalhe...

– Qual?

– Não temos nenhuma cama sobrando, pelo que lembro. - o alerto.

– Mas a sua cama não é de casal?

– Mas isso não significa que quero dividi-la!

– Tudo bem. Então pedirei que Takeshi durma na sala hoje e amanhã sairemos para comprar uma nova.

– Assim você me deixa mal. Agora ele vai dormir na sala por minha culpa.

– Mas não tem jeito, e será por uma única noite. Amanhã resolveremos. Daqui a pouco nos falamos em casa, Rino. - Fala meu pai antes de desligar.

Subo novamente para o meu quarto e até esqueço do macarrão. Começo a pensar em uma forma de alocar Rino no cômodo, mas parece, realmente, impossível se não tivermos uma segunda cama. Volto para o computador e então faço a minha refeição.

Curiosamente estava navegando em um site quando vejo uma propaganda de cursos de jogos digitais. Acho essas coisas curiosas, quando pequenos sinais de assuntos que debatemos recentemente aparecem no dia a dia. Eles sempre estavam na nossa rotina e nunca paramos para perceber, ou realmente surgem do nada?

Salvei o link para mostrar ao Takeshi. Eu realmente havia me decidido por fazer um curso nessa área por dois motivos: realmente era um tópico que me interessava muito, e eu poderia conhecer gente nova, respirar ar fresco, e desenvolver alguma atividade com meu novo irmão.

Termino de comer e então volto a jogar, quando escuto o carro do meu pai chegar. Quando aquela porta se abrisse, nossa família oficialmente passaria a ter o dobro do tamanho atual.

Ouço então o som da porta do carro, e instantes depois, o som dela fechando. Desço então para ajudá-los com tudo.

– Nos ouviu chegar? - Pergunta Namakura com algumas caixas.

– Sim, permita-me ajudar com o que falta. - Respondo.

Vou até o carro e fico surpreso que não faltam muitas coisas. Takeshi parecer notar e comenta.

– Calma, ficaram algumas lá em casa. Não somos tão pobres assim.

Eu dou um leve riso, quando ele completa:

– Devemos buscar o restante amanhã.

Entramos novamente e todos parecem cansados demais para arrumarem os itens das caixas.

– Takeshi, hoje você dormirá aqui na sala, mas amanhã a gente sai para comprar uma cama, certo? - Diz meu pai.

– Na verdade eu pensei que poderíamos fazer diferente, pai. - Exclamo.

– Como assim?

– Eu durmo na sala, e o Takeshi no quarto.

– Não precisa se incomodar, Rino. - Diz minha madrasta.

– Não é incômodo. Não me importo em dormir um dia aqui, e quero recepcioná-los bem.

– Valeu, Rino. Mas realmente não precisa se incomodar com isso, não. - Fala agora o próprio Takeshi. - Eu vou dormir aqui mesmo.

– Bem. Vamos jantar. Amanhã resolveremos isso. - Diz meu pai.

Vamos então para a mesa, e novamente acho engraçado que os quatro assentos estejam preenchidos. Comemos então algumas sobras do natal, que prometem ainda durar dias. Meu pai parece apressado, e assim que termina de comer, sobe para o quarto.

– Vocês tem algum compromisso no trabalho amanhã, sra.Nakamura?

Ela dá um leve riso e me responde:

– Sim, mais uma reunião pela manhã. E Rino, pode me chamar apenas de Nakamura. Sem formalidades, por favor.

– Ah, tudo bem. - Respondo um pouco envergonhado.

É então a vez de Nakamura se retirar. Sobramos eu e Takeshi, cada um brincando com o garfo em seu respectivo prato.

– Como você está se sentindo? - Pergunta ele.

– Um pouco estranho. Agora é pra valer, certo?

– Sim, mas acho que vai dar tudo certo.

– Ah, lembra daquele curso? Eu vi um na internet e parecia não ser muito longe daqui. Vamos lá em cima que te mostro!

O quarto dos nossos pais já estava apagado. Tomamos então algum cuidado ao andar pelos corredores.

Mostro então o curso para Takeshi, que fica animado até ver os custos.

– É. Tirando a mensalidade, parece ótimo. - Fala ele um pouco espantado.

– Realmente, é um valor alto, mas acho que nossos pais dão conta. Não?

– Sim, sim. Acredito que dão, o problema é que eu não tenho coragem de chegar para minha mãe e pedir algo tão caro assim.

Realmente. Nossos pais trabalham no mesmo lugar, e recebem salários parecidos. Se meu pai ganha bem, Nakamura também, mas isso não significa que as prioridades sejam as mesmas. Eu não faço a mínima ideia de como são os gastos de Takeshi e Nakamura.

– Bem, podemos falar com eles depois para ver o que acham da ideia. É perto, é um argumento a nosso favor. - Brinco.

– É, vamos fazer isso juntos. - Diz Takeshi - agora vou dormir, Rino. Boa noite.

– Boa noite.

Takeshi então sai e fecha a porta do meu quarto. Eu fico realmente mal por ter a cama toda à minha disposição enquanto ele dorme na sala. É então quando tenho uma ideia para melhorar a situação.

As luzes estão todas apagadas. Tomo cuidado ao descer as escadas. Takeshi já parece estar morto no sofá de três lugares. Eu, então, tomo espaço no de dois assentos com um cobertor e um travesseiro, e então tento dormir, quando ouço algo.

– Boa noite, Rino. - Diz Takeshi rindo.

– Boa noite, Takeshi.


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